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Para RODRIGUES et al. (2001), a epidemiologia da doença em pomar sem controle químico indica que a velocidade de aumento da doença é proporcional a quantidade de tecido lesionado e a quantidade de tecido sadio disponível, o que resultaria na maior disseminação da doença. Assim, em face das peculiaridades do CiLV, a eliminação de ramos lesionados pela leprose com a poda é uma tática fundamental e recomendada por vários autores (MOREIRA, 1941; BITANCOURT, 1955; OLIVEIRA, 1986; ROSSETTI, 1995; BARRETO & PAVAN, 1995; CATI, 1997; BASSANEZI, 2004).

RODRIGUES (2002) afirma que a leprose poderia ser controlada em focos, dada à epidemiologia da doença e a dinâmica espacial da população do vetor, o que possivelmente reduziria os custos de controle. Todavia, para BASSANEZI (2004), a variação dos padrões espaciais da população do vetor, que em muitos casos é aleatória, torna-se difícil o controle dos focos. Por outro lado, a alta agregação de plantas com sinais da doença indica alta dependência com ácaros infectados com o vírus.

A redução da taxa de transmissão mediante o uso de podas e do controle químico de ácaros virulíferos em plantas com sinais da doença e ao seu redor, de

maneira localizada, é fundamental para que se tenha um controle efetivo da doença (BASSANEZI, 2004). Na década de 40 a poda de ramos lesionados para controlar a leprose já era uma prática recomendada (MOREIRA, 1941). Para BITANCOURT (1955), a poda de partes lesionadas por leprose nas plantas, juntamente com as aplicações de calda sulfocálcica, constituíam-se nas medidas mais eficientes para controle da leprose em pomares de citros. O tempo de recuperação da produção, bem como a morosidade, a demanda de mão de obra especializada e o custo para executar a poda são os principais motivos de recusa dos produtores em utilizar esta tática em complemento a do controle químico.

Quanto mais severa é a poda, maior é a redução da produção nas safras seguintes e maior é o custo dessa prática (STUCHI, 1994). Segundo DONADIO & RODRIGUEZ (1992), alguns tipos de podas podem melhorar a qualidade dos frutos

quando o objetivo é atender a produção de frutos para o consumo “in natura”, bem

como, aumentar a longevidade das plantas, principalmente em países de clima tropical, onde é menor que a de países de clima subtropical.

A poda em citros deve ser analisada como uma medida útil sob condições específicas ou como parte de um programa de manejo. Ainda é uma prática cultural de uso restrito e pouco frequente entre os citricultures brasileiros, sendo mais comum na Espanha, Itália, Israel e Japão. A poda realizada mecanicamente pode também facilitar o trânsito de tratores e implementos, as operações de colheita e as aplicações de defensivos (RONDON & LOPEZ, 1988; DONADIO & RODRIGUEZ, 1992). Contudo, este tipo de poda não elimina as podas manuais, que auxilia no arejamento de pomares adensados e no controle de algumas doenças.

Geralmente, a poda não deve ser indiscriminada, pois a remoção de tecido sadio, mais que o necessário, interfere diretamente na área foliar das plantas, prejudicando a fotossíntese, e, indiretamente, na relação C/N da planta, podendo limitar a disponibilidade e aumentar a competição por reservas de carbono entre as etapas de frutificação, enraizamento e crescimento vegetativo, reduzindo o crescimento e a frutificação de plantas jovens e a produtividade de plantas adultas (SYVERTEN, 1999).

Após a poda, prevalece o consumo energético destinado à reconstituição da copa em detrimento das raízes e desenvolvimento dos frutos (DE CARVALHO et al., 2005). Muitas vezes as podas são mais severas e mais frequentes do que o necessário, e efetuadas erroneamente por falta de pessoal capacitado, pois se trata de uma operação que requer técnica e destreza (AMOROS, 1985).

Segundo BERGER (1998), a poda realizada em época inadequada pode ser uma das causas do declínio dos citros, devido ao estresse causado às plantas. Algumas operações mecanizadas de manejo do solo, como subsolagem, em conjunto com a poda das plantas cítricas também não são indicadas, pois, nesta situação, a água disponível às plantas diminui com o aumento da intensidade da poda.

SILVEIRA et al. (1994) constataram que podas leves em plantas de laranja da

variedade Valência (C. sinensis), que a recuperação da produção é mais rápida,

quando comparada a podas mais severas, pois, produzem mais no segundo ano após a poda, igualando-se em produtividade às plantas sem poda no terceiro ano. Podas mais severas reiniciaram a produção somente no terceiro ano, e nelas tanto a produção como a recuperação da área de projeção da copa foi menor em relação às que receberam podas mais leves.

Segundo WARDOWOWSKI et al. (1986), na Itália, a poda drástica realizada em plantas cítricas aumenta os custos de produção, e na Espanha, de acordo com AZNAR (1998), a mão de obra empregada nas podas representa 19% dos 42% dos custos de produção de frutos cítricos para a exportação. Devido aos altos custos ao longo dos anos, em algumas regiões citrícolas do mundo essa prática tem diminuído (LEWIS & McCARTY, 1973). Contudo, na Espanha, Itália, Israel e Japão, países que a poda

manual é uma necessidade, por produzirem frutos para o consumo “in natura”, tem sido

desenvolvidos equipamentos e técnicas que possibilitam a poda a custos mais baixos e com maior eficiência.

Mas para TUCKER et al. (1998), a poda é uma maneira de remover partes danificadas das plantas, por qualquer que seja a causa. Neste sentido, como medida auxiliar no controle de doenças, RONDON & LOPEZ (1988) comenta que o aumento da incidência de luz no interior da copa, mediante a poda, estimula as brotações, bem

como, melhora a aeração e a penetração das caldas de pulverização, como consequência, reduz a presença de musgos, liquens e fungos que se desenvolvem devido à baixa iluminação.

A principal aplicação da poda manual pelos citricultores brasileiros, tem sido como medida auxiliar num programa de manejo de pragas e doenças, principalmente aquelas que se desenvolvem no interior da copa das plantas, tais como rubelose (ROSSETTI, 1995); leprose (BITANCOURT, 1955; OLIVEIRA, 1986; ROSSETTI, 1995; BARRETO & PAVAN, 1995; CATI, 1997; BASSANEZI, 2001; BASSANEZI, 2004; GRAVENA, 2005; RODRIGUES et al., 2005), e da clorose variegada dos citros (LOPES, 1999); brocas; pinta preta dos citros (GÓES et al., 2008) e cancro cítrico (DE CARVALHO et al., 2005).