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4 REDUÇÃO DAS EMI SSÕES POR DESMATAMEN TO N A AMAZÔN I A BRASI LEI RA

O Brasil t em um perfil de em issões ant rópicas de gases de efeit o est ufa dist int o daquele de países desenvolvidos, onde as em issões de CO provenient es da queim a de 2

com bust íveis fósseis represent am a m aior parcela de suas em issões t ot ais de gases de efeit o est ufa. O fat o do país t er invest ido fort em ent e em font es renováveis de energia, com dest aque t ant o para a produção de elet ricidade quant o para o uso de com bust íveis de biom assa renovável no t ransport e, reflet iu- se no I nvent ário Nacional de Gases de Efeit o Est ufa, para o período 1990–1994, onde os set ores Energia, Processos I ndust riais, Solvent es e Trat am ent o de Resíduos cont ribuíram j unt os com som ent e 25% das em issões t ot ais de dióxido de carbono ( CO ) em 1994, est im adas em 1,030 Tg 2

( aproxim adam ent e 1 bilhão de t oneladas) . O rest ant e das em issões brasileiras de CO2

est eve associado ao set or Mudança do Uso da Terra e Florest as e, desse t ot al, 90% correspondeu à conversão de florest as para out ros usos, part icularm ent e agropecuários.

O Brasil é com post o por seis grandes biom as, sendo dois deles part icularm ent e im port ant es para as em issões nacionais de gases de efeit o est ufa: a Am azônia e o Cerrado que, j unt os, cobrem m ais de 70% do t errit ório nacional ( figura abaixo) .

Dist ribuição dos biom as brasileiros no t errit ório nacional

Am azônia Caat inga Cerrado/ Pant anal Mat a At lânt ica/ Cam pos

Zona Cost eira Marinha

Apesar da Am azônia m erecer a m aior part e da at enção int ernacional, o cerrado const it ui- se, igualm ent e, em um biom a de ext rem a relevância, sendo det ent or de alt a biodiversidade e de um est oque de carbono concent rado principalm ent e na biom assa abaixo do solo e no próprio solo. Das em issões m édias anuais brut as de CO associadas ao 2

set or Mudança da Terra e Florest as no período de 1988 a 1994 ( 902,28 Tg CO / ano) , 62% 2

e 27% referiram - se aos biom as Am azônia e Cerrado, respect ivam ent e. Os quat ro biom as rest ant es t iveram um a cont ribuição m arginal para o t ot al das em issões brasileiras.

A Am azônia brasileira é com post a por nove est ados: Acre ( AC) , Am apá ( AP) , Am azonas ( AM) , Maranhão ( MA) , Mat o Grosso ( MT) , Pará ( PA) , Rondônia ( RO) , Roraim a ( RR) e Tocant ins ( TO) ( Figura abaixo) , cada qual com diferent es padrões de ocupação e de cobert ura florest al.

Est ados da Am azônia brasileira

0 1041km RO AC AM RR AP PA MA MT TO GO Est ado Legenda Font e: I BGE 2006

O Brasil, desde m eados dos anos 70, invest iu em t ecnologia espacial, at ravés da criação do I nst it ut o Nacional de Pesquisas Espaciais ( I NPE) e da prom oção da capacit ação de um a equipe que se envolveu nos prim eiros est udos pré- lançam ent o do sat élit e nort e- anericano ERS- 1, depois cham ado de Landsat- 1. Est e invest im ent o t am bém ocorreu por

m eio da inst alação de um a ant ena de recepção localizada em Cuiabá, a qual capt a, desde os anos 70, im agens de t odo t errit ório nacional, o que represent a um enorm e e único acervo de dados sobre nosso país.

A part ir do final da década de 80, o I nst it ut o Nacional de Pesquisas Espaciais -

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I NPE passou a gerar est im at ivas anuais do desm at am ent o brut o da Am azônia Legal, baseando- se na int erpret ação visual de im agens coloridas na escala 1: 250.000, que

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possibilit am a visualização de desm at am ent os m aiores que 6,25 hect ares ( 0,0625 km ) . Um a m et odologia para est im ar a área desflorest ável sob nuvens foi t am bém desenvolvida, perm it indo com que um a série hist órica consist ent e da t axa de desm at am ent o brut o pudesse ser desenvolvida. Adicionalm ent e, a m et odologia ut ilizada pelo I NPE no cham ado PRODES ( Program a de Cálculo do Desflorest am ent o da Am azônia) aplica, quando necessário, um fat or de correção em cada im agem , para assegurar que as análises cubram um período de 12 m eses, evit ando, dest a form a, sub ou super- est im ar a t axa anual do desm at am ent o brut o.

