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Entendemos que cabe à escola organizar o aprendizado, adequando-o pedagogicamente aos anseios e às necessidades formativas dos alunos a que se destina, atribuindo a ação pedagógica uma função social revestida de caráter político, como também, organizar e sistematizar o conhecimento científico, referendando-se no conhecimento que o aluno traz de suas experiências cotidianas, as condições de aprendizagens e as finalidades sociopolíticas do ensino.

Lima (2006, p. 110), alicerçada nos estudos de Cunha (1998), define prática pedagógica:

[...] como uma instância em que o ensinar e o aprender têm contornos especiais que exigem a abertura de diálogos com todos os formatos de conhecimentos, dado que a realidade circundante [...] é multifacetada e precisa ser percebida como processo, como ato dinâmico e contextualizado.

De outra parte, Fiorentini (2006), ao debater a produção de saberes e da cultura profissional a partir da prática pedagógica, constata que há um hiato entre os conhecimentos veiculados nos centros de formação e os saberes requeridos pela prática profissional.

Perrenoud e Thurler (2002), discutindo sobre a prática pedagógica enfoca que a autonomia e a responsabilidade de um profissional dependem de sua capacidade de refletir em e sobre a sua ação e considera a reflexão como a essência da ação docente. Desta forma, a postura reflexiva não requer apenas do professor o saber fazer, mas que ele possa saber explicar de forma consciente a sua prática e as decisões tomadas sobre ele e perceber se essas

decisões são as melhores para favorecer a aprendizagem do seu aluno, pois, para o autor, “ensinar é, antes de tudo, agir na urgência, decidir na incerteza.” (PERRENOUD; THURLER, 2002, p. 210).

Segundo Freire (1996, p. 44), “o [...] próprio discurso teórico, necessário à reflexão crítica, tem de ser de tal modo concreto que quase sempre se confunda com a prática”. É pensando criticamente sobre a prática de hoje ou de ontem que podemos melhorar a próxima prática. A reflexão da ação docente é desencadeada durante a realização da ação pedagógica, sobre o conhecimento que está implícito na ação. Ela é o melhor instrumento de aprendizagem do professor, pois é no contato com a situação prática que o professor adquire e constrói novas teorias, esquemas e conceitos, tornando-se um profissional flexível e aberto aos desafios impostos pela complexidade da interação teoria/prática.

Dessa forma, a reflexão realizada sobre a ação e para a ação é de fundamental importância, pois elas podem ser utilizadas como estratégias para potencializar a reflexão na ação. Pensando na “[...] condição de inacabamento do ser humano e consciência desse inacabamento”, Freire (2002, p. 68) defende que a formação continuada de professores, deve incentivar a apropriação dos saberes rumo à autonomia e levar a uma prática crítico-reflexivo, abrangendo a vida cotidiana da escola e os saberes derivados da experiência docente.

Sacristàn (1998a) considera que a prática pedagógica é um elemento que poderá torna-se objeto de reflexão do professor no sentido de ampliar sua compreensão dos contextos em que essa prática se processa. Nessa perspectiva, o professor é um facilitador do desenvolvimento da autonomia e da emancipação do processo educativo.

Nos seus estudos, Ferreira (2003) destaca a importância de se atentar para as conexões entre mediação pedagógica, aprendizagem e desenvolvimento. Ao conceituar o ensino-aprendizagem, assim se expressa à autora:

O ensino-aprendizagem é entendido como processo de conhecimento do mundo objetivo, pelos alunos, mediado pelo professor, propiciando avanço do desconhecido ao conhecido, conhecimento incompleto e impreciso a conhecimentos mais exatos, possibilitando o desenvolvimento de capacidades e a formação de atitudes (FERREIRA, 2003, p. 1).

No entanto, seja qual for a forma como essa questão é abordada, respaldada no senso comum ou no conhecimento sistematizado, fica evidente que a prática pedagógica tem um papel a desempenhar no processo de aprendizagem e desenvolvimento do aluno.

Surge, assim, a necessidade de redimensionar o olhar que se direciona para essa modalidade de atividade educativa no sentido de apreender outras conexões nela imbricadas.

Nesse sentido, é necessário estabelecer com precisão e clareza como deve ser organizada a prática educativa, como também as formas que ela deve assumir, os procedimentos a utilizar, e qual deverá ser sua orientação filosófica e política. E, ainda, elucidar as leis às quais se subordina, suas implicações nos processos de aprendizagem e desenvolvimento, em particular, no desenvolvimento das funções e processos psíquicos.

