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REPERCUSSÃO DAS AÇÕES DE CONTROLE DO DESMATAMENTO NA AMAZÔNIA NA DÉCADA DE 2000 NOS VEÍCULOS DE COMUNICAÇÃO

COM ABRANGÊNCIA NACIONAL E REGIONAL

Nessa etapa dos trabalhos de desenvolvimento desta tese, foi realizada uma análise de notícias41 veiculadas em veículos de comunicação, envolvendo jornais, TVs e emissoras de rádio, sobre desmatamento na Amazônia. O objetivo deste levantamento foi verificar se houve variação na cobertura da mídia nacional e regional sobre o tema e, caso positivo, como essa variação ocorreu ao longo da década de 2000.

A primeira iniciativa desenvolvida foi uma análise preliminar da quantidade de notícias publicadas em três importantes jornais de circulação nacional: O Estado de São Paulo (OESP), O Globo e Folha de São Paulo (FSP). Para tanto foi realizada uma pesquisa condicional nos sites desses veículos, em que as palavras “desmatamento” e “Amazônia” constassem juntas na mesma matéria, artigo ou reportagem, nas décadas de 1970, 1980, 1990 e 2000.

Os resultados obtidos revelaram que o número de notícias veiculadas nos três jornais pesquisados variaram muito pouco nas três primeiras décadas e aumentaram de forma intensa na década de 2000. Esse aumento foi da ordem de 620% no OESP, 400% na FSP e 300% no O Globo, em relação à média das décadas anteriores, conforme pode ser visto na Tabela 13 e na Figura 49.

Tabela 13 – Notícias sobre desmatamento na Amazônia veiculadas em três jornais de circulação nacional nas décadas de 1970, 1980, 1990 e 2000

Década OESP FSP O Globo

1970 319 188 267

1980 206 253 391

1990 327 181 293

2000 2.048 1.038 1.272

Fonte: sites OESP, 2015; FSP, 2015 e O Globo, 2015. Elaborada pelo autor.

41 Relato de fatos e acontecimentos, recentes ou atuais, ocorridos no país ou no mundo, veiculado em jornal, televisão, revista etc. (Dicionário Houaiss: https://houaiss.uol.com.br/pub/apps/www/v3- 0/html/index.htm#3)

Figura 49 – Quantidade de notícias veiculadas pelos jornais OESP, FSP e O Globo nas décadas de 1970, 1980, 1990 e 2000

Fonte: sites OESP, 2015; FSP, 2015 e O Globo, 2015. Elaborada pelo autor.

Na sequência desse trabalho, foi realizada uma pesquisa detalhada de notícias veiculadas especificamente na década de 2000. O trabalho envolveu, novamente, os três jornais de circulação nacional (O Globo, O Estado de São Paulo e Folha de São Paulo); cinco jornais da região líderes em número de leitores, sendo dois no Estados do Pará (O Liberal e Diário do Pará) e três no Estado de Mato Grosso (A Gazeta de Mato Grosso, O Diário de Cuiabá e Folha do Estado); sete emissoras de televisão (TV Assembleia, Brasil Oeste, Centro América - Globo, STB Regional, Rede TV local, Record Regional e Record Nacional; e emissoras de rádio (Cultura AM, Cuiabana FM, CBN AM e Eldorado FM).

As buscas foram feitas diretamente nos sites mantidos pelos veículos pesquisados; no site da Agência de Monitoramento de Informações Ltda. (AFPL), empresa localizada em Cuiabá, Estado de Mato Grosso, que realiza o monitoramento de notícias em veículos de comunicação em âmbito regional; e na hemeroteca da Fundação Cultural do Pará (FCP), sediada em Belém. Os detalhes das fontes de pesquisa para cada veículo de comunicação e o número de matérias selecionadas para estudo, constam da Tabela 14.

