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4.7 Leprose x características físico-químicas de frutos

4.7.1 Safra de 2008-2009

Pode-se constatar que não houve correlação significativa entre a severidade da leprose e os parâmetros físicos peso ou massa, diâmetros transversal e longitudinal de frutos (Figura 11), referente aos frutos coletados poucos dias antes da colheita (agosto de 2009). Dessa forma, admitiu-se que os frutos que permaneceram nas plantas, com alta e intermediária severidade até a colheita, não foram reduzidos em tamanho e peso devido à leprose, sendo considerados semelhantes aos frutos das plantas isentas de leprose ou com severidade baixa. O rendimento em suco, expresso em porcentagem também não apresentou correlação significativa com a severidade da leprose (Figura 11).

Nas plantas tratadas com calda sulfocálcica, o peso médio dos frutos foi superior aos dos demais tratamentos, com diferenças significativas para o tratamento com spirodiclofen e cyhexatin em alternância (Tabela 9). As plantas tratadas com calda sulfocálcica apresentaram severidade da leprose intermediária em relação aos demais tratamentos, resultando em intensa queda de frutos lesionados, entretanto, em menor proporção, quando comparado, ao sem acaricida.

Ao contrário do tratamento sem acaricida, observou-se que nas plantas tratadas com calda sulfocálcica ocorreu menor queda de folhas e morte de ramos. Dessa forma,

sulfocálcica, tenha proporcionado maior absorção de água e nutrientes pelas raízes, bem como maior taxa fotossintética, o que resultou em maior peso dos frutos que permaneceram até a colheita.

Tabela 9. Características físicas de frutos coletados em agosto de 2009, em função de

diferentes acaricidas utilizados no controle do ácaro Brevipalpus phoenicis.

Reginópolis-SP.

Acaricida Diâmetro do fruto (cm) Peso Rendimento Nota de transversal longitudinal Fruto (g) suco (%) leprose

Sem acaricida 6,5 a 7,2 a 181,1 ab 53,2 a 4,5 a

C. sulfocálcica 6,8 a 7,2 a 194,8 a 53,2 a 2,5 b

Spirod./Cyhex. 6,8 a 7,1 a 176,7 b 55,0 a 1,8 c

C.V.(%) 0,7 6,1 9,5 4,5 4,5

Dados originais transformados em ln (x + 5).

No tratamento com spirodiclofen e cyhexatin em alternância, praticamente, não foi constatado queda de frutos e de folhas devido à leprose, dado ao controle eficiente

do ácaro B. phoenicis proporcionado por estes produtos, o que resultou em maior

quantidade de frutos retidos nas plantas até a colheita, consequentemente proporcionando maior produtividade. Assim, pode-se assumir que no tratamento com spirodiclofen e cyhexatin houve maior divisão de água e de fotossintatos, resultando em frutos de menor peso, quando comparado aos demais tratamentos que apresentavam por ocasião da colheita menor quantidade de frutos.

Figura 11. Relações entre as características físicas dos frutos e a severidade da leprose, avaliadas em plantas de citros (agosto de 2009). (A) diâmetro médio transversal dos frutos x severidade da leprose; (B) diâmetro médio longitudinal dos frutos x severidade da leprose; (C) peso médio do fruto x severidade da leprose e (D) rendimento médio em suco x severidade da leprose. Reginópolis-SP.

D B

C A

Figura 12. Relações entre as características químicas dos frutos e a severidade da leprose, avaliadas em plantas de citros (agosto de 2009). (A) acidez titulável x severidade da leprose; (B) sólidos solúveis totais (ºBrix) x severidade da leprose; (C)

ratio x severidade da leprose e (D) índice tecnológico x severidade da leprose.

Reginópolis-SP.

B

C

D A

contínuo que se completa na maturação. Esse aumento de massa fresca é atribuído ao máximo acúmulo de água, pouco antes ou durante a maturação. REUTHER (1973) cita que a maturação é um processo influenciado diretamente por diversos fatores como porta-enxerto, copa, idade da planta, disponibilidade hídrica, temperatura, localização do fruto na planta, radiação, densidade de plantio, disponibilidade de nutrientes e sanidade da planta.

