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3 AS LIGAS ACADÊMICAS NA ÁREA DA SAÚDE: LACUNAS DO

5.2 As Motivações de Docentes e Discentes: Reflexões sobre os porquês de participar

5.3.2 Regulamentação

Algo que ficou evidente nas falas e nos momentos de observação foi a necessidade que há de se regulamentar as ligas acadêmicas. Todas as ligas estudadas apresentavam estatuto, documento que regula a atuação de seus membros, que versa sobre seus direitos e deveres, assim como o seu funcionamento. Verificou-se ainda similaridade entre os estatutos das ligas acadêmicas vinculadas ao curso de medicina e as ligas vinculadas ao curso de enfermagem.

“A LACIPS possui estatuto, gestão e gerenciamento próprios, tendo a sua

Diretoria, direitos e deveres para exercer suas funções em estatuto” (Estatuto LACIPS).

“Os membros aprovados deverão obedecer às normas regulamentadoras da Santa Casa de Sobral e o estatuto da LACIPS” (Edital LACIPS).

“Os membros da Liga de Medicina de Família e Comunidade de Sobral devem respeitar e cumprir as disposições do presente Estatuto” (Estatuto LIMFACS). “A renovação da LISCRI junto à PROEX ocorrerá anualmente, assim como, a admissão de novos membros” (Estatuto LISCRI).

Atualmente há diversos estatutos disponíveis na internet de diversas ligas acadêmicas (TANGARÉ DA SERRA, 2017; DIVINÓPOLIS, 2009; TRÊS CORAÇÕES, 2016; UFSCAR, 2010), de diferentes cursos de graduação e instituições que estabelecem as regras de funcionamento dessas atividades extracurriculares e que podem servir de modelo para a sistematização. A Direção Executiva Nacional dos Estudantes de Medicina, em 2014, lançou uma cartilha sobre as ligas acadêmicas e disponibilizou uma sugestão de modelo padrão de estatuto a ser seguido.

Além disso, nacionalmente, há documentos que regulamentam as ligas acadêmicas, no entanto, no âmbito da medicina, o que é compreensível pela historicidade das ligas nesta área. Assim, identifica-se a necessidade de um documento interdisciplinar ou até mesmo institucional que oriente essa regulamentação nos demais cursos da área da saúde.

Ferreira, Souza e Botelho (2016) corroboram ao afirmar que há uma necessidade urgente de potencializar a regulamentação e a avaliação periódica das atividades das ligas

acadêmicas, assim como o reconhecimento de sua importância para a formação em saúde e o acompanhamento por parte das instituições de ensino das quais são oriundas e atuam. Nesta perspectiva, em 2017, a partir do crescimento das ligas acadêmicas no Curso de Enfermagem da Universidade Estadual Vale do Acaraú, a Pró-Reitoria de Extensão lança uma resolução que define as normas de credenciamento e funcionamento das ligas, inclusive pontuando os elementos que devem ter nos estatutos, sendo que estes deverão ser aprovados pela PROEX (UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ, 2017).

Com a expansão das ligas acadêmicas de medicina, houve um intenso debate da Educação Médica sobre a inclusão delas nos currículos acadêmicos. Assim, em 2005, foi fundada a Associação Brasileira das Ligas Acadêmicas de Medicina (ABLAM), que em 2010, lança a partir de Assembleia Geral, as Diretrizes Nacionais das Ligas Acadêmicas de Medicina, definindo os princípios, fundamentos, condições e procedimentos para formação e funcionamento das Ligas (ABLAM, 2010). Neste estudo, até as ligas de enfermagem se orientaram a partir deste documento nacional, conforme fala a seguir:

“A Liga deverá funcionar em acordo com o conjunto de Diretrizes Nacionais das Ligas Acadêmicas” (Estatuto LISCRI).