Em 1992, durant e a Conferência das Nações Unidas para o Am bient e e Desenvolvim ent o ( Eart h Sum m it ) , no Rio de Janeiro, foi anunciado o Program a Pilot o para Prot eção das Florest as Tropicais ( PPG- 7) , ent ão financiado pelo G- 7. Os prim eiros proj et os t iveram início em 1995, visando produzir novos est udos sobre desm at am ent o, iniciar proj et os pilot o, e invest ir no desenvolvim ent o de novos inst rum ent os de gest ão baseados no conhecim ent o e nas experiências acum uladas at é ent ão. Em 2000, o governo federal iniciou um est udo para ent ender as causas e a dinâm ica do desm at am ent o na Am azônia, com o obj et ivo de orient ar as polít icas públicas e a ut ilização dos inst rum ent os de gest ão exist ent es, enfrent ando o problem a de form a int egrada. Apesar dos avanços obt idos com o Program a, as t axas m édias anuais de desm at am ent o brut o m ant iveram - se ainda em pat am ares elevados.

O PPG- 7 se apoiou em um conj unt o de sub- program as e proj et os focado em cinco grandes linhas de ação, as quais foram m uit o relevant es para o avanço do conhecim ent o sobre desm at am ent o na região am azônica: ( a) prot eção e m anej o de unidades de conservação e t erras indígenas; ( b) proj et os dem onst rat ivos em produção

10 Desflorest am ent o, aqui, é ent endido com o a conversão de áreas de fisionom ia florest al prim ária por ações

ant rópicas, para desenvolvim ent o de at ividades agrosilvopast oris, det ect ada a part ir de plat aform as orbit ais. O t erm o desflorest am ent o brut o indica que não foram deduzidas, no cálculo da ext ensão e da t axa, áreas em processo de sucessão secundária ou recom posição florest al.

sust ent ável e m anej o de recursos; ( c) fort alecim ent o inst it ucional de governos em níveis est adual e m unicipal e redes de organizações da sociedade civil; ( d) suport e para pesquisa aplicada em ciência e t ecnologia; e ( e) ident ificação e dissem inação de experiências est rat égicas.

No prim eiro sem est re de 2003, o I NPE ent regou ao Minist ério do Meio Am bient e a est im at iva da t axa anual do desm at am ent o brut o para a Am azônia Legal, que indicava um aum ent o de 40% sobre a t axa est im ada para o período ant erior, de j ulho de 2001 a agost o de 2002. A est im at iva represent ou a segunda m aior t axa anual do desm at am ent o brut o regist rada desde 1988, levando o Governo Federal a inst it uir um Grupo de Trabalho com post o por 12 m inist érios para fazer um a avaliação cuidadosa das causas do aum ent o do desm at am ent o e apresent ar um plano com ações int egradas para enfrent ar o problem a. A coordenação dos t rabalhos est eve a cargo da Casa Civil da Presidência da República, indicando o carát er est rat égico da ação.

Em m arço de 2004, foi anunciado o Plano de Ação para a Prevenção e Cont role do Desm at am ent o na Am azônia, t endo com o foco priorit ário a região do cham ado arco do desm at am ent o, área da Am azônia Legal onde se concent ram as m ais elevadas t axas anuais de desm at am ent o brut o e dos focos de calor regist rados no país.

O Plano de Ação int roduziu várias m udanças im port ant es em relação a out ras iniciat ivas em preendidas no passado. Ao invés de ser t rat ado de form a isolada pelo Minist ério do Meio Am bient e, o Plano envolveu m ais de um a dezena de m inist érios, perm it indo com que o desm at am ent o fosse t rat ado de form a int egrada e prevendo ações direcionadas para:

·Aprim orar o m onit oram ent o do processo de desm at am ent o, da escala

regional à escala local, de form a a dar m ais agilidade à ação do poder público cont ra os degradadores;

·Fom ent ar a presença do poder público na zonas crít icas, um a reivindicação

ant iga dos set ores m ais vulneráveis da sociedade regional;

·Enfrent ar o problem a da especulação fundiária com t erras públicas, que

·Fazer o ordenam ent o da ocupação t errit orial em áreas crít icas, m ediant e a

dest inação adequada de t erras públicas, segundo suas peculiaridades sociais e ecológicas;

·Cont er a exploração m adeireira predat ória ao m esm o t em po em que

fom ent a at ividades produt ivas que valorizem a perm anência da florest a, com o o m anej o florest al sust ent ável.

As ações previst as no Plano de Ação com eçaram a ser im plant adas ainda no prim eiro sem est re de 2004. Nos dois anos seguint es, a t axa anual do desm at am ent o brut o na Am azônia Legal apresent ou um a queda sist em át ica at é at ingir 1,403,900 hect ares, a m enor regist rada desde 1997. Maiores det alhes sobre esse processo de redução da t axa de desm at am ent o são apresent ados no it em “A redução de em issões por desm at am ent o nos últ im os dois anos”.

