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6 ANÁLISE DOS DADOS

6.1 Caracterização dos participantes

6.1.2 Renda

Gráfico 2: Renda.

Fonte: elaboração da autora.

Os participantes do estudo, em sua maioria, possuem uma renda de 2 salários mínimos. Dos participantes do sexo masculino com renda 1, 3 e 4 salários, foi identificado um único participante em cada um das categorias. As mulheres que possuem 1 salário mínimo foram 5, seguidas por 2 salários com 4, seguido por 4 salários de uma participante. Os homens se sobrepõem, quando, na maioria da renda, 2 salários mínimos, contabilizando 7 participantes. Na soma total das rendas, observa-se que os homens possuem renda maior do que as mulheres. Dos homens com renda maior estão os que recebem 2, 3 e 4 salários, totalizando 9 participantes. O restante das mulheres são 5, com 1 salário mínimo, 4 mulheres com 2 salários com e uma com 4 salários.

De acordo com a Secretaria de Assuntos Estratégicos – SAE, em relatório produzido em 2012 definiu oito grupos de renda da população:

a) extremamente pobre possui renda per capita de até R$ 81,00 e renda familiar até R$ 324,00;

b) pobre: renda de per capita de até R$ 162,00 e renda familiar até 648,00;

c) vulnerável renda per capita de até R$ 291,00 e renda familiar de até R$ 1.164,00; 1 7 1 1 5 4 0 1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 1 SM 2 SM 3 SM 4 SM

RENDA DOS PARTICIPANTES

HOMENS MULHERES

d) baixa classe média com renda per capita de até R$ 441,00 e renda familiar de até R$ 1.764,00;

e) média classe média renda per capita de até R$ 641,00 e renda familiar até R$ 2.564,00

f) alta classe média renda per capita de até R$ 1.019,00 e renda familiar de até R$ 4.076,00; e

g) alta classe alta renda per capita de até R$ 2.480,00 e renda familiar acima de R$ 9.920,00.

Para analisar a renda per capita é necessário considerar a quantidade de pessoas que residem na casa dos participantes. Os dados encontrados estão dispostos no Gráfico 3.

Gráfico 3: Quantidade de pessoas que residiam com o jovem no momento da entrevista.

Fonte: elaboração da autora.

De acordo com censo de 2010 do IBGE, a média da quantidade de moradores por domicílio é de 3,3 moradores, índice menor do que em 2000, onde a média era de 3,8 moradores. Esse número decaiu 13,2% na última década no Brasil. Este fato ocorre devido ao aumento do número de moradias ocupadas que antes era de 45 milhões em 2000 e, agora, é de 56,5 milhões, em 2010. A região Nordeste apresenta uma média de 3,5 moradores por domicílio.

A realidade dos participantes desta pesquisa difere da média nacional. Quando questionados acerca da quantidade de pessoas que residiam em suas

7 10 3 0 2 4 6 8 10 12

1 a 3 pessoas 4 a 6 pessoas 7 a 9 pessoas

Pessoas que residem na casa do

participante

1 a 3 pessoas 4 a 6 pessoas 7 a 9 pessoas

casas, metade afirmou que estava entre 4 e 6 pessoas, um número maior do que a média nacional, que é de 3,3 moradores por domicílio (IBGE, 2010). Em segundo lugar, tem-se 7 (sete) participantes afirmando que residiam com 1 a 3 pessoas e, por último, 3 (três participantes) residindo com 7 (sete) a 9 (nove) pessoas.

Considerando a quantidade de pessoas que residiam com o participante e a renda, os jovens participantes da pesquisa enquadram-se como descrito no quadro 8, com os valores propostos pela Secretaria de Assuntos Estratégicos – SAE considerando a renda per capita:

Quadro 4: Renda dos jovens de acordo com a SAE.

GRUPO VALOR JOVENS

Extremamente Pobre per capita de até R$ 81,00 0

Pobre per capita até R$ 162,00 2

Vulnerável per capita de até R$ 291,00 7

Baixa Classe Média per capita de até R$ 441,00 7 Média Classe Média per capita de até R$ 641,00 3 Alta Classe Média per capita de até R$ 1.019,00 2

TOTAL 20

Fonte: Paes de Barros et. al (2012).

A maior concentração de pessoas está no grupo de pessoas pobres, vulnerável e baixa classe média. Segundo o MDS (2014, p. 04), a Cartilha do PRONATEC/BSM explica que:

O público beneficiário do PRONATEC/BSM é composto por todas as pessoas inscritas ou em processo de inscrição no CadÚnico, com idade a partir de 16 anos. Entre esses, têm prioridade os cadastrados em situação de extrema pobreza (com renda familiar per capita de até R$140) e os beneficiários de programas federais de transferência de renda, como o Programa Bolsa Família (PBF) e o Benefício de Prestação Continuada (BPC) (grifo nosso).

De acordo com a Cartilha do PRONATEC/BSM de 2014, o foco do programa são pessoas em situação de extrema pobreza, instituído como pessoas com renda familiar até R$ 140,00. Pode-se observar no quadro 8 que há uma discordância de

valores em relação às categorias estabelecidas pela SAE e a proposta pelo PRONATEC/BSM. Tomando-se os valores da SAE entende-se que a maioria dos participantes encontram-se na situação de vulnerável e de baixa classe média, totalizando 14 em ambas as categorias. Dessa forma, ambos não teriam perfil para terem participado dos cursos do programa em questão. Caso se apropriasse da renda proposta pelo PRONATEC/BSM, poder-se-ia concluir que apenas 2 participantes encontram-se na situação de extremamente pobres. A comparação entre a renda da SAE e a proposta pelo MDS está na relevância de que, ambos os órgãos do Governo, parecem adotar critérios diferentes para definir o que seja a pobreza, tal fato já foi discutido em outro momento nesta dissertação. Essa discordância entre os valores só vem a corroborar o aspecto de que a pobreza como fenômeno monetário também é algo que não foi definido - o que deve ser discutido em pesquisas futuras - considerando ainda outros aspectos para sua contextualização.

O PRONATEC/BSM abrange pessoas beneficiárias de programas sociais. Neste estudo identificou-se que, dos 20 participantes, 2 recebem BPC e 10 são beneficiários do PBF. Caso se tome como partida que todos deveriam estar inscritos no CadÚnico, observa-se que todos os participantes estão inscritos no sistema, o que poderia validar suas matrículas. Em contraponto, supôs-se que muitos deles poderiam não estar com os seus dados atualizados e, por isso, conseguiram efetivar suas matrículas. Outro fator relevante é apontado por Dornelas Câmara (2014), ao afirmar que a intenção do governo era que o PRONATEC fosse uma porta de saída do PBF por meio dos cursos de qualificação profissional, incluindo, assim, as famílias beneficiárias no mercado de trabalho. Em outra via, ele explica que, com o passar dos anos, o PRONATEC foi desvinculando-se do seu objetivo inicial e, assim, ganhou metas e métricas próprias. Consequentemente, na atualidade, ser beneficiário ou não do PBF ou de outros programas sociais, não proíbe a realização da matrícula, bastando apenas a inclusão do CadÚnico. Estes fatos podem também explicar como pessoas que supostamente não deveriam estar nos cursos, estão.