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4 ABORDAGEM DAS SITUAÇÕES DE TRABALHO NAS ATIVIDADES AGRÍCOLAS

4.3 D AS T AREFAS ÀS A TIVIDADES DE TRABALHO : REALIZAÇÃO E PERCEPÇÃO DOS AGRICULTORES

4.3.5 Representação das atividades laborais na avicultura

A criação de aves é comum no meio agrícola, principalmente como atividade para o consumo próprio da família. Entretanto a família B não tem criação de aves nem para seu próprio consumo, prefere comprar ou trocar outros produtos por aves com outros membros da família ou com vizinhos quando necessita. Já as famílias A e C possuem criação de aves e realizam esta atividade também como mais uma fonte de renda.

Na família A, esta atividade é quase estritamente para suprir as próprias necessidades, entretanto, sempre é possível vender algumas aves e ovos para

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pessoas que vêm até à propriedade comprá-las, mesmo não sendo este o objetivo da criação. Isso se justifica em virtude de produtos coloniais serem bastante aceitos na comunidade.

A família C tem nesta atividade muito mais que uma forma de suprir suas necessidades de consumo, investe na avicultura como atividade produtiva e comercial, a qual tem um giro contínuo, provendo recursos para as necessidades mensais da família, já que na maioria da produção agrícola o lucro é anual e deve ser administrado muito bem ao longo do ano. Entretanto, antes de iniciar a produção em maior escala, a agricultora já comercializava frangos caipira abatidos em pequena escala e foi justamente esta pequena atividade que motivou o investimento na avicultura. Segundo a agricultora:

O que tu tiver de produto colonial tu vende pra tuas colegas, né. Então, comecei a vender o f ango que tinha em excesso.

Além da ave abatida, a família também comercializa os ovos, provendo recursos financeiros importantes como representa a seguinte fala do agricultor:

Toda semana vende uma base de 15 a 20 dúzias de ovos. Ela vende a R$ 1,50. Tira o combustível e mais alguma coisa. Vinte (dúzias) dá uns R$ 30,00 praticamente, isso faz a diferença porque você tem a galinha e já aproveita também os ovos, né.

Esta família começou a investir no frango há cerca de dois anos, com uma linhagem de frango caipira desenvolvida pela EMBRAPA, como um teste. Entretanto, não foi possível levar em frente a criação nas bases da empresa, como expressa a agricultora:

Nós mandamos fazer a planta, fizemos a inscrição no CREA e aí o responsável ficou fazendo o proje o, só que ele bo ou o p ojeto na gaveta, passou, passou passou, sabe. Aí a princípio, a gente meio que se incomodou, mas deixamos. Depois quando eu fui trabalhando com o frango e vi que a coisa não realmente o que eles pregavam né, eu não fui mais atrás do projeto Eu pensei `não, não é bem

assim, nós não vamos investir um dinheiro desse, e depois?´. Aí nesse tempo todo eu fui aprendendo, né.

Ressalta-se que, segundo os agricultores, para terem a produção regulamentada, é necessário um projeto incluindo a planta física e, no mínimo, 6.000 aves. Dessa forma, podem criar e comercializar frangos inspecionados.

A partir de então, reformularam, por conta própria, a criação de aves na propriedade. Construíram um aviário, baseado nos conhecimentos adquiridos com os técnicos da referida empresa e nas suas próprias experiências como na construção do vertical, onde se criam suínos, que o agricultor administra em consórcio com seu pai.

As seguintes falas manifestam o que pensam os referidos agricultores a respeito desta prática:

Se for fazer como manda a empresa eu vou vender pinto, vou vender frango, não vou vender qualidade, não vou vender esse frango que o pessoal quer comprar.

Tem coisas que com a prática se torna mais fácil de fazer, a teoria ajuda porque é conhecimento e é bom ter conhecimento, mas às vezes tem que conciliar as coisas pra conseguir ter as duas partes.

Assim, os agricultores começaram a investir em novas linhagens testadas na própria propriedade, o que resultou em um produto mais satisfatório para eles. Ainda hoje os agricultores fazem o cruzamento de algumas espécies de frango caipira para obter um frango que acreditam ser o mais rentável e aceitável.

Para isso os agricultores compram pintinhos e os criam separadamente até atingirem um tamanho médio. Após isso, são colocados para reproduzirem junto às espécies que já possuem na propriedade, inclusive os frangos da Embrapa. Sobre isso, o agricultor relata:

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Já testei uns oito ou nove tipos diferentes. Este que nós temos hoje, na região não tem ninguém.

Ao chegar com uma caixa de pintinhos de uma espécie nova, o agricultor expressa:

Vou tentar fazer um teste pra ve o tempo que ele vai levar pra chegar no peso do outro, fazer um acompanhamento de peso diário. Com uns 90 ou 100 dias, comparar o peso com os da Embrapa.

Esta família possui um plantel com cerca de 800 a 1.000 aves. A atividade é administrada principalmente pela esposa, pois foi ela quem começou o negócio.

O frango exige um tratamento delicado, pois é comum contraírem doenças, principalmente as respiratórias, que podem dizimar uma criação, se não tratadas. Necessita também de reposição de alimentos e água com freqüência, além de ambiente aquecido e com espaço físico suficiente para a procriação. As Figuras 26 e 27 demonstram o manejo no tratamento do frango realizando pela agricultora, logo pela manhã.

Figura 27: Ilustra o manejo da agricultora no tratamento diário do frango.

A criação é voltada principalmente para a comercialização de ave abatida para suprir pequenos mercados locais e clientes particulares. O abate é feito conforme a demanda e com uma freqüência semanal (1 vez por semana). Isso ocorre porque além de pretender entregar um produto fresco, a agricultora não possui um espaço adequado para o abate em grande escala e conservação do frango. As Figuras 28, 29 e 30 mostram o abate do frango e o ambiente físico em que o mesmo é realizado.

Figura 29: Ilustra o ambiente físico e parte da tarefa de abate dos frangos.

Figura 30: Ilustra o ambiente físico e parte da tarefa de abate dos frangos.

Devido a não possuir um local adequado, que se enquadre dentro do que a legislação brasileira estabelece para a criação e o abate de frangos, os agricultores só podem fornecer frangos informalmente para particulares e pequenos mercados locais, pois os frangos não recebem vistoria da fiscalização. Entretanto, é um projeto futuro da família organizar e legalizar esta atividade para crescerem no mercado.

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