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Reflexões sobre os dados encontrados

No documento flaviadasilvagomesfrancisco (páginas 122-126)

3 A GESTÃO DOCUMENTAL DO QUADRO DE PESSOAL ESCOLAR SOB

3.5 A PESQUISA DE CAMPO E A ANÁLISE DOS DADOS

3.5.4 Reflexões sobre os dados encontrados

Há muitas ponderações a serem feitas sobre o campo da gestão educacional, suas dimensões são amplas e as atribuições do gestor, que são interdependentes, precisam ser efetivadas com extrema dedicação.

Sobre esse viés de dificuldades e necessidades, Ferreira (2017) registra que:

Como se percebe, os desafios de um gestor escolar são bastante severos. Preparar-se adequadamente para enfrenta-los é uma necessidade primordial, portanto. Não existem receitas de sucesso, fórmulas mágicas para a superação de dificuldades administrativas. A adoção de posturas mais adequadas, lastreadas em princípios de gestão alinhados com as necessidades das organizações escolares contemporâneas pode, no entanto, contribuir para um melhor enfrentamento desses problemas (FERREIRA, 2017, p. 9).

A informação, os registros documentais elaborados com padrões de eficácia, são protetores dos direitos dos servidores da instituição, que vão além da sua folha de pagamento mensal, mas envolvem toda a constituição da sua história profissional, da sua vida funcional. Portanto, não podem ser feitos sob óticas secundárias.

Embora o grupo de escolas pesquisadas indique que os responsáveis pelos registros de ocorrências no quadro de pessoal sejam por servidores efetivos, essa não é a realidade de todas as instituições. Existe uma rotatividade que costuma acentuar o problema, como citaram os coordenadores do Setor de Pagamento.

Uma outra observação é que essa atribuição apareceu vinculada a ocupantes de cargo em comissão. Das doze instituições escolares participantes, metade (50%) informam que o responsável pelas informações ocupa o cargo de Secretário Escolar, de indicação do próprio gestor. E quatro são os gestores. Nessa oportunidade, e também em outras que não envolvam os cargos comissionados, o gestor deve prezar pelos interesses coletivos da instituição e fazer sua escolha em conexão com princípios da Gestão de pessoas e da Gestão do Conhecimento.

Essa conexão pode ser estabelecida em decisões coletivas, com promoção de diálogo sugestivo, “fazer com que as melhores informações e conhecimentos das pessoas e da organização venham à tona e possam efetivamente ser colocados em ação” (ALVARENGA NETO, 2005, p. 22, grifo nosso).

Considerando que, há escolas que apresentam documentos adequadamente preenchidos, favorecendo o andamento do serviço de administração de pessoal, o diálogo entre as equipes e instituições é um ponto importante a ser motivado, tem que virar rotina, visto o capital humano que pode ser encontrado dentro destas instituições. Portanto, a prática interativa deve ser adotada como uma estratégia de compartilhamento e apropriação de novos métodos para planejamento e execução das atividades.

Em contrapartida, a falta de interação pode trazer um distanciamento improdutivo entre os profissionais, tanto das escolas quanto da SRE. Observe-se que no âmbito interno da SRE, a Coordenadora da Inspeção escolar pontua dificuldades quanto à setorização e sugere que as relações entre inspetores e taxadores “precisam ser melhoradas”. E note-se também que, 33% das escolas indicaram algum tipo de insatisfação diante do atendimento prestado pelos servidores da SRE. Portanto, esse dado deve ser considerado.

A administração do quadro de pessoal foi pontuada, entre os participantes da pesquisa, como uma atividade de complexa execução, especialmente naquilo que implicam os seus registros. A codificação a ser empregada nos quadros informativos e guias de ocorrência, foi destacada como uma dificuldade para as escolas, e também para a inspeção escolar.

Quanto ao fluxo contínuo de orientações pertinentes à gestão do quadro de pessoal, que vai além das novas publicações e envolve um contexto de retificações, mudanças e alterações constantes, este é feito por e-mail, a SRE os encaminha para as escolas. Contudo, essa regulamentação que transita por e-mail é classificada como sendo de complexidade e dificuldades intermediárias.

Conforme destaca Eulálio (2017), o envio de e-mails apesar de ser essencial, precisa ser vinculado a outras estratégias. Então, instrumentos de consulta, pesquisas de fácil acesso precisam ser pensados e desenvolvidos, com objetividade, passíveis de atualização rotineira.

Quanto ao conhecimento, seja individual ou da organização, parece existir um déficit quanto ao favorecimento e preservação de uma memória organizacional efetiva.

Nesse sentido, manter orientações na caixa de entrada dos e-mails, na ordem de seu recebimento, pode tornar a consulta difícil e dispendiosa e essa foi a resposta dada em questionário por 42% dos participantes. Já a manualização, se estiver incompleta e desatualizada, também acaba colaborando e induzindo a erros, como cita a Coordenadora da Inspeção Escolar.

E esse é o quadro observado, caracterizado por uma vasta gama de orientações e códigos representativos, nos quais as instituições escolares precisam gerar documentos que informam a vida funcional e o pagamento de seus servidores com rigores de precisão, para a alimentação de um sistema (Sisap) cujo acesso é limitado à SRE e SEE/MG.

Ressalte-se, que a possibilidade de acesso ao sistema, não é uma garantia de melhores resultados. O Sysadp, por exemplo, é utilizado diretamente pelas escolas para efetivação dos processos de designação, e apesar de ser considerado um sistema de uso fácil por sete dos respondentes ao questionário, é administrado diante de constantes dificuldades que resultam no indeferimento de muitas vagas.

A redução no índice de erros nos quadros informativos para designações, possivelmente condiciona-se também à análise prévia e sequencial do inspetor escolar, da equipe de Quadro de Pessoal/Sysadp e dos servidores da Diretoria de Gestão de Pessoal da SEE/MG. Somente após a liberação desses profissionais, a emissão do edital de designação é liberada para a escola e os QI são gerados de forma mais correta.

Por fim, pontue-se que a falta de políticas de capacitação continuada contribui para agravar o caso, tanto no âmbito das escolas quanto da SRE. Mas, considere-se que como Regional de Porte I, a SRE de Governador Valadares atende a 130 escolas estaduais e 40 municípios distintos e nesse contexto de redução orçamentária em que o Estado de Minas Gerais se imerge, planejar ações que implicam em custo financeiro ao erário, não seria o mais conveniente.

A SRE, ainda que vivencie o mesmo cenário de precariedade e desvalorização da educação pública, precisa favorecer um profícuo atendimento aos gestores escolares, prestando todo o auxílio possível, pensando e desenvolvendo

estratégias para que um trabalho administrativo de qualidade traga retornos iluminadores, mais próximos dos objetivos primordiais educacionais.

4 O PAE - A SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL DE ENSINO DE GOVERNADOR

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