0 500 1.000 1.500 2.000 2.500 3.000 3.500 4.000 4.500 5.000 1970 1980 1990 2000 N úm er o de not íc ia s OESP FSP O Globo

Tabela 14 – Notícias sobre desmatamento na Amazônia identificadas e analisadas em veículos de comunicação de âmbito nacional e regional do período de 2000 a 2010

Veículo de comunicação Quantidade de notícias

Jornais de âmbito nacional 2.533

FSP impresso (1) 783

O Globo impresso (1) 609

OESP digital (1) 455

OESP impresso (1) 686

Jornais de âmbito regional 1.488

Diário de Cuiabá (1) 323 A Gazeta (Cuiabá) (1) 843 Folha do Estado (MT) (2) 50 Diário do Pará (3) 24 O Liberal (Pará) (3) 248 Televisão 1.062 TV Assembleia (2) 21 Brasil Oeste (2) 60

Centro América (Globo) (2) 565

STB Regional (inclui TV Cidade) (2) 85

Rede TV local (antiga Rondon até 07/2009) (2) 80

Record Regional (2) 205 Record Nacional (2) 46 Rádio 252 Cultura AM (2) 98 Cuiabana FM (2) 24 CBN – AM (2) 54

Eldorado (Território Eldorado) (2) 76

Total 5.335

Fontes: (1) sites próprios dos veículos na Internet (2016); (2) Agência de Monitoramento de Informações (FPL); (3) hemeroteca na Fundação Cultural do Pará (FCP). Elaborada pelo autor.

O critério de seleção das notícias nos citados sites e na hemeroteca da FCP foi o mesmo utilizado no levantamento preliminar acima exposto, ou seja, pesquisa condicional em que as palavras “desmatamento” e “Amazônia” constassem juntas nas mesmas matérias, artigos ou reportagens. Feita a seleção, as notícias foram copiadas e introduzidas em uma planilha no programa excel, com os seguintes campos: data, veículo de comunicação, formato (impresso, digital, TV, rádio), nome do jornalista principal, nome do jornalista colaborados, título, link da notícia no site e resumo.

Após análise do conteúdo das matérias e verificação da coerência das mesmas com o objeto da pesquisa, foram selecionadas 5.335 notícias entre os anos de 2000 e 2010, organizadas por veículo, sendo: 609 do jornal O Globo; 1.141 do jornal O Estado de São Paulo; 783 da Folha de São Paulo; 323 do Diário de Cuiabá; 843 de A Gazeta; 50 da Folha do Estado; 248 do O Liberal do Pará; 24 do Diário do Pará; 1.314 da AFPL, sendo 1.062 de veículos de televisão e 252 de emissoras de rádio (Tabela 14)

A fim de viabilizar a análise do expressivo voluma de notícias, elas foram classificadas com os seguintes critérios:

a) principais fatos abordados (prisão, autuação, embargo de áreas, fiscalização, ação do Ministério Público (MP), ação da Polícia Federal e Ibama);

b) relato de apreensões de produtos (fauna, flora, recursos florestais, recursos pesqueiros, grãos, cabeças de gado);

c) relato de apreensões de equipamentos (tratores, caminhões, correntes, colheitadeiras, armas de fogo, documentos, esteiras, veículos, artigos pesca, motosserras);

d) fatos envolvendo UCs, TIs, assentamentos rurais e zoneamento; e) desataque para avanços ou retrocessos nas ações de conservação.

A análise da evolução das notícias veiculadas na década de 2000 revela uma estreita correlação com os principais fatos envolvendo as ações do governo federal por meio, principalmente, do PPCDAm (Tabela 15 e Figura 50). O primeiro aumento significativo no número de matérias ocorreu no ano de 2005, sendo que a maioria delas se concentra em três fatos que mobilizaram os noticiários: o envio de 2.000 soldados do exército para conter os conflitos entre lideranças locais e grileiros, acirrada após o assassinato da freira Dorothy Stang, em 12 de fevereiro; a interdição administrativa de toda a região do entorno da BR-163, desde a divisa com o Estado do Mato Grosso à sua intersecção com a BR-230 (Rodovia Transamazônica) e a criação de um conjunto significativo de unidades de conservação, incluindo a Esec da Terra do Meio (3,3 milhões de hectares) e o Parna da Serra do Pardo (445 mil hectares), abrangendo uma área equivalente a duas vezes o Estado de Sergipe, em fevereiro; e a operação Curupira, em junho, considerada uma das maiores operação realizadas pela PF.