Est im at ivas prelim inares geradas a part ir de dados do sensor MODI S, a bordo dos sat élit es nort e- am ericano Acqua e Terra indicam , para o período de agost o de 2006 a j ulho de 2007, um a redução ainda m ais acent uada. A est im at iva da t axa de desm at am ent o brut o para est e período, ut ilizando dados de m elhor resolução espacial ( Landsat e CBERS) deverá ser ent regue at é o final dest e ano.

As principais ações im plem ent adas desde 2004 foram :

4 .1 - Aprim oram ent o dos sist em as de sensoriam ent o rem ot o no cont role do desm at am ent o e do cort e selet ivo de m adeira

Desde 2003, o Minist ério do Meio Am bient e invest e no I NPE, propiciando a am pliação da equipe t écnica e da infra- est rut ura necessária para prom over a análise das im agens, bem com o a aquisição de um m aior núm ero de im agens TM- Landsat por ano. I m agens do sat élit e Sino- Brasileiro de Recursos Terrest res ( CBERS) t am bém passaram a ser ut ilizadas no PRODES, para m inim izar o efeit o da cobert ura de nuvens sobre áreas de florest a na Am azônia brasileira, perm it indo, dest a form a, est im at ivas m ais confiáveis da t axa anual do desm at am ent o brut o. O t rabalho, que out rora consum ia oit o m eses, hoj e consom e aproxim adam ent e cinco m eses, perm it indo com que os dados ( t ant o na form a agregada quant o discrim inados em nível est adual e m unicipal) sej am dist ribuídos ao país com m aior agilidade.

Apesar do PRODES ser execut ado de form a a assegurar a consist ência da série hist órica de dados desde 1988, vários avanços foram conseguidos nos últ im os anos no Proj et o, ent re eles:

·Disponibilização das im agens, da int erpret ação e da análise dos dados na

int ernet , dando t ransparência à est im at iva das t axas anuais do desm at am ent o brut o na Am azônia brasileira;

·Melhoria da qualidade cart ográfica das análises;

·Am pliação do núm ero de sensores ut ilizados para gerar a est im at iva da t axa

anual do desm at am ent o brut o, m inim izando a área t ot al de florest as afet ada por cobert ura de nuvens;

·Am pliação da equipe t écnica e da infra- est rut ura necessária para reduzir o

t em po de geração das est im at ivas anuais;

·Mont agem de um banco de dados consolidado ( Sist em a TerraAm azon)

cont endo os dados do PRODES digit al.

Paralelam ent e, foram feit os invest im ent os no desenvolvim ent o de um novo sist em a, conhecido com o DETER ( Sist em a de Det ecção de Áreas Desm at adas em Tem po

Real - ) , que funciona com o um

sist em a de alert a em t em po quase real ( early warning) sobre desm at am ent os na Am azônia Legal. A cada 15 dias são geradas inform ações georeferenciadas sobre alt erações na cobert ura florest al na Am azônia brasileira, perm it indo a im plem ent ação de ações m ais rápidas de fiscalização e aut uação nos desm at am ent os ilegais.

Apesar da inform ação ser gerada a part ir de im agens de sat élit e de resolução espacial m ais coarsa ( 250 m et ros) , o DETER t em dem onst rado ser út il para agilizar o com bat e ao desm at am ent o ilegal, um a vez que fornece dados com m aior freqüência t em poral ( 15 dias) . As im agens do DETER são t am bém disponibilizadas na I nt ernet ( www.obt .inpe.br/ det er) , pelo I NPE, perm it indo seu download e uso irrest rit o por t odos os int eressados.

Os dados do DETER t am bém t êm sido ut ilizados para apont ar diferenças significat ivas nas áreas de cobert ura florest al alt eradas em m eses correspondent es, de um ano para out ro, prom ovendo a int ensificação de ações de fiscalização para as áreas

m ais crít icas det ect adas pelo Sist em a. No ano de 2007, por exem plo, foi det ect ado um aum ent o da área desm at ada nos m eses de j ulho, agost o e set em bro, relat ivo aos m esm os m eses de 2006, m as ist o não im plica, necessariam ent e, que a t axa de desm at am ent o brut o para o período de agost o de 2007 a agost o de 2008 aum ent ará. Há necessidade de se avaliar o desm at am ent o ao longo de t odo o período considerado, e não som ent e nos m eses indicados. De qualquer m aneira, no final de out ubro de 2007, o Minist ério do Meio Am bient e convocou um a reunião com os órgãos operadores do Plano de Ação para a Prevenção e Cont role do Desm at am ent o na Am azônia, com o obj et ivo de discut ir est rat égias para cont inuar a int ensificação das ações de com ando e cont role no com bat e ao desm at am ent o na região. Os 40 m unicípios com m aiores índices de desm at am ent o, localizados no est ado do Pará, em Rondônia e no Mat o Grosso, serão alvo de novas operações do Plano.

