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A Luta do Reino Unido contra o Terrorismo enquanto Membro das Nações Unidas e da

Capítulo II A Luta Antiterrorista no Reino Unido

2.5 A Luta do Reino Unido contra o Terrorismo enquanto Membro das Nações Unidas e da

O terrorismo é uma ameaça à segurança europeia, aos valores da sociedade europeia e aos direitos e liberdades dos cidadãos europeus. Devido ao facto de a ameaça que o terrorismo coloca ser transnacional e não conhecer limites fronteiriços é importante que o seu combate aconteça não só a nível nacional mas também internacional. Face à ameaça, os Estados Membros da UE mostram-se empenhados em combater em conjunto o terrorismo e com esse objetivo foi instituída, em 2005, a Estratégia Antiterrorista da UE (Conselho Europeu, 2005). A estratégia por si adotada promove a democracia, o diálogo e a gestão eficiente de questões públicas com o intuito de combater os principais fatores que motivam a radicalização (Conselho Europeu, 2005).

A estratégia da UE reconhece o terrorismo como uma ameaça a todos os Estados e a todos os povos, como um risco à segurança, aos valores das sociedades europeias e ao direitos e liberdades de todos os europeus. Acrescenta que o terrorismo além de um ato criminoso, é também um ato injustificável independentemente da circunstância em que ocorra. A estratégia reconhece o facto de a UE ser cada vez um espaço mais aberto, um espaço onde a dimensão interna e externa de segurança se fundem e confundem, realça a crescente interdependência, bem como liberdade de circulação de pessoas, bens, ideias, capitais e recursos, acreditando que os terroristas tiram proveito de todas estas liberdades e regalias para operar e preparar os seus ataques, o que torna indispensável uma ação europeia. Com a instituição da Convenção Schengen, que estabeleceu a livre circulação de pessoas entre países participantes, foi realçada a importância de as autoridades policiais dos vários Estados Membros partilharem entre si dados de forma a terem algum controlo das fronteiras. A Europa é vista como uma área de grande abertura, ou seja, como o ambiente ideal para os terroristas prepararem e praticarem os seus ataques (Conselho da União Europeia, 2016; Bianchi e Keller, 2008; Fenwick, 2007).

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De acordo com a UE, uma ameaça comum como aquela que o terrorismo representa e que se caracteriza por colocar em causa os valores das sociedades europeias, requer uma resposta coordenada. Assim, foram definidos vários objetivos destacando-se o reforço da legislação em países onde tal se revela necessário, o desenvolvimento da colaboração operacional entre a Europol e a Eurojust permitindo a detenção e o julgamento de suspeitos, a partilha de dados de intelligence e de análise de risco, fomentar o consenso político no que diz respeito à forma como se deve lidar com a ameaça terrorista, promover a segurança nas fronteiras europeias bem como desenvolver a assistência mútua e a entreajuda entre os Estados Membros após um ataque terrorista (Fenwick, 2007).

A Estratégia Antiterrorista da UE tem como compromisso estratégico combater o terrorismo em todo o mundo e tornar a Europa mais segura de forma a proporcionar aos seus cidadãos um espaço de liberdade, segurança e justiça. É objetivo da Estratégia combater o terrorismo através do respeito e da salvaguarda dos direitos humanos. A Estratégia assenta em quatro pilares: prevenir, proteger, perseguir e responder. Os quatro pilares da Estratégia europeia são bastante similares aos quatro pilares que integram a estratégia britânica de combate ao terrorismo cujo plano de ação assenta em 4 P´s: prevenir (prevenir a radicalização dos indivíduos), perseguir (reduzir a ameaça para o país e para os seus interesses internacionais desmantelando redes terroristas), proteger (reduzir a vulnerabilidade do Reino Unido face a ataques) e preparar (preparar o país para as consequências de um ataque) (Conselho da União Europeia, 2005; Conselho da União Europeia, 2015; Bianchi e Keller, 2008; Hammond, 2008).

Apesar do estabelecimento de uma estratégia europeia de combate ao terrorismo, a UE reconhece a importância de cooperar com países terceiros pois sendo o terrorismo uma ameaça global esta deve ser combatida globalmente. Cientes da importância da cooperação para combater o terrorismo, a UE e a ONU desenvolveram uma estratégia global. A 12 de fevereiro de 2015 foi destacada pelos Chefes de Governo da União Europeia a importância de estreitar a cooperação e a colaboração com os países terceiros. Assim, promover parcerias internacionais com países não membros da UE, com a ONU e com outras organizações internacionais é um dos mais importantes objetivos da UE na sua luta contra o terrorismo (Conselho da União Europeia, 2005; Conselho da União Europeia, 2015; Bianchi e Keller, 2008).

A Organização das Nações Unidas tem por objetivo central manter a paz e a segurança a nível internacional pois só num ambiente de paz e segurança global é que a organização

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consegue solucionar os problemas mundiais (United Nations, 2015a). Esforços para erradicar o terrorismo começaram muito antes do estabelecimento das Nações Unidas com a Liga das Nações em 1937 a preparar uma convenção que punisse e prevenisse o terrorismo. Contudo, esta convenção nunca entrou em vigor e a definição do termo terrorismo por si adotada foi considerada bastante redutora (Rupérez, 2015).

O 11 de setembro de 2001 foi sem qualquer dúvida o maior ataque terrorista de sempre, não só pelo fator surpresa mas também por ter vitimado os EUA, a maior potência mundial e à data visto como um Estado impenetrável. Consequência dos ataques, no dia imediatamente a seguir, a 12 de setembro, o Conselho de Segurança adotou a resolução 1368 que invocava o direito à auto defesa individual e coletiva. Esta resolução foi muito importante já que legitimou o uso da força pelos Estados para combater o terrorismo. Alguns dias volvidos, foi adotada a resolução 1373 que impôs um amplo conjunto de medidas de cariz financeiro e económico, apelou a todos os Estados-Membros que implementassem medidas contra o terrorismo, condenou o terrorismo em todas as suas formas, condenou os seus apoiantes e financiadores e estabeleceu o Counter Terrorism Committee (Rupérez, 2015).

Os Estados-Membros da Organização das Nações Unidas através da Assembleia Geral têm coordenado os seus esforços na luta contra o terrorismo. Também o Conselho de Segurança da ONU se tem demonstrado bastante ativo em lutar contra a ameaça terrorista através da adoção de várias resoluções e do estabelecimento de vários órgãos subsidiários. Ao mesmo tempo, vários programas, escritórios e agências da ONU têm-se envolvido em atividades específicas contra o terrorismo. Um grande passo na luta contra o terrorismo foi dado pelos Estados-Membros da ONU em setembro de 2006 quando estes acordaram em adotar uma estratégia global contra o terrorismo. Esta estratégia constituiu a primeira vez que todos os Estados-Membros desta Organização Internacional concordaram em adotar uma estratégia comum para combater o terrorismo. A estratégia é resultado do consenso sem precedentes alcançado na Cimeira de setembro de 2005 que condena o terrorismo em todas as suas formas e em todas as suas manifestações (United Nations, 2015b).

Com a adoção deste instrumento global, os Estados esperavam fortalecer os seus esforços nacionais, regionais e internacionais para combater o terrorismo tendo os Estados com a sua aprovação revelado que o terrorismo é para si inaceitável em todas as suas formas e

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manifestações e que estavam mais empenhados do que nunca em prevenir e em combater o terrorismo (United Nations, 2015c).

2.6 A Evolução do Discurso: Comparação entre o Período pós 11 de Setembro e