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JETHRO INTERNACIONAL THEOLOGICAL SEMINARY 320 Revere Beach Pkwy, Chelsea, MA PANORAMA DO VELHO TESTAMENTO MT - 11

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J E T H R O I N T E R N A C I O N A L

T H E O L O G I C A L S E M I N A R Y

320 Revere Beach Pkwy, Chelsea, MA. 02150

PANORAMA DO

VELHO TESTAMENTO

MT - 11

617-594-7791 www.jitseminary.com jethrousa@gmail.com

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UNIDADE I

Introdução

A Introdução Bíblica, uma das disciplinas que trata da formação do texto bíblico, fala justamente da questão do texto, tanto do Novo, quanto do Antigo Testamento. Designações quanto à formação da Bíblia, etnias, religiosidade de Israel no tempo de escrita dos livros da Bíblia, cânon, crítica bíblica, valor e autoridade do Antigo e do Novo Testamento e também de aspectos cronológicos. Acrescentaremos nesta matéria alguns aspectos da Manuscritologia, de forma bem geral, mas para da uma noção e situar os estudantes dentro do texto e da composição Bíblica.

A Palavra Escrita

A Bíblia pode ser descrita como uma coleção de livros escritos e que a Igreja reconhece como inspirados; chamamos de Escritura, Escritura Sagrada e especialmente Testamento (Antigo e Novo). A palavra Bíblia vem até nós do grego através do latim. A expressão grega é ta biblia – “os livros”; no latim tardio, a palavra tomada por empréstimo biblia (plural neutro em grego) foi considerada como um substantivo latino, feminino, singular, significando “o livro”. Estes significados dados, porém não satisfazem, posto que a Bíblia é uma BIBLIOTECA de livros com diversos autores humanos (em torno de 40) e um autor Divino – Deus, através da inspiração do Espírito Santo.

Dividida em duas partes – Antigo e Novo Testamento, vemos uma palavra – “testamento” (que em português se deriva do termo testamentum do latim) que é uma tradução aproximada de berith (hebraico) e diatheke (grego) – indicando uma característica fundamental da revelação, isto é o PACTO, ALIANÇA, ACORDO ou CONTRATO de Deus com o seu povo (em grego também poderemos pensar em “disposições testamentárias”). Esta aliança era um contrato, visto que o povo também, por seu lado, aceitou certas condições, especialmente na obrigação de ser fiel a Ele, o único Deus verdadeiro.

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O Antigo Testamento, num sentido mais restrito é a história do povo de Deus ante a luz do Pacto, porém marcados pela fidelidade de Deus (de um lado) e infidelidade constante do povo (de outro lado). Essa infidelidade traz, inevitavelmente, castigo merecido sucessivamente. Mesmo assim Deus continua fiel à Aliança feita com seu povo.

O Novo Testamento, porém marca o início da Nova Aliança (por isso Novo Testamento), baseada não em sangue de bodes e de carneiros, como na Antiga, mas no sangue de seu próprio Filho, Jesus.

O Antigo Testamento é a preparação de Deus para o Novo Testamento. A Antiga aliança conduz-nos à Nova Aliança e o Antigo Testamento não pode ser compreendido completamente sem a luz do Novo Testamento sobre ele. Os dois, juntos, formam uma única revelação do plano de Deus para redenção do seu povo!

O Antigo Testamento é o que torna o Novo compreensível e aceitável e de outro lado, o Novo só pode ser entendido à luz que lhe provém da revelação do primeiro. Jesus disse àqueles que não criam ser ele o Messias:

“Se acreditásseis em Moisés, acreditaríeis também em mim, porque ele escreveu a meu respeito” (Jô 5:46).

Cristo abriu a mente dos apóstolos para o entendimento das escrituras (Lc 24:25) e Paulo argumenta sobre o véu que cobre as mentes dos judeus quando lêem o Antigo Testamento, véu este que só é retirado em Cristo (II Co 3:14 ss).

“Existe, portanto no Antigo Testamento um conteúdo que somente a fé cristã está em condições para compreender e julgar” (Teodorico Balarini, Bolonha, 1969 – Introdução Bíblica, pg 25 – “Dois Princípios” – Ed Vozes).

Há CINCO verdades que podemos afirmar retirando disto dito acima:

1. O AT (AT = Antigo Testamento) é a história que nos prepara o advento de Cristo; 2. O AT é também a história das intervenções de Deus na vida do homem, para

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3. O AT é uma exposição doutrinária e religiosa que prepara o surgimento do cristianismo;

4. O AT é uma pedagogia religiosa: a Lei nos conduz até Cristo; 5. O AT é uma figura (tipo) do NT (NT = Novo Testamento).

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VISÃO GERAL DO ANTIGO TESTAMENTO

CIÊNCIA INTRODUTÓRIA DO ANTIGO TESTAMENTO

A denominação AT (Antigo Testamento) remonta a maneira que falamos da Bíblia, posto que a expressão “testamento” vem do latim, testamentum, que é a tradução do hebraico berit e do grego diatheke, “pacto”, “acordo”, “contrato”, “aliança” (em grego = disposições testamentárias) – tudo isso ligado a idéia da Aliança feita ente Deus (Javé) fez com Israel, através de Moisés.

Este conhecimento da maneira de expressar sobre o Antigo Testamento dá-se através do judaísmo, com a coleção de livros que se tornaram Sagrada Escritura também para o cristianismo e para o islamismo. Com a vinda e Jesus e a “Nova Aliança” a expressão passou a significar os tempos anteriores a Cristo. O Antigo Testamento é que é a escritura dos cristãos no princípio e o próprio Jesus assume a autoridade que o AT tinha (Mt 5.17-19; Lc 10.25-28; 16.19-31), pois somente aos poucos é que foi surgindo o Novo Testamento.

Apesar da ignorância de muitos, partidarismos raciais ou mesmo político em aceitar o Antigo Testamento, temos a necessidade de o entendermos como um todo, suas partes e o pesquisarmos de maneira científica – e é justamente disso que trata a Ciência Introdutória do Antigo Testamento – tendo como objetivo estudar e expor todas as

fases de desenvolvimento do AT, desde suas origens até sua conclusão.

“A multiplicidade dos métodos atuais de pesquisa e dos processos de compreensão pode-nos parecer desconcertante. Daí é que se explica talvez a facilidade com que os estudiosos se dedicam a um destes métodos, com exclusão dos demais. Justamente cabe a ciência introdutória uma função toda especial nas circunstâncias atuais: ela se deve empenhar por organizar o processo de exposição, de modo diverso daqueles que se observam em obras recentes e deve agrupar entre si aqueles livros que apresentem características comuns, independentemente da ordem em que eles aparecem dentro do cânon hebraico do AT. A respeito destes grupos, devem ser destacados primeiramente os seus elementos comuns, desde pano de fundo histórico do Antigo Oriente, até aos

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problemas da história das formas e da tradição, e aos fatores que dizem respeito à compilação e a transmissão dos textos e, a seguir, os problemas que se referem à formação e à origem de cada livro do AT, pertencente ao respectivo grupo, tudo isso através de um processo conjunto de análise e de síntese. Por último, o estudo da história do cânon e dos textos deve levar em conta o desenvolvimento posterior do AT” (SELLIN – FOHRER – Introdução ao Antigo Testamento – Vol 1 – páginas 14, 15

e 16 – 3ª Edição – 1978).

A tradição em sua forma atual

Análise literária (Crítica Literária)

FORMA CONTEÚDO INDIVIDUALIDADE

Pesquisa dos gêneros literários (determi-nação das formas de expressão História das formas (história de cada forma em particular) História das formas de Expressão (história literária) História dos motivos e dos materiais (cada um dos motivos e sua história) História da transmissão oral (estágio pré-literário da tradição) História da tradição (determinação e pesquisa das correntes da tradição)

Forma e função Tradição e interpretação

Análise estilística

Técnica de composição, história da redação. (Compilação e reelaboração)

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A FORMAÇÃO DO TEXTO BÍBLICO

A formação do AT foi um processo bastante longo. Muito do mundo antigo está baseado na tradição oral que passaram de pai para filho, de contador de história para crianças, de mestres para alunos, de maridos para esposas e assim, foi preservada a história, por exemplo, do Princípio de todas as coisas. Moisés, quando escreveu estava mais ou menos no século XIII a.C; ele conta histórias do século XIX a.C., que falam sobre Abraão e seu chamado por Deus e de todos os patriarcas que vieram antes dele. Algo em torno de 1320 até 1280 a.C. foi a época em que Moisés escreveu os seus livros – do Êxodo do povo saindo do Egito, até à entrada na terra de Canaã. Como Moisés não entrou este ano (1280 a.C.) é o período limite para que ele tivesse escrito os seus livros. Neemias, com sua missão reformadora, já no ano 434 a.C., acompanhado das profecias de Malaquias encerra a história do AT, dando um total arredondado de 800 anos para os escritos aparecerem na forma original.