Quanto às características químicas dos frutos analisadas: acidez titulável, ºBrix e

ratio não se constatou correlação significativa com a severidade da leprose (Figuras

12). Em relação ao rendimento industrial ou índice tecnológico, que considera tanto as características físicas (rendimento em suco) quanto às características químicas (sólidos solúveis) por caixa de laranja padrão de 40,8 kg, pode-se observar que não houve correlação significativa com a severidade da leprose (Figura 12).

Os parâmetros acidez titulável, ºBrix e ratio dos frutos não apresentaram

diferenças estatísticas em relação aos acaricidas empregados (Tabela 4). Entretanto, observaram-se diferenças estatísticas em relação ao índice tecnológico. Verificou-se que o tratamento com calda sulfocálcica obteve o valor médio do índice tecnológico de 2,0, significativamente diferente do tratamento com spirodiclofen e cyhexatin em alternância, mas não do tratamento sem acaricida (Tabela 10). O menor valor de índice tecnológico para o tratamento com calda sulfocálcica deveu-se ao menor valor de sólidos solúveis, que influenciou diretamente neste parâmetro. Segundo VOLPE et al. (2002), o índice tecnológico não constitui o resultado de uma medida e, sim, de um cálculo, cujos parâmetros são o teor de sólidos solúveis e o rendimento em suco, portanto, influenciado por todos os fatores que afetam o comportamento desses parâmetros.

Importante ressaltar que na literatura, os trabalhos de verificação dos efeitos de pragas e doenças sobre este parâmetro são muito raros. A realização de trabalhos desta natureza, que avaliem a influência das doenças e pragas sobre índice tecnológico, poderá auxiliar, em parte, no planejamento da colheita dos pomares, visando maior qualidade do suco, com a otimização dos sólidos solúveis e da

et al., 2002).

Tabela 10. Características químicas de frutos coletados em agosto de 2009, em função

de diferentes acaricidas utilizados no controle do ácaro Brevipalpus phoenicis.

Reginópolis-SP.

Acaricida AT

1

SS1 Ratio Índice Nota de

(g/100 mL) (oBrix) (SS/AT) Tecnológico leprose

Sem acaricida 0,7 a 9,5 a 14,0 a 2,1 ab 4,5 a

C. sulfocálcica 0,7 a 9,3 a 13,7 a 2,0 b 2,5 b

Spirod./Cyhex. 0,7 a 10,1 a 14,4 a 2,3 a 1,8 c

C.V.(%) 3,4 2,4 3,5 1,72 4,5

Dados originais transformados em ln (x + 5); 1acidez titulável; 2sólidos solúveis.

Para os diferentes tipos de poda, foram realizadas as avaliações dos diâmetros médios, transversal e longitudinal dos frutos, peso médio de fruto, relativas, portanto, às análises físicas dos frutos, cujos resultados estão apresentados na Tabela 11.

Pode-se observar que o tratamento replantio foi o que apresentou as maiores médias de diâmetro médio transversal e longitudinal, e peso médio de frutos. Esses resultados deveram-se, principalmente, à idade das plantas, pois, segundo MEDINA et al. (2005), o tamanho e o peso dos frutos são influenciados pela idade e vigor da planta, sendo que plantas mais jovens de citros, em geral, produzem frutos de maior peso e tamanho em relação a plantas mais velhas. O tamanho e o peso de frutos foi significativamente maior para os tipos de poda mais severas (podas drástica e intermediária sem lesões de leprose), em relação às podas menos severas, confirmando as constatações, embora visuais, observadas no início do experimento.

dos diferentes tipos de poda utilizados no controle do ácaro Brevipalpus phoenicis.

Reginópolis-SP.

Tipo de poda Diâmetro do fruto (cm) Peso transversal longitudinal Fruto (g)

Drástica 6,9 ab 7,2 b 187,4 ab

Intermediária sem lesões 6,9 ab 7,2 b 189,3 ab

Intermediária com lesões 6,8 abc 7,0 bc 176,5 b

Leve 6,6 c 7,0 bc 170,0 b

Sem poda 6,7 bc 6,9 c 174,1 b

Replantio 7,0 a 7,5 a 208,0 a

C.V.(%) 0,9 1,0 1,8

Dados originais transformados em ln (x + 5).