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A ENERGIA E O GÁS NATURAL

2.2 A REESTRUTURAÇÃO DA GESTÃO NO SETOR DE ENERGIA NO BRASIL

O Ministério das Minas e Energia (MME, 2004a), para cumprir os objetivos do plano nacional de energia, reestruturou o Modelo Institucional do Setor Elétrico

(MISE) com a criação da Empresa de Pesquisa Energética- EPE, da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica – CCEE e do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico – CMSE, os quais têm as seguinte bases:

- Promover a modicidade tarifária, que é fator essencial para o atendimento da função social da energia e que concorre para a melhoria da competitividade da economia;

- Garantir a segurança do suprimento de energia elétrica, condição básica para o desenvolvimento econômico sustentável;

- Assegurar a estabilidade do marco regulatório, com vistas à atratividade dos investimentos na expansão do sistema; e

- Promover a inserção social por meio do setor elétrico, em particular dos programas de universalização de atendimento.

- O modelo (MISE) foca diretamente as questões adjacentes àqueles objetivos, em contraponto ao ordenamento institucional vigente. Nessas condições, os elementos fundamentais do modelo são:

- A reestruturação do planejamento de médio e longo prazo;

- O monitoramento, no curto prazo, das condições de atendimento;

- O redirecionamento da contratação de energia para o longo prazo, compatível com a amortização dos investimentos realizados;

- A competição na geração com a licitação da energia pelo critério de menor tarifa;

- A coexistência de dois ambientes de contratação de energia, um regulado (Ambiente de Contratação Regulada – ACR), protegendo o consumidor cativo, e outro livre (Ambiente de Contratação Livre – ACL), estimulando a iniciativa dos consumidores livres;

- A instituição de um pool de contratação regulada de energia a ser comprada pelos concessionários de distribuição;

- A desvinculação do serviço de distribuição de qualquer outra atividade;

- A previsão de uma reserva conjuntural para restabelecimento das condições de equilíbrio entre oferta e demanda;

- A restauração do papel do Executivo como Poder Concedente.

O Governo, ao prover o modelo e os objetivos da modicidade tarifária, destacando o setor energético como um atendimento com função social, e ao posicionar sua atividade como sujeito do desenvolvimento econômico sustentável, alicerça estudos sobre novas aplicações para o Gás Natural, como combustível gerador de energia.

No Balanço Energético Nacional, a soma do consumo final de energia, das perdas na distribuição e armazenagem e das perdas nos processos de transformação, recebe a denominação de Oferta Interna de Energia -OIE, também,

costumeiramente denominada de Matriz Energética ou de Demanda Total de Energia (MME, 2004A).

Figura 2.1 Estrutura da Oferta Interna de Energia segundo as fontes

A figura 2.1 apresenta as vantagens comparativas com o resto do mundo em função das fontes renováveis (47,0%) que segundo o balanço energético mostra os países da OECD (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico)

com 6,0% e mundial com 13,6%. (BEN, 2004)

O Ministério de Minas e Energia adota certos critérios de cálculo e fatores de conversão que levam em consideração a capacidade de liberação de calor, em calorias de cada energético quando de sua combustão completa, na eletricidade, pelo princípio da termodinâmica, considera-se a equivalência de 1 KWH = 860 KCAL (BNE, 2004), para contabilizar a energia em TEP – tonelada equivalente de petróleo utiliza-se fatores de conversão entre cada fonte e o do petróleo, multiplicando-se os valores comerciais pelo multiplicado por esses fatores

Como se vê na Figura 2.2, no Brasil em 2003, 47% da OIE tem origem em fontes renováveis, dos quais 14,5% correspondem à geração hidráulica e 29,6 à biomassa e 2,9% a outras fontes primárias. Os 53% restantes da OIE correspondem a fontes fósseis e outras não renováveis (BNE, 2004).

Figura 2.2 Oferta Interna de Energia – 2002

FONTE: BNE, 2004.

O potencial energético brasileiro depende do conhecimento das reservas provadas que possui e dos recursos que promovem a eficiência no seu uso; as fontes energéticas são classificadas em função da renovabilidade.

