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3. Plano de Intervenção

3.1. A qualificação das relações dos DTs com alunos e famílias

3.1.1. A relação DT e alunos

Ao analisarmos a realidade do PPDT na Escola “A”, ficou claro que há uma aproximação considerável entre os DTs e os alunos. As falas da gestão, DTs e professores confirmam esse fato. No entanto, é importante nos reportar a alguns dados da pesquisa de campo que nos apontam algumas características dessa relação.

É importante retomarmos aqui alguns dados da nossa pesquisa. Tivemos um universo de 93 alunos que responderam ao nosso questionário. Deste grupo, 12 alunos (13%) disseram que o DT não trabalha para construir um elo de confiança com eles. 07 alunos (8%) disseram não confiar em seu diretor de turma. 19 alunos (20%) apontaram que o trabalho do seu DT tem características negativas, ou seja, não se consideram a opinião dos alunos nem seus anseios.

Apesar desses números não representarem a opinião da maioria dos alunos, consideramos que são valores bem expressivos e que merecem atenção, principalmente se recordarmos que esses alunos estão fechando um ciclo de trabalho do projeto, pois são alunos de turmas de 3ª série e que sempre tiveram o mesmo DT ao longo dos três anos de ensino médio.

Sendo assim, temos em média 10% dos alunos que dizem não confiar no seu DT. Pelo menos 20% dos jovens consideram que a relação com o DT é negativa/improdutiva e não dialógica. Aliados a essa informação, vale considerar a fala de professores que participaram da pesquisa e que expressaram que a relação entre alunos e DTs deveria ter uma maior proximidade.

Diante do exposto e pensando no universo da Escola “A”, teremos o indicativo de que os problemas de relacionamento entre alunos e DTs são expressivos e precisam ser considerados. Revisitando o que disse Casassus (2009), os alunos não aprendem simplesmente porque gostam da matéria/disciplina, mas porque gostam dos professores, porque os consideram importantes e, ainda mais, porque se percebem importantes e aceitos por esses professores. Tendo por base o pensamento do autor, é possível afirmar que na relação entre alunos e seu respectivo DT, para que se estabeleça um

vínculo de confiança, faz-se necessário um empenho no sentido de que tal relação se estreite (respeitando-se os limites que tangenciam os trabalhos educacionais), possibilitando assim que esses atores se conheçam de modo mais espontâneo e natural.

Talvez os números da pesquisa apontem para um grupo de alunos que ainda não se sentiram contemplados na relação com o DT, ou não se perceberam “importantes” para ele. Como já foi destacado netse texto, no processo educacional, é preciso que se considerem também os aspectos afetivos e não somente os cognitivos. (VASCONCELOS et al., 2005). Nesse contexto, a relação entre DT e alunos não se dá ao acaso, ela precisa ser construída e cultivada. Não há também uma receita pronta e nem uma regra geral, é preciso considerar o universo de cada aluno e seu horizonte de sentidos.

No que diz respeito às bases das instituições educacionais, a sustentação é dada pelos educadores. São esses atores que deve estar fortalecidos na efetivação de uma relação positiva que favoreça o processo educacional. Se a missão dos DTs é acompanhar determinado grupo de jovens durante os três últimos anos da educação básica e usar elementos relacionais para favorecer o processo de aprendizagem, partimos dessa lógica para fazer a nossa primeira proposição: é importante que o DT tenha conhecimentos sobre o universo que envolve o desenvolvimento dos adolescentes e jovens.

Como afirmam Vasconcelos et. al (2005), o estabelecimento do diálogo e da relação entre professores e alunos não é algo que acontece naturalmente. Como elencado, é necessário que haja troca e conhecimentos entre os agentes educacionais, e nesse caso destacamos o DT e seus alunos, pois só assim, haverá de fato, uma relação capaz de gerar frutos de confiança, parceria e compromisso entre estes.

Nesse sentido, a nossa proposição é de que a escola instale um grupo de estudos permanente formado pelos DTs e liderado pela coordenação escolar. Esse grupo terá como foco de estudos a psicologia do desenvolvimento e da educação na busca de conhecer melhor o universo

dos jovens, e de posse desse conhecimento, poder estabelecer um vínculo mais positivo com os mesmos, e que favoreça o processo educacional.

Para tanto, sugerimos a seguinte organização de temas e tópicos: Quadro 1: Temas e Tópico em Psicologia do Desenvolvimento e da Educação

TEMA TÓPICOS DURAÇÃO

Introdução a Psicologia A conceituação da Psicologia, suas áreas de atuação e a inter-relação da Psicologia com outras áreas do conhecimento

01 mês

Evolução histórica da ciência psicológica: a Psicologia pré- científica

01 mês

O desenvolvimento humano

Conceito, fatores e etapas

relevantes do desenvolvimento humano 01 mês O desenvolvimento da personalidade 01 mês O desenvolvimento moral e social 01 mês O desenvolvimento cognitivo 01 mês O processo de aprendizagem Introdução ao estudo da Psicologia da aprendizagem 01 mês O processo da motivação 01 mês O processo da percepção 01 mês Novas abordagens sobre

inteligência

01 mês

Papel do professor na construção do conhecimento

01 mês

O grupo deverá ter dois encontros presenciais a cada mês e um fórum virtual, obedecendo a seguinte organização:

Quadro 2: Agenda Mensal do Grupo de Estudos

EVENTO DURAÇÃO

Encontro para apresentação do tópico a ser estudado no mês e distribuição de material didático

2h na primeira semana do mês

Fórum Virtual para Discussão do Tema

2 semanas

Encontro para fechamento das discussões

2h na última semana do mês

Fonte: Elaboração Própria

A coordenação escolar deverá formar parcerias com Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) e/ou Secretaria Municipal de Educação para que possa contar com a presença de psicólogo em alguns momentos da formação.

A nossa proposição tem um tempo de duração de 11 meses. Fica a cargo do grupo de estudos e da gestão escolar encerrar as discussões após esse período ou propor novas temáticas de estudo.