Depois deste período de Neemias e Malaquias, acontece o que chamamos de Período Interbíblico (ou Período Intertestamental = entre os dois testamentos), onde há um silêncio profético de cerca de 400 anos – tempo esse onde os acontecimentos podem ser acompanhados em livros que fazem parte da tradição histórica da época de Israel ou de outros povos. Passados estes anos de silêncio, vem a Plenitude dos Tempos, onde Jesus nasce encarnado homem. A partir daí temos a vida e ministério de Jesus que começam a ser retratados depois de sua morte e ressurreição – começando pelo livro de Tiago indo até o Evangelho de João, já no final da era apostólica. Enquanto o AT levou algo em torno de 800 anos para ser formado o NT aparece dentro do período da Igreja Primitiva, em apenas 50 anos de escritos. Dos primórdios no AT até o final do NT chegamos a possivelmente 2000 anos de escritos que perfazem a Bíblia como nós a conhecemos hoje em dia.

Toda a formação do AT passa, logicamente, pela formação do povo de Israel, e como não deixaria de ser pela família formada em Abraão.

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Abraão aparece na história da humanidade por volta do segundo século a.C. (2040 a.C., segundo Joseph Angus, em História, Doutrina e Interpretação da Bíblia, Apêndice I, pág 328).

“O nome ‘Abraão’ (Abamram) aparece em textos babilônicos da Primeira Dinastia e possivelmente nos textos das Execrações, enquanto que nomes contendo os mesmos componentes são encontrados em Mari” (J Bright – História de Israel, página 96 – Antecedentes e primórdios – Os patriarcas).

Estas citações são importantes, pois situam Abraão e a história bíblica a seu respeito dentro do contexto da história de outros povos, dando-nos uma data possível para o seu nascimento, posto que a Bíblia não trata deste assunto, pois não se preocupa em provar, mas em explanar sobre o acontecido.

Dentro deste aspecto, iremos ver agora um pouco da formação do povo de Israel, suas origens, influências culturais, literárias e religiosas.

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CÂNON DO ANTIGO TESTAMENTO

O processo de canonização de qualquer coleção de Livros Sagrados precisa de séculos para ser completado, é uma tarefa árdua e difícil. Pressupor que a Canonização é uma atividade apenas humana que determinaria o que foi ou não escrito do que Deus quis é deixar de lado toda a preservação do texto Bíblico que Deus fez durante os séculos que se passaram desde o começo dos escritos – é deixar de lado a ação do Espírito Santo. O processo é longo, o processo é penoso, o processo tem que ser guiado por Deus e permitido pelo próprio Senhor, o homem, em sua pesquisa, conhecimento e processo de desenvolvimento histórico, lingüístico e cultural, influencia muito em todo o processo. No Antigo Testamento, os livros apócrifos foram rejeitados ou aceitos de acordo com regiões ou influências pelos anos sem fim, indo atravessar os dias do neotestamentários e sendo resolvidos somente na época da Reforma Protestante.

A disputa pelos livros canônicos e os apócrifos, que com o tempo tentaram incorporá-los à Bíblia parte de dois pressupostos: um, os extremamente liberais, que partem do não acreditar em quase nada e, portanto os colocam bem ao lado de outros livros da Bíblia; de outro lado os conservadores extremados que nem sequer mencionariam os livros para lê-los em seu importante informe histórico.

O melhor a adotar é uma posição mediana – ou seja, analisando friamente, em nenhum lugar da Bíblia encontra-se uma lista dos livros canônicos e isso nos diz que teremos, depois de acuradas investigações, o elemento da FÉ para decidir o que fazer. Deus esteve no processo de formação da palavra assim como esteve na sua preservação e também no processo histórico que se formou por séculos para decidir que livros seriam colocados como canônicos, quer no Antigo ou Novo Testamento.

A LEI

O processo histórico do Cânon pode ser descrito como iniciado em 621 a.C., quando Josias estabelece uma reforma em Israel, quando foi encontrado o Livro de

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Deuteronômio que se tornou o livro base para tal reforma. Os incidentes escritos em Gênesis exigem um conhecimento de causa muito grande e realmente devem ter sido baseados em documentos escritos e cuidadosamente preparados. No livro do Êxodo, 75 vezes diz: “Disse o Senhor a Moisés”, mostrando que estes livros estão baseados na vontade revelada do Senhor e que Moisés foi para quem foi feita a revelação. Em todo o Antigo Testamento e Novo Testamento consideram Moisés como autor dos cinco primeiros livros da Bíblia (o Pentateuco); só em Josué é mencionado 56 vezes e a lei escrita é referida por 4 vezes no livro.

“A questão da autoridade mosaica do Pentateuco é importante por ter sido ele uma grande e bem reconhecida figura espiritual, pelo que, o que ele escreveu deve ser respeitado como divinamente inspirado. É nesse ponto que encontramos a primeira evidência de canonicidade”

OS PROFETAS

Evidências históricas nos mostram que entre 250 e 175 a.C os profetas posteriores e anteriores eram considerados Escritos Sagrados. Isso inclui os livros de Josué, Juízes, Samuel e Reis (como profetas anteriores); Isaias, Jeremias e Ezequiel como profetas posteriores e os doze profetas menores. Os escritos dos profetas se distinguiam tanto que não demorava muito para que fossem considerados autoritários (inspirados por Deus, com autoridade de Deus). Em quase todos vemos sempre a fórmula: “Assim disse o Senhor”.

OS ESCRITOS

Os Salmos, Provérbios, Jô e os cinco rolos: Cantares, Rute, Lamentações, Eclesiastes e Ester (que eram usados nas festas de Israel). Há também os livros de Daniel, Esdras, Neemias, Crônicas. Destes livros o de Ester e Lamentações foram os últimos a serem considerados como canônicos, talvez por volta de 160 a 105 a.C.

Pode ser bem provável que Josefo (historiados dos hebreus) tenha falado sobre algo que era opinião antiga de que o cânon do Antigo Testamento tenha sido considerado

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fechado por volta de 465-425 a.C., nos tempos de Ataxerxes, na época de Esdras. Com a tradução dos Setenta (LXX – Septuaginta – por volta de 285-246 a.C., durante o reinado de Ptolomeu Filadelfo) alguns livros foram acrescentados à lista de “sagrados” os livros de Cantares, Eclesiastes e Ester foram os que permaneceram mais tempo como disputados – se deveriam ou não ser considerados sagrados – e até o Sínodo de Jamnia, em 90 d.C., alguns rabinos ainda não aceitavam o livro de Ester, talvez porque o nome de Deus não é mencionado nenhuma vez em todo o livro.

O Cânon palestino é o que chamamos de Cânon Hebraico e o Cânon alexandrino é justamente o que resultou na tradução da LXX – Septuaginta. Os protestantes seguem estritamente o cânon palestino (hebraico) e os católicos, através da decisão do concílio de Trento, ao tempo da reforma protestante, adota o cânon alexandrino, com os apócrifos.

DESENVOLVIMENTO DOS LIVROS APÓCRIFOS

O termo APÓCRIFO vem do grego apokrufe que quer dizer “oculto”, “secreto”, “misterioso”. No início da Igreja Cristã, o termo era usado para designar livros de autoria incerta, ou escritos sob pseudônimos (apelidos ou nomes para esconder o verdadeiro nome do autor ou mesmo para se passar pelo autor mais famoso) e aqueles livros que também tinham a sua autoridade canônica contestada, ou seja, eram duvidosos de serem ou não canônicos.

O termo pode ser aplicado também a citações que estão na Bíblia, como no caso de Jerônimo que achava que Ef 5.14 (“Levanta oh tu que dormes, levanta de entre os mortos e Cristo te iluminará”) eram a citação de um profeta desconhecido e assim era por ele considerada uma fala apócrifa. O termo apócrifo veio a tomar o sentido de espúrio ou mesmo de herético, mas no século V, assim como até hoje a palavra era largamente usada para designar os livros que não eram canônicos.

