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ESUMO

O hematoma espontâneo da parede abdominal é uma entidade infrequente que corresponde ao acúmulo de sangue na bainha do reto abdominal. Relata-se o caso de uma paciente admitida com insufi ciência cardíaca crônica, hipertensão arterial sistêmica, fi brilação atrial crônica e insufi ciência renal crônica que, embora com coagulograma normal, desenvolveu um sangramento espontâneo da parede abdominal. O tratamento adotado foi o conservador, com sucesso. Segue-se uma revisão da literatura sobre o assunto e uma discussão sobre a conduta mais apropriada.

Unitermos: Hematoma Espontâneo de Parede Abdominal, Hematoma Espontâneo de Músculo Reto Abdominal.

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UMMARY

The spontaneous abdominal wall hematoma is an infrequent entity which corresponds to the accumulation of blood in the sheath of the rectus abdominis muscle. We report a case of a patient admitted with chronic heart failure, hypertension, chronic atria fi brillation and chronic renal failure that, although with normal coagulation tests results, developed a spontaneous bleeding in the abdominal wall. Conservative treatment was adopted with

success. A review of the literature about the subject and a discussion about the more appropriated approach are followed.

Keywords: Spontaneous abdominal wall hematoma. Spontaneous rectus abdominis muscle hematoma.

I

NTRODUÇÃO

O hematoma espontâneo da parede abdominal é uma entidade infrequente que corresponde ao acúmulo de sangue na bainha do reto abdominal por ruptura de vaso epigástrico ou da própria musculatura de forma atraumática.

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ELATO DE CASO

Paciente M.N.S.P, 71 anos, negra, feminina, foi admitida no serviço em 07/08/2009, com quadro de insufi ciência cardíaca crônica, hipertensão arterial sistêmica, fi brilação atrial crônica e insufi ciência renal crônica agudizada com necessidade de hemodiálise.

No 12º dia de internação, a paciente apresentou quadro de dor abdominal em fl anco direito e hipocôndrio direito, de moderada intensidade, e ao exame físico observou- se a presença de cicatriz cirúrgica mediana infraumbilical prévia e massa abdominal, palpável, estendendo-se do

1.Titular do Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva e Federação Brasileira de Gastroenterologia, Universidade de Uberaba (UNIUBE) e Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), Uberaba, MG, Brasil. 2.Acadêmica de Medicina da Faculdade de Medicina da Universidade de Uberaba (UNIUBE), Uberaba. MG, Brasil. 3.Acadêmico de Medicina da Faculdade de Medicina da Universidade de Uberaba (UNIUBE), Uberaba. MG, Brasil. 4.Acadêmico de Medicina da Faculdade de Medicina, Universidade de Uberaba (UNIUBE), Uberaba. MG, Brasil. 5.Acadêmico de Medicina da Faculdade de Medicina da Universidade de Uberaba (UNIUBE), Uberaba. MG, Brasil. Endereço para correspondência: Dr. José do Carmo Jr - Avenida Flamboyant, 120 – Uberaba - MG – Brasil - CEP 38066-030 - Tels.: 55 34 3316-2986 / 96789100 / e-mail jcarmo.junior@hotmail.com. Recebido em: 8/01/2011. Aprovado para publicação em: 15/02/2011.

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hipocôndrio direito até hipogástrio de 10 por 8 centímetros (Figura 1), dolorosa à mobilização, não pulsátil, sem sopros, sem sinais de irritação peritoneal. A análise laboratorial não evidenciou a presença de leucocitose no hemograma e apesar do uso de heparina (15.000 UI/dia), o TAP e TTPA eram normais (1,23 e 0,99 respectivamente).

A partir deste quadro, foram solicitados ultrassom abdominal e tomografi a computadorizada de abdome, que evidenciaram volumosa massa heterogênea na parede abdominal à direita compatível com hematoma do músculo reto abdominal. (Figuras 2 e 3).

O tratamento adotado foi conservador com boa evolução clínica, evidenciado pelo exame clínico e ultrassom abdominal de controle com redução signifi cativa das dimensões do hematoma.

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ISCUSSÃO

O hematoma espontâneo da parede abdominal é uma entidade clínica pouco frequente, relacionada à ruptura da artéria epigástrica inferior e pequenos vasos do músculo reto abdominal, não raro erroneamente diagnosticado como abdome agudo.

Aparece normalmente em pacientes em uso de anticoagulantes ou heparina em altas doses1,2,3, podendo também se correlacionar a esforço físico vigoroso, vômitos, tosse, pós-operatórios, doenças musculares degenerativas e do colágeno, hipertensão arterial, insufi ciência cardíaca, gravidez e parto, distensão abdominal e ascite4. A incidência é maior no sexo feminino, com predomínio infraumbilical, e na faixa etária entre 17 e 83 anos com média de 46,8 anos5. O quadro clínico deve ser diferenciado de causas de abdome agudo, sendo o ultrassom abdominal e a tomografi a computadorizada os exames de imagem mais efetivos no diagnóstico1,6, embora sonografi camente esses hematomas podem ser confundidos com tumores de parede abdominal; à tomografi a computadorizada, geralmente se apresenta como uma massa hiperdensa posteriormente ao músculo reto abdominal com aumento ipsilateral da musculatura7. O tratamento inicialmente é conservador, consistindo em repouso, uso de gelo local, analgésicos e anti-infl amatórios8. A indicação cirúrgica ocorre quando houver instabilidade hemodinâmica grave, dúvida diagnóstica, infecção, insucesso

Tomografi a computadorizada de abdome, evidenciando massa em parede abdominal.

Figura 3

Massa abdominal.

Figura 1

Ultrassom abdominal, evidenciando massa em parede abdominal.

Figura 2

HEMATOMAESPONTÂNEODEPAREDEABDOMINAL: RELATODECASOEREVISÃODALITERATURA

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do tratamento conservador2,8,9,10. Pode ser também optado pela embolização do vaso sangrante por técnica de radiologia intervencionista11. A mortalidade varia de 4 a 18%5.

No caso descrito, a paciente possuía cirurgia abdominal prévia, hipertensão arterial e insufi ciência cardíaca, estando em uso de heparina, que são condições relacionadas à formação de hematoma espontâneo da parede abdominal. O diagnóstico foi feito por ultrassom de abdome e tomografi a computadorizada de abdome, sendo o tratamento conservador efetivo em acordo com a literatura existente8.

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ONCLUSÃO

O hematoma espontâneo da parede abdominal deve ser corretamente diferenciado de outras causas de abdome agudo para que o tratamento seja adequado, evitando intervenções cirúrgicas desnecessárias.

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EFERÊNCIAS

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Challenges on imaging follow-up for rectal neuroendocrine

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