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As variáveis representadas por retângulos são observáveis (manifestas), enquanto que as variáveis representadas por elipses (em nosso caso, apenas a Classe Econômica Brasil) são variáveis não observáveis diretamente (latentes). As setas unidirecionais destacam a direção da causa da relação entre as variáveis, segundo notação de Pedhazur e Schmelkin (1991, p.55).

O Esquema 1.1 apresenta, ainda, as hipóteses a serem testadas (H1, H2 e H3) e o comportamento esperado da relação H1 (positivo). As hipóteses H2 e H3 refletem a investigação de padrões espaciais de distribuição desses construtos, e se referem à verificação de existência de auto-correlação espacial (MORAN, 1948) para os construtos, conceito que será apresentado no Capítulo 3. Adicionalmente, a relação entre Classe Econômica Brasil e Renda Familiar, já verificada em estudos anteriores (FRANCISCO, 2006), é apresentada no diagrama, bem como as variáveis que formam esse indicador. A notação para Posse de Bens

Classe Econômica Brasil Renda Domiciliar Consumo de Energia Elétrica Posse de Bens Grau de Instrução do Chefe da Família H1 + Formação do Indicador H2 H3 + +

concentra uma lista de variáveis de contagem e existência de bens duráveis que, em conjunto com a variável Grau de Instrução do Chefe da Família, formam o indicador de Classe Econômica Brasil.

Vale destacar que as relações acima postuladas indicam a modelagem que o estudo pretende utilizar na investigação do fenômeno. O senso comum nos indica que, em unidades domiciliares, o Consumo de Energia Elétrica reflete uma condição de Renda Familiar – quanto maior o poder aquisitivo da família, mais condições de posse de bens eletrodomésticos ela tem e, por conseguinte, maior o uso dos bens e o consumo de energia elétrica – e não o inverso, conforme postulado. Porém, busca-se investigar o quanto o Consumo de Energia Elétrica contribui na explicação da variação de Renda, isoladamente e em conjunto com a Classe Econômica Brasil, objetivando a predição e não a descrição do fenômeno. Por isso, a relação expressa na hipótese H1 se coloca dessa maneira. Estudos em um horizonte temporal maior poderiam endereçar de forma diferente essa relação. Da mesma forma, a relação entre Renda Familiar e Classe Econômica Brasil é expressa no sentido da explicação da Renda.

Além disso, a Investigação Domiciliar (a ser discutida no tópico 4.2) utilizará a variável proxy Valor da Conta de Luz para representar o construto Consumo de Energia Elétrica.

A seguir, serão postuladas a hipótese central e as demais que norteiam este estudo.

1.3.2 FORMULAÇÃO DE HIPÓTESES

A hipótese central a ser estudada na pesquisa é:

H1: Quanto maior o Consumo de Energia Elétrica residencial, maior a Renda Domiciliar (ou Familiar);

Diante das particularidades regionais do perfil socioeconômico da população brasileira (ABEP, 2004, 2008b) e da existência de características socioeconômicas específicas das famílias posicionadas nos extremos da distribuição de renda (MATTAR, 1996; SILVA,

2002), é necessário identificar padrões de variação de renda que incorporem tais particularidades e características. Estudos preliminares do município de São Paulo com indicadores de Renda, exclusão social, autonomia em relação a serviços de saneamento básico e graus de educação (CÂMARA et al., 2004; ZAMBALDI; GOLDSZMIDT; 2006), verificaram uma relação de aumento da vulnerabilidade socioeconômica no sentido centro- periferia, levando à formulação das seguintes hipóteses de pesquisa:

H2: Existe padrão de dependência espacial da variável Renda Domiciliar entre regiões da Grande São Paulo, com renda decrescente no sentido Centro- Periferia; e

H3: Existe padrão de dependência espacial da variável Consumo de Energia Elétrica entre regiões da Grande de São Paulo, com consumo de energia decrescente no sentido Centro-Periferia.

Espera-se que a verificação das hipóteses dê subsídios para a formulação de um indicador de Renda baseado em Consumo de Energia Elétrica.