A discussão da relação entre desenvolvimento e aprendizagem é muito frequente, tornando-se de tal forma popularizada que não se encontre presente em quase todas as referências relativas à prática pedagógica e ao ensino. Entretanto, ao nos debruçarmos sobre os estudos acerca dessa relação, verificamos que ela é abordada a partir de perspectivas teóricas diversas ou até mesmo opostas, como veremos a seguir nesse extrait da ação docente da partícipe Le refletindo sobre sua ação:

Relato do dia 31 de julho de 2013.

Lu - Hoje é 31/07/2013 e estamos na biblioteca e vamos fazer uma sessão reflexiva com a partícipe

para discutir a apresentação o resultado do diagnóstico da atenção.

Le – Neste dia comecei a aula lendo uma história, essas histórias não seguem a nenhuma sequência, o

livro que eu leio nunca fica parado. Eu leio e logo o livro circula na roda de leitura dos alunos é certo que vou motivar a classe. Gosto de ler história que tem suspense, às vezes leio a história toda, às vezes leio por capítulo. Os alunos me cobram a leitura que já é rotina. Terminado este momento eu passo para atividade, às vezes coloco a turma em círculo, às vezes divido em dupla e entrego folha xerocopiada. E é assim...

Quando começamos a fazer a apresentação dos resultados dos alunos, eles ficaram apreensivos, pensando que ia ter uma nota, ficaram inquietos para saber se estava certo ou errado, se alguém tinha tirado zero. Eu acalmei e depois dos questionamentos em meio a tanto barulho começamos a ler a história...

(Extrait da Sessão Reflexiva do dia 31 de julho de 2013).

Observamos que a partícipe inicia comentando sobre o cotidiano de sala de aula espontaneamente, mesmo sendo interessante a forma como ela conduz a sala de aula, ela não se preocupa em apresentar os objetivos da referida rotina, nem deixa claro em seu relato o que realmente vamos discutir.

Descrever:

Le - A turma ficou muito motivada quando falei que tínhamos planejado vir aqui na classe

apresentar juntamente comigo o resultado do diagnóstico. Eles perguntam muito porque você fez tantas perguntas sobre como era certo assistir aula e eu também estou motivada, pois busco solução

para resolver essas questões de disciplina e fazer com que eles entendam como é importante aprender e a desenvolver sua inteligência...

Ed- É bom ter ajuda de alguém pra pensar sobre esses meninos trabalhosos.

Le – É de ter jeito, esse estudo com 4º ano melhorou muito até pra ter com quem compartilhar dessas angústias de sala de aula.

Ed- E esse diagnóstico, como é?

Lu – É, esse instrumento que Le está mostrando é parte da minha pesquisa compartilhada com Le

na sala de aula.

Ed- Ah, bom. É muito importante que eles entendam o que a professora pensa sobre eles.

(Extrait da Sessão Reflexiva do dia 31 de julho de 2013).

Na ação de descrever, que é o momento de rever a sua prática e de refletir criticamente sobre o seu fazer pedagógico, por exemplo, Le ou Lu poderiam ter questionado Ed quando ela diz: “É muito importante que eles entendam o que a professora pensa sobre eles”. E ter expandido a discussão sobre a relação professor/aluno, sobre o vínculo afetivo que conduz a aprendizagem... No entanto, elas aceitaram os argumentos sem questioná-los demonstrando uma colaboração acrítica técnica.

Informar

Le - Percebo que muitos de nós não temos clareza nos objetivos proposto para o desenvolvimento do

processo de ensino aprendizagem. Como também os alunos não veem sentindo no trabalho da escola, eles têm dificuldade em entender pra que serve a escola, pra que essas atividades, por exemplo, culturalmente, o casamento matuto, os alunos não compreendem por que o rapaz tem que casar porque a noiva está grávida.

Ed- É porque são costumes antigos e eles não sabem o que é isso, não. A maioria deles não sabem

nem quem é o pai.

Lu- Não é só isso, é que nós temos dificuldades de mediar esse conhecimento, de levar as crianças a

pensar, a entender, pra que serve a escola. São tantos apelos da mídia para o país do futebol. Esses jogadores enriquecem da noite para o dia e são na maioria pouco escolarizados.

