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Relações para módulos projetivos truncados

Seja Ψ ⊆ wt(V ) satisfazendo (3.6.1) e, além disso, suponha

Ψ ∩ P+ = ∅ e ξ + αi ∈ Ψ/ para todos ξ ∈ wt(V ) ∩ P+, i ∈ I. (3.7.1)

Exemplo 3.7.1. Seja V a representação adjunta de g e, portanto, wt(V ) = R ∪ {0}. Dados µ ∈ P+\ {0}, considere

Ψ(µ) = {α ∈ R | (α, µ) = min

β∈R(β, µ)} ⊆ −R

+

Foi mostrado em [10, Lema 2.3] que Ψ(µ) satisfaz (3.6.1) e, além disso, claramente satisfaz (3.7.1). A relevância dos conjuntos do tipo Ψ(µ) será explicada nas conclusões

nais desta seção (veja também [11, Section 3.6]). 

Dado λ ∈ P+, r ∈ Z`

+, r ∈ Z+, dena

ΓΨ(λ, r) = {(µ, s) ∈ Λ | (λ, r) 4Ψ(µ, s)}

e ˜ΓΨ(λ, r) = {(µ, s) ∈ ˜Λ | (λ, r) 4Ψ (µ, s)}.

Daqui em diante, xe (λ, r) ∈ Λ e Γ = ΓΨ(λ, r), ˜Γ = ˜ΓΨ(λ, deg(r)).

Lema 3.7.2. Seja (µ, s) ∈ Γ.

(a) Γ é nito e convexo com respeito a 4Ψ. Em particular, P (µ, s)Γ ∈ G[Γ] e sua

dimensão é nita.

(b) Se (µ, s0) ∈ Γ, então deg(s0) = deg(s).

(c) Se (ν, s0) ∈ Γ é tal que (µ, s) 4

Demonstração. Pela construção de Γ o temos sendo convexo e, também, que P (µ, s)

cobre Γ. Segue do Lema 3.4.3 que P (µ, s)Γ ∈ G[Γ]. Como (λ, r) 4

Ψ (ν, t) implica

que λ − ν ∈ wt(V ) e λ − ν pertence ao gerado linear dos pesos fundamentais, obtemos

que Γ é nito, o que prova (b). Como (µ, deg(s)), (µ, deg(s0)) ∈ ˜Γ, segue de [11,

Proposição 2.2(iii)] que deg(s0) = deg(s) e isso prova (c) (de fato, [11, Proposição

2.2(iii)] é exatamente o item (c) no caso ` = 1).

Nesse momento estamos prontos para provar o seguinte análogo de [11, Teorema 1].

Teorema 3.7.3. Para todo (µ, s) ∈ Γ o módulo P (µ, s)Γ é isomorfo ao a-módulo

M (µ, s) gerado por um elemento w de grau s satisfazendo as relações

n+w = 0, hw = µ(h)w e (x−αi)µ(hi)+1w = 0, para todos h ∈ h, i ∈ I,

e xw = 0, para todo x ∈ Vξ, com ξ ∈ wt(V ) \ Ψ.

Demonstração. Seja v um gerador de P (µ, s), como na Proposição 3.3.2(b), e continu-

emos denotando por v sua imagem em P (µ, s)Γ, que é não nula pois (µ, s) ∈ Γ. Vamos

primeiramente mostrar que v satisfaz as relações acima dadas para w.

De fato, é evidente que satisfaz as da primeira linha. Suponhamos que existe

ξ ∈ wt(V ) \ Ψe x ∈ Vξ tais que xv 6= 0 e escolhamos ξ maximal (com respeito à ordem

parcial usual em P ) satisfazendo essa propriedade. A primeira propriedade em (3.7.1)

e a maximalidade de ξ implicam ξ ∈ P+. A segunda propriedade em (3.7.1) implica

n+xv = 0. De fato, dado i ∈ I, temos x+α

ixv = [x

+

αi, x]v ∈ Vξ+αi.

Como ξ + αi ∈ Ψ/ por (3.7.1), a maximalidade de ξ implica [x+αi, x]v = 0. Então,

µ + ξ ∈ P+ e, como P (µ, s)Γ ∈ G[Γ], segue (µ + ξ, s + ei) ∈ Γe (µ, s) ≺Ψ(µ + ξ, s + ei).

Pelo Lema 3.7.2, temos (µ + ξ, ei) ∈ ΓΨ(µ, 0), ou seja, (µ, 0) 4Ψ (µ + ξ, ei). Logo, pela

denição de 4Ψ em (3.6.3), temos ξ ∈ Z+Ψ e ξ = Pνmνν, com ν ∈ Ψ, mν ∈ Z+ e

P

νmν = deg(ei) = 1. Isso implica ξ ∈ Ψ, produzindo a contradição desejada.