Deve-se notar que a natureza, a impossibilidade de remoção do efeito e a ocorrência simultânea das variáveis envolvidas permitem-nos analisar o efeito de uma variável sobre a outra, e não a direção da causalidade do fenômeno em si. A abordagem de investigação deste trabalho busca modelar uma direção de relação em que o Consumo de Energia Elétrica explique a Renda.

Uma alternativa para investigar direção de relações de causalidade é utilizar um experimento do tipo longitudinal (PEDHAZUR; SCHMELKIN, 1991), no qual a relação temporal de mudanças na atitude e no comportamento possa ser observada. Estudos longitudinais são, no entanto, onerosos, pois requerem espaços longos de tempo e são freqüentemente enfraquecidos por abandonos de participantes. A avaliação do efeito de uma relação causal implicaria em reaplicar um mesmo experimento, controlado por todos os outros aspectos, exceto pelo valor da variável causal (KING; KEOHANE; VERBA, 1994), o que se torna impossível para a hipótese H1 no atual estudo.

1.4 OBJETO DE ESTUDO E NÍVEIS DE INVESTIGAÇÃO

O objeto deste estudo é a população do município de São Paulo, capital do Estado e mais importante pólo econômico do Brasil e de todo o Hemisfério Sul. Mais especificamente, seus domicílios e famílias. O fenômeno Centro-Periferia de dependência espacial dos construtos será investigado para este objeto. Não obstante, outras regiões geográficas podem apresentar outros padrões de distribuição ou segregação espacial, oriundos de dinâmicas urbanas diferentes - policêntricas, por exemplo (TORRES et al., 2003).

Basicamente, a pesquisa está dividida em duas partes – dois níveis de investigação. A primeira parte busca caracterizar as relações postuladas em nível territorial agregado, mais especificamente, áreas de ponderação (conjunto de setores censitários) definidas no Censo Demográfico 2000 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para tal, se valerá dos microdados da Amostra do Censo Demográfico 2000 para o município de São Paulo e de informações de consumo de energia elétrica residencial do período de Setembro de 1999 a Agosto de 2000 para o município de São Paulo, agregadas segundo as mesmas unidades de referência, geográficas, do Censo Demográfico. As informações de consumo de energia são oriundas da base de domicílios da AES Eletropaulo, concessionária de energia elétrica que detém o monopólio desse serviço no município.

O segundo nível de investigação busca caracterizar as relações postuladas na perspectiva domiciliar, e se valerá, para tal, de dados coletados na Pesquisa Anual de Satisfação do Cliente Residencial, coordenada pela Associação Brasileira dos Distribuidores de Energia Elétrica (ABRADEE), para os anos de 2004, 2006, 2007, 2008 e 2009, no município de São Paulo.

Para o nível domiciliar, a localização geográfica informada das entrevistas da Pesquisa ABRADEE é apenas o distrito. Para tal, foram desenvolvidos 6 algoritmos de alocação, ou espalhamento, de pontos no interior dos polígonos dos distritos de forma a permitir um uso mais adequado das técnicas de regressão espacial, em especial da Geographically Weighted Regression (GWR) (vide tópico 3.4.3), ao invés da simples associação dos pontos a um centróide, à sede do distrito ou a um ponto interno arbitrário. Isso

sugere uma associação mais realística entre os construtos analisados e potencializa o uso destas técnicas em outros problemas de pesquisa e áreas de conhecimento.

As hipóteses H2 e H3 poderão ser amplamente avaliadas na investigação territorial, uma vez que as áreas de ponderação cobrem toda a extensão do município de São Paulo. A investigação domiciliar avaliará a existência de associação, ou dependência, espacial, mas não buscará analisar um padrão direcional, Centro-Periferia, no caso.

1.5 DESENVOLVIMENTO

Esta tese está dividida em 6 capítulos. O Capítulo 2 deste trabalho apresenta uma revisão da literatura das principais definições que fundamentam o estudo e um breve panorama sobre indicadores de riqueza e principais critérios de caracterização social e econômica existentes.

O Capítulo 3 descreve as técnicas de Estatística Espacial e Análise Exploratória de Dados Espaciais que contextualizam a operacionalização metodológica aplicada.