A partir desse ano o número de matérias na imprensa nacional e regional se mantém em número bem acima do período anterior ao PPCDAm (2000 a 2003), sendo que o segundo pico ocorreu em 2008, com forte cobertura sobre o aumento do desmatamento verificado no final de 2007 e as novas medidas de controle impostas à região com o Decreto 6.321 que estabelece a lista de municípios prioritários para controle e fiscalização; embargo obrigatório de áreas ilegalmente desmatadas; responsabilização da cadeia de produção e comercialização por produtos oriundos de áreas irregularmente desmatadas; e condicionamento da liberação de crédito agropecuário a comprovação de adimplência ambiental pelo tomador. Também mobilizam a imprensa a polêmica envolvendo a contestação dos dados do Inpe pelo governador Blairo Maggi, do Estado de Mato Grosso, e a renúncia da Ministra Marina Silva em maio, devido as tentativas de alteração do Decreto 6.321.

Tabela 15 – Evolução anual do número de notícias sobre desmatamento na Amazônia na década de 2000

Ano Número de notícias

2000 91 2001 114 2002 123 2003 169 2004 231 2005 482 2006 288 2007 536 2008 1.706 2009 1.000 2010 597

Fonte: Resultados da pesquisa. Elaborada pelo autor.

Figura 50 – Evolução anual do número de notícias sobre desmatamento na Amazônia na década de 2000

Fonte: Resultados da pesquisa. Elaborada pelo autor.

A seguir são apresentadas figuras com a distribuição anual das notícias analisadas em diferentes veículos de comunicação, que reforçam a forte conexão entre a frequência das mesmas e a evolução da implantação de medidas de controle do desmatamento na Amazônia.

Figura 51 – Quantidade de notícias veiculadas pelos jornais OESP, FSP e O Globo por ano na década de 2000

Fonte: sites OESP, 2015; FSP, 2015 e O Globo, 2015. Elaborada pelo autor.

- 200 400 600 800 1.000 1.200 1.400 1.600 1.800 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 - 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 FSP OESP O Globo

Figura 52 – Número de matérias sobre desmatamento na Amazônia veiculadas pelos canais televisivos no Estado de Mato Grosso por ano na década de 2000

Fonte: site APFL, 2015. Elaborada pelo autor.

Figura 53 – Número de matérias sobre ações de punição ao desmatamento ilegal na Amazônia veiculadas pelos canais televisivos no Estado de Mato Grosso por ano na década de 2000

Resultados da pesquisa. Elaborada pelo autor.

0 50 100 150 200 250 300 350 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 0 20 40 60 80 100 120 140 160 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Prisões Autuação Fiscalização

Figura 54 – Número de reportagens sobre desmatamento na Amazônia veiculadas em programas especiais da Rede Globo

Fonte: site APFL, 2015. Elaborada pelo autor.

Figura 55 – Número de matérias sobre desmatamento na Amazônia veiculadas pelo jornal televisivo Bom Dia Mato Grosso (Rede Globo)

Fonte: site APFL, 2015. Elaborada pelo autor.

0 5 10 15 20 25 30 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Globo Rural Fantástico Globo Ecologia Globo Reporter

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Figura 56 – Número de matérias sobre desmatamento na Amazônia veiculadas nos principais jornais televisivos de âmbito nacional

Fonte: site APFL, 2015. Elaborada pelo autor.

Tabela 16 – Temas/assuntos mais noticiados no universo de artigos, matérias e reportagens analisado

Ações de comando e controle 2.126

Prisão 139

Autuação 185

Embargo de áreas 90

Fiscalização Ibama 688

Atuação MP 156

Atuação Polícia Federal 687

Apreensão de produtos agropecuários e florestais 121

Apreensão de equipamentos 60

Unidades de Conservação 263

Terras indígenas 165

Assentamentos rurais 128

Zoneamento 81

Avanços no controle do desmatamento 1.078

Retrocessos no controle do desmatamento 506

Fonte: Resultados da pesquisa. Elaborada pelo autor.

