• Nenhum resultado encontrado

O transporte aéreo é um modal ainda pouco estudado e muitas leis de acessibilidade ainda não o incluem, como descrito no capítulo 1. Por isso é interessante comparar a normatização para verificar se algumas soluções aplicadas a outros modais podem ser implementadas no transporte aéreo. São apresentadas a seguir as normas que regulamentam a acessibilidade em ônibus de transporte interurbano comercial, trens de longo percurso e aviões comerciais. Não são obrigadas a seguir estas normas os ônibus fretados, vans, ou aviões

executivos ou particulares. A acessibilidade no setor aquaviário não é regulamentada no Brasil.

2.5.1 Acessibilidade no Transporte Rodoviário

A norma da ABNT NBR 15320 de 2005 regulamenta a acessibilidade da pessoa com deficiência no transporte rodoviário no Brasil, no que se refere ao veículo, ao terminal rodoviário e aos pontos de parada.

É definido como veículo acessível “aquele que permite acesso,

acomodação e uso, com segurança, por pessoa com deficiência” (ABNT, 2005, p.2). A norma determina que dois assentos, preferencialmente no corredor e próximos à porta de embarque, devem ser reservados e identificados como preferenciais para pessoas com deficiência. Estes assentos devem ter apoio de braços móveis para facilitar a transferência da pessoa. Não é obrigatório, mas é recomendado que todos os assentos tenham braços móveis.

O embarque de pessoas com deficiência deve ser preferencial e deve dispôr de equipamentos que auxiliem no embarque e desembarque e cadeira de transbordo para deslocamentos dentro do ônibus (FIGURA 5). O transporte de ajudas técnicas deve ser feito sem cobrança adicional de bagagem.

Não há determinação de dimensões para o toalete do ônibus, apenas recomendação de que tenha barras de apoio e que os comandos sejam automáticos ou com alavancas, que não exijam força, e que haja um botão de sinalização que permita avisar ao motorista possível situação de emergência. Se a pessoa com deficiência precisar ir ao toalete deve avisar ao motorista, que deverá fazer uma parada no posto de atendimento mais próximo. A norma determina que os locais de parada e terminais sejam acessíveis conforme recomendações da NBR 9050 da ABNT. As paradas devem ser informadas pelo motorista no início da viagem.

FIGURA 5 - CADEIRA DE TRANSBORDO PARA TRANSPORTE RODOVIÁRIO

Dimensões em mm

FONTE: ABNT NBR 15320 (2005)

2.5.2 Acessibilidade em Trens de Longo Percurso

A norma NBR 14020 de 1997 estipula regras gerais para a acessibilidade de pessoa com de deficiência, de forma segura, em trens de longo percurso. Esta norma não foi atualizada pois o transporte ferroviário no Brasil foi quase todo desativado. Em alguns trechos passou a operar apenas como passeio turístico e não mais como transporte público. O Ministério dos Transportes estuda a reativação de alguns trechos da malha ferroviária com o Projeto Trens Regionais, mas não há ainda publicação de novas regras de acessibilidade.

Segundo a norma da ABNT (1997) as estações, paradas e plataformas de embarque devem obedecer às especificações da NBR 9050, citada anteriormente.

O vagão ou carro acessível (FIGURA 6) deve ser identificado com o símbolo internacional de acesso na parte externa em local visível, a uma altura de

no mínimo 1,50 m. As portas de embarque e desembarque devem ter largura igual ou superior a 0,80m e as áreas de circulação devem tem no mínimo 0,80 m e preferencialmente 1,00 m de largura. Caso não obedeçam esta determinação a empresa deve fornecer cadeira de rodas de transbordo para acesso e circulação interna. Se existir entre a plataforma e a porta do carro acessível vão superior a 3 cm e/ou desnível superior a 2 cm, deve-se utilizar um dispositivo para embarque e desembarque, localizado no carro ou na plataforma, que garanta segurança e, preferencialmente, autonomia à pessoa com deficiência. (ABNT, 1997)

FIGURA 6 - VISTA SUPERIOR DO CARRO ACESSÍVEL

FONTE: ABNT - NBR 14020 (1997)

Dois espaços devem ser reservados para cadeira de rodas, identificados com o símbolo internacional de acesso (FIGURA 7) com dimensões de 0,90m x 1,20m para cada cadeira. Este espaço deve ter barras de apoio, ancoragem e cinto de segurança para travamento da cadeira. Neste espaço podem existir bancos com assentos dobráveis, para o uso eventual dos demais passageiros ou caso a de pessoa com deficiência não seja cadeirante. O carro deve dispor ainda de no mínimo quatro assentos preferencialmente reservados para pessoas com mobilidade reduzida. No caso de carro leito, a cabine acessível deve ter porta de correr, espaço suficiente para manobras com cadeira de rodas e ser próximo do lavatório. O toalete acessível deve ser sinalizado ter portas de correr e dimensionamento conforme NBR 9050.

FIGURA 7 - CORTE LATERAL DO CARRO ACESSÍVEL

FONTE: ABNT - NBR 14020 (1997)

2.5.3 Acessibilidade no transporte aéreo

A Norma ABNT NBR 14273 de 1999 estabelece critérios de acessibilidade no transporte aéreo, mas não tem valor regulatório, exceto em casos em que o órgao regulador a cita como referência. A legislação brasileira define como regulatória a Resolução Nº 280 da ANAC, de 11 de julho de 2013, que será abordada no item 2.6, na comparação com normas internacionais. Descreve-se aqui, portanto, apenas as recomendações desta que não contraponham ou sejam complementares às regras atuais.

A NBR 14273 (1999) refere-se às instalações dos aeroportos, tais como acessos, vagas preferenciais no estacionamento, percursos, instalações e procedimentos. Para o dimensionamento dos espaços, faz referência às determinações da NBR 9050.

Sobre embarque e desembarque, estabelece que devem ser feitos preferencialmente por pontes de embarque. Caso não haja esta opção devem ser providenciados sistemas eletromecânicos de elevação. (ABNT, 1999)

A norma estabelece que “para passageiro com ausência ou redução de membros inferiores, recomenda-se a adoção de acessório que, de maneira segura, auxilie na imobilização vertical por ocasião de turbulência ou freada brusca”. (ABNT, 1999 p.3)

Aeronaves com mais de um corredor devem ter pelo menos um lavatório acessível (FIGURA 8), cuja porta tenha vão que permita passagem de cadeira de rodas de bordo e espaço livre em frente à bacia sanitária suficiente para a transferência frontal ou lateral da cadeira de rodas de bordo para a bacia sanitária e vice-versa. Também deve ter botões de emergência para chamadas de comissários, barras laterais e/ou alças, comando preferencialmente de alavanca ou automático.

Deve oferecer ainda alternativas de privacidade para passageiro que necessite maior espaço para manobras ou procedimentos, através de dispositivos apropriados, tais como cortinas removíveis e biombos.

FIGURA 8 - EXEMPLO DE TOALETE ACESSÍVEL

2.6 Comparativo da Regulamentação de Acessibilidade no Transporte Aéreo