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2. BASES TEÓRICAS DA FORMAÇÃO SOCIOESPACIAL DA REGIÃO

2.1 METROPOLIZAÇÃO DE FLORIANÓPOLIS: UM BREVE HISTÓRICO

2.1.2 A Região Metropolitana de Florianópolis

A Região Metropolitana de Florianópolis, seguindo uma tedência de criação de regiões metropolitas no Brasil, foi instituída e oficializada pela lei complementar estadual nº 162/98 do Estado de Santa Catarina, é composta pelos seguintes municípios: Florianópolis, São José, Palhoça, Biguaçu, Santo Amaro da Imperatriz, Governador Celso Ramos, Antônio Carlos, Águas Mornas e São Pedro de Alcântara, contendo uma população total de 845.472.

A cidade polo, mais populosa e importante da Região Metropolitana é Florianópolis, com 408.161habitantes, seguida de São José, com 201.746, Palhoça, com 130.878 e Biguaçu, com 56.395 habitantes, conforme estimativas do IBGE em 2009 44. A área total ocupada pela região é de 2.400,00 km².

A Lei Complementar que instituiu a Região Metropolitana de Florianópolis assim dispõe em seu artigo primeiro: “Ficam instituídas, nos termos do art. 114 da Constituição do Estado de Santa Catarina e da Lei Complementar nº 104, de 04 de janeiro de 1994, as Regiões Metropolitanas de Florianópolis, [...].”

De acordo com a referida lei, a estrutura organizacional básica de coordenação da Região Metropolitana de Florianópolis era composta, em suma, de um Conselho de Desenvolvimento, de Câmaras Setoriais e de uma Superintendência da Região Metropolitana, órgãos estes que deveriam tratar da gestão da Região.

Deve-se ressaltar que a primeira tentativa de se instituir a Região Metropolitana de Florianópolis ocorreu em meados da década de setenta, quando esta ainda era instituída pela União. Diversos estudos foram feitos na época sobre metropolização de Florianópolis, sendo elaborado, inclusive, um plano diretor para todo o aglomerado urbano da Grande Florianópolis – plano este que, com recortes posteriores, tornou-se o Plano Diretor do Município de Florianópolis, em 1976 – e, ainda para esse fim, foi criado o Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (IPUF), que teria, como função básica, ser o órgão de planejamento para a região metropolitana.

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Esse projeto tinha por objetivo fortalecer a Região da Grande Florianópolis ante as Regiões Metropolitanas de Porto Alegre e Curitiba. Porém, por falta de apoio político e de alguns outros elementos considerados importantes, na época, para a criação de uma região metropolitana, não foi possível transformar tal projeto em realidade.

Essa questão só foi retomada na década de noventa, por meio da Lei Complementar Nº 104, de 04 de janeiro de 1994, que dispôs sobre os Princípios da Regionalização do Estado, mencionados no artigo 114 da Constituição do Estado, para integrar a organização, o planejamento e a execução das funções públicas.

Em seu artigo terceiro, esta Lei considera como funções públicas de interesse regional: o planejamento integrado do desenvolvimento regional; as prestações dos serviços de utilidade pública de: a) saúde e educação; b) transporte coletivo; c) segurança pública; d) limpeza pública; e) abastecimento de água; f) esgoto sanitário; g) abastecimento alimentar; h) outros que vierem a ser criados; o exercício do poder de polícia administrativa para: a) preservação ambiental; b) controle do uso e ocupação do solo; c) preservação do patrimônio histórico e cultural. A mesma Lei define ainda, em seu artigo sexto, que:

[...] considerar-se-á "Região Metropolitana" o agrupamento de Municípios limítrofes a exigir planejamento integrado e ação conjunta, com união permanente de esforços para a execução das funções públicas de interesse comum dos entes públicos nela atuantes, e que apresentar, cumulativamente, as seguintes características: I - densidade populacional bruta e/ou taxa de crescimento superiores à média do Estado, e população igual ou superior a seis por cento do Estado (alterado pela Lei 186/99 art. 1º); II - significativa conurbação; III - nítida polarização, com funções urbanas e regionais com alto grau de diversidade e especialização; IV - alto grau de integração sócio-econômica.

Assim, após todas essas tentativas, a Região Metropolitana de Florianópolis vai se consolidar apenas no limiar da década de noventa, através da Lei Complementar estadual nº 162 de1998, conforme citado anteriormente.

Salienta-se que, até o momento da finalização da presente pesquisa, a Região Metropolitana de Florianópolis só existe de fato, e não mais de direito, haja vista que a Lei que a criou, foi revogada com a última Reforma Administrativa do Executivo Estadual. Assim, as regiões metropolitanas até então existentes no Estado foram simplesmente extintas. 45

No momento, o governo do Estado está concluindo estudos para encaminhar um novo Projeto de Lei ao Legislativo para a criação de 21 regiões metropolitanas, além de resgatar as já existentes, dentre elas a Região Metropolitana de Florianópolis. Porém, devido a questões essencialmente políticas, ou de interesses políticos, até o momento não se chegou a um consenso sobre tal projeto, retardando a instituição dessas regiões em Santa Catarina.

Ressalta-se, por fim, que, atualmente existe uma forte pressão por parte de empresários da construção civil local e da população dos municípios que compõem a Região Metropolitana Florianópolis, para legalização da mesma, pois, devido ao programa de financiamento de moradia popular instituído pelo Governo Federal denominado “Minha Casa, Minha Vida”, estes grupos estão sendo muito prejudicados, haja vista, que os moradores de tais municípios estão deixando de financiar o valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) a mais, na aquisição da casa própria. Isto se deve ao fato deste programa estabelecer que as capitais dos estados e municípios que integram a região metropolitana por ela liderada, terem direito a um valor equivalente a R$ 100.000,00 (cem mil reais) de financiamento por unidade habitacional, e os demais municípios do interior do Estado, tem direito a apenas R$ 80.000,00 (oitenta mil reais). Assim, se instituída novamente a região metropolitana, todos os municípios que a compõem, terão o direito, a um financiamento, por habitação, de valor igual ao da Capital, ou seja, valor de R$100.000,00 (cem mil reais), o que interessa tanto aos cidadãos quanto aos empresários ligados ao setor.

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No mesmo ano da aludida extinção das regiões metropolitanas, um Projeto de Lei Complementar, PLC 0026.6/2007, tramitou na Assembléia Legislativa buscando restabelecer os efeitos da Lei 162/98, mas foi vetado, em 2008, pelo governador do Estado.

2.2 A FORMAÇÃO SOCIOESPACIAL DA REGIÃO METROPOLITANA DE