A partir de sua denição, é claro que M(µ, s) ∈ G. Além disso, pelo parágrafo

anterior, temos uma sequência exata curta 0 → K → M(µ, s) → P (µ, s)Γ → 0. Como

P (µ, s)Γ é projetivo em G[Γ], é suciente mostrar que essa é uma sequência exata em

G[Γ] (i.e., que M(µ, s) ∈ G[Γ]) e que M(µ, s) é indecomponível. Segue da denição

de M(µ, s) que V (µ, s) é seu único quociente irredutível. Em particular, M(µ, s) é indecomponível e resta mostrar que M(µ, s) ∈ G[Γ]. Como τsM(µ, 0) é obviamente isomorfo a M(µ, s), a última parte do Lema 3.7.2 implica que é suciente mostrar que M (µ, 0) ∈ G[ΓΨ(µ, 0)]. Desse modo, para o restante da prova, suponha Γ = Γ(µ, 0) e,

para simplicar a notação, escreva M = M(µ, 0). Desse modo, mostraremos:

Escolha uma base de a consistindo de uma base de Chevalley para g e bases para os espaços de peso de Vj, j = 1, . . . , `. Dena U(Ψ) sendo o conjunto de PBW-monômios

(com respeito a alguma ordem) formado por elementos de ⊕ν∈ΨVν que estão nessa base.

Uma aplicação rotineira do Teorema de PBW implica

M = U (n−)U (Ψ)w. (3.7.3)

Isso, juntamente com o Lema 1.2.8, claramente implica (3.7.2).

O corolário a seguir é consequência imediata desse Teorema e do Lema 3.7.2(c). Corolário 3.7.4. Sejam (µ, s), (ν, s0) ∈ Γ tais que (µ, s) 4

Ψ (ν, s0). Então,

gchP (ν, s0)Γ = tsgchP (ν, s0− s)Γψ(µ,0).

Aplicando esse corolário ao Teorema 3.6.5, concluímos:

Corolário 3.7.5. Para todo λ ∈ P+ tal que (λ, 0) ∈ Γ, temos

ch(V (λ)) = X

(µ,r)∈Γ

(−1)deg(r) cλ,µ,0r gchP (µ, 0)ΓΨ(µ,0).

Utilizando esse segundo corolário, o Exemplo 3.6.6 pode ser revisitado da seguinte maneira:

Exemplo 3.7.6. Suponha Ψ = −R+ e note que Ψ satisfaz todas as hipóteses reque-

ridas, i.e. (3.6.1) e (3.7.1). Além disso, Γ do Exemplo 3.6.6 é igual a ΓΨ(2ω1, 0).

Portanto, gch(P (2ω1,0)Γ) = ch(V (2ω1)) + ` X j=1 gch(P (ω2, ej)Γ).

Por outro lado, usando o Corolário 3.7.4,

gch(P (ω2, ej)Γ) = tjgch(P (ω2, 0)ΓΨ(ω2,0)).

Porém, ΓΨ(ω2, 0) = {(ω2, 0)}. Assim, pelo Corolário 3.7.5,

gch(P (ω2, 0)ΓΨ(ω2,0)) = ch(V (ω2)). Consequentemente, gch(P (ω2, ej)Γ) = ch(V (2ω1)) + ` X j=1 tj ch(V (ω2)). 

O teorema anterior nos diz que os módulos P (µ, s)Γ podem ser vistos como gene-

ralizações dos módulos de Kirillov-Reshetikhin no seguinte sentido. Considere o caso particular em que ` = 1 e V é a representação adjunta de g. Neste caso temos um isomorsmo de álgebras de Lie

a ∼= g[t]/(g ⊗ t2C[t]).

Motivados por contextos físicos, Kirillov e Reshetikhin [39] conjecturaram a exis- tência de certas representações simples do grupo quântico associado à álgebra de Kac- Moody am ˆg e que o carácter de seus produtos tensoriais deveriam satisfazer uma certa fórmula fermiônica. Esses módulos passaram então a ser conhecidos como módulos de Kirillov-Reshetikhin. Posteriormente foi descoberto que eles nada mais eram que as anizações minimais (no sentido denido por Chari em [19]) das representações irredutíveis do grupo quântico associado a g no caso do peso máximo ser um múltiplo de um peso fundamental.

Para g de tipo clássico ou de tipo G2, é conhecido que o limite clássico trans-

ladado dos módulos de Kirillov-Reshetikhin são módulos para a álgebra a (veja [43] e referências lá citadas). Este fato também é verdade para todas as anizações mini- mais quando g é de tipo clássico e para vários casos particulares no caso das álgebras excepcionais.

