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Os hebreus desde o começo tiveram uma religião revelada e não uma religião natural

ou filosófica como vemos em muitos povos da antiguidade. A história de Israel sempre esteve intimamente ligada à vontade de Deus, tudo dependendo das reações do povo de Israel, em anuência ou desobediência. Até os seus reis são vistos em primeiro lugar não por suas conquistas ou poderio econômico, mas são medidos principalmente pela sua fidelidade (ou a falta dela) para com Deus.

O monoteísmo veio a ser o conceito central da religião judaica, numa crença em que

Javé o é único Deus; o cânon bíblico estabelecia a base para uma cultura sólida, uma religião embasada e uma filosofia que aparece no meio do judaísmo de forma coerente com o que versava os livros da Bíblia. A lei era de importância crucial e central na religião judaica.

A religião dos patriarcas era a javista (centrada em Javé), apesar da Bíblia só usar o

nome Javé quando chega em Moisés, antes usando apenas Deus (Elohim) sobre as mais diversas formas – El Shaddai, El Elyon, El Olam, El Roi, Javé Jhirê, El Bethel. O Deus dos patriarcas eram representados por diversos nomes que são: O Deus de Abraão (elohê abraham) – Gn 28:13; 31:42, 53; O Temido de Isaac (pahad Yishaq) – Gn 28:42, 53 e O Poderoso de Jacó (abir Ya’qob) – Gn 49:24.

O significado da fé javista – é essa fé que “constitui a força determinante que, ao contrário dos pressupostos desfavoráveis, possibilitou a formação de uma literatura israelítica autônoma, que se distingue fundamentalmente das demais literaturas do Antigo Oriente pelo seu pensamento religioso. Trata-se, na realidade de um processo que se prolonga ao longo dos anos, por vários séculos e seria por demais simplificar as coisas, se quiséssemos limitá-lo à época que vai até os reis. Neste período, encontram- se apenas as raízes de onde, pouco a pouco, se desenvolveu a teologia israelítica, onde se torna claro que as forças propulsoras da fé javista são as idéias da soberania divina e da união com Deus” (Sellin – Fohrer – Introdução ao Antigo Testamento, vol. 1, pg 22 – Introdução).

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A religião patriarcal era uma religião sacerdotal, posto que o chefe do clã, ou o pai de família era o seu sacerdote, porém quando chega em Moisés, esse ofício é institucionalizado e uma tribo em Israel é escolhida para fazer os serviços que advém aos sacerdotes. Veio lutando contra a idolatria desde o seu surgimento como povo (posto que Abraão vem de um povo politeísta e com certeza teve influências disso em sua vida e na vida do seu povo e também peregrinaram por terras idólatras).

É uma religião que enfatiza a responsabilidade moral pessoal; crê na recompensa, como crê no castigo; a salvação pessoal é luma doutrina que se desenvolveu naturalmente a partir da crença na alma e na ressurreição do corpo, desenvolvida principalmente a partir do século IV e II a.C., pelos hassideanos – uma facção farisaica.

Por causa de tudo isso e da diferença existente entre a religião em Israel e nos povos vizinhos é que a fé judaica se tornou etnocêntrica, posto que os fariseus ensinavam durante todo o seu tempo que a salvação pessoal só podia ser obtida por membro da fé judaica, através da leitura e observância cuidadosa da lei mosaica que fora dado exclusivamente a Israel, numa deturpação do princípio salvífico de Deus que planejou ser glorificado com a salvação de pessoas de entre todos os povos.

As religiões da antiguidade, principalmente a do tempo em que os patriarcas estiveram

sobre a terra peregrinando são encontradas em suas diversas formas, mas principalmente voltadas para o politeísmo (poli – muitos – theos – deus, sendo então literalmente “muitos deuses”), mas também como formas de henoteísmo (heno – um – theos – deus, sendo então literalmente “um deus”, ou “único deus”, numa forma velada de mostrar que a responsabilidade do homem deve ser perante um deus, porém existem outros deuses que tem outras atividades que não a comunicação com os homens, a qual é devida somente ao deus adorado como sendo aquele que se comunica com o homem). É o que chamamos de politeísmo teórico, ou velado. Há apenas uma referência que parece ser monoteísta no passado (fora de Israel) que é o Egito na época de Iknathon, que promoveu a adoração exclusiva a Aton, o deus-sol, porém, como bem falam os eruditos até aí vemos a forma de henoteísmo, num politeísmo velado, que não encontra razão de ser como o Deus da fé javista de Israel. Somente em três grandes religiões no mundo

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encontramos o monoteísmo desenvolvido que são o cristianismo, o islamismo e o judaísmo.