“a gente se baseou num estatuto de uma liga da medicina, a gente pesquisou na internet e viu que lá em São Paulo todas as ligas, elas são coordenadas bem direitinho, as ligas da medicina né. Aí elas seguem um padrão, um estatuto padrão, aí todas elas são da mesma forma, aí a gente procurou várias formas de estatuto né, diferentes tipos das ligas, aí a gente encontrou um que se baseava mais, que era uma liga de saúde comunitária da medicina. Aí através dele a gente se baseou nosso estatuto, ai foi formulando toda a parte do funcionamento da LISCRI, a função de cada membro da coordenação, a questão das penalidades da LISCRI, a questão da frequência, ai foi tudo feito através dela, a gente se baseou nesse estatuto dessa liga” (Coord Discente Enf III).

Existem inclusive algumas associações das ligas acadêmicas para diversas

especialidades que são inclusive mencionadas pelos ligantes quando foram entrevistados, como a Associação Brasileira de Ligas Acadêmicas de Saúde da Família e a Associação Brasileira de Cirurgia Plástica. Além disso, nos momentos de observação da LENUE os ligantes mencionaram o Comitê Brasileiro das Ligas de Trauma.

“Além desse congresso tem as campanhas que a associação que a liga tem com a associação das ligas brasileiras de cirurgia plástica então a gente sempre faz

três campanhas por ano além das campanhas que a gente faz aqui sem ser associado com a ABLCP tem a parte também das capacitações, a parte que a gente faz parcerias com os colégios aqui de Sobral, bem variado” (Ligante Med I).

“a liga já estava cadastrada na ALASC, presidentes anteriores da mesma forma eu não sei exatamente quando foi criada a ALASC, mas se eu não me engano desde a fundação da ALASC, a LIMFACS já está presente ela já foi uma das primeiras ligas a participar, Inclusive a gente tem uma... uma ligante que foi ex presidente da LIMFACS, ela também foi muito atuante nisso, muito, muito, muito” (Coord Discente Med I).

Essas associações atuam como órgão regulamentadores das ligas acadêmicas de suas áreas específicas, sendo assim possuem estatuto próprio em busca de promover orientação as ligas cadastradas. Elas podem ser de caráter voluntário, onde as ligas não precisam pagar valor algum para participação ou em caráter de associados contribuintes, onde os indivíduos se cadastram como membros associados contribuintes, de forma a pagar mensalidades. Elas estão vinculadas à instituições médicas, como por exemplo a ALASC está vinculada à Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (ALASC, 2017; ABLCP, 2014).

“Existe associação das ligas de medicina de família e comunidade que é ALASC. Eu sou a diretora Regional aqui do Nordeste assim como tem o do Sudeste e de outros, aí a gente está levando, eu sou do nordeste mais do Ceará, aí tem hoje em Pernambuco, temos de todos, é muito legal” (Coord Discente Med I).

“pelo menos a que passou acho que não, nenhuma taxa não, é muito assim de não é tão formalizado não tem uma estrutura assim uma faculdade que centraliza ela mas ela também tem muita relação com a sociedade brasileira de cirurgia plástica aí daí que ela tem uma importância maior que essa... ganha uma institucionalização maior do projeto acho que é o positivo” (Ligante Med I).

Além disso, todas as ligas estudadas estão vinculadas às Pró-Reitorias de Extensão de seus respectivos cursos de graduação, sendo este órgão da universidade a responsável pela emissão dos certificados.

“A pessoa que não obtiver freqüência mínima de 70% nas atividades

ministradas pela LAOCCPS não terá direito a certificado validado pela Pró- Reitoria de Extensão da UFC” (Estatuto Otorrino).

PROEX, ou seja, pela própria PROEX” (Estatuto LESF).

“A Pró-reitoria de Extensão da UVA exercerá conforme seus limites e

capacidades o apoio e divulgação das atividades da LENUE, ficando também incumbida de ofertar as certificações de participação necessária ao corpo docente e discente, mediante apresentação dos respectivos relatórios necessários para tal comprovação” (Estatuto LENUE).

Na UVA, como mencionado, a PROEX recentemente passou há regulamentar as ligas, sendo um órgão também de fiscalização de suas atividades, por meio dos relatórios enviados, conforme resolução n° 31/2017 do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ, 2017).