A criança vê os professores dizer que estudam e vivem lutando por salário, e jogadores ganhando rios de dinheiro. Então, como esse aluno vai valorizar a escola?

Ed – E a família também não valoriza a escola para acabar de completar.

(Extrait da Sessão Reflexiva do dia 31 de julho de 2013).

Nesse momento, a partícipe se preocupa com o planejamento escolar, com o Projeto Político Pedagógico, com a cultura nordestina e os caminhos que a escola está tomando para o desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem, pois se não temos clareza dos objetivos

da nossa ação, como vamos atender aos anseios da sociedade e dos nossos alunos. Esta reflexão nos remete a retomada de um trabalho coletivo, participativo e democrático. Esse contexto apresenta-se colaborativo crítico reflexivo à medida que traz elementos da realidade social e cultural, ou seja, da transformação social, promovendo a expansão dos sentidos, maior autonomia e emancipação das partícipes.

No entanto, ressaltamos que poderíamos ter aproveitado mais esse momento, uma vez que não questionamos aspectos que ampliariam nossa autonomia e emancipação.

Confrontar

Lu – Você considera que a mediação do seu trabalho com essa turma contribui para o

desenvolvimento dos alunos?

Le - Se eu não percebesse as dificuldades dos alunos e não ajudasse estaríamos no caos total, eu vou

aproveitando as indisciplinas deles e vou colocando dentro do possível, eles gostam muito de assobiar. Então eu peguei a música: Os meninos, de Juraildes Cruz. É uma música que inicia com assobios como se fossem passarinhos. Eu trouxe pra sala de aula e aproveitei os assobios dos alunos para que eles participassem e aprendessem a cantar e a ouvir música de qualidade.

Ed- Você é realmente muito dinâmica, acho que eu não daria conta, rsrsrs. Você considera que o

objetivo foi atingido?

Le- Acho que sim. Pelo menos pra essa questão sim. Pelo menos eu tenho certeza que eles sabem que

estão errados quando ficam conversando, jogando foguete, entrando e saindo... Eles já disseram isso na sessão reflexiva deles e fizeram o Fica a dica, para melhorar esses comportamentos indesejados. Eles sabem que estão errados, eles fazem pra provocar mesmo.

(Extrait da Sessão Reflexiva do dia 31 de julho de 2013).

Nessa ação de confrontar a partícipe busca estratégia para envolver os alunos numa tarefa inovadora, demonstra preocupação com sua aprendizagem e como desenvolvê-la. Conforme Vygotsky (2003, p. 75):

Na base do processo educativo deve estar a atividade pessoal do aluno, e toda a arte do educador deve se restringir a orientar e regular essa atividade. No processo de educação, o professor deve ser como os trilhos pelos quais avançam livre e independentemente os vagões, recebendo deles apenas a direção do próprio movimento.

Nesse sentido, a partícipe se situa como esses “trilhos”, convicta de que o objetivo foi atingindo, sustentando seu argumento com indícios empíricos.

Reconstruir

Ed – Você mudaria a sua maneira de trabalhar?

Le - Gostaria de ter uma prática diferente, menos cansativa e estressante. A escola devia ter mais

recursos, como vídeos, internet para pesquisa. Se eu fosse dar essa aula hoje faria tudo diferente.

Lu – Você acha que só isso resolveria essa questão?

Le – Não, eu ia precisar também do apoio da família, de apoio psicológico para o aluno, de um

sistema que realmente funcionasse para melhorar a educação. É preciso também estudar, entender as nossas ações e poder refazer e replanejar nossas ações de sala de aula, construir melhor o processo de aprendizagem.

(Extrait da Sessão Reflexiva do dia 31 de julho de 2013).

O momento da reconstrução é o momento de transformar, pois as exigências de um mundo globalizado se refletem no papel do professor, na necessidade de uma formação contínua, e na constituição de novas identidades, uma vez que precisa adequar-se à função de ensinar e educar no mundo contemporâneo.

Le comenta o estresse e o cansaço na sua prática pedagógica e atribui à falta de recursos tecnológico para despertar o interesse dos alunos no processo de aprendizagem, explica também que precisa do apoio dos pais acompanhando a aprendizagem de seus filhos e que há falta de estudos para reconstruir o planejamento e melhorar o cotidiano da sala de aula. Nessa direção Nóvoa (1995, p. 67), enfatiza que “a formação continuada precisa valorizar os saberes de referência da profissão, a partir da reflexão que os docentes fazem sobre sua prática.” Por isso, os estudos, discussões e reflexões coletivas na escola se fazem necessária.