Abraão não era idólatra, mas vivia rodeado de idolatria. No princípio, com Adão, o homem tivera UM SÓ DEUS e no Jardim viveu em comunhão com ele até que o pecado veio para subverter a raça humana e desta forma, diversas manifestações do pecado tomaram a natureza como tendo vida em si mesma (não sendo manifestação de Deus, mas sim ‘fontes de vida’) e a partir daí desenvolveram-se teorias as mais diversas sobre seres deificados, homens de Deus sendo transformados em seres divinos, numa clara demonstração da atuação de Satanás no meio da história, para confundir e prevalecer contra o povo de Deus, induzindo-os a olharem para a criatura no lugar do criador. Apesar de o pai de Abrão ser idólatra (Js 24:2) e também os seus conterrâneos, Abraão demonstra ser MONOTEÍSTA sem dúvida por DIVINA REVELAÇÃO, ou seja, Deus manifestou-se a ele pessoalmente, numa revelação direta do Senhor. Existem lendas que falam sobre Abraão sendo perseguido em criança por se recusar a adorar ídolos.

36 CONSIDERAÇÕES GERAIS

De todos estes mistérios que a Palavra nos leva a pensar, sobre a formação do povo judeu, de suas peregrinações entre tantas regiões e num labirinto de línguas, povos e culturas distintas, devemos crer que a mão divina estava ali, levando e levantando-os de lugar para lugar, de língua para língua, de cultura para cultura, de costume para costume, preservando o que queria e deixando claro o que não era para ser assimilado pelo seu povo.

No meio de tantas confusões que o mundo antigo nos oferece a vista, precisamos crer – e isso fica patente aos olhos – que a eterna SOBERANIA de Deus é quem fez com que o povo judeu viesse a se tornar um povo com as características que tem e que a partir dele resolveu, por DECRETO eterno, dar-nos o seu Filho, Jesus, que é o supra-sumo da revelação da Palavra, de Deus, da sua Vontade, de seu amor, da sua Bondade, do seu Propósito, de sua Redenção, do Projeto de Salvação para o seu povo, do seu amor por nós e de sua misericórdia, que afinal é a maneira como que ele mesmo se lança em nosso meio para nos dar a salvação de maneira que iremos satisfazê-lo.

Poderíamos fazer outras tantas considerações, mas deixamos para o final (ver Tábuas

Cronológicas onde procurei traçar – limitadamente – um perfil cronológico da história)

várias considerações, que em nível de esquema ou tabela, você poderá tomar posse de uma visão mais organizada dos fatos, porém, se a pretensão de ser exato nos seus termos, até porque seria impossível determinar com exatidão datas e fatos históricos sem passar por dificuldades de anacronismo.

Entendamos então que, dentro do aspecto cultural, literário e lingüístico histórico mundial, Deus separa e preserva uma cultura, vindo de Abraão que tem a sua ascendência entre os “filhos de Deus” (dos quais se nos é tratado em Gn 6), que são os filhos de Sete, filho de Adão, ascendência principal do chamado “povo de Deus” e que também passa por Sem, filho de Noé, filho de Sete, filho de Adão.

Deus em seu eterno decreto e vontade soberana resolveu e fez cumprir o seu propósito na formação do seu povo, com características peculiares, absorvendo, em todos os

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sentidos o que Deus quer do seu povo, as características de um povo centrado em um só DEUS, na fé javista, peculiar ao povo de Deus, no meio de povos e culturas politeístas e polidemônicas, com inserções de cultos demoníacos e desprovidos da graça de Deus, mas ainda assim, o povo de Deus, apesar de muitos problemas com o mal no seu próprio meio, é preservado por Deus, tratado por Deus, levado por Deus a continuar sua carreira de fé, apesar das quedas, idolatria, tentativa de abandono de Deus e de seu governo sobre eles, mas sempre sendo levados por Deus para o retorno ao culto e adoração voluntários ao Senhor que os criara e separara.

Isto é muito forte na cultura de Israel de um modo geral e deve nos servir de base para lidarmos com nossa própria vida, pois este é o mesmo Deus que nos ESCOLHEU antes da fundação do mundo para sermos dele em amor e nos PREDESTINOU para sermos conforme a imagem de seu Filho, gerados por meio da graça que há em Cristo Jesus, para a fé, perseverança e glorificação final em Cristo Jesus, levados por Deus, numa demonstração de livre propósito e soberana vontade (dele mesmo!), para habitar os seus, vivendo a eternidade, para a qual fomos criados, junto com ele, para a glória dele!

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