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Em relação às concepções de avaliação da aprendizagem subjacentes à legislação, elegemos cinco questões a serem respondidas:

4 REFERENCIAL METODOLÓGICO

4 Em relação às concepções de avaliação da aprendizagem subjacentes à legislação, elegemos cinco questões a serem respondidas:

a. O que é avaliação?

Essa questão deixou-me bastante inquieta enquanto professora da rede municipal de ensino, uma vez que através dos regimentos escolares pude observar que as escolas ainda apresentam bem definidos a média e o valor da prova bimestral, considerando mais a parte quantitativa em detrimento da qualitativa. Percebo um distanciamento entre a prática, as respostas e os documentos legais da escola. Seguem algumas considerações dos professores:

P1 - “É uma observação “qualitativa” do que o aluno conseguiu assimilar no decorrer do bimestre”.

P3 - “Segundo os regimentos das escolas, observa-se avaliação em 60% quantitativamente e 40% subjetivamente”.

P4 -“É o registro e apreciação dos resultados obtidos durante um processo de aprendizagem”.

Na resposta de P3 observa-se claramente a parte quantitativa se sobrepondo à qualitativa e na resposta do P4 “registro e apreciação dos resultados”, ambas se contrapõem às bases legais vigentes.

Conforme destaquei anteriormente é preciso que pensemos avaliação não apenas como verificação de conhecimentos, mas como norteadora de novos saberes, novos conhecimentos, de forma que o aluno participe desse processo e perceba o caminho que percorreu e os problemas e/ou dificuldades que encontrou.

Segundo Luckesi ( 2011, p. 101 ) “ No processo de aprender e formar-se, o educando recebe dinamicamente a herança do passado, assimila-a por meio de aprendizagens ativas, recria-a em conformidade com o seu modo de ser e retransmite-a para frente. “

Nesse propósito é necessário mudar métodos para que o aluno não se desmotive e perca o interesse em participar. As supervisoras responderam na condição de professores e não me mediadores junto aos professores:

S1 - “Acreditamos ser uma forma de observar o rendimento dos alunos dentro de suas possibilidades, já que cada ser humano tem sua forma específica de aprender”.

S2 - “É a avaliação diária da aprendizagem dos alunos, de suas habilidades e competências, nas trocas de experiências, com o intuito de fazer os alunos avançarem”.

S5 - “Esse tipo de avaliação não só avalia acerca do aluno, mas também a prática docente em geral. Desse modo, adéqua-se a prática e direciona-se para cada dificuldade encontrada”.

Em nenhuma das respostas o supervisor colocou-se como parte importante nesse processo, porém a S5 deixa claro a importância do professor se autoavaliar, podendo organizar sua atuação pedagógica em prol da aprendizagem e percebendo que os baixos índices dos alunos podem ser o reflexo de uma prática avaliativa que não contempla as necessidades e interesses do aluno e esse fator leva-os, muitas vezes, ao desinteresse e abandono dos estudos.

Segundo Luckesi ( 2011, p. 292) “ O ato de avaliar subsidia o estabelecimento de uma ponte entre o que ocorre e o que se deseja. Um gestor que, por meio da avaliação, conhece a qualidade dos resultados de sua ação e, por isso, intervém para obter melhores resultados, estabelecendo uma ponte entre o que está ocorrendo e o que deve ocorrer.”

b. Quais os princípios orientadores de um programa de avaliação?

Na verdade não há na rede municipal de ensino um programa de avaliação a ser seguida pelos professores, cada um adota sua metodologia, levando em conta apenas alguns itens definidos por cada escola. A esse respeito, duas respostas de supervisoras a respeito das questões apresentadas:

S7 - “Na verdade não há um programa de avaliação. No máximo há uma divisão da nota entre provas e trabalhos”.

S1 - “Porque ainda estamos apenas ‘medindo’ o conhecimento como se o aluno fosse uma tabula rasa. Essa avaliação deve ser repensada com a finalidade de observar o aprendizado do aluno de acordo com suas capacidades”.

Percebi que mesmo as diretoras não orientam as professoras para um programa de avaliação, elas apenas reproduzem o que traz o documento da escola, sem avaliar anualmente os dados positivos e os negativos da continuidade da ação.

Luckesi (2001, p. 429 ) “ O objetivo da escola é a aprendizagem do educando e o seu consequente desenvolvimento; por isso, cabe-lhe essencialmente investir nisso mediante atividades didáticas, avaliação e reorientação.”

Agora a resposta de duas professoras:

P3 - “Na realidade não temos programas e/ou fórmula pronta para orientação de uma avaliação. Fazemo-la perante o momento em que começamos a trabalhar a turma e consequentemente passamos a conhecer os alunos com os quais estamos lidando e aí propor determinadas avaliações”.

P2 - “Os princípios orientadores de um programa de avaliação vêm sendo analisados há anos, acho que as escolas devem achar um meio acessível para nortearem um programa comum de avaliação, compatível com todas as escolas”.

Ao buscar-se a qualificação da Educação Básica para todos, precisamos fazer um bom acompanhamento da aprendizagem e recuperação das defasagens ao longo do ano letivo, buscando todas as formas para despertar em nosso aluno o prazer em aprender. Um aspecto muito importante é como a avaliação está acontecendo, ela está punindo nosso aluno ou está servindo para que todos reflitam suas práticas e avanços? Nesse sentido, faz-se necessário uma orientação específica para avaliar? Será que levar em conta todo o processo, todo o avanço de nossos alunos não é suficiente para que ele seja “avaliado”?

A educação precisa estimula o desenvolvimento da criatividade, conduzindo os professores a novas formas de avaliar e aprender dentro de um processo de contínuas mudanças. Devemos ver a escola não apenas como um lugar onde se aprende conteúdos, mas um espaço onde se constrói relações que levem a inclusão e o desenvolvimento da autonomia dos estudantes.

Segundo Luckesi (2011, p. 59),

[...] a avaliação implica a retomada do curso de ação, se ele não tiver sido satisfatório, ou a sua reorientação, caso esteja se desviando. A avaliação é um diagnóstico da qualidade dos resultados intermediários ou finais; a verificação é uma configuração dos resultados parciais ou finais. A primeira é dinâmica, a segunda é estática.

Há muitos anos ensinamos e avaliamos de forma tradicional, caracterizando-se pela reprovação, pela desmotivação dos alunos, representando assim seu sucesso ou fracasso.

Para se repensar a avaliação conforme indicam as entrevistadas precisamos rever o significado da nota tanto para professores como para alunos, que essa nota sirva para auxiliá- los, que valorize o desempenho de ambos, que ela não seja um fim, mas sim um meio para verificar as possibilidades de crescimento do aluno e também do professor (BRASIL, 1996). É importante que se reconheça o quanto é importante avaliar, na verdade fundamental, mas que sirva de suporte e motivação para novas práticas. Afinal, como saberemos se os conhecimentos foram aprendidos? Como saberemos quem sabe e quem não sabe?

O problema vai muito mais além da prática avaliativa, envolve forma como estamos fazendo para saber se os conhecimentos foram aprendidos, que instrumentos estamos utilizando durante o processo e quais as aprendizagens que estão sendo consideradas.