Dando continuidade à realização desse processo reflexivo a partícipe inicia: Lu – Hoje é dia 28/08/13 são 9 horas e estamos na biblioteca para mais uma sessão reflexiva com a partícipe sobre a finalidade da escola.

Relato

Le - Após a realização da Sessão Reflexiva com os alunos em que nós apresentamos o resultado do diagnóstico da consciência enfocando a finalidade da escola, percebemos que os alunos levantaram muitas questões referentes à falta de acompanhamento por parte de suas famílias na escola, acho que deveríamos fazer uma sessão com os pais para eles ouviram o que os meninos têm a dizer. Os pais precisam aprender a dar limites aos seus filhos.

Acho que quando eles falaram que “tinha preguiça” de fazer as tarefas escolares foi uma desculpa arranjada na hora como solução para não cumprir com as tarefas de casa, o nome dessa “preguiça” é ausência familiar. Você deve ter visto que a maioria dos alunos não tem nenhum acompanhamento

familiar, nem mesmo vem para as reuniões. (Le fica indignada).

Nós estamos numa escola que trabalha muito com o currículo oculto, me sinto muito sozinha, a escola não oferece nenhum suporte para trabalhar com reflexão para discutir com os pais sobre o comportamento inadequado dos seus filhos, para orientá-las sem dar carão e para a família aprender a valorizar a escola.

Com esse trabalho de fazê-los refletir fica claro que eles querem aprender, mais são muitas dificuldades apresentadas e precisam de ajuda, vejo a hora perderem a motivação para aprender diante do processo lento e sem ajuda da escola (uma professora de reforço, que tem na escola, mas não cumpre com a função) e de casa (uma ajuda nas tarefas de casa). Fico pensando: Temos que aproveitar ao máximo essa motivação, essa vontade que eles estão de aprender a ler e escrever e concretizar esse processo, pois foi muito difícil mobilizar esses alunos e agora é preciso que todos recebam ajuda para que essa aprendizagem se desenvolva.

Extrait da Sessão Reflexiva do dia 28/08/13.

No trecho acima, Le se mostra angustiada e descontente com o baixo rendimento dos alunos e reclama da solidão do fazer pedagógico. A escola precisa se preocupa com a qualidade de vida mental desse professor, fazendo-o refletir sob a luz da teoria as estratégias de ensino que trarão prazer e satisfação do professor e aluno no que ser refere ao ensinar e aprender juntos. Como diz Freire (1999, p. 37):

[...] a alegria de ensinar-aprender deve acompanhar professores e alunos em suas buscas constantes. Precisamos é remover os obstáculos que dificultam que a alegria tome conta de nós e não aceitar que ensinar e aprender são práticas necessariamente enfadonhas e tristes.

Nesse sentido, a pesquisa colaborativa tem trazido contribuições na escuta desse professor, proporcionando a formação continuada, minimizando o distanciamento da teoria/prática favorecendo o processo ensino/aprendizagem.

Descrever

Lu – Como você organizou a sala de aula neste dia?

Le - Neste dia a turma do 4º ano estava arrumada em círculo e estavam presentes 12 meninos e 08 meninas.

Ed - Por que você escolheu esse texto?

Le - Eu escolhi o texto que conta a história “O pavão do abre-e-fecha”, de Ana Maria Machado para trabalhar esta questão de beleza e feiura e outros preconceitos que esses alunos têm com os outros. Precisamos trabalhar com as diferenças, pois se a gente trabalhar todo dia isso, ainda é pouco, porque quando eles botam o pé fora da classe, já esquecem tudo e começa tudo de novo.

Lu – Como os alunos se comportaram durante essa tarefa?

Le - Você sabe como é essa turma, eles ficam insultando os outros o tempo todo. Ed – Os alunos gostam desse tipo de história?

Le – É. Eles escutam e entendem. Alguns gostam, outros não. Como em toda atividade. Uns vão gostar outros não. Mas a maioria gosta.

Extrait da Sessão Reflexiva do dia 28/08/13.