Os saduceus aceitavam apenas os livros de Moisés como canônicos. Os fariseus palestinos aceitavam o Antigo Testamento conforme existe hoje na Bíblia Protestante; já os judeus helenistas aceitavam os livros apócrifos, como hoje encontramos na Bíblia

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Católica. A LXX (Septuaginta) sempre incluiu os livros apócrifos. Podemos dizer que até o século IV os cristãos tinham em alta conta os livros não canônicos acrescidos na tradução dos Setenta. Jerônimo, no ano de 400 d.C. lhes conferiu uma classificação inferior aos demais, separados, por ocasião da Reforma eles foram rebaixados para a classe de livros comuns (não-sagradas), segundo a Confissão de Fé de Westiminster ou até dizendo que eram úteis, com ensinos morais, história, alegóricos e espirituais, mas sem ser uma base doutrinária para a Igreja.

No Concílio de Trento, em 1548, a Igreja católica oficializa os livros apócrifos como canônicos e apesar de Jerônimo tê-los deixado de fora da Vulgata os insere, para leitura e utilização na Igreja. Deixaram de fora apenas os livros de I e II Esdras e a Oração de Manasses. A Igreja Anglicana segue o cânon apócrifo desde o Concílio de Trulan em 692 d.C.

Abaixo uma descrição cronológica dos livros apócrifos do Antigo Testamento: Aikar – 250 a.C

Tobias – 220 a.C.

Adições a Ester – 181-145 a.C. Judite – 180-100 a.C

Sabedoria de Jesus Ben Sirac (Eclesiástico) – 180 a.C. Testamento dos 12 patriarcas – 180 a.C.

I Baruque – 150 a.C. I Esdras – antes de 100 a.C. I Enoque – 183 a.C.

Manual de Disciplina – 100 a.C. Cântico dos três Jovens – 150 a.C. I Macabeus – 105 a.C.

Guerra dos filhos da Luz e Trevas – 100 a.C. Fragmentos Sadoquitas – 105 a.C.

II Macabeus – 100 a.C.

Oráculos sibilinos III – 100 a.C. Salmos da seita de Qumran - 100 a.C.

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13 Susana – 80-50 a.C.

Epístola de Jeremias – 80-50 a.C. Bel e o Dragão – 80-50 a.C. Carta de Aristéias – 80-50 a.C. Vida dos Profetas – 40 a.C.

Comentário sobre Habacuque 1.2 – 40 a.C. Salmos de Salomão – 40 a.C.

III Macabeus – 50 a.C. – 50 d.C. IV Macabeus – 50 a.C – 70 d.C.

Sabedoria de Salomão – 50 a.C – 10 d.C. Assunção de Moisés – 4. a.C – 28 d.C. Martírio de Isaías – 1 d.C.

Oração de Manasses – 1 d.C. Crônicas de Jeremias – 1-66 d.C Vida de Adão e Eva – 1-66 d.C. Apocalipse de Moisés – 1-66 d.C. II Baruque – 1-66 d.C.

Ditos dos Pais – 10-100 d.C. II Enoque – 66 d.C.

II Esdras – 88 -117 d.C.

Apocalipse de Abraão – 100 d.C. III Baruque – 100 d.C.

“O mais antigo e decisivo testemunho é o do historiador judeu Flávio Josefo, que cerca do ano 90 d.C. escreve o seguinte: ‘Porque nós não temos (isto é, como os gregos) miríades de livros discordantes e contraditórios entre si, mas apenas vinte e dois... juntamente aceitos. Cinco são os livros de Moisés, que compreendem as leis e as tradições da origem da humanidade até a morte dele. Os profetas que foram depois de Moisés escreveram em treze livros o que sucedera no tempo em que viveram. Os quatro livros restantes encerram hinos a Deus e preceitos para a conduta do homem’. O grupo dos vinte e dois livros está provavelmente disposto justamente como o temos hoje na Bíblia sem os apócrifos, na Bíblia protestante que segue o cânon hebraico ou palestino... O testemunho de Josefo é impressionante porque ele escreve para em grego

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para os gregos. Estes e ele conheciam muito bem a LXX (Septuaginta), mas escrevendo ele, como porta-voz da sua nação, limita formalmente o Cânon do Antigo Testamento aos escritos contidos nas Escrituras hebraicas” (Joseph Angus – História, Doutrina e Interpretação da Bíblia – Casa Publicadora Batista – 1951 – Primeiro Volume – Capítulo II – O Velho Testamento: Língua, Cânon, etc – páginas 14 e 15).

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CULTURA E LITERATURA

LÍNGUA - A língua Hebraica foi a língua dos hebreus; o qualificativo hebraico ao se

referir à língua dos hebreus ocorre em primeiro lugar no livro apócrifo de Eclesiástico (de cerca de 130 a.C.). Josefo se utiliza da expressão “língua dos hebreus” (glossa ton hebraion) a respeito do antigo hebraico. Os Targuns (paráfrases judaicas dos livros do Antigo Testamento) chama ao hebraico de “a língua sagrada”.

A língua hebraica era a língua comum de Canaã e da Fenícia. Isso é indicado pelos monumentos que temos dos dialetos cananitas – principalmente o comentário sobre as tábuas de Tel el Amarna (século XV a.C.).

Podemos considerar o hebraico como sendo o dialeto israelita da língua Cananéia, mas Israel estava cercado de povos que falavam o Aramaico, uma língua correlata, a língua de Aram que era um território que abrangia parte da Mesopotâmia, Síria e uma extensa porção de Arábia. Com a queda de Samaria (722 a.C.) as tribos semíticas que falavam o aramaico influenciaram mais ainda, sendo que o hebraico começou a decair como língua até se extinguir como língua falada. No tempo de Neemias ainda era a língua falada em Jerusalém (Nm 13.24), cerca de 430 a.C., mas muito tempo antes de Cristo a língua franca falada na região era o aramaico e literatura em hebraico era apenas para os eruditos.

O aramaico se propagou e era a língua falada por Cristo e seus apóstolos. Alguns trechos do antigo testamento ainda estão escritos em aramaico – Esdras 4.8 a 6.18; 7.12-16 e Daniel 2.4 a 7.28 e também os Targuns também estão em aramaico.

O siríaco – uma versão do aramaico de Edessa, na Mesopotâmia também é importante nesse processo todo, tem inclusive importantes versões siríacas do Novo Testamento. O árabe, que também é uma língua semítica, é a que possui a mais vasta e rica literatura depois do hebraico. O árabe moderno difere do antigo nas suas formas; de um dialeto árabe, o himiarítico, deriva-se o etiópico.

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Todas as línguas semíticas são de grande importância para o estudante do Antigo Testamento e nenhum dicionário hebraico se pode considerar satisfatório se não fizer menção ou mesmo referências constantes à significação dos termos em suas raízes na palavra hebraica nas línguas cognatas.

O hebraico passou por modificações durante o período em que foi escrito o Antigo Testamento. Tem sido feitas tentativas para determinar estas modificações, mas sem muito sucesso, pois o material para estudar certos períodos é incerto, principalmente para se ligar certos livros a certos períodos da história.

TRADIÇÃO ORAL e LITERATURA – em 1477 d.C., com o surgimento da imprensa

foi feita a primeira impressão da Bíblia Hebraica: o Livros dos Salmos. Em 1488 achava-se completa a impressão de toda a Bíblia Hebraica. O que precedeu todos os textos impressos que temos, inclusive este feito em 1477 e 1488 são os manuscritos (MSS) que precederam. Há nos MSS hebraicos e em nossas Bíblias, curiosas indicações sobre a fidelidade com que era produzido. Aparecem certas marcas, que não se entendem, talvez feitas por erro ao manusear a pena que são copiados fielmente em cada cópia.

Por volta do ano 800 d.C, os massoretas inventaram o sistema de acentuação, cadência para leitura e exata recitação nas sinagogas, pronúncia e exata conexão entre palavras – escritos em um corpo de tradições – a Massora – colecionados e transmitidos por eles – o texto chama-se massorético. Existem enormes coleções massoréticas que tratam de assuntos como números de palavras, números de letras de cada versículo etc. Estes homens fizeram um grande trabalho ao preservar o texto do Antigo Testamento.