Em [15, 16] foi mostrado que o carácter dos módulos de Kirillov-Reshetikhin (para gde tipo clássico ou G2) podem ser calculados trabalhando-se no contexto da categoria

G[Γ]com Γ = ΓΨ(mωi, 0)e Ψ = Ψ(ωi), com mωio peso maximal do módulo de Kirillov-

Reshetikhin em questão. O método, em particular, acabava por dar uma apresentação do limite clássico dos módulos de Kirillov-Reshetikhin em termos de geradores e rela- ções. Essas relações são exatamente as descritas no Teorema 3.7.3. Por isso dizemos

que os módulos P (λ, r)Γ podem ser vistos como generalizações dos (limites clássicos

dos) módulos de Kirillov-Reshetikhin.

O método de [15, 16] produz fórmulas bastante explícitas para os caracteres gradu- ados dos módulos P (mωi, r)Γ, ao contrário da fórmula dada pelo Teorema 3.6.5. Porém,

esse método se torna impraticável quando ` > 1 e, por isso, obtivemos a fórmula do Teorema 3.6.5. No caso ` = 1, algumas fórmulas como as de [15, 16] para anizações minimais que não são módulos de Kirillov-Reshetikhin foram obtidas em [43, 44].

Perspectivas futuras.

A continuação natural do assunto tratado no Capítulo 2 é a generalização para o con- texto das hiperálgebras (torcidas e não torcidas) em característica positiva dos vários resultados obtidos recentemente em característica zero, onde a linguagem de hiperálge- bras se reduz à de álgebras de Lie. Dentre alguns desses resultados estão a Teoria de Módulos de Weyl Globais [7, 29], a Teoria de Módulos de Demazure [26, 27, 28] etc. Sob essa perspectiva, um caminho a ser trilhado pode ser:

• Estabelecimento do conceito de módulo de Weyl global para hiperálgebras de

laços torcidas e não torcidas e investigar relações entre estes;

• Adequação das ideias da teoria de módulos de Demazure para o contexto de

hiperálgebras de laços;

• Desenvolvimento de uma linguagem categórica e homológica para hiperálgebras

de laços não torcidas e uma análise desta linguagem restrita às hiperálgebras de laços torcidas;

• Início do desenvolvimento de teorias de peso máximo para álgebras de funções

equivariantes.

No que tange ao Capítulo 3, muitas frentes podem ser tomadas. Por exemplo:

• Investigar sobre possíveis melhoras das condições impostas ao longo das Seções

3.5, 3.6 e 3.7;

• Explorar resultados relacionados com Koszulidade tal como [12, Teoremas 1.6 e

5.6];

• Identicar possíveis conexões com módulos de Demazure para uma categoria de

a-módulos mais abrangente do que o caso em que a = g n V , com V sendo a

representação adjunta de g (cf. [14, 27, 28]);

• Analisar o caso em que a Z`

Apêndice.

Apresentaremos a seguir rudimentos de outras teorias que foram utilizados para desen- volver essa tese. Os assuntos serão divididos por seções que não visam cobrir os pontos mais importantes de suas respectivas teorias, mas tão somente os pontos que foram utilizados.

A.1 Módulos sobre uma álgebra de Lie.

Nesta seção vamos rever rapidamente o conceito de g-módulo e algumas nomenclaturas. Denição A.1.1. Seja g uma álgebra de Lie arbitrária. Um g-módulo é um espaço vetorial V munido de uma operação (ou ação) · : g × V → V , para a qual escrevemos (x, v) 7→ x · v, tal que

(i) (ax + by) · v = a(x · v) + b(y · v), (ii) x · (av + bw) = a(x · v) + b(x · w) e (iii) [x, y] · v = x · (y · v) − y · (x · v) para todos a, b ∈ F, x, y ∈ g e v, w ∈ V .

Naturalmente, dados dois g-módulos V e W , uma transformação linear f : V →

W é um homomorsmo de g-módulos se f(xv) = xf(v) para todos x ∈ g e v ∈ V .

Exemplo A.1.2. A álgebra de Lie g é um g-módulo com ação dada pelo seu colchete,

i.e., (x, y) 7→ x · y = [x, y]. 

Os conceitos de g-módulo e representação de g são equivalentes. De fato, se

ρ : g → gl(V ) é uma representação de V , então V se torna um g-módulo com a ação

denida por x · v = ρ(x)v para todo x ∈ g e v ∈ V . Reciprocamente, se V é um

g-módulo, então ρ : g → gl(V ) denida por ρ(x)(v) = x · v é uma representação de g

Denição A.1.3. Um g-submódulo de V é um subespaço S de V tal que gS ⊆ S, em outras palavras, S é invariante sob a ação de g. Um submódulo próprio de V é um submódulo distinto de V . Um g-módulo V é chamado de:

• irredutível (ou simples), se não possui submódulo próprio diferente de {0};

• indecomponível, se não se escreve como soma direta de dois submódulos próprios

não nulos;

• completamente redutível, se pode ser escrito como soma direta de submódulos

irredutíveis.

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