Em seguida, o Capítulo 4 trata da metodologia utilizada na pesquisa, incluindo a descrição dos diversos conjuntos de dados da pesquisa: censitários e oriundos de pesquisas de campo, e a descrição dos algoritmos de alocação de pontos em polígonos.

O Capítulo 5 analisa os resultados, expondo as relações entre os construtos, e faz uma discussão complementar sobre o modelo, na ótica de sua operacionalização como um produto ou serviço para a sociedade. Além disso, apresenta considerações sobre a validade atual dos achados.

Por último, o Capítulo 6 apresenta as principais conclusões dos achados, com aplicações no mercado, do varejo em geral à concessão de microcrédito, à caracterização econômica das famílias, em especial de baixa renda, às empresas de pesquisas mercadológicas e às concessionárias de distribuição de Energia Elétrica. São indicadas as limitações deste trabalho, com a sugestão de temas e aprimoramentos para futuras pesquisas.

2 REVISÃO DO CONHECIMENTO

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2004a), um dos desafios para a construção do desenvolvimento sustentável é o de se criar instrumentos de mensuração, tais como indicadores de desenvolvimento, a serem utilizados como ferramentas que revelem significados mais amplos sobre os fenômenos a que se referem. Estes indicadores são instrumentos essenciais para guiar a ação e subsidiar o acompanhamento e a avaliação do progresso alcançado, rumo ao desenvolvimento.

Qualquer breve levantamento da literatura a respeito de conceitos e teorias de estratificação social mostrará um excesso de conceitualizações conflitantes. Conceitos de fácil aceitação intuitiva, como renda, status, classe e diferenciação social, não são de definição consensual (PFAUTZ4, 1953 apud MATTAR, 1995).

O fato de que desigualdades sociais são encontradas em qualquer sociedade sugere que há características universais nas estruturas sociais que geram essa desigualdade (TUMIN5, 1967 apud MATTAR, 1995). A diversidade de critérios de diferenciação, contudo, pode fazer com que obtenhamos visões conflitantes dessa sociedade. A estratificação social diz respeito ao diferencial de classificação de indivíduos humanos que compõem um dado sistema social e seu tratamento como superiores ou inferiores uns aos outros com relação à importância social considerada.

“Na atualidade, tanto nas sociedades pertencentes aos países desenvolvidos quanto naquelas dos países em desenvolvimento, a energia elétrica é um vetor de fundamental importância” (TRIGOSO, 2004, p. 49). O consumo de energia é um dos principais indicadores do desenvolvimento econômico e do nível de qualidade de vida de qualquer sociedade (ANEEL – AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2008). Embora ainda existam aqueles que não usufruem deste serviço, ele está incorporado ao modo de vida das pessoas por meio de diversas aplicações, o que se reflete no constante crescimento de sua demanda (TRIGOSO, 2004).

4 Pfautz, Harold W. The Current Literature on Social Stratification: Critique and Bibliography. American Journal of Sociology, 58, p. 394-399, 1953.

5 Tumin, Melvin M. Social Stratification – The Forms and Functions of Inequality. Englewood Cliffs, NJ: Prentice-Hall, 1967.

Os principais conceitos, contextos e construtos que fundamentam este trabalho são apresentados a seguir. Considerações a respeito da validade dos mesmos, bem como da relação entre eles, serão apresentadas no decorrer do texto.

2.1 FAMÍLIA,DOMICÍLIO E RENDA

Buscamos, neste estudo, avaliar e caracterizar Famílias que vivem em Domicílios. Essas duas definições, aparentemente simples, são sofisticadas na definição precisa e não se sobrepõem totalmente para a população em estudo.

O conceito de Família adotado neste trabalho é o mesmo do IBGE (2004a, p.19): “conjunto de pessoas ligadas por laços de parentesco, dependência doméstica ou normas de convivência, residente na mesma unidade domiciliar, ou pessoa que mora só em uma unidade domiciliar”. Já para a Fundação SEADE (2005b), o conceito de ligação do conjunto de pessoas não considera dependência doméstica ou normas de convivência.