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Jornal Nacional Bom Dia Brasil Jornal Hoje Jornal da Globo Jornal da Band SBT Brasil Jornal do SBT Jornal da Record

8 CONCLUSÕES

As análises dos dados compilados e produzidos no presente trabalho demonstram que o esforço depreendido pelo governo federal nos sete primeiros anos de operação do PDCDAm se concentrou, principalmente, nos eixos de ordenamento fundiário e territorial e monitoramento e controle ambiental. A ação pública foi marcada pela intersetorialidade, com vários ministérios e órgãos vinculados agindo de forma sinérgica. Essa atuação foi inédita em relação aos governos anteriores tanto do ponto de vista da forma – intersetorial –, como no grande volume de iniciativas implementadas.

As ações empreendidas no âmbito do PPCDAm inovaram de forma significativa em relação ao verificado no período anterior (1990 a 2002) tanto no número de medidas adotadas, como nas categorias de concentração, ganhando destaque as voltadas à melhoria dos processos de gestão, integração intergovernamental, transparência e monitoramento. As diversas iniciativas de abertura de dados e o envolvimento direto de setores da academia, institutos de pesquisa e organizações da sociedade civil, estabeleceu um ambiente colaborativo virtuoso para as análises de cenários, proposição de políticas públicas e aperfeiçoamento de mecanismos de governança socioambiental.

Ficou demonstrado, também, que a redução constante e consistente do desmatamento na Amazônia Legal, no período de execução do PPCDAm, não apresentou relação de causa e efeito com a evolução das principais commodities presentes na região, contrariando o verificado em períodos anteriores. Segundo os dados analisados, a flutuação nos preços da soja e da carne e as variações cambiais, em alguns momentos desfavoráveis à exportação de produtos brasileiros, foram fatores secundários no controle da degradação florestal, ainda que se possa afirmar que a conjuntura econômica, no que se refere ao mercado agropecuário nacional e internacional, tenha sido favorável à redução da pressão por abertura de novas áreas, no início da primeira fase do Programa (2004 a 2006). A partir de 2008, no entanto, verificou-se um aumento constante na área plantada e na produção de soja e milho, assim como o aumento do rebanho bovino na Amazônia, com a simultânea redução anual das taxas de desflorestamento.

O mesmo processo de reversão de expectativas ocorreu em relação à disponibilidade de crédito agropecuário. Considerado um dos principais vetores de estímulo ao desmatamento regional, o crescente acesso aos financiamentos destinados ao custeio, investimentos e comercialização das safras agrícolas e atividades de pecuária, verificado a partir de 2010, após redução de oferta 2006 a 2009, tampouco foi acompanhado de aumento do desflorestamento. Ao contrário, mesmo com o crescimento significativo da participação da Amazônia Legal no montante do crédito agropecuário nacional em 2012, com crescimento de 41,7% em relação a 2005, o desmatamento seguiu em queda.

Foi demonstrado, ainda, que os resultados esperados de importantes ações empreendidas pelo governo federal na região não foram alcançados. A interrupção da disponibilização de crédito agropecuário para propriedades irregulares frente à legislação ambiental e para os municípios incluídos na lista de prioritários para o controle do desmatamento teve efeito em alguns anos, mas deixou, como já registrado, de ser um fator importante a partir de 2009. As multas aplicadas pelo Ibama, que cresceram de forma acentuada após o início do PPCDAm, não tinham sido efetivamente cobradas e os infratores não sofreram punição até a conclusão dessa pesquisa. As unidades de conservação ambiental, criadas em grande quantidade em pontos estratégicos da frente de expansão da fronteira agrícola predatória, não foram implantadas ou dotadas de fiscais para garantir efetiva proteção.

Entretanto, a despeito desses e outros fatos correlatos, a presença do Estado aumentou sensivelmente na Amazônia em decorrência do grande volume de inciativas de amplo alcance coligidas, documentadas e analisadas no presente trabalho e as taxas de desmatamento caíram de forma consistente e contínua durante todo o período, com exceção do ano de 2007 que registrou um pequeno aumento.

