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ÍNDICE 1 INTRODUÇÃO

1.2 RELEVÂNCIA DO TEMA

Os estados brasileiros detentores das maiores reservas de minério de ferro são: Minas Gerais com 72,5% das reservas, Mato Grosso do Sul com 13,1% e Pará com 10,7%. Percebe-se que Minas Gerais é o principal estado minerador do país e maior produtor de minério de ferro, com mais de 400 municípios contendo atividades de mineração. Destaca-se, sobretudo, a região do Quadrilátero Ferrífero, sendo caracterizada pela presença de grandes complexos mineradores. (DNPM, 2014; IBRAM, 2015a; IBRAM, 2015b; Santos & Ribeiro, 2007).

A intensa exploração das jazidas e o aprimoramento das técnicas de lavra e de beneficiamento, ao longo do tempo, promovem o aproveitamento de minérios com teores cada vez menores, consequentemente, elevando a geração de rejeitos. Diante do exposto, o estado de Minas Gerais é responsável por uma geração considerável de rejeitos de mineração, que demanda cada vez mais investimentos em estruturas de contenção para sua disposição. Uma melhor compreensão deste tipo de rejeito e de sua utilização como material de construção se torna essencial para diminuir os impactos ambientais provenientes do beneficiamento do minério.

Minerações em áreas urbanas produzem impactos ambientais que são inerentes à atividade, gerando desconforto à população local e possíveis conflitos socioambientais. As implicações ambientais envolvidas no processo de mineração de ferro, a proximidade de áreas urbanas e a pressão da opinião pública têm dificultado o licenciamento de áreas para a construção de novas barragens ou de alteamento de barragens existentes, despertando a necessidade de se investigar novos métodos para o reaproveitamento dos rejeitos (Guimarães, 2011; Bacci et al., 2011).

A Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM) publica anualmente o Inventário de Barragens, cujos dados são utilizados no planejamento de ações de fiscalização e gestão das barragens em Minas Gerais. No ano de 2015 verificou-se 442 barragens de mineração cadastradas no Banco de Declarações Ambientais (BDA). No Anexo I, apresenta-se as barragens de mineração existentes em Minas Gerais e, na Tabela 1.1,

estão indicadas as barragens de mineração com volume de reservatório superior a 5,0 milhões de m3 (FEAM, 2016).

Tabela 1.1 – Lista de barragens de rejeito de minério de ferro em Minas Gerais cadastradas no BDA com volume do reservatório superior a 5 milhões de m3 (FEAM, 2016)

Empreendimento Nome Município Reservatório (m³) Volume do Anglo American Minério

de Ferro Brasil S/A Barragem de Rejeitos

Conceição do Mato

Dentro 40.000.000 Companhia Siderúrgica

Nacional Barragem B5 Congonhas 5.200.000

Companhia Siderúrgica

Nacional Barragem Casa de Pedra Congonhas 9.283.500 VALE S.A. Barragem Campo Grande Mariana 20.550.000 VALE S.A. Barragem CEMIG II Itabira 12.314.000 VALE S.A. Barragem Conceição Itabira 40.600.000 VALE S.A. Barragem Doutor Ouro Preto 34.200.000

VALE S.A. Barragem I Brumadinho 12.700.000

VALE S.A. Barragem Itabituçu Itabira 230.000.000

VALE S.A. Barragem Jirau Itabira 6.187.000

VALE S.A. Barragem Maravilhas II Itabirito 76.300.000

VALE S.A. Barragem Piabas Itabira 59.734.000

VALE S.A. Barragem Pontal Itabira 122.500.000

VALE S.A. Barragem Rio do Peixe Itabira 13.110.000

VALE S.A. Barragem Santana Itabira 11.000.000

VALE S.A. Barragem Timbopeba Ouro Preto 34.000.000 VALE S.A. Cordão Nova Vista Itabira 10.000.000 VALE S.A. Córrego do Canal (SUL) São Gonçalo do Rio Abaixo 53.200.000

