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A Região de Planejamento Grama

No documento flaviacalvano (páginas 130-135)

4. MOVIMENTAÇÕES DO PERÍMETRO URBANO E TRANSIÇÃO

4.2 JUIZ DE FORA: AGENTES SOCIAIS E MOVIMENTAÇÕES DO

4.3.2 A Região de Planejamento Grama

A Região de Planejamento Grama localiza-se a nordeste do perímetro urbano do Distrito-Sede, ao longo da rodovia MG-353, responsável por ligar Juiz de Fora à Zona da Mata e à outros centros como Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte. Como em todas as Regiões de Planejamento da cidade, ela se subdivide em Unidades de Planejamento que, conseqüentemente, abrigam os bairros de cada Região. Assim, a Região de Planejamento Grama é composta pelos bairros Filgueiras (3A), Parque Independência e Grama (3B), Bom Clima, Bandeirantes, Parque Guarani e Granjas Betânia (3C), Santa Rita, Bonfim, Marumbi, Santa Paula e Progresso (3D), Centenário, Manoel Honório Bairu e Nossa Senhora Aparecida (3E) e Santa Terezinha, Nossa Senhora das Graças e Eldorado (3F). A Região faz fronteira a norte-nordeste com o Município de Chácara e a leste com a zona rural do Município de Juiz de Fora.

JUIZ DE FORA – REGIÃO DE PLANEJAMENTO GRAMA

Mapa 12 – Juiz de Fora - Região de Planejamento Grama. Fonte: PDJF, 2004.

A origem da atual Região de Planejamento esta associada à abertura do Caminho Novo e desenvolvimento de atividades agrícolas. Em conseqüência de suas características geográficas, duas ocupações distintas se formaram na região, a Tapera Alta, formada na bacia do Tapera, onde hoje localizam-se os bairros Santa

Terezinha, Nossa Senhora das Graças, Bom Clima Quintas da Avenida e Vale dos Bandeirantes, e a Tapera de Baixo, formada na bacia do Ribeirão das Rosas, onde estão localizados os atuais bairros Grama, Parque Independência e Granjas Betânia, e mais a nordestes aos bairros Granjas Triunfo e Filgueiras.

Por tratar-se de uma Região de Planejamento extensa, ela tanto faz fronteira com a região central da cidade, como com a zona rural do município. Apesar de apresentar um significativo adensamento populacional, a RP Grama possui boa parte de sua área inserida na zona de expansão urbana do município, pois conforme ocorre um distanciamento da área central, há uma significativa rarefação populacional. Rarefação que pode ser interpretada como condicionada/condicionante a/da distribuição dos serviços ao longo de sua área.

Segundo informações do Plano Diretor de Juiz de Fora (2004) e Plano de Desenvolvimento Local da Região Administrativa Nordeste (2004), apesar da RP possuir uma relativa homogeneidade no tocante a prestação de serviços públicos, conforme ocorre um afastamento da área de maior densidade há uma gradativa redução quanto aos serviços de abastecimento de água, rede coletora de esgoto, coleta de lixo e serviços de pavimentação. Afirmando, assim, o modelo centro- periferia característico da expansão da cidade ao longo de seu século e meio de história.

Como resultado deste modelo de distribuição populacional, a Região apresenta duas realidades bastante distintas. A primeira, de urbanização mais intensa, onde predomina uma função residencial, com grande diferença social entre os bairros que a compõem42, acompanhada de uma prestação de serviços, que se concentra, principalmente, nos subcentros do Manoel Honório (3E) e de Santa Terezinha (3F), e a segunda ao longo da MG-353, com menor densidade demográfica, onde prevalecem atividades hotigranjeiras, que abastecem grande parte do mercado de Juiz de Fora, associadas ao uso residencial, com predomínio de população de menor renda, e de prestação de serviços, com certa informalidade. É nesta segunda realidade, onde predominam grandes espaços vazios, sujeitos às estratégias de planejamento destinadas à expansão urbana, que urbano e rural se confundem. Nesta área o espraiamento do fenômeno urbano fez surgir novas fronteiras entre as áreas urbanas e rurais difíceis de serem percebidas e cada

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Conforme o PDL (2004), apesar de um predomínio de moradias destinadas à classe média, alguns bairros, como o Bom Clima e Quintas da Avenida, abrigam população de classe média-alta.

vez mais indefinidas quanto a real determinação de seus limites, onde a metáfora apresentada por Siqueira e Osório representa bem esse processo.