A tradição oral, até o texto ser escrito, é digna de nota posto que se leva em conta que o povo oriental possui memória extraordinária, podendo guarda de cor trechos enormes e reproduzi-los com exatidão anos mais tarde. Entre a narrativa transmitida oralmente e os escritos não deve ter havido diferenças essenciais, a menos que algum autor tenha as colocado intencionalmente em função dos seus próprios objetivos. Vejam que em Nm 21, 27 havia cantores de sátira, que propagavam as tradições orais; homens e mulheres que recitavam cânticos fúnebres e transmitiam a outros o seu conhecimento (Jr 9.16 e

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17 Am 5.16).

Devemos admitir que em Israel houve um longo período de tradição oral antes da escrita. Isso vale pelo menos para partes das histórias dos livros mais antigos (Gênesis-Josué) e para antigos Cânticos e Provérbios. Inicialmente transmitidos de lugar para lugar, tribo para tribo e de geração para geração. Entretanto, desde tempos remotos, juntamente com a tradição oral havia uma tradição escrita, que era a forma de tradição para os textos jurídicos, listas e documentos.

Os escritos proféticos provavelmente foram transpostos para a escrita pouco tempo depois de suas pregações, transmitindo oralmente o que Deus queria dizer ao povo. A PROSA

O que vemos de particularidades nos escritos da prosa antiga, são muitas vezes “o resultado de um processo longo de transmissão e reelaboração, cujos estágios individuais deixaram seus vestígios, desde a fase de gestação, na tradição oral – caso a mesma exista ao princípio – até a fase de redação e mesmo até aos acréscimos posteriores e às glossas”. Determinar como é o escrito, ou o que é escrito de outro ou de uma tradição oral é difícil. É certo que muitas vezes nos escritos os autores incorporam material mais antigo, mas é um tanto difícil fazer distinção entre ambos. No livro dos Reis, por exemplo, nota-se certa citação referindo-se aos livros das crônicas dos reis; isso nos leva a pensar que o escrito atual, na prosa, é o resultado de uma junção de escritos mais antigos – feito em extrato – com a tendência teológica do autor.

“O caráter realista e concreto do temperamento israelita corresponde a maneira viva, imaginosa e impressionista de descrever as coisas e que trabalha de preferência com comparações, vendo os fatos que se passam no interior do homem como eu refletidos no seu comportamento exterior e fixando cada uma das cenas de um determinado acontecimento como em quadros parciais que figuram uns ao lado dos outros. Precisamente por isso é que se consegue introduzir, numa alternância inesperada, a mudança completa nas disposições internas, passando da cólera súbita para o auto-apaziguamento, ou da magnanidade ao desejo de morte, que brota da alma apaixonada

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18 do israelita”

RECURSOS ESTILÍSTICOS – uma das particularidades é a INVERSÃO, que consiste no desvio da seqüência verbal – pode servir para indicar algo determinado, colocado no texto, pode ser usado como mnemônica ou processo de ênfase, num recurso literário-artístico. Outro recurso é a repetição de palavras dando a elas importância para descrever situações – exemplos: Gn 22, 6-8 (expressão meu filho); II Sm 11.17; 21-24. Pode-se repetir omitindo a princípio o todo para depois dar ênfase no notável ou misterioso – como em Gn 20. 4 e 18. Outro recursos seria a introdução de discursos na narrativa, com intuito de impulsionar, acalmar ou protelar a ação. Como no livro de Jó. A POESIA

“No grego, devemos considerar o termos poietés, ‘fazedor’, ‘realizador’. No sentido literário, um poeta é alguém que exprime as suas idéias mediante imagens verbais, metáforas e outros artifícios literários. Um poeta prima pela brevidade de expressão, em conjunção com expressões claras e eloqüência. Os melhores poetas são indivíduos criativos, que são capazes de manipular a linguagem de maneira reveladora (...) A poesia em sido comumente usada como expressão tanto secular como religiosa (...) A poesia ocupa importante papel no Antigo Testamento”

Artifícios poéticos

i. Linguagem figurada – o hebraico é dado a poesia, por seu ritmo, sobre sua forma e expressão verbal – a linguagem figurada é uma das importantes características na poesia do Antigo Testamento e pode ser vista nos Salmos, onde usa-se muito personificações, metáforas, símiles, metonímia etc para expressar o que se quer. Em Jó vemos em certas porções a poesia incrustada ali; no cântico de Moisés (Ex 15.1 ss); no cântico de Débora (Jz 5.1 ss).

ii. Paralelismo – pode ser uma repetição de idéias, usando-se

sinônimos (Sl 49.1; Sl 104); pode ser quando uma frase é

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idéia (Sl 55.6) mesmo que seja levemente diferente (sintético); pode ser um contraste (Sl 1.6) com a idéia expressada anteriormente (antitético); ainda quando a segunda linha amplia (Sl 55.12, 13) a idéia contida na primeira (climático); ou mesmo quando uma linha é seguida por outras (Sl 45.1) com diferentes tipos de paralelismo (binósfico).

iii. Ritmo – não é um ritmo como os gregos usam, contando as sílabas, medindo mesmo as palavras, mas sim na entonação – a acentuação das palavras poderia ditar o ritmo ao se ler, porém os hebreus não possuíam regras rígidas a este respeito. iv. Música – o fato de muitos dos Salmos terem sido musicados

não significa que todos o eram. Os gregos tinham por finalidade que sua poesia fosse entoada. Havia cânticos em outras partes, que não eram necessariamente músicas religiosas – “como em Nm 21.17,18 que se refere ao um ‘cântico do poço’ – que parece ter sido uma espécie de coro, empregado pelos cavadores de poços para se encorajarem enquanto ocupados em um trabalho árduo como esse” .

CONSIDERAÇÕES GERAIS

1. O Cânon do Antigo Testamento é resultado dum acrescentamento gradual. Não foi a autoridade eclesiástica que o criou, mas sim foi sancionado pelo uso sagrado que já vinha sendo feito até a data – ou seja, considerar livros canônicos de uma forma geral é reconhecê-los como divinos por causa da utilização no meio do povo de Deus.

2. Não confundir o princípio do Cânon com o princípio da literatura sagrada hebraica. Estes outros se conservaram sem classificação, quando somente a partir de um tempo começou-se a fazer uma seleção, que havia de dar origem ao Cânon das Escrituras.

3. Um livro pode ter tido uma grande história literária antes de sua admissão no Cânon.

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FORMAÇÃO CULTURAL DO POVO

A Palestina, em virtude da natureza do seu terreno, não é uma região de povoamento isolado, ou seja, homogênea e fechada, formada por planícies costeiras e regiões montanhas perto do Jordão, além de depressões jordânicas e por estar recortada em vales, planícies e patamares altiplanos, favoreceu o desenvolvimento do país por setores, provocando uma tensão chamada sociológica, acarretando o desenvolvimento em blocos dos moradores agrupados de cada lugar, com suas próprias características. É ponto também estratégico no caminho entre o Egito e o Oriente, entre a Mesopotâmia e o mar, ligando a África à Ásia, Mesopotâmia e o Egito, por isso mesmo se viu colocada no meio de disputas que entre estes povos aconteceram durante séculos. Os hicsos, predominantemente habitantes de cidades-reino, permaneceram até o reinado de Davi e Salomão como fator preponderante na formação histórica. Os cananeus influenciaram Israel mais do que os dominadores filisteus – aqueles se fundindo à cultura Israelense, influenciando na língua, na cultura, na religião. Os seminômades hebreus necessitaram adaptar-se à cultura agrícola, principalmente habitando primariamente nas regiões montanhosas.

Olhando para tudo isso, toda essa mistura, é de admirar que no surja uma cultura bastante homogênea como a cultural de Israel, sendo que o fator religioso, o que é chamado de “Fé Javista” (fé em Javé que os tirou do Egito e os fez entrar na terra da promessa), foi o fator preponderante para manter intacto este povo, dentro de tantas influências, sem sucumbir e tornar-se algo diferente do que foi ‘projetado’ a princípio. Os hebreus se mantêm relativamente incólumes dentro de Canaã, em grande parte pela fé em Deus (Javé) e este fator religioso foi determinante para a hegemonia do povo, indo influenciar na formação do povo de maneira decisiva, em sua consciência como nação, como povo.

