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3. Estado da Arte em Transmissão Digital

3.7. Critérios Técnicos para a Canalização da TV Digital no Brasil

3.7.5. Relações de Proteção

Em termos gerais é consenso que aonde existam canais disponíveis no espectro de RF para TV, o planejamento deve prever a utilização destes canais com a máxima potência permitida com o objetivo de se atender a área de cobertura pretendida a partir de um único transmissor, ou uma rede de transmissores, e desta forma conseguir os benefícios em termos da oferta dos serviços e da utilização do espectro. Porém, deve-se reconhecer que na realidade, a situação está bem distante da ideal e existem inúmeros problemas para se encontrar o espectro necessário, e os locais disponíveis para a transmissão.

3.7.5.1

Interferência do Canal Digital no Analógico

Deve-se considerar a inclusão dos canais digitais com base no “compartilhamento” do espectro com os canais analógicos já existentes e sendo assim é necessário definir os graus de degradação aceitáveis no serviço analógico, provocado pela Interferência de Co-Canal

(ICC) e Interferência de Canal Adjacente (ICA), do serviço digital. De uma forma geral, o

espectro da transmissão digital tem característica espectral similar ao ruído Gaussiano e sendo assim, o efeito da ICC provoca um aumento do nível de ruído nos receptores analógicos, degradando assim a qualidade da imagem necessária no limite da área de cobertura do sinal. No início das transmissões digitais serão utilizados os canais vagos existentes entre os canais

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analógicos e poderá ocorrer nestes casos uma sobreposição do canal digital nos canais analógicos adjacentes, por este motivo, a máscara de transmissão dos transmissores digitais deverão estar dentro dos limites especificados para não provocar uma degradação no sinal analógico existente. A Figura 3.11 mostra as relações de proteção do canal digital interferente no canal analógico desejado.

Figura 3.11. Relações de proteção do canal digital no analógico

A ANATEL define as relações de proteções necessárias para evitar a degradação do canal analógico de acordo com a Tabela 3.5.

Tabela 3.5. Relações de proteção do canal digital no analógico Localização do Canal Digital Interferente Canal Analógico Desejado (N)

ICC N (co-canal) + 34 dB

ICA N-1 (adjacente inferior) -11 dB

ICA N+1 (adjacente superior) -11 dB

Fonte: Anatel, Resolução No398 (ANATEL, 2005).

3.7.5.2

Interferência do Canal Analógico no Digital

As principais fontes da ICC do sinal analógico no sinal digital estão centradas em torno das freqüências das portadoras de vídeo, áudio e da subportadora de cor do sistema analógico.

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A energia concentrada nestas freqüências é alta devido a sua banda de transmissão ser bastante estreita e desta forma pode interferir sobremaneira no sinal digital reduzindo assim o seu desempenho. Também os produtos de intermodulação destas freqüências podem causar interferências em outros canais do espectro.

Desta forma, os sistemas de proteção de erro do sistema de transmissão devem ter condições suficientes de reduzir ao máximo estas interferências, através de uma escolha adequada do esquema de modulação e das taxas dos codificadores de erro para cada ambiente onde a transmissão estará sendo realizada. Esta característica mostra também a flexibilidade de um sistema de modulação e conseqüentemente aumenta a sua robustez. A Tabela 3.6, mostra os valores definidos pela ANATEL para as relações de proteção do canal analógico no canal digital e a Figura 3.12 mostra as relações de proteção do canal analógico interferente no canal digital desejado.

Tabela 3.6. Relações de proteção do canal analógico no digital Localização do Canal Analógico Interferente Canal Digital Desejado (N)

ICC N (co-canal) +7 dB

ICA N-1 (adjacente inferior) -26 dB

ICA N+1 (adjacente superior) -26 dB

Fonte: Anatel, Resolução No398 (ANATEL, 2005).

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3.7.5.3

Interferência do Canal Digital no Digital

Dada a similaridade com o ruído do espectro de transmissão de um sinal digital, a sua susceptibilidade em relação a ICC é praticamente idêntica a sua susceptibilidade ao ruído térmico, ou seja, um aumento da susceptibilidade conforme os níveis de modulação aumentam para níveis mais elevados, de QPSK para 16QAM e 64QAM (teoricamente 7 dB e 13 dB, respectivamente). Também neste caso os sistemas corretores de erro apresentam flexibilidade para permitir o alto desempenho do sistema. A Tabela 3.7, mostra os valores definidos pela ANATEL para as relações de proteção do canal digital no canal digital e a Figura 3.13 mostra as relações de proteção do canal digital interferente no canal digital desejado.

Tabela 3.7. Relações de proteção do canal digital no digital Localização do Canal Digital Interferente Canal Digital Desejado (N)

ICC N (co-canal) +19 dB

ICA N-1 (adjacente inferior) -24 dB

ICA N+1 (adjacente superior) -24 dB

Fonte: Anatel, Resolução No398 (ANATEL, 2005).

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3.8 Conclusão do Capítulo

A digitalização dos canais de TV trará benefícios tanto pata o radiodifusor como para o telespectador, e, além disso, contribuirá enormemente para uma melhor equalização do espectro de RF nas bandas de TV em VHF e UHF. Este capítulo apresentou as características que deverão ser consideradas na digitalização dos sistemas de transmissão, principalmente relacionadas às interferências de co-canal e canal adjacente, muito forte nas grandes regiões metropolitanas. As relações de proteções apresentadas neste capítulo são as determinadas pela ANATEL e que foram utilizadas para o plano de canalização digital no Brasil. Deve-se considerar também a contribuição apresentada do modelo chinês de TV digital, que por ser muito recente a sua adoção, ainda carece de literatura específica e este tópico em particular poderá ser de grande auxílio para a continuidade das pesquisas.

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4 O Sistema Brasileiro de TV Digital -

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