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Capítulo 3 – História do processo de educação escolar indígena Apinajé

5. Relação dos velhos com o território

Nessa discussão será tomado o mesmo critério anterior da relação dos jovens com o território, também através do questionário aplicado com as mesmas perguntas e respostas obtidas de acordo com o ponto de vista de cada um com base da oralidade, que depois foram transcritas por mim no formulário.

Perguntas aos velhos anciãos entre a faixa etária de 52 a 87 anos, se eles frequentaram a escola na época de sua adolescência: oito dos anciãos, sete deles afirmaram que sim, frequentaram a escola por pouco tempo, sendo um aprendeu a ler escrever na língua Apinajé, os outros não aprenderam nada e um afirmou que nunca frequentou a escola. Com as mulheres anciãs foram obtidas as seguintes respostas: das sete velhas, cinco delas responderam que sim, frequentaram por pouco tempo, não aprenderam nada na escola e duas responderam que não, nunca frequentaram a escola na vida.

Em relação à importância do território para os Apinajé: dos velhos entrevistados 100% deles afirmaram que sim, ou todos concordaram que o território é importante. Para as mulheres anciãs seis delas afirmaram que sim, o território é importante para a prática de festas culturais, trabalhar em roça e outras atividades sociais; uma afirmou que o território

não é importante pelo fato de que foi demarcado deixando muitos pontos de fora como lugares tradicionais.

Sobre os lugares já frequentados dos velhos consultados, todos disseram que já frequentados diversos lugares no território, as matas cerrados, cabeceiras de córregos em função da caça e pesca. Das mulheres consultadas todas elas disseram que também já frequentaram diversos lugares, inclusive os locais de primeiro aldeamento como antigas Botica e Gaxprêk e Mokrã Nhôrxà (local de acampamento), Matrinchã (córrego) e antigo local de Cocalinho.

Sobre a questão como e com quem aprendeu sobre o território: tanto os homens e mulheres consultados 100% deles relataram que é andando em grupo de amigos, com as pessoas mais experientes, com os pais e avós e as vezes sozinhos depois de crescidos. Nesta pergunta pude perceber que a experiência em conhecer um pouco do seu território é andando com as pessoas que conhecem bem, praticando as atividades de caça, pesca e coleta de frutas.

Da pergunta que diz respeito, se eles gostam de andar pelo território: dos velhos entrevistados todos responderam que sim, gostam de andar pelo território para caçar, pescar e conhecer outros lugares diferentes. Da mesma forma as mulheres velhas afirmaram que sim, também gostam de andar para coletar frutas ou acompanhar as atividades de caçada e de pescaria.

Outra pergunta relacionada, se eles costumam andar sempre no território: dos velhos anciãos, sete deles disseram que não costumam andar pelo território divido a condição física que não permite a força e disposição, mas que no passado já andaram muito e um disse que sim, costuma andar pelo território. As mulheres anciãs todas elas disseram também que não costumam andar devido a falta de disposição e a força física que não permite.

Sobre o período mais preferido para andar no território pelos Apinajé: os homens entrevistados, sete deles disseram que o verão é o período mais preferido para andar no território e um disse que ambos os dois períodos são mais viáveis para andar no território. Em relação às mulheres todas elas disseram que o verão é o melhor tempo, pois nesse período não chove, portanto elas podem andar sem preocupar com a chuva.

Sobre os recursos utilizados no território: dos oito velhos anciãos todos apontaram a terra, a água, a caça, o peixe, a madeira e as frutas silvestres. Das velhas anciãs apontaram as mesmas respostas e que esses são recursos básicos do território.

Em relação o tamanho do território, se ele é suficiente para garantir o modo de vida dos Apinajé: dos velhos consultados sendo três deles disseram que sim, para o momento atual o tamanho do território é suficiente, mas que afirmaram que no futuro não é suficiente devido o crescimento populacional. Cinco disseram que não o tamanho do território não é suficiente tanto no presente quanto para o futuro e questionam que quando saiu a demarcação, muitos lugares considerados espaços tradicionais ficaram de fora. Das mulheres anciãs, três disseram que sim, o tamanho do território é suficiente para o momento atual, mas para o futuro é pequeno e quatro disseram que não território é de fato pequeno.

A questão sobre se os recursos existentes hoje no território serão suficientes para garantir o futuro das próximas gerações: dos oito velhos consultados um disse que os recursos existentes hoje serão suficientes para o futuro das gerações e sete disseram ao contrário, que não, os recursos existentes não serão suficientes para o futuro dos Apinajé. Das sete mulheres velhas entrevistadas duas disseram que sim, os recursos serão suficientes para o futuro e cinco disseram que não, os recursos serão poucos para o futuro.

Em relação às invasões do território Apinajé pelos caçadores, pescadores e madeireiros se é um problema: dos velhos anciãos entrevistados 100% afirmaram que sim,

as invasões são uma problema para os índios, pois a retirada de grande quantidade de recurso pelos invasores trás prejuízo ao meio ambiente e ameaça o risco de faltar no futuro para os Apinajé. Com as mulheres anciãs ocorreu da mesma forma 100% afirmaram que sim, as invasões são um problema para os índios, pois o roubo de recursos é ilegal.

A última pergunta do questionário, se a escola contribui para o conhecimento do território Apinajé: dos oito velhos entrevistados, sendo dois deles responderam que sim, a escola contribui, os alunos indígenas conhecem bem o conhecimento tradicional e inclusive a língua indígena é mantida tanto na escola e nos domínios sociais da comunidade. Essa afirmação dos alunos demonstra que estão mais envolvidos nos conhecimentos tradicionais. Seis deles relataram que a escola não contribui, só ensina o conhecimento do kupẽ por isso os alunos não conhecem bem o território. Das mulheres anciãs, sendo duas relataram que sim, a escola contribui, porque a gente vê os alunos nossos fazendo apresentações culturais dos trabalhos com os temas que envolvem o conhecimento sobre o território. Cinco das mulheres anciãs relataram que a escola não contribui para o conhecimento do território, por isso sempre a gente ouve falar que a escola só ensino conhecimento do kupẽ.