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4.OS DOCUMENTOS LEGISLATIVOS ENFOCANDO A ARITMÉTICA

4.3 O REGULAMENTO DA INSTRUÇÃO PÚBLICA DE

Passados quase dezessete anos da reestruturação da Instrução Pública em Mato Grosso, tem-se novamente em evidência a preocupação governamental com a educação primária mato-grossense.

Ao assumir a presidência do Estado de Mato Grosso em 1926, Mario Corrêa da Costa novamente levantou a bandeira da educação, defendendo a ideia que a instrução pública primária deveria ser reorganizada. Para esse novo desafio, além de convocar uma comissão para organizar um novo Regulamento da Instrução Pública estadual, que foi composta por ilustres intelectuais locais como Isác Póvoas, Francklin Cassiano da Silva, Philogonio Correa, entre outros, também contratou outra vez de São Paulo, um professor especializado, o normalista Rubens de Carvalho, para agir na instrução primária mato-grossense.

O professor Rubens de Carvalho iria contribuir bastante na elaboração do novo Regulamento por já ter conhecimento de uma modalidade escolar intermediária, que não era nem escola isolada e nem grupo escolar, mas que nas normativas funcionava como um grupo escolar denominado de Escolas Reunidas. Até o ano de 1921, já tinham sido implantadas em solo paulista 139 unidades desse modelo escolar. As contribuições do professor Rubens de Carvalho seriam oportunas por ter um quantitativo elevado desse molde de ensino no seu Estado de origem e, consequentemente, muitos resultados da eficiência da mesma.

Além da possibilidade de implantação de uma nova modalidade de instituição pública, o governo mato-grossense tinha em mãos, desde 1916, um relatório redigido pelo professor paulista, Waldomiro Campos37. Esse professor tinha noção sobre o funcionamento da escola graduada, concebida pelos grupos escolares e escolas reunidas paulistas, e soube fundamentar sua análise no Relatório de 1916 sobre a real situação educacional de Mato Grosso, representada, na época, pela condição escolar de Poconé.

No Relatório, o professor Campos, apontava sobre os benefícios de ter uma escola que traria economia no orçamento do governo devido às diversas vantagens proporcionadas. Entre elas estava em reunir várias Escolas Isoladas em um só prédio, a redução do número de funcionários, e a não necessidade de precisar de alto custo para construção e manutenção dos suntuosos estabelecimentos de ensino representado pelos Grupos Escolares, além de obter a máxima eficiência no ensino.

Apesar desse legado deixado para a Diretoria Geral da Instrução Pública de Mato Grosso, em 1916, as reflexões sugeridas não foram acatadas. Somente onze anos depois que as escolas reunidas vieram fazer parte do sistema de ensino primário estadual, quando o

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Formado pela Escola Normal Caetano de Campos – SP, em 1913, e foi enviado para ser diretor do Grupo Escolar de Poconé, em 1914.No ano de 1917, o prof. Waldomiro Campos voltou para São Paulo e cinco anos depois veio a falecer (1922) e não pode presenciar a efetivação das suas orientações para a expansão do ensino primário mato-grossense (SÁ, SÁ, 2011)

Regulamento da Instrução Pública Primária foi ratificado através do Decreto n° 759, de 22 de abril de 1927.

Figura 4– capa do Regulamento de Ensino de 1927

Fonte: Acervo do Arquivo Público de Mato Grosso

Tendo em vista destacar Mato Grosso em relação aos outros estados brasileiros, no que se refere às diretrizes educacionais, o governo de Mario Corrêa da Costa arremeteu em novo delineamento para reorganizar as escolas primárias e deixou registrado na história da educação mato-grossense o quarto regulamento estadual.

Toda preocupação demonstrada com o andamento da educação estadual foi por ter ainda problemas de qualidade de ensino público primário nas Escolas Isoladas e também pela falta de orçamento público para implantação de mais grupos escolares, que era o modelo educacional republicano. Era necessária uma situação intermediária entre as modalidades escolares que já existiam, pois, uma era precária na qualidade e outra por ser alto o custo para os cofres públicos.

No regulamento de 1927 ficou oficializada toda a estrutura educacional para o ensino público primário mato-grossense. Nele estava inserida a reclassificação das Escolas Isoladas que estariam desmembradas em: de São Paulo de São Paulo Escolas Isoladas Rurais (Mais de 3 km da sede do município), Escolas Isoladas Urbanas (Até 3 km da sede do município) e Escolas IsoladasNoturnas (Até 3 km da sede do município), e continuando os Grupos Escolares nos mesmos moldes do Regulamento de 1910.

Todo regimento interno estava registrado na nova legislação para as modalidades escolares como a duração do curso, métodos e prescrições pedagógicas para o ensino, horário, categorias das escolas primárias, provimento de professores das escolas primárias, recenseamento e estatística escolar, materiais didáticos e mobiliários das escolas, escrituração escolar, condições da matrícula, direitos e deveres de professores e alunos, sobre as penalidades, formas de avaliações, diplomas de habilitação, escrituração além de registrar preocupação em manter uma assistência médico-escolar e caixa escolar para manutenção de alunos indigentes (facultativo). Enfim, era um regulamento que tinha em vista levar ao desenvolvimento o Estado de Mato Grosso, colocando-o em evidência em nível nacional.

Em nenhum momento da pesquisa realizada tive acesso ao programa de ensino de 1927. Porém, levando em conta que a educação mato-grossense estava novamente sobre o comando de mais um professor de São Paulo, provavelmente, a legislação escolar local estaria influenciada pela legislação educacional paulista, poderia supor que o lente paulista procuraria buscar embasamento no programa de ensino de 1925 para dar suporte às modalidades de ensino existente na época. Sendo os saberes elementares organizados com horários estabelecidos e conteúdos apropriados à realidade local, em que as primeiras aulas do dia escolar e em dias alternados eram estipuladas para o ensino, principalmente da Aritmética. Como houve a manutenção dos grupos escolares, presume-se que mantiveram ensinando a Aritmética no primeiro horário com a preocupação em não enfadar os alunos, como vinha ocorrendo oficialmente, desde o Regulamento da Instrução Pública de 1910.

O programa de 1925, já mencionado anteriormente, prezava o ensino aritmético através do cálculo mental para dar liberdade ao raciocínio sem regras fechadas e prontas e estimulando aprender as operações elementares, as frações e os decimais através de exercícios orais, para que o aluno aprendesse para utilizar na vida fora da escola. Seriam boas sugestões para inserir no Regulamento de 1927, visando melhorar a qualidade no ensino das crianças mato-grossenses.