Pressupõe-se, pois, uma relação intrínseca entre Família e Domicílio. Este último é “o local de moradia estruturalmente separado e independente, constituído por um ou mais cômodos” (IBGE, 2004a, p. 22). De caráter mais detalhado, para a Fundação SEADE,

“é o local de moradia (...) com entrada independente e separação. Entende-se por entrada independente o acesso direto à moradia, sem passagem por cômodos destinados à residência de outras pessoas, e por separação o local de moradia que é limitado por paredes, muros, cerca etc, além de ser coberto por um teto, o que permite às famílias ou às pessoas que o habitam isolarem-se das demais”. (SEADE, 2005a, p. 15).

Operacionalmente, o Censo Demográfico obtém uma visão das pessoas que compõem a família e habitam o domicílio através da coleta da informação da relação da pessoa com o responsável pela família (variável V0403 da Base de Dados de Pessoas dos Microdados da Amostra) e da relação da pessoa com o responsável pelo domicílio (variável V0402) (IBGE, 2002). Tal diferenciação se dá pela possibilidade de coexistência de mais de uma família em um mesmo domicílio. Domicílios multifamiliares, no entanto, são raros – 98,4% dos domicílios em distritos de baixa renda do município de São Paulo são unifamiliares (SEADE, 2005b).

Dentre as categorias de classificação, apenas Pensionista, Empregado Doméstico e Parente do Empregado Doméstico não são considerados membros da família ou do domicílio. O Quadro 2.1 a seguir apresenta as classificações de posição, ou parentesco, dos moradores em relação ao responsável (ou chefe) do domicílio, segundo o IBGE e a Fundação SEADE.

Por conseguinte, famílias que não vivem em domicílios não serão investigadas neste estudo, e, não obstante, também não fazem parte dos levantamentos censitários oficiais, devido às restrições de conceito apresentadas anteriormente.

Classificaram-se os domicílios como particulares quando destinados à habitação de uma pessoa ou de um grupo de pessoas cujo relacionamento fosse ditado por laços de parentesco, dependência doméstica ou, ainda, normas de convivência. Como coletivos foram classificados os domicílios destinados à habitação de pessoas em cujo relacionamento prevalecesse o cumprimento de normas administrativas (IBGE, 2004a).

Em linhas gerais, Renda tem sido o indicador mais disponível de marketing para os padrões de consumo familiares. Porém, a associação de uma “renda média” a uma massa da população em áreas metropolitanas pode colocar trabalhadores de diferentes origens, especialidades e níveis educacionais em uma mesma categoria. Seus comportamentos de compra, seus gostos e suas aspirações de gastos-poupança podem estar em lados opostos (MATTAR, 1994, 1996).

Conforme definido no Capítulo 1, entende-se Renda como a soma do rendimento mensal de trabalho com o proveniente de outras fontes (IBGE, 2003). Tal conceito considera população em idade ativa (PIA) (pessoas de 10 anos ou mais de idade), segundo o IBGE (2003, 2004) e a Fundação SEADE (2005b), e se aplica ao indivíduo (normalmente o chefe ou responsável pela família), à família ou ao domicílio. O rendimento mensal de trabalho se aplica à população economicamente ativa (PEA), que corresponde à parcela da PIA que está ocupada ou desempregada (SEADE, 2005b). Adicionalmente, considera-se a renda per capita, ou o rendimento mensal familiar per capita, como a divisão do rendimento mensal familiar pelo número de componentes da família (exclusive, pois, pensionista, empregado doméstico ou parente do empregado doméstico).