Os mais antigos aldeamentos que conhecemos e que são de forma permanente são por

volta do oitavo ou sétimo milênio a.C. e pressupõe o fim da Idade da Pedra (período designado cientificamente). Nestes aldeamentos, os homens viviam em cavernas, que são comprovados por esqueletos encontrados em cavernas na Palestina e viviam de caça

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e pilhagem (caçando animais para comida – sem cria-los e colhendo o que dava as árvores, sementes e raízes, mas sem plantar nada).

Nesta época, através da cultura natufiana da Palestina (assim chamada em virtude de que foi encontrada pela primeira vez nas cavernas de Wadi en-Natuf), depois de um período glacial (muito gelo) passando para um clima mais quente o homem começou a dar os primeiros passos na produção de alimentos, descobrindo que grãos poderiam ser plantados e rebanhos poderiam ser criados para lhe fornecer alimentos e agasalhos. Dos aldeamentos mais antigos, o que é melhor para o estudante da Bíblia é justamente o de Jericó (a Jericó natufiana data de pelo menos 8.000 a. C) e que é encontrada no níveis mais baixos da colina de Jericó, aterrada pelo tempo, pelo desmoronamento, pela construção de outra cidade milhares de anos depois. Jericó desta época durou aproximadamente 2.000 anos como cidade, em dois períodos distintos: antes e depois da invenção da louça de barro. A construção da cidade já era fortificada com pedra (muros) e as casas construídas por tijolos (dois tipos distintos, correspondendo às duas fases anteriormente citadas).

Estátuas de argila, com figuras femininas e animais domésticos sugerem culto à fertilidade (uma tentativa insípida de procriar o “filho que pisaria a cabeça da serpente”) que desde muito cedo nestas e outras culturas aparecem, junto com uma forma de adoração cultual do que chamamos de tríade antiga, a “divina família”, onde se representam o pai, a mãe e filho – talvez numa referência aos primeiros pais, como sendo “divinos” ao terem sido criados diretamente das mãos de Deus. Os esqueletos sepultados embaixo dos pisos das casas indicam culto ou pelo menos veneração ancestral; ossos de cães, cabras, porcos, ovelhas e bois indicam que estes animais já eram domesticados e foices, moinhos de mão e os rebolos atestam o cultivo de lavouras de cereais. Pelo tamanho da cidade e da escassez de terra fértil ao redor, pressupõe-se que havia um sistema de irrigação bem desenvolvido e a presença de instrumentos da região da Anatólia, do Sinai e do litoral indicam intercâmbio comercial. Um grande argumento afirma que o comércio de sal, enxofre e betume (todos muito abundantes na área do Mar Morto) foram realmente a base da economia de Jericó (cf ANATTI e ALBRIGHT citados por J Bright – História de Israel, pg 20, Prólogo – O Antigo

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Oriente antes do ano 2.000 a.C.). Tudo isso, incrivelmente, sendo desenvolvido por mais de 5.000 anos antes de Abraão!

Outras culturas neolíticas (perto já do sexto milênio) são encontradas também em diversas regiões do mundo: Jarmo (região montanhosa da Mesopotâmia = terra entre dois rios, o Eufrates e o Tigre, atualmente norte do Iraque); Ras Shamra, na costa do Mediterrâneo; Beida, na Transjordânia, Palestina; Haçilar e Çatal Hüyük na Anatólia (Oriente Próximo); Byblos também no Mediterrâneo; Mersin e Tell Ej-Judeideh na Síria e Khirokitia no Chipre, como culturas de atividades produtores de alimentos, comerciais, com abundante material para análise em escavações nas regiões citadas. Nesta época Nínive é construída pela primeira vez e a cultura Hassuna floresce na Mesopotâmia. No Egito também são encontrados traços da cultura sedentária que leva o homem para os aldeamentos deixando de lado apenas a caça e a pilhagem. A cultura de aldeia mais antiga que temos conhecimento no Egito é Fayum, seguida por outra descoberta mais tarde com o nome de Merimde, onde por mais tarde que possam ser colocadas estas aldeias (talvez por volta de 5.000 a.C., ainda assim são 2.500 anos antes de Abraão!!!).

Os Sumérios – que foram os criadores da cultura Obeid que é a civilização da Baixa

Mesopotâmia. Os monumentos pintam-nos como imberbes, musculosos e de cabeça muito grande. Falavam uma língua aglutinante e foram eles que introduziram a escrita – os textos mais antigos que temos em mãos estão escritos em sumério.

O Egito e a Palestina no quarto milênio – Neste período parece-nos que a Palestina

dividiu-se em duas províncias culturais, uma ao norte, abrangendo também as áreas centrais e outra mais ao sul. Faziam instrumentos de pedra e cobre; a cerâmica mostra muita perfeição; as casas eram construídas de tijolos feitos a mão, muitas vezes com alicerces de pedra; desenhos e máscaras mostram algo em torno do culto com deuses sentados em roda e os mortos eram enterrados com alimentos e utensílios provando que havia uma crença numa vida futura.

No Egito, a cultura pode ser dividida nesta época em badariana, amratiana e gerzeana que tiram suas denominações dos lugares onde são identificadas. O florescimento da

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cultura egípcia, com grandes construções e realizações veio depois. Os egípcios tiveram antepassados misturados entre linhagens hamítima, semítica e negróide, esta última especialmente no sul do Egito. Usava o cobre e neste período começou a exploração das minas de cobre no Sinai. Nesta época foi inventada a escrita, como na Mesopotâmia, porém, não cuneiforme, mas em forma de hieróglifo. O Egito estava em contato com a cultura protoliterária da Mesopotâmia e beneficiou-se dela grandemente, além de realizar comércio com Byblos (porto de transporte de cedros).

O Oriente Antigo no Terceiro Milênio a.C. – nesta época, podendo ser documentada

pela escrita, a história passa a existir propriamente dita e tudo isso a partir dos documentos mesopotâmicos. Na Idade Clássica sumeriana a terra era organizada em sistema de cidades-estados, mas não existia uma unificação permanente e total da terra. Este foi um tempo de relativa paz, posto que as guerras eram esporádicas e localizadas e assim a vida econômica e o comércio puderam se desenvolver. Em volta dos templos (numerosos por sinal) as escolas de escrita eram estabelecidas e produziam literatura abundante, narrações de feitos épicos e lendas que eram transmitidas oralmente nos séculos anteriores.

A religião sumeriana era um politeísmo altamente desenvolvido e o chefe deste panteão de deuses era Enlil, senhor da tempestade. Os sumérios tinham um alto sendo de certo e errado e as leis aplicadas na terra eram para eles um reflexo das leis divinas.

Os acádios, que são os semitas na Mesopotâmia (conhecidos como acádios por causa da sede do seu primeiro império – Akkad), eram seminômades e não há evidência de conflitos raciais com os sumérios, ao contrário, podemos supor que houve uma grande miscigenação de raças. O primeiro verdadeiro império do mundo foi o Império de Akkad (2360-2180 a.C.). Seu fundador foi Sargão, submeteu toda a Suméria até o Golfo Pérsico. Seus dois filhos o sucederam, bem como um neto seu – Naramsin, que era bravo como Sargão, seu avô. Dominaram toda a Alta Mesopotâmia além da Suméria. Naramsin conquistou Magan (nome do Egito) e também entrou em negociações com Meluhha (Núbia) e seus domínios chegaram até o vale do rio Indo. As tradições informam que o poder do império derivava de Enlil, o rei dos deuses.

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O Egito floresce com o aparecimento da Terceira Dinastia (2.600 a.C.). Foi a idade das

pirâmides. A mais antiga, a Pirâmide dos Degraus, construída por Zoser, fundador da Terceira Dinastia, foi construída em Mênfis para ser um templo mortuário e se constitui na mais antiga construção de pedra lavrada que se conhece até hoje. AS Pirâmides de Quéops, Quéfrem e Miquerinos, da Quarta Dinastia, também construídas em Mênfis. A Grande Pirâmide tem 147 metros de altura, tem uma base quadrada de 217 metros e foi utilizada em sua construção nada menos que 2.300.000 blocos de pedra lavrada, com um peso médio de duas toneladas e meia cada. Foram transportados através de força dos braços, sem emprego de nenhuma máquina e com uma margem de erro praticamente nula (de acordo com J A Wilson em The Burden Of Egypt, The University of Chicago Press, 1951, pp 54 ss o erro não chega a 0,09 % quanto à quadratura e o desvio do nível é menos de 0,004 %).

