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Redes sociais como ambiente de comunicação e socialização

No documento DOUTORADO EM CIÊNCIAS SOCIAIS São Paulo (páginas 106-110)

III. O ciberespaço: nova fronteira religiosa desinstitucionalizada

2. Redes sociais como ambiente de comunicação e socialização

A organização em pequenos e grandes grupos de afinidade ou de interesse é tão antiga como a humanidade, os quais estabelecem signos, criam tecnologias, formam vínculos afetivos, desenvolvem economia e constroem os mais diversificados tipos de comunicação, aprendizagem e produção de conhecimento.

As estruturas destes grupos são parte da sociedade e a modificam e são modificadas por ela, de forma intrínseca com os instrumentos, técnicas e tecnologias criadas por eles. Atualmente, as Tecnologias da Informação e Comunicação desempenham um importante papel e acendem mudanças na sociedade nas possibilidades de interação humana, constituindo o que Costa (2005) denomina cultura digital.

A prática de redes sociais71 é uma atividade antiga, feita e mantida bem

antes do surgimento da internet, através de telefonemas, cartas telegramas e nas conversas ao vivo. O advento das redes72 de relacionamento on-line facilitou e

expandiu as possibilidades de interação social e se tornando uma realidade da vida diária de muitas pessoas. Neste sentido, Recuero (2009: 47) vê nas redes sociais, associações voluntárias que compreendem a base do desenvolvimento da codificação e da reciprocidade. Acreditamos que essas ferramentas potencializam a manutenção e a expansão dos laços sociais, além de ajudar a visualizar as redes sociais que, novamente, são formadas pelas pessoas, empresas, instituições, amigos, parentes, parceiros. A identidade é mais maleável, visto que as pessoas só se dão a conhecer se quiserem e na medida em que experimentam. Elas representam parte de si mesmas na Rede, procurando apresentar facetas de sua personalidade moldadas a determinadas impressões que querem causar na audiência ou nos interlocutores. Muito daquilo que era para ser privado, torna-se cada vez mais público pela ação da tecnologia e pela sua influência. Sabemos que ao mesmo tempo em que as redes sociais informam, elas também podem deformar. Nem tudo que está na rede tem credibilidade, a instantaneidade pode prejudicar a apuração da informação. Contudo, as redes sociais são também úteis, servem como espaço para discussão de assuntos importantes e às vezes, também polêmicos.

Na modernidade, o tamanho, a densidade e heterogeneidade das grandes cidades têm alimentado laços superficiais, transitórios, especializados e desconectados nas vizinhanças e ruas. Com isso, os laços de família extensos têm se esvaziado e deixado os indivíduos sozinhos com seus próprios recursos, além de poucos amigos, transitórios e incertos. Como consequência, indivíduos solitários

71 Quando uma rede de computadores conecta uma rede de pessoas e organizações, é uma rede social

(RECUERO, 2009: 15).

72 A rede um simples instrumento de comunicação, mas é, sobretudo, modo de habitar o mundo e de

sofrem mais seriamente de doenças devido à ausência de suporte social de amigos e parentes (COSTA, 2005: 238). As redes sociais, no ciberespaço, surgem como meio de criar novos laços, como espaço que propicia a troca de ideias e a chance de encontros entre pessoas, através das comunidades virtuais. Nesse espaço, criam-se sites e comunidades de diversos tipos, onde pessoas com algo em comum podem compartilhar vivências e participar de uma vida social na forma de comunidades. Em meio à grande diversidade de temas que funcionam como catalisadores desse tipo de convívio virtual encontram-se também as diversas expressões religiosas. "A solidariedade, a vizinhança e o parentesco eram aspectos predominantes na comunidade, hoje eles são apenas alguns dentre os muitos padrões possíveis das redes sociais" (COSTA, 2005: 239). A relação mediada pelo uso da internet trouxe um novo momento para as relações interpessoais. Modificou também a maneira de ver, consumir e fazer comunicação, principalmente por meio de aplicativos que constituem as "novas redes sociais", ou as redes sociais digitais.

A internet constitui uma representação de nossas práticas sociais e demanda novas formas de observação, que requerem que os cientistas sociais voltem a fabricar suas próprias lentes, procurando instrumentos e métodos que viabilizem novas maneiras de enxergar (FRAGOSO, RECUERO & AMARAL 2011: 13-14).

O uso da internet gerou novas práticas sociais e modificou o comportamento, no qual os indivíduos elaboram seu mundo social através de redes sociais como Orkut73, facebook74, twitter75 entre outros.

73 Orkut é um site de rede social filiada ao Google, criada em 24 de Janeiro de 2004 com o objetivo de

ajudar seus membros a conhecer pessoas e manter relacionamentos. Seu nome é originado no projetista chefe, Orkut Büyükkökten, engenheiro turco do Google. O alvo inicial do Orkut era os Estados Unidos, mas a maioria dos usuários são do Brasil e da Índia. No Brasil é a rede social com maior participação de brasileiros, com mais de 23 milhões de usuários em janeiro de 2008. Na Índia é o segundo mais visitado. A sede do Orkut era na Califórnia até agosto de 2008, quando o Google anunciou que o Orkut será operado no Brasil pelo Google Brasil devido à grande quantidade de usuários brasileiros e ao crescimento dos assuntos legais (RECUERO, 2009: 166).