Considerando o exposto a as análises realizadas, é possível concluir que as várias ações adotadas no âmbito do PPCDAm, especialmente as de grande impacto local, como, mas não somente, as operações de fiscalização com prisão de centenas de pessoas entre produtores, empresários e funcionários corruptos; a criação de unidades de conservação em territórios em franco processo de invasão para especulação imobiliária; e a suspensão de milhares de títulos de terra e posses irregulares, que tiveram grande visibilidade na mídia regional e nacional, geraram o efeito não planejado de um inédito e significativo aumento da percepção de risco no

descumprimento da legislação ambiental, decorrente de maior presença do Estado e da redução da impunidade.

Essa conclusão é fortemente apoiada pelos depoimentos dos informantes- chave entrevistados na pesquisa de campo detalhada nessa tese. Conforme pode ser verificado, 37 dos 39 participantes da pesquisa desenvolvida, definem a fiscalização constante e intensa e as ações de ordenamento territorial (suspensão de títulos e criação de unidades de conservação) como os principais fatores responsáveis pela queda do desmatamento. Também ficou evidente nas respostas oferecidas, o elevado grau de conhecimento das ações implementadas pelo PPCDAm e seus efeitos que, mesmo quando criticados por alguns, são amplamente reconhecidos como de grande eficiência e eficácia.

A repercussão na imprensa nacional e regional também surge como um fator de destaque, visto o crescimento extremamente significativo da cobertura dos fatos associados ao desmatamento na Amazônia registrado a partir do início da década de 2000 e acelerado a partir de 2005, quando o PPCDAm inicia a implementação de iniciativas de forma mais contundente.

A postura firme do governo federal nas medidas implementadas e a comunicação precisa sobre o rigor no cumprimento da legislação socioambiental, contribuiu para a instauração de um ambiente de “tolerância zero” com o desmatamento ilegal e predatório. Esse efeito teria, inclusive, estimulado o aumento do número e da criatividade das iniciativas de governos estaduais, municipais e da sociedade em geral que contribuíram para esse resultado. Entre essas iniciativas podemos citar o aumento sem precedentes na criação de unidades de conservação por governos estaduais na Amazônia, que chegaram a superar as criadas pelo governo federal42, moratória da soja43, as negociações entre o Ministério Público Federal e pecuaristas que levaram ao início da moratória da carne em 201244 e a iniciativa da criação do Programa Município Verdes (PMV) no Estado do Pará45.

42 No período de 2003 a 2009 foram incorporados 37.363.113 ha ao sistema estadual de unidades de conservação na Amazônia Legal, acima, portanto, dos cerca de 25 milhões adicionados pelo governo federal (TONI, 2011)

43 O plantio da soja na Amazônia cresceu, no período de 2001 a 2006, a média anual de 1,0 milhão ha ao custo de novos desmatamentos, ao passo que, em 2006, a expansão da leguminosa continuou sobre mais 1,3 milhões ha em áreas já convertidas (AZEVEDO: STABILE; MOUTINHO, 2015).

44 Disponível em: http://amazoniareal.com.br/empresas-fazem-acordos-da-moratoria-da-carne/. Acesso em set. 2016.

45 Instituído pelo governo do Estado do Para em parceria com o Ministério Público Federal no Pará em março de 2011, como resposta às medidas definidas pelo Decreto Federal 6.321/2007, voltado ao

A estabilização das taxas de desmatamento no patamar de 5.000 km² a partir de 2012, quando foi interrompida a curva descendente iniciada em 2005, e o recente aumento nos índices de desmatamento registrado nos anos de 2014 e 2015, também geram argumentos que podem vir a reforçar essas conclusões. Isto porque a reversão da eficiência do PPCDAm se dá após a aprovação da flexibilização da legislação de regularização fundiária e de proteção florestal, com apoio explícito do governo federal, do próprio MMA e da retirada da Casa Civil da posição de coordenação do Programa, até então considerado um elemento chave para a sua eficácia.

incentivo aos municípios para reduzir o desmatamento, promover o ordenamento ambiental e apoiar a produção sustentável (NEVES, 2015).

REFERÊNCIAS

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