Brasil para o ano de 2003 onde se percebe uma redução na dependência externa que segundo o BEN (2004) é devido a um fraco desempenho da demanda interna de energia e um bom desempenho da produção interna de energia reduzindo essa dependência de 14,1% para 10,8% do ano 2002 para o ano 2003, correspondendo em uma redução de 19,5%.

Tabela 2.1 Oferta Interna de Energia – 2003

(i) 1 kWh = 860 kcal , Petróleo de referência = 10000 kcal/kg e utilização de Poderes Caloríficos Inferiores – PCI (critério aderente com a Agência Internacional de Energia - IEA e outros organismos internacionais)

FONTE: BNE, 2004.

A OIE de fontes não renováveis como o Petróleo e Derivados apresentaram uma redução de -6,4%, seguidos do Urânio reduzindo em -3,5% e o carvão mineral com -0,4%. Em contrapartida as fontes renováveis aumentaram a oferta de fontes primárias em 12,2%, dos produtos de cana em 10,5%, da lenha e carvão vegetal em 8,4% e oferta de energia pela hidráulica apresentou um aumento de 4,8%.

Destaca-se o crescimento em 3,2% da oferta de gás natural responsável por 7,7% da matriz energética em 2003. Este combustível é a fonte de energia que vem tendo significativo desenvolvimento nos últimos anos. A descoberta de novas reservas nacionais, elevando o seu volume para 352 bilhões de m3 em 2003 e a perspectiva de importação de gás natural da Bolívia permite ampliar ainda mais sua utilização, o que vai representar melhorias em termos de eficiência energética e de qualidade do meio ambiente, uma vez que o gás natural é o mais limpo dos

ESPECIFICAÇÃO UNIDADE 2002 2003 % 03/02 OFERTA INTERNA DE ENERGIA (OIE)(i) 106 tep 198,7 201,7 1,5

fontes ESTRUTURA % DA OIE % 100,0 100,0 - PETRÓLEO E DERIVADOS % 43,1 40,2 -6,4 GÁS NATURAL % 7,4 7,7 3,2 CARVÃO MINERAL % 6,5 6,5 -0,4 Não renováveis URÂNIO % 1,9 1,8 -3,5 HIDRÁULICA E ELETRICIDADE % 14,0 14,6 4,8 LENHA E CARVÃO VEGETAL % 11,9 12,9 8,4 PRODUTOS DA CANA % 12,7 13,4 10,5 renováveis OUTRAS FONTES PRIMÁRIAS % 2,5 2,9 12,2

DEPENDÊNCIA EXTERNA DE ENERGIA

combustíveis fósseis. (BEN, 2004)

Figura 2.3 Oferta Interna de Energia – 2003

FONTE: BNE, 2004.

Tabela 2.2 Consumo Setorial de Energia – 2003

ESPECIFICAÇÃO UNIDADE 2002 2003 % 03/02 CONSUMO FINAL TOTAL 106 tep 178,20 180,80 1,50 SERVIÇOS (COM+PÚBL.+TRANSP.) 106 tep 57,30 55,60 -3,00 TRANSPORTE CICLO OTTO 10³ bep/d 365,40 358,20 -2,00 RESIDENCIAL 106 tep 20,70 20,90 1,00 AGROPECUÁRIO 106 tep 7,80 8,20 4,40 SETOR ENERGÉTICO 106 tep 14,40 15,90 10,20 INDUSTRIAL TOTAL 106 tep 65,40 68,10 4,10

CIMENTO 106 tep 3,10 2,80 -10,40 FERRO GUSA E AÇO 106 tep 15,70 16,10 2,50

FERROLIGAS 106 tep 1,10 1,40 27,40 NÃO FERROSOS 106 tep 4,50 5,10 12,00 QUÍMICA 106 tep 6,60 6,60 0,50 ALIMENTOS E BEBIDAS 106 tep 15,80 16,70 5,10 PAPEL E CELULOSE 106 tep 6,60 7,30 10,60 OUTRAS INDÚSTRIAS NÃO

ESPECIFICADAS 106 tep 11,80 12,10 1,90 FONTE: BEN, 2004.

Ao analisar o consumo percentual dos setores produtivos apresentados na Consumo Setorial de Energia

TRANSPORTE CICLO