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Em relação ao seu pai nota nele alguma evolução? Fala com ele sobre a sua doença?

As Entrevistas que se seguem, foram realizadas em contexto de visita informal ao doente. A sua realização foi possível com a colaboração dos principais cuidadores, tendo em conta a sua privacidade e do próprio doente. Os conteúdos apresentados são reais, sendo transcritos através de rádio digital, para permitir uma maior autenticidade dos fatos. Os nomes próprios apresentados são de natureza fictícia a fim de preservar a total confidencialidade das informações e sigilo profissional.

Doente: “Mário” Idade: 84 anos Estado Civil: Viúvo Habilitações Literárias: 2ª classe

Principal Cuidador: Filho “Manuel”, Idade: 50 anos Estado Civil: Casado Habilitações Literárias: 7º ano (antigo 11º ano)

99 “ Manuel” - É uma doença que se nota nele e na perda de memória que tem a ver

com a doença de alzheimer, mas ainda não está bem focado. Esta a ser medicado, e não falha com ela. Ele sabe que tem de tomar todos os dias os comprimidos as refeições. A maioria da comida dele é toda passada. Mas geralmente a hora da refeição estamos sempre cá nós. Se eu não estiver estão as minhas irmãs portanto ele, geralmente 90% das refeições ele come sozinho. O meu pai não pode ir muito para o exterior porque é muito suscetivel a constipações.

E – Mas em relação à realização das atividades diárias acha que tem potencial? “Manuel” - O meu pai acho que está a perder aos poucos a sua

mobilidade,desloca-se com o auxílio da bengala e toma banho auxiliado, mas comer ainda é sozinho. Quando não vai a fisioterapia fica sempre aqui no quarto. De vez enquando vai comigo para o exterior dar uma volta comigo devagar. Tem que ser apoiado e tenho receio que às vezes uma queda… os ossos já estão um bocado frágeis.

E - Em relação ao médico da Instituição, já falou com ele?

“Manuel” - Sei quem ele é, mas nunca falei com ele, porque quem também o

apoia e quem o trata, é a minha irmã que tem os contactos dos médicos que o tem acompanhado … Uma vez por outra mas é só de passagem.

E - Quando tiver alta que recurso será mais conveniente para o seu pai? “Manuel” - O Centro de Dia ou o Lar. A disponibilidade não é muita para o ter

em casa. Todos nós trabalhamos. Se dentro das possibilidades que ele fique melhor é mesmo ir para um Centro de Dia.

E - Relativamente à Assistente Social, já alguma vez falou com ela?

“Manuel” - Sim já falei e o meu pai tem acompanhamento. Nada tenho a dizer da

Assistente Social, sei que é uma pessoa muito, muito competente. E - E em relação aos enfermeiros e à psicóloga?

“ Manuel” - A psicóloga tenta puxar por ele, mas ao falar ele perde-se e agora

com os enfermeiros o pessoal de ca não há tanto a dizer são pessoas impecáveis, tem sido muito bom.

100 E -Há alguma coisa que tenha necessidade de falar daqui da Instituição em relação ao seu pai?

“ Manuel” - Se alguma coisa em contrário tivesse acontecido, eu falaria, nada se

passou, a gente também estamos aqui todos os dias. Se houver alguma coisa a gente também pergunta aos enfermeiros ou à Assistente Social neste caso às empregadas, sabemos que o meu pai é um bocadinho teimoso as vezes não quer ir à fisioterapia.

E - Neste momento qual é o seu maior receio em relação ao seu pai?

“ Manuel” - Neste momento ele está a recuperar. Esta a ter uma recuperação

muito boa, portanto eu não sei, o meu pai tem quase 85 anos e o meu pai é uma pessoa muito bem vivida e eu acho que ele ainda tem alguns anos pele frente para recuperar. Eu vi-o muito preso das pernas agora vejo-o muito bem. Ele alimenta-se muito bem portanto relativamente a demência dele não sei, ainda está naquela fase indefenida, não sei o que poderá vir. Espero que ele continue e que vá para um Centro de Dia onde ele está bem. De vez enquando ele perde a memória e tem tendência a ir-se embora, só que as portas também estão fechadas, se não, quando ele está fora de si, ele já se tinha ido embora. Ele é vigiado, não tem uma empregada aqui nos quartos mas vão passando. Eu sei que aqui não lhe acontece nada.

Entrevista ao Filho de “Maria”

E- Boa Tarde, Srª “Maria” como tem passado!? Está tudo bem? “Maria” – Cá se vai andando, uns dias melhor, outros dias pior…

Doente: “Maria” Idade: 70 anos Estado Civil: Casada Habilitações Literárias: 1º Estádio de Educação - 4ª classe

Principal Cuidador: Filho “António” Idade: 35 anos Estado Civil: Casado Habilitações Literárias: 12º ano

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E- Um dia de cada vez… ter paciência e força que melhores dias virão! A Srª

quer-me falar um pouco de si? O que fazia antes de vir para aqui?

“Maria” - Ia fazendo a minha vida de casa. Ultimamente acompanhava o meu

marido até à horta, mas já hà muito tempo que não fazia nada no campo. Em casa ía fazendo uma vida normal. Comecei a sofrer dos ossos antes dos 50 anos. Porque depois aos 52 anos já eu fui operada à primeira prótese. Pus nessa altura uma prótese, depois pus a outra ao fim de quatro anos Ao fim de sete anos foi mudada esta que já estava estragada. E agora também tenho esta que precisa ser mudada. Como é que vai ser a minha vida!?Desde o dia 4 de Outubro que saí da minha casa e nunca mais lá entrei. Caí, parti duas pernas. Já sofria dos ossos, andava de canadianas.

E – Já foi procurada pelo médico? Já falou com ele?

“Maria” - O médico diz que tenho os ossos muito finos. Na fisioterapia davam-me

aqueles pesos para eu fazer ginástica, só para fazer tratamento elétrico e não me podem fazer mais nada por causa da minha coluna. Levantam-me de manhã para ir para a fisioterapia e depois às 15h vou outra vez. (A utente encontra-se a realizar fisioterapia mas na cadeira de rodas.)