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RELATÓRIO

No documento Número: (páginas 32-37)

Cuida-se de pedido de apoio formulado pelo Presidente do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, Desembargador Ricardo Roesler, “para implementação da solução sugerida pela equipe

técnica deste Tribunal junto ao Conselho Nacional de Justiça – CNJ”,

através do Ofício nº 3642/2020-GP.

Tal pleito veio acompanhado de Relatório Técnico de Retrocesso do SEEU em relação ao eproc, elaborado pela Diretoria de Suporte à Jurisdição de Primeiro Grau do TJSC, visando “apresentar

dados técnicos – coletados durante os últimos 8 (oito) meses do projeto piloto de implantação do SEEU, realizado na Vara de Direito Militar da Comarca da Capital – referentes aos impactos da implantação do SEEU em todas as unidades com competência para execução penal no Poder Judiciário Catarinense”.

Neste documento, foram identificadas “as principais

diferenças tecnológicas e de usabilidade entre o eproc, na versão implantada em todas as competências do PJSC, e a versão do SEEU em uso no projeto piloto na Vara de Direito Militar da Capital”, tendo ao seu

final concluído “com clareza a distância tecnológica entre o eproc e o

SEEU”, motivo pelo qual “a implantação do novo sistema trará evidentes e claros prejuízos à autonomia administrativa e à gestão operacional do

tramitação dos processos de execução penal em Santa Catarina”, bem

como gerará novos e variados custos “com contratos e gestão

operacional” e “com capacitação e contratação de pessoal”, além de “prejuízo certo à imagem do PJSC junto à comunidade jurídica”.

Destarte, o Tribunal de Santa Catarina solicita o apoio da OAB/SC perante o CNJ, para que “a adoção do SEEU em Santa

Catarina dê-se mediante a construção de um novo acordo, que viabilize a integração do PJSC à política nacional de execução penal, por meio da interoperabilidade entre o eproc e o SEEU, respeitando o pressuposto básico da integração e padronização total de dados, e efetivamente realizada pela colaboração do PJSC na criação e disponibilização de novos módulos voltados à execução penal, em conformidade com a Plataforma Digital do Poder Judiciário Brasileiro (PDPJ-Br), para crescimento exponencial das ferramentas de sistema que tornarão a execução penal em Santa Catarina e no Brasil mais automatizada, célere e humana, com baixo custo de implementação e respeito às realidades locais”.

É o relatório.

VOTO

Através da Resolução nº 280/2019, o Conselho Nacional de Justiça estabeleceu que “A partir de 30 de junho de 2020,

todos os processos de execução penal nos tribunais brasileiros deverão tramitar pelo SEEU”, sendo que “A data prevista no caput do presente artigo poderá ser alterada mediante resolução conjunta das Presidências do CNJ e do Tribunal local” (art. 3º, caput, e § 2º)..

a utilização do sistema eproc no âmbito do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, cuja implantação foi inúmeras vezes solicitada e amplamente apoiada pela Seccional Catarinense da OAB.

Como é público e notório, iniciou-se então um embate entre o CNJ e o TJSC - inclusive com manifestação de apoio da OAB/SC pela manutenção do sistema eproc e aforamento da ação judicial nº 5025629-06.2019.4.04.7200, perante a 4ª Vara Federal de Florianópolis, Santa Catarina -, razão pela qual, em 5 de dezembro de 2019, foi realizada audiência de conciliação entre estas entidades, ficando convencionado que “a implantação do SEEU iria começar (como

experiência piloto) pela Vara com competência Militar do TJ-SC, a partir de 02 de fevereiro de 2020, resultando reafirmados os compromissos anteriormente assumidos e a continuidade do processo de internalização do SEEU junto ao TJSC”.

Após 8 (oito) meses de operação do referido projeto piloto, sobreveio o mencionado relatório técnico de retrocessos do SEEU em relação ao eproc, onde ao longo de 25 páginas, a Diretoria de Suporte à Jurisdição de Primeiro Grau do TJSC estabeleceu um comparativo entre as principais funcionalidades do eproc e do SEEU, bem como a sua integração com o modelo já existente no Poder Judiciário de Santa Catarina.

Em suma, no tocante às funcionalidades, restou apontado que o SEEU: (i) exigirá muito mais tempo para cumprimento das decisões judiciais e controle das penas; (ii) ocasionará gastos extras aproximados de R$ 703.518,40 com a aquisição e manutenção de certificados digitais; iii) não prevê o controle das apresentações à Justiça por biometria; (iv) permitirá a expedição de mandados somente para localidades do mesmo foro; (v) apresenta tecnologia ultrapassada e

eproc; (vi) não tem compatibilidade com smartphones e tablets; (vii) ensejará a necessidade de contratação de novos servidores para operação do sistema, ao considerável custo estimado de, no mínimo, R$ 4.669.500,00 anuais, inter alia.

Do mesmo modo, em relação às integrações, o relatório assinalou que o SEEU “ainda não possui integração com a ação

de conhecimento (integração 1G) tampouco com os recursos do Tribunal de Justiça (integração 2G), notadamente os agravos em execução penal”, bem como “não possui integração com o Sistema Integrado de Segurança Pública de Santa Catarina – SISP”, motivo pelo qual causará

também prejuízos na troca de informações com as varas de origem e com o TJSC, na expedição e revogação de mandados de prisão, na emissão de certidões e no envio de ofícios pelos correios.

Por fim, no concernente à implantação, a equipe técnica da Corte Catarinense afirmou que a migração para o SEEU será problemática, trabalhosa e demorada, necessitando a convocação de 160 servidores por 1 mês, ao custo de R$ 1.526.400,00, sem contar que haveria uma dependência tecnológica e operacional, já que tal sistema é controlado pelo CNJ.

Destarte, tendo em vista todas essas considerações que demonstram os inúmeros prejuízos operacionais, logísticos e financeiros com a implantação do SEEU nos moldes atuais, necessário o apoio da OAB/SC ao pleito apresentado pelo TJSC, conforme inclusive vem fazendo desde o início da operacionalização do eproc.

Afinal, o uso do eproc no âmbito do TJSC sempre foi uma das bandeiras e uma grande conquista desta Seccional Catarinense da Ordem dos Advogados do Brasil, sendo que, na prática, tal sistema

economicamente para todos.

Em contrapartida, como bem apontado no aludido relatório da equipe técnica do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, o SEEU acabará trazendo evidentes retrocessos à agilidade e à segurança na tramitação dos processos de execução penal em Santa Catarina, acarretando ainda despesas diretas aproximadas de 6.5 milhões de reais, só no primeiro ano.

Ex positis, voto no sentido de acolher o pedido

formulado pelo TJSC, para que a adoção do SEEU em Santa Catarina dê-se mediante a construção de um novo acordo, que viabilize a integração do PJSC à política nacional de execução penal, por meio da interoperabilidade entre o eproc e o SEEU.

Florianópolis, 10 de dezembro de 2020

LEONARDO PEREIMA DE OLIVEIRA PINTO Conselheiro Relator

No documento Número: (páginas 32-37)

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