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Capítulo III: Desenvolvimento do Estudo

3. Tratamento e Análise de Dados

3.1. Reflexão sobre o Processo de Investigação

Tal como afirmamos na Introdução deste Relatório de Estágio, atualmente vivemos num mundo que necessita de constantes trocas de informação, num mundo em constante evolução. Cabe a quem se insere no mundo da educação, e não só, procurar acompanhar a evolução tecnológica, científica e social. Assim, os professores não podem permitir que o seu conhecimento fique estanque, devem procurar aprofundar cada vez mais o seu conhecimento didático e sobretudo a sua cultura geral. Deste modo, um professor deixa de ter como objetivo fulcral ensinar os alunos a ler e a escrever, passando o principal objetivo a ser levar os mesmos a pensar por si próprios, questionarem, colocarem em causa, procurarem eles próprios as conclusões.

Hoje em dia, de modo a formar futuros elementos do mercado de trabalhos o mais completos possíveis, a formação dos alunos ocorre em todas as áreas do saber, contudo é dada primazia à leitura e à escrita. Não podemos descuidar que a leitura e a escrita são a base da comunicação entre pessoas e civilizações, logo podem ser encaradas como um elemento fulcral da evolução. Os alunos no 1º Ciclo do Ensino Básico têm atualmente a possibilidade de conhecer as diversas tipologias textuais. Ao longo do seu percurso escolar aprendem o Ciclo da Leitura e o Ciclo da Escrita de modo a poderem treinar e melhorar as suas diversas produções escritas e a sua leitura nos diversos géneros textuais.

A investigação analisada e apresentada decorreu a par com a Prática Supervisionada no 1º Ciclo do Ensino Básico.

Entendemos que a proposta de investigação por nós apresentada está de acordo com os processos de educação atuais. Propusemos no início da investigação verificar os níveis de desenvolvimento da turma ao nível da leitura e da escrita. Deste modo, tentámos ligar a questão problema e os seus objetivos às características da turma, permitindo assim criar um ambiente de investigação harmonioso com uma relação saudável entre investigador e os elementos da sala. O processo de investigação foi inserido em sequências didáticas para que os dados não fossem recolhidos de forma forçada, mas sim de uma forma natural. Deste modo, todas as sequências didáticas por nós construídas e aplicadas foram previamente verificadas pela professora titular

da turma. As características específicas da turma foram respeitadas na construção das sequências didáticas.

Tendo em conta toda a informação recolhida e analisada, entendemos que os objetivos a que nos propusemos inicialmente foram atingidos.

Debruçando-nos sobre os dados recolhidos, ao nível da identificação de letras maiúsculas e minúsculas (tabela 22 e 23 respetivamente) denota-se que os alunos já apresentam um claro domínio sobre o princípio alfabético, constatando-se que a capacidade de decifração está já bem vincada.

Por sua vez, a leitura de sílabas, palavras e texto (tabela 24, 25 e 26) revelou que é necessário que os alunos trabalhem a sua prática oral, treinando aspetos fónicos da nossa língua com o intuito de corrigir alguns erros dados. Neste ponto temos de ter em atenção que a oralidade nem sempre transcreve fielmente aquilo que está escrito. Existem vários fatores que influenciam de forma significativa. Temos como principal exemplo a relação existente entre o som e o grafema, um determinado som pode ser representado por mais do que um grafema e um grafema pode não representar apenas um som. Conclui-se assim que o ensino da ortografia deve ser sistematizado de forma a ser explícito e claro para os alunos. Cabe ao professor orientar o ensino de modo a que os seus alunos entendam esta relação som/grafema.

Relativamente à compreensão do texto (tabela 27), um número significativo de alunos revelou uma grande precisão no momento de recolher a informação essencial para dar resposta às questões. Deste modo, entendemos que os alunos já conseguem ler de forma autónoma e automática, revelando assim elevados níveis de atenção e capacidade de recuperar a informação e significado daquilo que leem. Tal como já tinha sido referido na análise dos dados relativos à compressão do texto, os alunos revelam alguma dificuldade em realizar inferências, algo bastante natural neste faixa etária e que está de acordo com o estipulado nos PMCP EB (2015).

Ao nível da cópia (tabela 28) os alunos revelaram ser também bastante assertivos, fruto do trabalho desenvolvido com a professora, tal como já tínhamos referido. Neste ponto importa destacar que os alunos que foram mais assertivos tendencialmente utilizaram a técnica a que damos o nome de autoditado. Por outras palavras, um número significativo de alunos dizia primeiro aquilo que ia escrever, memorizando assim a informação necessária para uma cópia correta.

Relativamente ao nível do ditado (tabela 29), verificámos um número significativo de erros ortográficos, sobretudo omissões, adições e substituições. Isto acontece devido ao facto de algumas palavras não serem do conhecimento dos alunos nem serem frequentemente lidas pelos mesmos, ou seja, não fazem parte do seu léxico visual ortográfico responsável pelo reconhecimento automático das palavras. Destacamos que a relação fonema/grafema foi responsável por um número assinalável de erros. Verificámos que esta complexa relação implica saber na perfeição quais as letras que correspondem à representação de determinado som de uma palavra.

Em relação à escrita espontânea (tabela 30) concluímos que existe um enorme cuidado por parte dos alunos quer na relação da tipologia textual quer em relação às palavras que querem escrever. Deste modo, os alunos escrevem com mais à vontade, sobre algo que já dominam minimamente. É de extrema importância que o professor consiga ativar nos alunos as competências essenciais para a correta elaboração de um texto escrito. Por outras palavras, devem ser ativados nos alunos a competência compositiva, a competência gráfica e a competência ortográfica.

É importante destacar a forma séria como os alunos encararam as diversas recolhas de dados, entendendo desde o início que era algo benéfico para a sua evolução e desenvolvimento.

O facto de não recolhermos os dados de forma forçada, ou seja, de termos recolhido dos dados em contexto de sala de aula relacionado diretamente com outras atividades de aprendizagem, revelou ser uma mais-valia permitindo aos alunos ter uma ideia mais clara sobre as suas reais dificuldades. Desta forma, os alunos podem refletir sobre a importância de uma correta leitura e escrita para o seu desenvolvimento.

Esta investigação ajudou-nos a ter uma ideia mais clara sobre as principais dificuldades sentidas pelos alunos em contexto de sala de aula, permitindo-nos assim refletir sobre novos métodos para colmatar as falhas dos alunos.