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2.3 DIVERSIDADE DAS CONEXINAS

2.3.2 Regulação da expressão dos genes das conexinas

Em um mesmo tecido, a expressão dos genes que codificam para as

conexinas, pode ser modificada dependendo da situação, notadamente no curso do

desenvolvimento, condição fisiológica ou fisiopatológica particulares. Por exemplo,

no útero, ocorre um aumento significativo da expressão da Cx43 no miométrio no

momento do parto, resultado da ação conjunta de hormônios ovarianos e do

estiramento mecânico das células necessárias à sincronização das contrações

durante o nascimento. Esta regulação é tecido-específica, uma vez que no

miocárdio, que também expressa a Cx43, a expressão desta conexina não é

alterada neste período (LANG et al., 1991; OU et al., 1997; RISEK et al., 1990). Na

glândula mamária, após o nascimento, nota-se um aumento do nível de expressão

da Cx43 nas células mioepiteliais; o mesmo acontecendo para a Cx26 nas células

epiteliais do lúmen (MONAGHAN et al., 1994; POZZI et al., 1995). Isto permite a

contração coordenada das células implicadas na ejeção do leite. Tu et al. (1998)

mostraram que a indução da Cx26 na glândula mamária sucedia o que acontecia no

útero. Estes exemplos mostram que a expressão de uma mesma Cx pode ser

diferentemente regulada segundo o tipo celular e que as expressões de diversas

conexinas podem ser reguladas diferentemente no mesmo tipo celular. Para

compreender esta especificidade na regulação da expressão das Cx, os autores

procuraram identificar e caracterizar as regiões promotoras e reguladoras dos genes

das conexinas. Atualmente, os genes mais estudados são os da Cx26, da Cx32 e o

da Cx43.

Na região promotora do gene da Cx32, várias regiões reguladoras foram

são locais de fixação de fatores de transcrição Sp1, as regiões GT Box que são

locais de fixação de fatores de transcrição Sp3, uma região TATA Box (TTAAAA), um local de fixação do fator de transcrição NFκB. Além de seqüências menos dispersas como um elemento de resposta a determinados metais, e seqüências

homólogas aos elementos de respostas ao AMPc (CRE), um sítio de fixação do

MGF (Mammary Gland Factor) e um local de fixação do tipo YY1 (ECHETEBU et al.,

1999; HENNEMANN et al. 1992b; KIANG et al., 1997). Mais recentemente, Tu et al.

(2001) mostraram a implicação do fator de transcrição AP2 no controle positivo da

expressão da Cx26 durante a gravidez e no período da lactação.

Devido a sua organização, o gene da Cx32 se caracteriza por processos de

regulação mais complexos (Figura 7). Dois promotores alternativos foram

identificados no gene da Cx32 murino, humano e de bovino que são ativados de

maneira tecido-específica. O primeiro promotor (P1) se situa logo à frente do

primeiro éxon. Ele controla a expressão do gene da Cx32 especificamente no fígado

e pâncreas para o gene humano e murino e nos bovinos, controla a expressão no

útero, nos rins, no intestino, nos testículos e nos ovários. Parece existir um nível

suplementar de regulação já que Duga et al. 1999 descreveram a presença de dois

transcritos oriundos de um estudo sobre o controle de P1 nos bovinos. Os dois

transcritos têm a mesma distribuição tecidual, mas são expressos a níveis variáveis

(DUGA et al., 1999). Apenas um destes transcritos é encontrado no homem e nos

roedores (NEUHAUS et al., 1996; SÖHL et al., 1996). O estudo da região promotora

P1 mostrou ausência da região TATA Box e a presença de locais consensos para os

fatores de transcrição como o Sp1, NF-1 (Nuclear Factor-1), HNF-1 (Hepatic Nuclear

Factor-1) e NFKB (BAI et al, 1995; HENNEMANN et al., 1992b; PIECHOCKI et al.,

descrito em 3 espécies estudadas (rato, camundongo, homem e bovino). Ele

controla a expressão de um transcrito contendo os éxons 1b e 2 que são expressos

apenas no tecido nervoso (células de Schwann). A região P2 possui seqüências

homólogas aos elementos de resposta ao AMPc e uma TATA Box. Recentemente,

Söhl et al. (2001) colocaram em evidência a presença de um transcrito alternativo,

contendo o éxon 1a e o éxon 2, especificamente expressos nas células das

camadas embrionárias de camundongos, nos oócitos e no fígado a um nível muito

baixo (200 vezes que o transcrito “éxon 1- éxon 2”). Não foi mencionada a existência

de um terceiro promotor. Além das regiões promotoras propriamente ditas, há

regiões reguladoras nas regiões intronicas ou nas regiões não traduzidas (UTR).

A região promotora do gene da Cx43 contém uma região TATA Box

degenerada, sítios AP1 e AP2, uma região GC, além de elementos de resposta ao

estrógeno (SULLIVAN et al., 1993; YU et al., 1994). Foi demonstrado que a

transcrição do gene da Cx43h nas células dos músculos lisos uterinos é induzida

seguida da ativação da PKC através de um processo que requer a interação de c-

Jun e c-Fos na região AP1 (GEIMONEN et al., 1996). Embora a expressão do gene

da Cx43 apresentou-se aumentada em certos tipos celulares, consecutivamente à

ativação da via de sinalização do AMPc, apenas um local degenerado do tipo CRE

foi identificado (MEHTA et al., 1992). Chen et al. evidenciaram a presença de dois

elementos reguladores específicos do gene da Cx43: um elemento inibidor cuja

seqüência é muito próxima daquela da região SP1, mas cuja proteína que interage

não se assemelha a SP1, e um elemento ativador que esta contida no promotor

mínimo (CHEN et al., 1995a). Recentemente, Echetebu et al. (1999), em estudos

relacionados ao aumento da expressão da Cx43 no miométrio antes do parto,

interagindo com proteínas como c-Jun (em Ap1), SP1 (em SP1) ou ainda Ets/NFKB.

Finalizando, Mitchell et al. (2001) mostraram que o promotor basal da região 3’UTR

Figura 7 - Organização das regiões reguladoras do gene da Cx32 humano (A), murino (B) e bovino (C) (NEUHAUS, 1996; SÖHL et al., 1996, 2001; DUGA et al., 1999, respectivamente)

Fígado e Pâncreas Tecido Nervoso A E1 E1b E2 P1 Fígado Células Embrionárias Tecido Nervoso E1 E1bE1a E2 B P1

Fígado, rins, útero, intestino, testículo, ovários, pâncreas.

Fígado, rins, útero, intestino, testículo, ovários, pâncreas.

Tecido Nervoso

E1 E1a E1b E2

C

Figura 8 - Representação do canal juncional formado pela Cx43 (UNGER et al., 1999). A. Canal completo visto em corte longitudinal, * representa o domínio M3 no centro do poro. A organização do domínio citoplasmático (B) α-hélice vista de cima com seus domínios recentemente descritos em D, mostrando os domínios M1 e M3 linearizando o poro central (FLEISHMAN et al., 2004). C. Modelo de organização do barril ( das alças extracelulares de Cxs pertencentes a dois conexons associados. A = M2; B = M1; C = M3; D = M4 M4 D M3 C M1 B M2 A

A

B

C

D

Barril β

A

B

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