O faraó, no Egito, não era apenas um rei, ou um vice-rei que governava sob eleição divina, ele era considerado deus. “Era Horus visível entre os homens, entre seu povo” (J Bright, História de Israel, pg 39, Prólogo, O Antigo Oriente antes do anos 2.000 a.C.).

Na Palestina do quarto milênio, o urbanismo desenvolve-se grandemente e as cidades

que conhecemos (pelos textos de Ras Shamra) são predominantemente semíticas, bem fortificadas, como indicam as escavações de Jericó (reconstruída depois de um longo período de abandono), Megido e Ai. Os habitantes da Palestina na época eram praticamente canaanitas e o hebraico era um dialeto de sua língua.

Na Mesopotâmia acontece a queda de Akkad pelos guti, um povo bárbaro, mas era um

poder fraco, dos guti, apesar de demorar mais de 100 anos, e foi vencido por um rei de Erech que fundou Ur. Os sumérios e os semitas estavam completamente misturados. Este é o tempo de nascimento de Israel – com Abraão, que nasce num mundo já antigo, com cultura, comércio, economia, língua, escrita, religião já desenvolvidos.

Enquanto o Egito passava por crises (depois de mil anos de crescimento) a Palestina era invadida por nômades que destruíram todas as grandes cidades, com horrível violência. Eram partes de um grupo de nômades semitas do Nordeste da Mesopotâmia, conhecidos como amoritas. Entre estes invasores podemos discernir clãs inteiros que identificaríamos certamente com Abraão, Isaac e Jacó.

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Sabemos bem que Israel não era de “origem indígena na Palestina, mas sim tinha vindo de alguma parte e tinha consciência disso. Através de um repositório de tradições sagradas, inteiramente sem paralelo no mundo antigo, Israel lembrava-se da conquista que ele fizera de sua terra, da longa peregrinação através do deserto para chegar a ela e das maravilhosas experiências que tivera, e antes de tudo isso, dos anos de escravidão no Egito; também se lembrava como, em séculos mais recuados ainda, os seus antepassados tinham vindo da Mesopotâmia, peregrinando até a terra que agora eles chamavam de sua” (J Bright – História de Israel, pg 52, Antecedentes e Primórdios, O mundo das origens de Israel).

Entre 2.000 e 1750 a.C., o poder de Ur sobre a Mesopotâmia acaba sem deixar sucessor. À medida que enfraquecia como poder central, outros independentes ganhavam destaque, como Elam, Asshur (Assíria) no Alto Tigre e Mari no Médio Eufrates.

Mari foi uma cidade importante da Mesopotâmia durante todo o terceiro milênio (3000 a 2000 a.C.) e sua população foi predominantemente semítica (descendentes de Sem) do noroeste (chamados de amoritas). Os amoritas, ascendentes do povo de Israel, eram “habitantes de tendas”, seminômades, segundo a lista dos mais antigos reis assírios – (“Lista de Reis Khorasabad”, A. Proebel (1942), pág. 247-306, 460-492 e J Gelb (1954) pág. 209-230).

A Primeira Dinastia Babilônica pressupõe o ano de 1830 a.C. onde foi estabelecida a Babilônia I, pois Sumu-abum, aproveitando a confusão da época em torno de Ur, na Baixa Mesopotâmia, estabelece o seu reinado a partir de Babilônia, cidade da qual até então pouco se tinha ouvido (segundo J Bright em História de Israel, pág. 55 – Antecedentes e primórdios – O mundo das origens de Israel).

Os mais antigos reis Assírios eram “habitantes de tendas”, isto é seminômades, semitas do noroeste.

Os povos que foram para a Palestina, nômades semitas do noroeste não trouxeram mudança significativa fundamental nenhuma para a terra canaanita, pois eram da mesma origem semítica do noroeste.

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O Egito nesta época desmoronava e na luta pelo poder na Mesopotâmia, o grande Hammurabi triunfa. Além de grandes vitórias sobre Mari e Assíria, Hammurabi realizou um grande florescimento cultural, além de legal, com o seu código de leis que publicou no final de seu reinado. Era uma compilação de tradições orais do passado (do terceiro milênio) em muito semelhante ao Código de Leis do Êxodo da Bíblia e que certamente vieram da mesma fonte.

Enquanto isso, os hicsos infiltraram-se por todo o Egito – o termo hicsos significa “chefes estrangeiros” que provavelmente eram de origem noroeste-semítica. Eles adoravam os deuses canaanitas ou amoritas e seu deus principal era Ba‘al. Por volta de 1540 a.C. os invasores hicsos foram expulsos do Egito por Amosis, fundador da Décima Oitava Dinastia, príncipe tebano.

Babilônia não tem a mesma sorte que o Egito e cai pelas mãos dos cassitas e finalmente dos hititas (1530 a.C.).

Os Patriarcas que formam a história do povo de Israel, a partir do capítulo 12 de

Gênesis, nos dão conta que tinham vindo da Mesopotâmia e que tinham vagueado pela terra que mais tarde seria deles. Nenhum povo antigo tem mais tradição do que este, em sua beleza história, literária, teológica, sem paralelo em nenhuma tradição histórica de povos da antiguidade. A tradição histórica, desde muito tempo não possuía textos que provavam a existência de Abrão, Isaac ou Jacó que eram considerados, pela história, como figuras pertencentes a um mito, criado pela tradição antiga de Israel, para dar consistências às suas crenças, porém, hoje depois, de muitas descobertas arqueológicas importantes, só temos a provar que a Bíblia sempre teve razão no que afirmou e textos como os de Mari (1800 a. C), que são em torno de 25.000 textos; milhares de textos capadócios do décimo nono século; milhares de documentos da primeira dinastia Babilônica (do décimo nono ao décimo oitavo século); os textos de Nuzi do décimo quinto século; as placas de Alalakh, do décimo sétimo século e do décimo quinto; as placas de Ras Shamra (do décimo quarto século aproximadamente, mas contendo material muito mais antigo); os textos das Execrações e outros documentos do Médio Império Egípcio (do vigésimo ao décimo oitavo séculos) e muitos outros.

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O ambiente histórico das narrativas patriarcais se faz de tal forma histórica, junto às

evidências registradas que nem precisamos comentá-las, mas considerar o assunto como falado.

No segundo milênio aparecem nomes que se enquadram perfeitamente com o nome dos patriarcas e são alguns:

Jacó – Ya’qub-el – nome dado a um chefe hicso ocorrendo num texto do século dezoito

de Chagar-bazar na Alta Mesopotâmia e também numa lista (de Thutmosis III) do século quinze na palestina.

Abraão – Abamram – aparece em textos babilônicos, nos textos das Execrações e em

texto de Mari.

Terah – Til-turakhi – em textos assírios das proximidades de Haran.

Benjamim – banu-yamina (“povos do sul” ou yaminitas) - aparece como sendo uma

grande confederação de tribos.

Zebulon – é encontrado nos Textos das Execrações, como os nomes que têm as mesmas

raízes que os de Gad e Dan são conhecidos em Mari. Levi e Ismael ocorrem em Mari e os nomes Asher e Issacar são encontrados numa lista Egípcia do décimo oitavo século.

Os antepassados hebreus embora fossem predominantemente semitas do noroeste da Mesopotâmia, sem dúvida eram uma mistura de muitas raças. O Israelita primitivo tinha uma cerimônia que refletia o fato dos arameus serem seus ascendentes (Dt 26:5) e os caldeus são a progênie de Nahor, irmão de Abraão.

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Quadro Comparativo dos descendentes de Jafé, Cão e Sem

NOÉ

JAFÉ CÃO SEM

Gômer Magogue Madai Java Tubal Mesque Tiras Cuxe Mizraim Pute Canaã Elão Assur Arfaxade Lude Arã Destes povos descendem os cimérios, os diversos povos mongóis, os medos e persas, os gregos, povos da

porção oriental da Turquia e do centro da Ásia, os povos do mar Egeu, os estruscos, povos da Índia, Europa de uma forma geral, os celtas, os germânicos, dentre outros.

Destes descendem os povos do sul da Arábia, da Etiópia, do Egito, de Canaã. A África (conhecida às vezes por Líbia na Bíblia) deriva a maior parte destes povos. Os filiesteus são descendentes de Cão e também os jebuseus e os amorreus (povos conhecidos por combates contra Israel).