VALE S.A. Dique 04 Pontal Itabira 5.700.000

VALE S.A. Dique 05 Pontal Itabira 7.200.000

VALE S.A. Dique Braço 02 Itabira 17.400.000

VALE S.A. Dique Braço 3 Itabira 6.720.000

VALE S.A. Dique Minervino Itabira 6.500.000

VALE S.A. Forquilha I Congonhas 26.000.000

VALE S.A. Forquilha II Congonhas 24.000.000

Ferrous Resources do

Brasil Barragem 7 Jeceaba 8.366.600

Itaminas Comércio de

Minérios S.A. B4C Sarzedo 5.400.000

De acordo com o IBRAM (2014), os impactos das atividades de mineração, positivos e negativos, diretos e indiretos, ocorrem desde a fase de prospecção até a de pós- fechamento, mas sua intensidade se altera de acordo com diversas variáveis, tais como: localização geográfica; condições climáticas; densidade demográfica; aspectos econômicos e de infraestrutura presentes no local. As comunidades localizadas no entorno dos empreendimentos minerários e das instalações adicionais necessárias para desenvolver as atividades de mineração são as principais receptoras dos impactos provocados pelas mineradoras.

Saraiva (2006) destaca que uma das alternativas ao uso de agregados em estrutura de pavimentos consiste na adoção de materiais alternativos de inserção regional que, mesmo não se enquadrando totalmente às condicionantes normativas, assegurem um desempenho estrutural tão satisfatório quanto aos sistemas convencionalmente adotados nas rodovias. O estudo da aplicação racionalizada destes resíduos através de métodos, processos e tecnologias apropriadas visa contribuir para torná-los atrativos no aspecto econômico em relação aos agregados convencionais e diminuir o passivo ambiental gerado pelos mesmos.

Avaliando-se as implicações de ordem ambiental, do custo e do risco social decorrentes da atual prática de deposição desses resíduos em barragens, Campanha (2011) enfatiza que a utilização de rejeitos oriundos do processo de mineração na construção rodoviária é uma forma alternativa de dispor adequadamente de parte da produção de rejeitos geradas, minimizando a ocorrência de risco ambiental. A autora conclui que dentro deste cenário de dependência relativa ao transporte terrestre no país, a expressiva geração de rejeitos e o deficitário contingente de rodovias pavimentadas, conduzem ao desenvolvimento de pesquisas que viabilizem alternativas fundamentadas pelo conceito de sustentabilidade.

Em função da grande disponibilidade dos rejeitos de mineração no Quadrilátero Ferrífero, este material alternativo torna-se uma opção tecnologicamente viável e ambientalmente correta. O desenvolvimento de inovações referentes à utilização desses resíduos em pavimentos rodoviários faculta diversas oportunidades de melhoria do

desempenho econômico e ambiental das atividades minerárias, visto que as barragens de rejeito necessitam de grandes áreas para compor o seu reservatório. Como aspectos positivos do aproveitamento do rejeito de mineração na construção de rodovias, citam- se:

 Melhoria na gestão socioambiental da mineradora;

 Redução no consumo de agregados finos artificiais, contribuindo dessa forma para o aumento da vida útil das jazidas de agregados convencionais existentes e possibilitando a preservação da vegetação de áreas destinadas à exploração futura;  Redução da extração de recursos naturais a serem utilizados na usinagem de

concretos asfálticos;

 Minimização do volume de rejeito a ser disposto em barragens;  Diminuição no número e tamanho de novas barragens;

 Possibilidade de transformação do rejeito em co-produto de mineração;

 Possibilidade de redução do custo da mistura asfáltica utilizada no revestimento rodoviário.

Apesar da ampla busca por publicações, estudos, referências ou pesquisas relacionadas a utilização do rejeito de minério de ferro em concretos asfálticos, identificou-se poucas citações disponíveis na literatura. Tal fato indica grande possibilidade deste trabalho compor os estudos pioneiros relacionados ao tema, o que estimulou sobremaneira seu desenvolvimento.

Há, portanto, vasto campo de trabalho a ser desenvolvido para melhorar a situação das rodovias do país e garantir melhor qualidade, redução de gastos com manutenção de veículos, conforto e segurança aos usuários. Deste modo, é imprescindível estimular o uso de materiais alternativos, principalmente resíduos industriais, na confecção de revestimentos asfálticos, como forma de promover a construção de pavimentos rodoviários mais econômicos e com desempenho mecânico satisfatório. Além de contribuir com a conservação e preservação do meio ambiente.