E prossegue na tentativa de combater preconceito fazendo uma reflexão através de uma metáfora para que os alunos compreendessem que as diferenças existem e devem ser respeitadas e juntamente com o texto desenvolver a reflexão do aluno sobre a importância da escola para o desenvolvimento da sua inteligência e de seu crescimento pessoal. E continua:

Informar

Lu – O seu objetivo foi atingido?

Le – Não. Porque não é só com um texto que vamos atingir esse objetivo, porque preconceito,

autoestima, consciência são assuntos complexos e não vai ser resolvido só numa discussão de um texto.

Ed – Por que você resolveu trabalhar assuntos tão complexos?

Le – Porque são conhecimentos que precisamos trabalhar para combater o preconceito e fazer com

que esses alunos aprendam as respeitar os outros, tenham consciência também do que eles vêm fazer na escola e se dediquem ao estudo.

Ed – Realmente é muito difícil. Precisamos aprender muito.

Lu – Quais foram às dificuldades que você encontrou durante a realização desta sessão reflexiva? Le – Durante as aulas os alunos parecem que não escutam, se levantam toda hora para ir ao

banheiro ou beber água, e isso atrapalha muito o desenvolvimento do raciocínio para completar a aula. É isso que me angustia, você termina a aula sem saber se houve ou não aprendizagem. Aí no dia da prova todo mundo quer aprender, todo mundo quer ajuda. Aí não dá. Mas nas sessões reflexivas não ocorre muito isso, como geralmente está eu e você eles se comportam diferentes.

Lu – E porque você acha que os alunos têm essas dificuldades?

Le – Sei não. São muitos problemas que esses alunos têm. Família, eles vivem em área de risco com

muita violência, eles convivem com drogas, exploração sexual e muita dificuldade financeira... São muitas coisas. A escola precisa pensar sobre essas questões. Por que isso não acontece só comigo. É com todo mundo.

Extrait da Sessão Reflexiva do dia 28/08/13.

O informar envolve a busca de princípios que embasam a sua ação, relacionando as teorias formais que sustentam o sentido da prática pedagógica. Nesse sentido, Le compreende

que o desenvolvimento das funções superiores não é algo tão simples e que para trabalhar com o desenvolvimento da consciência é preciso tempo para processar e internalizar o objeto ou conteúdo a ser instruído.

Assim pensando, prosseguiremos com a sessão reflexiva. Confrontar

Lu - Você considera que a mediação desenvolvida por nós contribui para o desenvolvimento dos

alunos ou não?

Le – Claro que contribui, pois aos poucos vejo que eles estão melhorando, eu entendo que não é

uma sessão reflexiva que vai resolver esses problemas da noite para o dia. Mas é um trabalho complexo, cansativo, preciso ficar lembrando toda hora aquilo que foi combinado, então eles atendem e depois começam tudo de novo. É muito cansativo ficar batendo na mesma tecla.

Lu – É. O trabalho educativo é assim mesmo, é como adquirir hábito. Precisa que tenha alguém

dizendo: escove os dentes, vá tomar banho, como de boca fechada, vá pentear os cabelos, são exemplos de atitudes mediadas para focar a atenção voluntária e quando a atenção está em foco à consciência entra em processo de desenvolvimento, realmente é preciso que tenha alguém para mediar e tornar real esse processo.

Le – E é! Mais é muito estressante. O professor era pra ser mais valorizado, porque, pense num

trabalho trabalhoso, Lu essa sua fala foi muito importante para eu compreender o sentido da minha ação docente e desse trabalho com o desenvolvimento da atenção e da consciência.

Ed – Educar não é fácil, os meus alunos também dão muito trabalho. São cheio de gosto e os pais

acham que o professor deve aceitar tudo que eles fazem.

Extrait da Sessão Reflexiva do dia 28/08/13.

Como observamos no extrait acima, criar situações que levam ao desenvolvimento da atenção e da consciência não é uma coisa fácil, pois temos que mobilizar as funções superiores envolvidas na aprendizagem, ou seja, a atenção e a consciência e se desenvolvem juntas, num processo indissociável. Assim sendo, a mudança de uma atitude depende da mudança do todo e para mudar é preciso esforço, empenho e compromisso de todos os envolvidos no processo.

Nesse contexto, as partícipes colaboram de forma acrítica técnica, pois discutem e aceitam os argumentos sem questioná-los além do mais centram-se em entender as teorias.