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Segundo Baver et al. (1972), Buckman & Brady (1989) e White (1985), a condutividade hidráulica, a infiltração, a redistribuição rápida da água e a aeração ocorrem principalmente através dos macroporos. Nesses poros de maior diâmetro, o efeito da força da gravidade é o componente principal que rege o movimento da água.

Ao avaliar a influência da distribuição de poros nos valores medidos da condutividade hidráulica de três tipos de solos do Estado de São Paulo, São Mateus (1994) concluiu que os macroporos governaram todo o processo de drenagem.

Conforme Silva & Kato (1997), a macroporosidade é fator de extrema importância na condutividade hidráulica do solo saturado. Nesse trabalho, os autores encontraram valores elevados da macroporosidade correlacionados positivamente com elevada condutividade hidráulica saturada. Sampaio (2004), avaliando a permeabilidade superficial de solos de uma sub-bacia da cidade de Lavras-MG, também encontrou correlação positiva entre a macroporosidade e o coeficiente de permeabilidade dos solos estudados.

Manfredini et al. (1984), avaliando o efeito da composição granulométrica da fração areia no comportamento hídrico de latossolos de textura média e areias quartzosas, verificaram que o aumento nos valores de condutividade hidráulica do solo saturado foi aparentemente condicionado pelo aumento da macroporosidade.

Fernandes et al. (1983), estudando a influência do sistema de manejo na condutividade hidráulica do solo saturado, ressaltam que, de um modo geral, os valores de condutividade hidráulica saturada estão correlacionados com as quantidades de poros com diâmetro superior a 0,07 mm. Field et al. (1984)

também verificaram o efeito de macroporos no aumento da condutividade hidráulica do solo.

Em trabalho realizado por Amaro Filho (1982), os menores valores de condutividade hidráulica corresponderam às zonas que apresentaram os valores mais elevados de poros de menor diâmetro. Houve uma tendência de os valores mais elevados de fluxo serem conseqüência da elevada proporção de poros com diâmetro superior a 0,01mm.

Curmi et al. (1994), em estudo realizado num Latossolo Roxo, utilizando a técnica de análise de imagens de lâminas delgadas, relacionaram a distribuição do tamanho dos poros com algumas propriedades hidráulicas desse solo, relatando que a condutividade hidráulica do solo saturado foi negativamente afetada pela ausência de poros tubulares biológicos (bioporos), como conseqüência da compactação ou pelo uso de pesticidas.

Oliveira (1991), trabalhando com solos superficiais da cidade de Londrina-PR, observou que a maior compactação, juntamente com a maior quantidade de matéria orgânica existente, proporcionou ao solo uma menor macroporosidade e, com isso, o solo interagiu mais com a água infiltrada, fazendo com que a água tivesse uma menor velocidade e, conseqüentemente, valores de difusividade e condutividade hidráulica menores.

Segundo Van Genuchten & Nielsen (1985), os poros grandes são drenados muito rapidamente na zona de baixas tensões. Esses poros apresentam uma relação pequena com o restante da distribuição de poros por tamanho, mas são eles que governam a condutividade hidráulica do solo próximo à saturação.

Cooper (1999) ressalta que os poros que contribuem para a rápida movimentação da água no solo incluem a macroporosidade e parte da mesoporosidade. Segundo o autor, a macro e mesoporosidade têm, geralmente, uma origem estrutural e/ou biológica e estão sujeitas a uma forte

heterogeneidade ao longo do perfil, o que pode explicar as variabilidades observadas das condutividades hidráulicas ao longo do perfil de um solo.

Bouma (1982 e 1991) detalha os possíveis efeitos e interferências das características dos solos no movimento de água e solutos, principalmente da porosidade, discutindo a influência da continuidade dos poros no solo. O autor afirma que poros menores, porém contínuos, permitem maior fluxo de água e solutos do que poros maiores descontínuos no perfil do solo e não uma simples relação direta de maior macroporosidade e condutividade hidráulica saturada, como discutido por Ellies et al. (1997) e Silva & Kato (1997).

Peixoto Jr. (1972), trabalhando com solos granulares (arenosos), desenvolveu correlações entre o coeficiente de permeabilidade de um solo e um diâmetro de vazios característico, definido da mesma forma que o diâmetro efetivo de um solo, e que pode ser considerado como o diâmetro efetivo de vazios de um solo, ou seja, diâmetro tal que 10% dos vazios existentes no solo possuem diâmetro inferior a ele. Neste trabalho, a distribuição dos vazios do solo foi determinada utilizando-se a teoria proposta por Silveira (1963), conforme esquemas apresentados na Figura 1. As correlações obtidas, apresentadas a seguir, são válidas para solo saturado e temperatura de 20°C.

a) vazio tangente: Ko = 0,14 + 38,10 * dv10 (4) Ko = 9,05 + 2,51 * dv102 (5) b) vazio equivalente: Ko = -0,35 + 34,01 * dv10 (6) Ko = 9,08 + 2,93 * dv102 (7) em que:

Ko = coeficiente de permeabilidade, em 10-2 cm/s; dv10 = diâmetro efetivo de vazios do solo, em mm.

Beven & German (1981) apresentaram um modelo unidimensional para determinar o volume de fluxo de água num sistema associado micro/macroporo. Esse modelo foi usado para demonstrar como os macroporos podem afetar a condutividade hidráulica, infiltração, redistribuição e escoamento superficial da água em diferentes circunstâncias.

Chen et al. (1993) e Othmer et al. (1991) estimaram a condutividade hidráulica do solo saturado em um estudo no qual considerou-se a distribuição bimodal do diâmetro dos poros no solo. Pelos resultados obtidos, confirmou-se a falta de homogeneidade dos perfis de solo estudados. Na distribuição bimodal, os poros do solo são classificados em poros inter-agregados e poros intra-agregados. Os primeiros são rapidamente esvaziados, fazendo com que a condutividade hidráulica decresça também rapidamente, e os segundos, por sua vez, são esvaziados mais lentamente, proporcionando uma condutividade hidráulica menor (Othmer et al., 1991).

Poulsen et al. (1999) desenvolveram um modelo para a estimativa da condutividade hidráulica do solo saturado em função do volume de poros com diâmetro maior que 0,03 mm (equação 8). Considerando-se os dados de solos com diferentes texturas, o modelo foi testado pelos autores, que obtiveram sucesso nas estimativas da condutividade hidráulica do solo saturado.

log (Ko) = 2,8 log (φ0,03) + 4,3 (8) em que:

Ko = condutividade hidráulica do solo saturado (cm.dia-1);

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