IBGE Fundação SEADE

Código Classe Descrição Código Classe Descrição

1 Pessoa responsável Pessoa (homem ou mulher) responsável pelo domicílio ou que assim seja considerada pelos demais moradores 1

Chefe do domicílio ou da família

Morador (homem ou mulher) considerado pelos demais como o principal responsável pelo domicílio (ou pela família) 2 Cônjuge, Companheiro(a)

Pessoa (homem ou mulher) que vivia conjugalmente com a pessoa responsável pelo domicílio, existindo ou não vínculo matrimonial

2 Cônjuge Morador que vive conjugalmente com o chefe,

independentemente do reconhecimento legal deste vínculo 3 Filho Morador(a) filho(a) natural ou adotivo(a) do chefe 3 Filho(a), Enteado(a)

Inclusive o filho adotivo ou de criação e o filho somente do cônjuge, mesmo que o cônjuge já tenha

falecido ou não more mais no domicílio 4 Enteado Morador(a) filho(a) natural ou adotivo(a) do cônjuge 8 Pai/Mãe Morador(a) que é pai ou mãe (natural ou adotivo) do chefe 4 Pai, Mãe,

Sogro(a) Inclusive padrasto(s) e madrasta(s) 9 Sogro(a) Morador(a) que é pai ou mãe (natural ou adotivo) do cônjuge 5 Neto(a), Bisneto(a) Inclusive o(s) que seja(m) só do cônjuge 5 Neto Morador(a) neto(a) do chefe ou de seu cônjuge

6 Irmão, Irmã Inclusive os que não têm laços consangüíneos (adotivos

ou de criação) 10 Irmão(ã)

Morador(a) que é irmão ou irmã (consangüíneo ou adotivo) do chefe

6 Sobrinho do

chefe Sobrinho(a) do chefe, incluindo o sobrinho-neto 7 Sobrinho do cônjuge Sobrinho(a) do cônjuge, incluindo o sobrinho-neto 11 Cunhado(a) Morador(a) que é irmão ou irmã (consangüíneo ou adotivo) do cônjuge 12 Genro/Nora Morador(a) que é cônjuge do filho(a) do chefe ou do cônjuge 13 Avô(ó) Morador(a) que é avô(ó) do chefe ou do cônjuge

14 Tio(a) Morador(a) que é tio(a) do chefe ou do cônjuge 7 Outro parente Avô(ó), bisavô(ó), genro, nora, cunhado(a), tio(a),

sobrinho(a), primo(a), inclusive só do cônjuge

15 Outro parente Morador que tem alguma relação de parentesco com o chefe ou seu cônjuge, não classificado nas categorias anteriores 8 Agregado(a)

Pessoa que, sem ser parente, pensionista, empregado doméstico ou parente do empregado doméstico, não pagava hospedagem nem contribuía para as despesas de alimentação e moradia do domicílio.

16 Agregado Morador que não é parente do chefe nem de seu cônjuge, porém não paga pensão e não é empregado doméstico

IBGE Fundação SEADE

Código Classe Descrição Código Classe Descrição

9 Pensionista

Pessoa que, sem ser parente, pagava hospedagem ou contribuía para as despesas de moradia e alimentação do domicílio.

19 Pensionista Morador que não é parente do chefe nem de seu cônjuge e que paga hospedagem 10 Empregado(a)

doméstico(a)

Pessoa que prestava serviços domésticos remunerados

a um ou mais moradores do domicílio. 17

Empregado doméstico

Morador que presta serviço de forma remunerada à família do chefe

11

Parente do empregado(a) doméstico(a)

Pessoa que era parente do empregado(a) doméstico(a) e que não prestava serviços domésticos remunerados a qualquer dos moradores do domicílio.

18 Parente do empregado Morador que tem laços de parentesco com o(a) empregado(a) doméstico(a) e que reside no domicílio pesquisado

12 Individual em domicílio coletivo

Pessoa só que residia em domicílio coletivo, ainda que compartilhando a unidade com outra(s) pessoa(s) com a(s) qual(is) não tinha laços de parentesco ou dependência doméstica.

(classificado como Chefe do domicílio coletivo)

(sem similar) 20 Outro Refere-se aos casos que não se enquadram nas situações anteriores

Quadro 2.1: Classes de Relação/Posição/Parentesco no Domicílio e na Família, segundo IBGE e Fundação SEADE (conclusão) Fonte: IBGE, 2002; SEADE, 2005b.

As pessoas que apresentam relação com o responsável pelo domicílio ou família como pensionistas, empregados domésticos e parentes dos empregados não são consideradas para o cômputo da Renda Familiar ou Domiciliar nos levantamentos censitários. Tal critério pode descaracterizar a real contribuição das pessoas que convivem no domicílio, colaboram com despesas e estejam eventualmente em uma das condições de exclusão definidas.

