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4 RESULTADOS

4.1 RENDIMENTO E CARACTERIZAÇÃO DOS POLISSACARÍDEOS OBTIDOS

4.1.1 Extração e rendimento

Com objetivo de obter diferentes populações polissacarídicas presentes no extrato obtido da alga marinha marrom Dictyota mertensii, foi realizado o fracionamento com a utilização de acetona baseado na metodologia de Magalhães e colaboradores (2011). Conforme descrito na em materiais e métodos, os espécimes da alga marrom dictyota mertensii foram coletados e submetidos aos passos de lavagem, triagem, desidratação, proteólise e fracionamento.

Com o fracionamento cetônico foi possível obter 6 (seis) frações, além do extrato bruto (EB), que foram denominadas de acordo com o volume acrescido de acetona, sendo elas: F0.3v, F0.5v, F0.7v, F1.0v, F1.5v e F2.1v. A soma total do peso das frações resultou em valor de 7,674 g, que corresponde a 3,83% do peso seco total de alga utilizada. Todavia, a distribuição dessa massa não foi homogênea entre as frações. Percentualmente, obteve-se rendimentos semelhantes com as frações F0.3, F0.7 e F1.5, em torno 18% (Figura 6) da massa seca total obtida. Por outro lado, foi com a fração F2.1 se obteve o menor rendimento, em torne de 7%.

Figura 6: Rendimento total de polissacarídeo (%) obtidos nas frações cetônicas da Dictyota metensii em relação soma da massa seca obtida com as 6 frações polissacarídicas.

18% 17% 18% 10% 18% 7% F 0,3 F 0,5 F 0,7 F 1,0 F 1,5 F 2,1

4.1.2 Caracterização fisico-quimica: 4.1.2.1 Eletroforese em gel de agarose:

As frações polissacarídicas da D. mertensii foram submetidas a eletroforese em gel de agarose e coradas com azul de toluidina para confirmar a presença de polissacarídeos sulfatados nas frações (Figura 7).

A metacromasia proveniente da interação do azul de toluidina com os polissacarídeos sulfatados foi observada em todas as frações. Entretanto, a maior intensidade de cor foi observada com as amostras presentes em F0.7 e F1.0. Em relação ao perfil eletroforético, observou-se uma maior polidispersão no gel de eletroforese das amostras presentes em F0.3, F0.5 e F0.7, indicando a presença de mais de uma banda (população polissacarídica) nessas frações. Ao se observar o as bandas oriundas da frações F1.0, F1.5 e F2.1 percebe-se uma concentração da coloração em uma única banda, o que dá indícios de que se encontra nessas frações uma população de polissacarídeo predominante.

É possível ainda observar, a partir da metacromasia, que o perfil de mobilidade dos polissacarídeos sulfatados presente nas frações, ocorrem em três padrões de migração: nas frações F0.3, F0.5 e F0.7 encontra-se polissacarídeos com menor mobilidade padrão; na fração F1.0 um polissacarídeo de mobilidade intermediária; e nas frações F1.5 e F2.1 observa-se um polissacarídeo de maior mobilidade entre todos. Vale salientar que estes três padrões de migração também são observados no extrato bruto (EB), que corresponde a todos os polissacarídeos que foram extraídos após a proteólise.

Figura 7: Perfil eletroforético das frações polissacarídicas obtidas da alga marrom Dictyota mertensii. dicionou- se 50μg de cada fração polissacarídica em poços da lâmina de gel de agarose feito com tampão PDA 0,05M.

Após a corrida em 110V, a lâmina foi colocada em CETAVLON 0,1% e corada com azul de toluidina 0,1%. Or- Origem. Fonte: autoria própria.

4.1.2.2 Quantificação de açúcares totais, sulfato, proteínas, compostos fenólicos e composição monossacarídica das frações da alga Dictyota metensii:

As frações polissacarídicas foram submetidas a ensaios para quantificar o teor de açúcares totais e sulfato. Além disso, foram realizados ensaios de quantificação de contaminantes, como proteínas e compostos fenólicos. Os resultados obtidos estão resumidos na tabela 03 e são expressos em percentual.

A partir da observação da Tabela 03, verifica-se que se obteve percentual distinto de açúcares, teor de sulfato, bem como dos contaminantes proteico e fenólico, para cada fração. O percentual de açúcares totais das frações variou entre 12,4 % e 84,7 %, sendo os maiores valores detectados na fração F0.7 (85%), seguido da fração F0.5 (66%) e F0.3 (48%). Por outro ladro, o menor valor foi obtido com a fração F2.1 (12%).

Em relação ao teor de sulfato, as frações apresentaram variação entre 11% e 40%, sendo os maiores valores visto nas frações F1.0 e a F0.7. Já em relação aos contaminantes, tanto proteicos como fenólicos, identificou-se baixo percentual desses contaminantes, menor que 1%, em todas as frações.