74 Facebook é uma redes social lançada em 04 de fevereiro de 2004. Fundada por Mark Zuckerberg,

Dustin Moskovitz, Eduardo Saverin e Chris Hughes, ex-estudantes da Universidade Harvard. Inicialmente, a adesão ao Facebook era restrita apenas aos estudantes da Universidade Harvard. Ela foi expandida ao Instituto de Tecnologia de Massachusetts, à Universidade de Boston, ao Boston College e a todas as escolas Ivy League dentro de dois meses. Muitas universidades individuais foram adicionadas no ano seguinte. Eventualmente, pessoas com endereços de e-mail de universidades ao redor do mundo eram eleitas para ingressar na rede. Os usuários podem se juntar em uma ou mais redes, como um colégio, um local de trabalho ou uma região geográfica (RECUERO, 2009: 172).

A comunicação mediada por comutador apresenta quatro diferenças fundamentais em comparação às formas convencionais de interação. Primeiro, a falta de "feedback" regulador, isto é os indivíduos se comportam de maneira mais espontânea, mesmo com estranhos, já que não existem limitações contextuais como aparência e "status social". Segundo, a apresentação é anônima, o que permitindo a qualquer indivíduo apresentar-se como quiser e até fantasiar novas identidades, e formar fortes amizades mesmo sem conhecer o outro fisicamente. Terceiro, a fraqueza dramatúrgica, isto é, a falta de informações não-verbais. Finalmente, há poucas pistas de "status social", por exemplo, nos chats não se sabe quem é executivo ou estudante, jovem ou adulto, chefe ou empregado, a não ser que a pessoa queira informar. Se uma pessoa é estigmatizada pelo grupo, ela pode voltar ao chat com outro apelido, o que virtualmente a transforma em uma nova pessoa. (PRIMO, 1997: 8). Toda essa realidade é conhecida como mundo virtual, que estabelece novas formas de sociabilização em rede.

Ao surgirem às chamadas redes sociais que se pautam na relativização do tempo e espaço, na mudança das concepções de esfera pública, na construção de novas realidades sociais e na estipulação de novas interações entre local e global. As relações são efetuadas a partir da simples inserção do indivíduo na rede, estabelecendo vínculos fundados em interesses comuns e criando no ciberespaço a busca efetiva por uma conexão social. As redes sociais seriam utilizadas para "potencializar o processo de debate e discussão política, consolidando uma opinião pública bem informada, reflexiva, analítica," tudo isso graças à facilidade de acesso e à abundância de informações disponíveis no ciberespaço (NETO, 2010: 7).

Apesar dos conflitos e dificuldades, um dos aspectos essenciais para a consolidação de comunidades pessoais ou redes sociais é, sem dúvida, o sentimento de confiança mútua que precisa existir em maior ou menor escala entre as pessoas. A construção dessa confiança está diretamente relacionada com a capacidade que cada um teria de entrar em relação com os outros, de perceber o outro e incluí-lo em seu universo de referência. Quanto mais um indivíduo interage com outros, mais ele está apto a reconhecer comportamentos, intenções e valores

75 Twitter é uma rede social e servidor para microblogging, que permite aos usuários enviar e receber

atualizações pessoais de outros contatos (em textos de até 140 caracteres, conhecidos como "tweets"), por meio do website do serviço, por SMS e por softwares específicos de gerenciamento (RECUERO, 2009: 174).

que compõem seu meio. Inversamente, quanto menos alguém interage, menos tenderá a desenvolver plenamente esta habilidade fundamental que é a percepção do outro (COSTA, 2005: 242-243).

Nas redes sociais surgem salas de bate–papo como espaços sociais virtuais que aproximam, unem e servem de socialização de experiências e conhecimento; nasce uma linguagem híbrida de sinais próprias da rede social. Desta forma, às redes sociais, verifica-se que elas favorecem os intercâmbios sociais, possibilitado a vivência das relações para além das comunidades locais. Ou seja, o indivíduo que participa de uma comunidade virtual em sua maioria busca encontrar amigos e participar de discussões sobre temas de seu interesse nos fóruns de discussões em algumas das milhares de comunidades disponíveis no ciberespaço (Cf. SANTANA, 2006). Também é bom destacar, que uma rede social modifica-se com relação ao tempo. Não é estática, não está parada no tempo (RECUERO, 2009: 79). Redes são sempre redes vivas que estão em funcionamento e em processo de transformação como consequência da interação de seus atores.

No documento DOUTORADO EM CIÊNCIAS SOCIAIS São Paulo (páginas 106-110)

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