De Sem, derivam-se principalmente os semitas, povo das origens de Israel, os arameus, bem como os amoritas. As regiões geográficas de onde saem os povos de Sem são a Pérsia, a Assíria, a Caldéia (Babilônia), a Lídia e Síria. AS regiões ao nordeste da Assíria, a Armênia é o principal lugar de proliferação dos semitas (identificado com Arfaxade). De Sem saem Arfaxade que entra na genealogia de Jesus (Lc 3:36) e Arã, de onde sai Abraão.

As peregrinações dos patriarcas e seu modo de vida não devem ser confundidos com o

modo de vida dos nômades que peregrinavam em camelos que só aparecem na Bíblia na época de Gedeão (livro de Juízes). Os patriarcas eram criadores, seminômades, com roupas multicoloridas, levando seus pertences e filhos de em lombo de burros e os contratos e tratados eram sempre firmados com a morte de um asno (daí os habitantes de Siquém serem chamados de “filhos do asno” (benê hamôr), numa referência à aliança – seu deus era Baal-berith – “Senhor da Aliança”) – como vemos pintados num túmulo do décimo século em Beni-Hasan, no Egito.

O nome hebreu vem da designação do nome de Heber (Gn 11:14-17) – “ibri” (“do

outro lado”, numa referência ao fato de Abraão – descendente de Heber - como sendo o pai da raça atravessou nações, vem do outro lado do mundo para a sua terra) e são achados em diversos documentos durante vários períodos da história antiga na época dos patriarcas. Hebreu como nome para o povo foi usado principalmente a partir do Egito. ebreuHeO nome judeu (yehudim – alguém proveniente do estado de Judá) só foi usado na época do cativeiro Babilônico e assim, pouco a pouco o termo judeu foi usado para indicar os hebreus e passou então a ser sinônimo de israelita.

Pressupostos culturais

Os hebreus levaram para dentro de sua terra um bojo de civilizações como Mesopotâmia, Egito e influências diretas de convívio com os cananeus. “Acrescenta-se a isto o fato de Israel ter-se mantido permanentemente vinculado ao Egito a cuja esfera de influência cultural e por vezes também política pertencia a Palestina. Por fim, as potências do Oriente deixaram aí também os seus vestígios, desde os sumérios, babilônios e assírios até os persas, seja por intermédio das primeiras migrações dos

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israelitas seminômades, seja através do cananeu, ou mais tarde por um contato direto” (Georg Fohrer – Introdução ao Antigo Testamento – Paulinas – 1978 – pg 19 – Pressupostos da Literatura Israelítica).

Diante disso, poderia chegar-se à conclusão que a cultura Oriental antiga formava um só bloco como é hoje a cultura Européia. Se olhar para as regiões, veremos claramente as diferenças culturais, com muitas influências diretas e indiretas umas nas outras, porém, distinguiremos características, diferenças e contrastes em cada uma delas.

Diante dos fatos é bastante admirável que se tenha formado uma literatura hebraica com índole própria e bastante homogeneidade, o que novamente nos traz o pensamento que a fé javista foi fator preponderante, senão decisivo na formação literária do povo hebreu, e que o manteve isento de materiais de origem Cananéia e estrangeira.

O desenvolvimento cultural na Mesopotâmia ajusta-se ao fato do término da Era

Neolítica (da Pedra) e começa a Era Calcolítica (da pedra e do cobre) que vai do quarto milênio até os umbrais da história do terceiro milênio. Esse foi um período em que a cultura mesopotâmia floresceu grandemente. A agricultura desenvolveu-se para atender a densidade populacional. A drenagem e a irrigação tiveram avanços importantes e à medida que o comércio e a vida econômica se desenvolviam é que surgiram as mais antigas cidades-estados. No progresso cultural e artístico tão bem desenvolvido entra com a criação da escrita (3.300 a. C). A cultura que mais influenciou este período de ascensão foi a Halaf (que vem desde a última parte do quinto milênio) que recebe este nome devido ao local onde foi identificada – o vale de Khabûr, no alto rio Tigre. Por este tempo os valores ribeirinhos da Alta Mesopotâmia eram bastantes povoados. Deste tempo numerosas estatuetas (de barro) são encontradas em escavações que com figuras de animais e principalmente de mulheres em posição de parto – o que indica que provavelmente havia uma veneração ou adoração à “deusa mãe”. Em outros lugares havia uma adoração específica da deusa mãe da montanha ou deusa da montanha. Em outros lugares os cultos representados por estatuetas de barro, mostram mulheres de cócoras, o que indica certo tipo de culto à fertilidade – isso nos remete para longe, no tempo em que Adão e Eva pecaram e que foi lançado por Deus o fundamento do evangelho, o nascimento do Messias através da mulher e esse Messias viria para

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libertar, para pisar a cabeça da serpente. Através dos séculos que se seguiram houve uma importância tamanha na procriação justamente porque se pensava sobre o nascimento do Messias através de algum mulher – era uma verdadeira busca do filho varão, cultura essa que influenciou todas os povos que conhecemos até hoje, em que se valoriza mais o varão que a varoa quando nasce e muitas vezes a mulher é simples objeto, que pode ser comprado e disposto da maneira como quer. Esta presença de culto à fertilidade, ou culto à deusa mão, retrata muito bem este tipo de presença de esperança, ainda que de maneira errada, no nascimento do Messias. Era o Messias sendo esperado por todos os povos da terra!

Uma série de culturas importantes nos leva do final do quinto milênio ao terceiro e

em ordem são: a cultura de Obeid (4.000 até 3.500 a.C.), a de Warka mais ou menos em 3.300 a.C e a de Jemdet Nasr (3.100 até 2.900 a.C.). O período de Warka e Jemdet Nasr é chamado de protoliterário, pois aqui se dá a invenção da escrita (algo em torno de 3.300 a.C.). O florescimento cultural e o desenvolvimento urbano, por causa de poucas chuvas que são insuficientes para a continuidade da agricultura e por causa das enchentes periódicas dominaram a técnica eficiente de irrigação, dos diques e canais para o desenvolvimento das planícies, há uma profusão de templos em Warka (Erech) com arquitetura que perdurarão pelos séculos futuros. Utilização de rodas, fornos, cobre batido e feito em cilindro que se tornam sinetes de grande valor, mas nada influenciou mais o progresso do que a invenção da escrita. Os textos mais antigos remontam de inventários e textos de negócios realizados, testemunhando assim a complexidade cultural e urbana da crescente vida econômica na Mesopotâmia.

Pressupostos literários

Por volta do segundo milênio (a. C) os fenícios desenvolveram uma escrita, adaptando-a de caracteres cuneiformes (Babilônicos), uma escrita consonantal, que passou a ter caracteres próprios, vindo daí o alfabeto hebraico antigo e também os gregos adotaram e modificaram a escrita fenícia, formando o alfabeto grego por volta do século IX a.C.

A língua aramaica (dos arameus) provavelmente origina-se de um dialeto que evoluiu

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antepassados de Israel eram do mesmo tronco étnico e lingüístico que os arameus, portanto não é de estranhar que Israel podia lembrar a sua origem na “planície de Aram” e falar do seu progenitor como sendo um “arameu errante” (Dt 16:5).

Os israelitas conheciam bem a profusão literária, tanto egípcia quanto babilônica, profusão esta que não se estendia em grandes tratados históricos, mas em pequenos feitos literários, porém em abundância. A literatura épica Cananéia forneceu bastante acervo aos hebreus, mas apesar de tudo isso, prevalece ainda a fé javista fazendo com que a literatura de Israel fornecesse um pressuposto histórico sem igual, pois, a crença de que Deus controla o destino das nações é determinante para a formação de um composto literário rico, único e homogêneo, sem as influências em demasia de textos e literatura externa.

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RELIGIOSIDADE EM ISRAEL E PAÍSES VIZINHOS

Os hebreus desde o começo tiveram uma religião revelada e não uma religião natural

ou filosófica como vemos em muitos povos da antiguidade. A história de Israel sempre esteve intimamente ligada à vontade de Deus, tudo dependendo das reações do povo de Israel, em anuência ou desobediência. Até os seus reis são vistos em primeiro lugar não por suas conquistas ou poderio econômico, mas são medidos principalmente pela sua fidelidade (ou a falta dela) para com Deus.

O monoteísmo veio a ser o conceito central da religião judaica, numa crença em que

Javé o é único Deus; o cânon bíblico estabelecia a base para uma cultura sólida, uma religião embasada e uma filosofia que aparece no meio do judaísmo de forma coerente com o que versava os livros da Bíblia. A lei era de importância crucial e central na religião judaica.