A análise da composição monossacarídica (Tabela 03) mostrou que as frações polissacarídicas são compostas por no mínimo seis monossacarídeos, a saber: galactose, glicose, manose, xilose, ácido glucurônico e fucose, estando estes em proporções diferentes em cada fração. As frações F0.3, F0.5 e F0.7 apresentaram como maiores constituintes fucose e ácido glucurônico, em proporções similares. Além desses, as frações F0.3 e a F0.5 apresentaram xilose em proporção similar aos outros monossacarídeos citados. As frações F1.0, F1.5 e F2.1 apresentaram como maior componente o ácido glucurônico.

Tabela 3: Caracterização química: dosagem de açúcares totais, sulfato, proteínas totais, compostos fenólicos e composição monossacarídica das frações polissacarídicas da alga

D. mertensii.

a: determinado utilizando o método Dubois (1956), em comparação com a curva de fucose.

b: determinado utilizando o método Dogsom e Price (1962), em comparação com a curva de sulfato de sódio. c: determinado utilizando o método Bradford (1976), em comparação com a curva de BSA.

d: determinada utilizando o método Swain Hills (1959), em comparação com a curva de ácido gálico.

4.1.2.3 Análise da Espectroscopia de infravermelho por transformada de Fourier (FTIR):

As frações polissacarídicas foram submetidas a análises de FTIR, cujos valores das principais bandas estão resumidos na Tabela 04 após análise de cada espectro isolado, e os espectros gerais obtidos encontram-se na figura 7. Os valores das principais bandas, expostos na Tabela 04, são da região de 3400 cm-1, 3000 cm-1, 1000 a 1100 cm-1, 1274 cm-1, 1045 cm-1 e 810 a 850 cm-1, que correspondem as regiões de estiramentos das ligações da hidroxila (OH), carbono e hidrogênio (C-H), carbono-oxigênio e carbono-carbono (C-O/C-C), dupla ligação enxofre e oxigênio (S=O), e C-O-S, respectivamente.

Pode-se observar que as frações apresentam os principais sinais de bandas bem semelhantes entre si.

Frações Açúcares (%)a Sulfato (%)b Proteínas (%)c Comp. fenólicos (%)d Razão molar

Gal Glc Man Xil GlcA Fuc

EB 36 ± 2,3 44 ± 0,02 0,07 ± 0,01 0,4 ± 0,03 0,7 0,3 0,6 1,3 0,7 1,0 F0.3 48 ± 1,9 11, ± 0,01 0,12 ± 0,01 0,6 ± 0,01 0,2 0,3 0,9 1,4 0,8 1,0 F0.5 66 ± 4,7 14 ± 0,01 0,09 ± 0,02 0,5 ± 0,02 0,3 0,6 0,5 1,1 1,1 1,0 F0.7 85± 0,21 32 ± 0,02 0,08 ± 0,1 0,3 ± 0,02 0,8 0,6 0,4 0,7 1,0 1,0 F1.0 45 ± 2,63 40 ± 0,03 0,08 ± 0,02 0,3 ± 0,01 1,2 1,4 1,4 1,7 2,2 1,0 F1.5 32 ± 2,05 29 ± 0,01 0,07 ± 0,01 0,2 ± 0,02 1,1 1,0 0,8 1,3 2,1 1,0 F2.1 12 ± 5,37 14± 0,01 0,05 ± 0,01 0,1 ± 0,02 0,9 0,5 0,7 1,2 1,8 1,0

Tabela 4: Resumo dos sinais obtidos na espectroscopia de infravermelho por transformada de Fourier das frações polissacarídicas da alga Dictyota mertensii. Grupo

químico

O-H 1 C-H1 C=O1 C-O/C-C2 S=O3 C-O-S3

Banda (cm-1) 3400 3000 1650 1000-1200 1274 810-850 F0.3 3460,26 2933,02 1643,1 1034,46 1253,2 778,84 F0.5 3447 2932,2 1640,4 1034,14 1260,22 830,16 F0.7 3408,9 2994,24 1645,5 1087 1230,6 841,04 F1.0 3414,84 2914,68 1643,7 1097,69 1149,76 842,77 F1.5 3447,4 2954,68 1649,01 1162,23 1156,01 823,94 F2.1 3434,84 2954,68 1641,9 1129,57 1136,6 817,44

1: LIUet al., 2008; 2: GALINARI, et al.¸2018; 3: CHOPIM;WHELEN,1993; 4.

Figura 8: Espectro Infravermelho por transformada de Fourier das frações polissacarídicas obtidas da alga marrom Dictyota mertensii. Fonte: autoria própria.

4.2 AVALIAÇÃO DO EFEITO SINÉRGICO DAS FRAÇÕES POLISSACARÍDICAS

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