O IBGE efetua o levantamento de diversas “rendas” referentes a cada membro da família ou domicílio em suas pesquisas censitárias e por amostragem. A seção “Rendimento(s) do(s) trabalho(s)” da Documentação dos Microdados da Amostra (IBGE, 2002) apresenta os seguintes conceitos:

Remuneração bruta: pagamento da pessoa empregada, inclusive o salário-família e os descontos correspondentes ao INSS, Imposto de Renda, faltas etc, exclusive o décimo-terceiro salário, a gratificação de férias e a participação nos lucros paga pelo empregador.

Retirada: o ganho (rendimento bruto menos os gastos efetuados com o empreendimento, tais como: pagamento de empregados, compra de equipamentos, matéria-prima, energia elétrica, telefone etc) da pessoa que explorava um empreendimento como conta-própria ou empregadora.

Rendimento bruto, em reais:

· Para a pessoa que possuía rendimento fixo: valor da remuneração bruta (se empregado ou trabalhador doméstico) ou da retirada (se empregador ou conta-própria) do mês de Julho de 2000 ou o que ganharia se houvesse trabalhado o mês completo (para a pessoa que ainda não houvesse recebido, o valor que viria a receber) ;

· Para a pessoa licenciada por instituto de previdência oficial: valor bruto do mês de Julho de 2000 recebido como benefício (auxílio-doença, acidente de trabalho etc) ;

· Para a pessoa que possuía rendimento variável: o valor em média da remuneração bruta ou da retirada do mês de Julho de 2000 ;

· Para a pessoa que recebia em produtos ou mercadorias de atividade do ramo que engloba agricultura, silvicultura, pecuária, extração vegetal ou mineral, pesca e piscicultura: valor real ou estimado recebido normalmente, referente ao mês de Julho de 2000; e valor em média mensal, real ou estimado referente ao mês de Julho de 2000, que ganharia normalmente com a produção sazonal (produção temporária, ou seja, que não ocorre o ano inteiro) .

(IBGE, 2002, p.119 e 120),

e coleta as seguintes informações (Variáveis da Base de Dados de Pessoas):

- Tem/Não Tem rendimento no trabalho principal (V4511)

- Total de rendimentos no trabalho principal (rendimento bruto no trabalho principal) (em reais e Salários Mínimos) (V4513 e V4514)

- Tem/Não Tem rendimento nos demais trabalhos (V4521)

- Total de rendimentos nos demais trabalhos (em reais e SMs) (V4523 e V4524) - Total de rendimentos em todos os trabalhos (em reais e SMs) (V4525 e V4526) - Rendimento de aposentadoria ou pensão (em reais) (V4573)

- Rendimento de aluguel (em reais) (V4583)

- Rendimento de pensão alimentícia, mesada, doação (em reais) (V4593)

- Rendimento renda mínima, bolsa escola, seguro desemprego (em reais) (V4603) - Outros rendimentos (em reais) (V4613)

- Total de rendimentos (em reais e SMs) (V4614 e V4615) (IBGE, 2002, p.120 a 130).

Vale reforçar que, influenciado pela dificuldade em conseguir informações precisas sobre a variável Renda, opta-se por captar o poder de consumo das famílias ou a classe econômica, social ou socioeconômica.

2.2 CLASSE SOCIAL,CLASSE ECONÔMICA E CLASSE SOCIOECONÔMICA

Existem várias definições e conceituações de classe social, que historicamente nos remetem a Marx, Durkheim, Halbwachs, Sorokin e Gurvitch, entre outros (GOLDMANN, 1993). Teorias clássicas definem Classe Social como posição econômica. Partidários do materialismo histórico vêem na existência de classes sociais e na estrutura de suas relações (luta, equilíbrio, colaboração segundo o país e época histórica) fenômeno chave para a compreensão da realidade social passada ou presente (GOLDMANN, 1993).

Para Bourdieu (1986), contudo, a importância das classes sociais nas sociedades