A religião dos patriarcas era a javista (centrada em Javé), apesar da Bíblia só usar o

nome Javé quando chega em Moisés, antes usando apenas Deus (Elohim) sobre as mais diversas formas – El Shaddai, El Elyon, El Olam, El Roi, Javé Jhirê, El Bethel. O Deus dos patriarcas eram representados por diversos nomes que são: O Deus de Abraão (elohê abraham) – Gn 28:13; 31:42, 53; O Temido de Isaac (pahad Yishaq) – Gn 28:42, 53 e O Poderoso de Jacó (abir Ya’qob) – Gn 49:24.

O significado da fé javista – é essa fé que “constitui a força determinante que, ao contrário dos pressupostos desfavoráveis, possibilitou a formação de uma literatura israelítica autônoma, que se distingue fundamentalmente das demais literaturas do Antigo Oriente pelo seu pensamento religioso. Trata-se, na realidade de um processo que se prolonga ao longo dos anos, por vários séculos e seria por demais simplificar as coisas, se quiséssemos limitá-lo à época que vai até os reis. Neste período, encontram-se apenas as raízes de onde, pouco a pouco, encontram-se deencontram-senvolveu a teologia israelítica, onde se torna claro que as forças propulsoras da fé javista são as idéias da soberania divina e da união com Deus” (Sellin – Fohrer – Introdução ao Antigo Testamento, vol. 1, pg 22 – Introdução).

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A religião patriarcal era uma religião sacerdotal, posto que o chefe do clã, ou o pai de família era o seu sacerdote, porém quando chega em Moisés, esse ofício é institucionalizado e uma tribo em Israel é escolhida para fazer os serviços que advém aos sacerdotes. Veio lutando contra a idolatria desde o seu surgimento como povo (posto que Abraão vem de um povo politeísta e com certeza teve influências disso em sua vida e na vida do seu povo e também peregrinaram por terras idólatras).

É uma religião que enfatiza a responsabilidade moral pessoal; crê na recompensa, como crê no castigo; a salvação pessoal é luma doutrina que se desenvolveu naturalmente a partir da crença na alma e na ressurreição do corpo, desenvolvida principalmente a partir do século IV e II a.C., pelos hassideanos – uma facção farisaica.

Por causa de tudo isso e da diferença existente entre a religião em Israel e nos povos vizinhos é que a fé judaica se tornou etnocêntrica, posto que os fariseus ensinavam durante todo o seu tempo que a salvação pessoal só podia ser obtida por membro da fé judaica, através da leitura e observância cuidadosa da lei mosaica que fora dado exclusivamente a Israel, numa deturpação do princípio salvífico de Deus que planejou ser glorificado com a salvação de pessoas de entre todos os povos.

As religiões da antiguidade, principalmente a do tempo em que os patriarcas estiveram

sobre a terra peregrinando são encontradas em suas diversas formas, mas principalmente voltadas para o politeísmo (poli – muitos – theos – deus, sendo então literalmente “muitos deuses”), mas também como formas de henoteísmo (heno – um – theos – deus, sendo então literalmente “um deus”, ou “único deus”, numa forma velada de mostrar que a responsabilidade do homem deve ser perante um deus, porém existem outros deuses que tem outras atividades que não a comunicação com os homens, a qual é devida somente ao deus adorado como sendo aquele que se comunica com o homem). É o que chamamos de politeísmo teórico, ou velado. Há apenas uma referência que parece ser monoteísta no passado (fora de Israel) que é o Egito na época de Iknathon, que promoveu a adoração exclusiva a Aton, o deus-sol, porém, como bem falam os eruditos até aí vemos a forma de henoteísmo, num politeísmo velado, que não encontra razão de ser como o Deus da fé javista de Israel. Somente em três grandes religiões no mundo

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encontramos o monoteísmo desenvolvido que são o cristianismo, o islamismo e o judaísmo.

Abraão não era idólatra, mas vivia rodeado de idolatria. No princípio, com Adão, o homem tivera UM SÓ DEUS e no Jardim viveu em comunhão com ele até que o pecado veio para subverter a raça humana e desta forma, diversas manifestações do pecado tomaram a natureza como tendo vida em si mesma (não sendo manifestação de Deus, mas sim ‘fontes de vida’) e a partir daí desenvolveram-se teorias as mais diversas sobre seres deificados, homens de Deus sendo transformados em seres divinos, numa clara demonstração da atuação de Satanás no meio da história, para confundir e prevalecer contra o povo de Deus, induzindo-os a olharem para a criatura no lugar do criador. Apesar de o pai de Abrão ser idólatra (Js 24:2) e também os seus conterrâneos, Abraão demonstra ser MONOTEÍSTA sem dúvida por DIVINA REVELAÇÃO, ou seja, Deus manifestou-se a ele pessoalmente, numa revelação direta do Senhor. Existem lendas que falam sobre Abraão sendo perseguido em criança por se recusar a adorar ídolos.

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36 CONSIDERAÇÕES GERAIS

De todos estes mistérios que a Palavra nos leva a pensar, sobre a formação do povo judeu, de suas peregrinações entre tantas regiões e num labirinto de línguas, povos e culturas distintas, devemos crer que a mão divina estava ali, levando e levantando-os de lugar para lugar, de língua para língua, de cultura para cultura, de costume para costume, preservando o que queria e deixando claro o que não era para ser assimilado pelo seu povo.

No meio de tantas confusões que o mundo antigo nos oferece a vista, precisamos crer – e isso fica patente aos olhos – que a eterna SOBERANIA de Deus é quem fez com que o povo judeu viesse a se tornar um povo com as características que tem e que a partir dele resolveu, por DECRETO eterno, dar-nos o seu Filho, Jesus, que é o supra-sumo da revelação da Palavra, de Deus, da sua Vontade, de seu amor, da sua Bondade, do seu Propósito, de sua Redenção, do Projeto de Salvação para o seu povo, do seu amor por nós e de sua misericórdia, que afinal é a maneira como que ele mesmo se lança em nosso meio para nos dar a salvação de maneira que iremos satisfazê-lo.

Poderíamos fazer outras tantas considerações, mas deixamos para o final (ver Tábuas

Cronológicas onde procurei traçar – limitadamente – um perfil cronológico da história)

várias considerações, que em nível de esquema ou tabela, você poderá tomar posse de uma visão mais organizada dos fatos, porém, se a pretensão de ser exato nos seus termos, até porque seria impossível determinar com exatidão datas e fatos históricos sem passar por dificuldades de anacronismo.

Entendamos então que, dentro do aspecto cultural, literário e lingüístico histórico mundial, Deus separa e preserva uma cultura, vindo de Abraão que tem a sua ascendência entre os “filhos de Deus” (dos quais se nos é tratado em Gn 6), que são os filhos de Sete, filho de Adão, ascendência principal do chamado “povo de Deus” e que também passa por Sem, filho de Noé, filho de Sete, filho de Adão.

Deus em seu eterno decreto e vontade soberana resolveu e fez cumprir o seu propósito na formação do seu povo, com características peculiares, absorvendo, em todos os

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sentidos o que Deus quer do seu povo, as características de um povo centrado em um só DEUS, na fé javista, peculiar ao povo de Deus, no meio de povos e culturas politeístas e polidemônicas, com inserções de cultos demoníacos e desprovidos da graça de Deus, mas ainda assim, o povo de Deus, apesar de muitos problemas com o mal no seu próprio meio, é preservado por Deus, tratado por Deus, levado por Deus a continuar sua carreira de fé, apesar das quedas, idolatria, tentativa de abandono de Deus e de seu governo sobre eles, mas sempre sendo levados por Deus para o retorno ao culto e adoração voluntários ao Senhor que os criara e separara.

Isto é muito forte na cultura de Israel de um modo geral e deve nos servir de base para lidarmos com nossa própria vida, pois este é o mesmo Deus que nos ESCOLHEU antes da fundação do mundo para sermos dele em amor e nos PREDESTINOU para sermos conforme a imagem de seu Filho, gerados por meio da graça que há em Cristo Jesus, para a fé, perseverança e glorificação final em Cristo Jesus, levados por Deus, numa demonstração de livre propósito e soberana vontade (dele mesmo!), para habitar os seus, vivendo a eternidade, para a qual fomos criados, junto com ele, para a glória dele!

Referências

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