(...) É como se um plano fosse dividido ao meio e suas metades recebessem respectivamente as cores preto e branco. É a primeira etapa da diferenciação, em que a atenção se foca no contraste, e não no relacionamento profundo que existe, não pelas cores, mas pelo fato de serem metades partes de um mesmo plano. Gradualmente, a fronteira antes nítida entre as cores começa a se transformar. O preto entra no branco e o contrário, gradualmente, as tintas se misturam e por fim temos o plano preenchido não por duas metades, mas por um gradiente que vai do branco em um extremo do plano ao preto em outro, passando por ínfimos tons de cinza. É a segunda etapa da diferenciação, quando as definições precisas são implodidas e ressurge gloriosa a relação profunda e a unidade existente entre o preto e o branco, componentes do mesmo plano, da mesma realidade. (SIQUEIRA & OSÓRIO, 2001, apud. REIS, 2006:5)

Esteves (1915) relata que as primeiras informações sobre a referida região datam de 1875, quando a pequena população de agricultores do local fez pedido à Câmara para que o povoado fosse elevado a arraial. Segundo o mesmo autor, já na primeira década do século XX, sua população era composta por operários e pequenos agricultores, tendo como base econômica um parco comércio de secos e molhados e o cultivo do milho, feijão, arroz, além da criação de gado. Foi registrada, também, nesse período, a existência de três grandes propriedades agrícolas, de significativa produção e movimentação de capital, sem, no entanto, indicação do que era produzido em cada uma delas.

Com o decorrer desse mesmo século, freqüentes movimentações dos limites da cidade, foram gradativamente integrando a região ao mercado de terras urbano. A fragmentação das propriedades rurais, a formação de granjeamentos, o progressivo aumento do comércio, da prestação de serviços e o investimento em infra-estrutura levaram a gradativa ocupação da região. Podemos citar como fundamental, nesse momento, a construção da Garganta do Dilermando, no ano de 1970 (ver mapa 5), que possibilitou maior ligação da, então, zona rural a parte central da cidade.

Como resultado dessa progressiva integração, em 1988, o Decreto Municipal nº 4047, ao descrever o perímetro urbano do município, oficialmente, integrou toda essa região ao perímetro urbano.

Finalmente, chegamos ao século XXI com uma forma de apropriação do espaço e uso do solo urbano, extremamente, complexa e heterogênea. O território em questão, delimitado pelos bairros Parque Guarani, Granjas Betânia, Grama, Parque Independência e Filgueiras, compreende, hoje, todo tipo de forma de uso urbano, associado à granjeamentos com algumas características rurais, onde inúmeras áreas de cultivo de hortaliças aproveitam as várzeas dos cursos d’água existentes. Ao mesmo tempo loteamentos populares, granjas de lazer e condomínios fechados se expandem no entorno.

Ao longo das vias coletoras de transporte, principalmente a MG-353, as atuais legislações de parcelamento e uso e ocupação do solo reforçam os conflitos da região ao concentrarem uma multiplicidade de formas e funções. Desta modo, escolas, igrejas, templos, oficinas mecânicas, comércio variado, casas de descanso para idosos, áreas agrícolas, residências precárias, pequenos prédios, granjas de aluguel, motel, instituição de ensino superior, postos de gasolina e vários outros dividem o mesmo espaço.

Assim, retornando a metáfora de Siqueira e Osório (idem, 2006), nesse histórico processo de ocupação/transformação, temos, inicialmente, dentro do plano do município de Juiz de Fora dois espaços bastante distintos, a cidade, representada pela cor preta e a região, representada pela cor branca, nitidamente rural até fins do século XIX. Cores que, conforme o tecido urbano de Juiz de Fora se expande sobre sua periferia, gradativamente, se misturam formando nuances de cinza, que vão aparecendo, ora mais claros, ora mais escuros. Entretanto, a cada dia, os pontos mais claros vêm se tornando mais e mais escuros conforme o mercado de terras avança sobre estas áreas.

Desta forma, pensando na metáfora apresentada por Siqueira e Osório (2001, apud.REIS, 2006), quais são as estratégias de planejamento destinadas para essa porção da Região de Planejamento Grama, a manutenção e preservação destas áreas cinza, ainda com nuances bastante claros ou a expansão do preto, que marca a total urbanização da área em questão?

4.3.3 As tendências da Região de Planejamento Grama segundo diagnóstico do

No documento flaviacalvano (páginas 130-135)

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