Adicionalm ent e, um novo sist em a, denom inado DETEX ( Select ive Logging

Det ect ion Syst em ) est á sendo t est ado para m onit orar áreas de florest as públicas

dest inadas à produção sob m anej o sust ent ável por m eio de concessão, processo gerido pelo Serviço Florest al Brasileiro do Minist ério do Meio Am bient e, ut ilizando im agens Landsat . O Sist em a DETEX visa m onit orar o im pact o das at ividades m adeireiras no m eio da florest a, com o abert ura de picadas, pát ios para arm azenam ent o de t oras e a ret irada de árvores - o cham ado cort e selet ivo, apresent ado na figura abaixo.

Padrão de cort e selet ivo em im agem Landsat

Com o part e dos esforços para reduzir a pressão em áreas de florest as públicas na Am azônia brasileira, o governo iniciou um program a de fom ent o à produção m adeireira em áreas de florest as públicas no Brasil, adot ando precauções para evit ar conflit os, ao m esm o t em po assegurando t ot al t ransparência ao processo de out orga de concessões florest ais. A prim eira área a receber concessão florest al m ediant e licit ação pública e pagam ent o pelo uso dos recursos florest ais foi anunciada em set em bro dest e ano, e est á localizada na Florest a Nacional do Jam ari, região de int enso desm at am ent o ilegal. Dos 220 m il hect ares de área prot egida, cerca de 40% ( 90 m il hect ares) serão dest inados ao m anej o sust ent ável. Os proj et os poderão cont em plar o m anej o de produt os m adeireiros e não- m adeireiros, além da inclusão de at ividades com o o t urism o ecológico.

O m onit oram ent o das áreas sob concessão será fundam ent al para assegurar o sucesso dest a iniciat iva pioneira no país. Assim sendo, inst rum ent os com o o DETEX t erão um papel fundam ent al no acom panham ent o das at ividades em desenvolvim ent o nas áreas de florest as públicas, em adição ao acom panham ent o in sit u.

A t ecnologia de sensoriam ent o rem ot o ( im agens orbit ais e Sist em a de I nform ação Geográfico - SI G) t am bém est á sendo ut ilizada em um sist em a im plant ado no est ado do Mat o Grosso desde o ano 2000 ( Sist em a de Licenciam ent o Am bient al em Propriedades Rurais - SLAPR) para, j unt am ent e com at ividades de fiscalização e licenciam ent o, m onit orar a at ividade agropecuária em propriedades rurais na Am azônia Legal.

O SLAPR consist e no cadast ram ent o georreferenciado, num a base cart ográfica digit al na escala 1: 100.000, do perím et ro da propriedade rural dent ro do qual são delim it adas as áreas prot egidas por lei e das zonas dest inadas ao uso econôm ico. O desm at am ent o nessas áreas é aut orizado m ediant e a em issão de um a licença pelo órgão am bient al est adual. A part ir daí, o uso da propriedade é m onit orado anualm ent e por m eio de im agens de sat élit e. Havendo desm at am ent o irregular, a fiscalização é acionada e o propriet ário rural é aut uado e not ificado para assinar um com prom isso de recuperação do dano ocasionado. O sist em a est á sendo aplicado em 25% da área do est ado.

Após um ano de funcionam ent o, foi const at ada redução no rit m o do desm at am ent o nas propriedades cadast radas no SLAPR, enquant o que nas dem ais áreas houve elevação. Nos anos seguint es, porém , o desm at am ent o volt ou a subir na região m onit orada pelo sist em a. Um est udo cont rat ado pelo Program a Pilot o, em 2004, concluiu

que, em bora se t rat asse de um a ferram ent a inovadora para cont rolar desm at am ent os em propriedades privadas, problem as com o falt a de t ransparência e inépcia na gest ão e na operacionalização no SLAPR com prom et iam seus result ados. Além disso, havia um baixo percent ual de infrat ores punidos. Nesse m esm o ano, um a operação da Polícia Federal desbarat ou um a quadrilha que fraudava aut orizações para desm at am ent o, com ram ificações dent ro do órgão am bient al responsável pelo sist em a.

Apesar desse percalço, o SLAPR é considerado por set ores governam ent ais e não- governam ent ais um inst r um ent o essencial para am pliar o cont role do

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