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CAPÍTULO IV NOVA METODOLOGIA PARA A CONTABILIZAÇÃO DE RECEITAS

4.6 Operações extraorçamentais

4.6.2 Reposições abatidas e não abatidas aos pagamentos

A necessidade de observar critérios de clareza e rigor levou a que no atual classificador económico das receitas e de despesas públicas se tenha instituído um capítulo e agrupamento específico para as operações de tesouraria e receitas do Estado, mais especificamente para a CE 17.00.00 — «Operações extraorçamentais». Neste agrupamento, englobam-se as operações que não são consideradas receita orçamental, mas com expressão na tesouraria.

Trata-se de uma reposição40 que consiste na recuperação de fundos, um pagamento efectuado por

excesso ou indevidamente, por qualquer serviço ou unidade orgânica do sector público a particulares ou entre si. Importa referir neste capítulo o grupo em observação: 17.03.00. “Reposições abatidas nos

pagamentos” são todas as importâncias que abatem aos pagamentos realizados, libertando as dotações

correspondentes, com características que lhes são comuns:

1. Consistem numa redução da despesa do exercício, com reflexo na dotação disponível (orçamental);

2. Consistem num fluxo monetário de entrada (com reflexo na conta 252 – Credores por execução do orçamento);

3. Quando ocorre, os respectivos movimentos de regularização influenciam o valor contabilístico dos bens e/ou serviços.

A existência de uma reposição abatida aos pagamentos pressupõe que houve, por parte da entidade, um pagamento excessivo em relação a uma determinada aquisição, na maioria dos casos de pagamentos a mais de remunerações a funcionários ou erros de faturação de fornecedores, cuja regularização é realizada na contabilidade patrimonial e no respectivo ano financeiro, através de movimentos contabilísticos de estorno (anulação) nas contas inicialmente movimentadas referentes ao processamento, liquidação e pagamento.

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De leitura obrigatória - Circular n.º A-1369 da DGO, de 18 de Novembro de 2011 e Decreto-Lei n.º 232/97 de 3 de Setembro.

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O movimento contabilístico é realizado em GeRFiP com sinal ao contrário no mapa da despesa por ser um abate a esta, de acordo com as seguintes fases: i) registo; ii) emissão; iii) impressão da guia. O

pagamento41 da guia poderá ser realizado de quatro formas:

1. Diretamente num dos balcões do organismo, através de cheque cruzado, emitido ao IGCP, E.P.E. e remetido para a Divisão de Gestão Financeira e Patrimonial ou ainda por transferência bancária para o NIB indicado para o efeito, pela divisão financeira, sendo neste caso imprescindível a apresentação de comprovativo de pagamento, com a identificação clara do número a que respeita, data e montante, sob pena de não ser considerado.

2. Ou no serviço local de finanças mediante a apresentação da guia de reposição emitida pelo serviço emitente da guia.

Se o pagamento for feito de acordo com o ponto 1 a guia emitida em GeRFiP deverá ser complementada com um DUC gerado no sistema SGR e pago através do sistema de cobranças do Estado via

homebanking através da referência DUC e da respectiva quantia a repor. No caso optar pela modalidade

de pagamento referida no ponto 2 o organismo aguarda pela recepção do comprovativo de pagamento nos balcões do serviço local de finanças a demonstrar a sua efetivação. Após o pagamento da guia através do sistema de cobranças do Estado ou por terceiros no serviço local de finanças, o serviço emissor da RAP deverá proceder à sua cobrança e regularização no sistema contabilístico partilhado na posse do comprovativo de pagamento.

As reposições abatidas aos pagamentos (RAP) destinam-se a corrigir o nível de despesa, constituindo menos despesa orçamental, aumentando a dotação disponível. Não havendo desagregação da conta 2521, o tratamento contabilístico das RAP consiste na movimentação da conta 2521 em sentido inverso daquele que ocorre aquando da autorização de pagamento e pagamento da despesa, com incidência na classificação orçamental da despesa original. Deste modo, a RAP vai originar o incremento dos movimentos a débito e a crédito da conta 2521, prejudicando a leitura dos pagamentos líquidos. Assim, a criação de uma subconta “2529 – Reposições Abatidas aos Pagamentos” vai permitir isolar o montante das RAP e, por conseguinte, eliminar o enviesamento da leitura dos movimentos acumulados da conta 2521. A subconta “25291 – Reposições Abatidas aos Pagamentos – Registo” deverá refletir a crédito o valor do recebimento da RAP, por contrapartida das contas de disponibilidades. Qualquer anulação/rectificação de um lançamento de RAP, que não seja efectivada através da figura de estorno disponível no sistema informático ou caso não exista no sistema informático, deverá ser reflectida na subconta “25292 – Reposições Abatidas aos Pagamentos – Anulação e Rectificação”. O movimento contabilístico de anulação/rectificação da RAP corresponde ao lançamento a crédito por contrapartida das contas de fornecedores ou outros credores, e ao lançamento a débito por contrapartida das contas de

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Nota: Caso não proceda ao pagamento no prazo mencionado, será emitida certidão de dívida, a remeter ao serviço de finanças competente, para efeitos de cobrança coerciva, através de processo de execução fiscal.

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disponibilidades. O início da correção no sistema contabilístico faz-se ao nível da classe 0 uma vez que existe uma 0224 Reposições Abatidas nos Pagamentos.

Lançamento Contabilístico – RAP:

Figura IV. 9 - Registo da RAP

RAP RAP RAP RAP RAP RAP

Valor do custo

Correcção do Custo

Valor a

receber RAP RAP

RAP recebida Talão de depósito RAP recebida 6 Custos e perdas 268 Devedores e credores diversos 2529 Reposições

Abatidas aos Pagamentos 13 Conta do tesouro

Pagamento da RAP

027 Compromisso 023 Dotações Disponíveis 0224 RAP 026 Cabimento

Fonte: Elaborado pela própria

Nota: o débito na conta 0224 e o crédito na conta 023 implica alterações às dotações disponíveis, mas não às dotações iniciais.

Quanto ao tratamento das reposições não abatidas nos pagamentos (RNAP) é idêntico às RAP, a diferença entre elas reside nas receitas provenientes das entradas de fundos em resultado de pagamentos orçamentais indevidos, ocorridos em anos anteriores, ou em razão de não terem sido utilizados, na globalidade ou em parte, pelas entidades que os receberam. Ou seja, neste grupo só se registam as devoluções que têm lugar depois do encerramento do ano financeiro em que ocorreu o pagamento, isto é

o registo das devoluções faz-se na vigência de outro orçamento. E não são tidas como receita

orçamental. Note-se que, atendendo à natureza da receita proveniente de reposições não abatidas nos pagamentos, para efeitos de elaboração dos documentos previsionais, o capítulo económico respectivo é 15.00.00 “Reposições não abatidas nos pagamentos”, não deve em regra ser dotado, pelo que se durante o exercício económico forem detectadas situações desta natureza, a entidade deve proceder a uma revisão do orçamento. A título excepcional, esta rúbrica pode ser dotada caso à data da elaboração do orçamento for conhecida a causa justificativa da sua abertura, situação da qual deve ser apresentada a devida prova em anexo.

Lançamento contabilístico – RNAP:

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Valor a receber Valor a receber Valor a receber RNAP Recebida RAP recebida 712 Proveitos e Ganhos 2681 Devedores e credores diversos 2521 Devedores pela

execução do orçamento 13 Conta do tesouro

Fonte: Elaborada pela própria