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4 ABORDAGEM DAS SITUAÇÕES DE TRABALHO NAS ATIVIDADES AGRÍCOLAS

4.3 D AS T AREFAS ÀS A TIVIDADES DE TRABALHO : REALIZAÇÃO E PERCEPÇÃO DOS AGRICULTORES

4.3.2. Representação das atividades laborais no cultivo do milho

O cultivo do milho é determinado por três momentos: o roçar/pulverizar, o plantio e a colheita.

A maior parte destas atividades é mecanizada em todas as famílias acompanhadas, sendo manual apenas nas pequenas áreas que são plantadas para aproveitamento de espaço e onde o terreno é muito acidentado para a entrada de tratores.

A atividade de

roçar

a área do plantio de milho é feita com roçadeira acoplada ao trator ou é feita a

pulverização

com produtos que evitem o crescimento do mato, estes procedimentos são feitos somente alguns dias antes do plantio.

No caso de se utilizar a roçadeira, geralmente as famílias optam por ter um trator de pequeno ou médio porte que possam acoplar vários implementos agrícolas e que permita o acesso a algumas áreas acidentadas também. Entretanto, tratores de maior porte são necessários para realizar um trabalho mais rápido quando o terreno é plano e extenso e também quando é realizada a pulverização do terreno.

Observou-se, junto à família B, que esta não dispunha de um trator deste porte para realizar a atividade de roçar/pulverização, mas utilizava-se de mecanismos de permuta com vizinhos, onde o vizinho que possuía o trator prestava o serviço com sua máquina em horas de menor pico de trabalho e previamente agendadas e, posteriormente, o trabalho era “pago” com mão-de-obra da família na propriedade vizinha.

A atividade de roçar/pulverizar o terreno para o plantio do milho pode ser visualizada através da Figura 18, onde o agricultor está utilizando um trator, neste caso, emprestado do vizinho, onde este dirige e o agricultor direciona as manoplas do pulverizador para que estes acompanhem a altura do terreno.

Nesta atividade, houve o preparo do produto anteriormente, onde o agricultor que os manipulou utilizou devidamente os equipamentos de proteção como roupa

apropriada, gorro, óculos, luva e bota emborrachada, pois aproveitou que estava preparando outro produto para pulverizar as parreiras. Entretanto, este agricultor não participou da pulverização do terreno para plantio do milho, mas seguiu para pulverizar as parreiras.

Após o preparo, o agricultor e seu vizinho partiram para o local. A atividade necessita de duas pessoas, aonde uma vai dirigindo (o vizinho) o trator e outra (o agricultor) vai supervisionando a pulverização e direcionando as manoplas que controlam a altura do pulverizador em relação ao solo. Este precisa informar constantemente à pessoa que dirige sobre a situação do pulverizador, para que possa acelerar ou diminuir a velocidade.

Ainda na Figura 18, observa-se que o agricultor fica posicionado de costas para o vizinho, o qual está dirigindo o trator, pois precisa olhar para a parte de trás do trator, já que o sistema de pulverização está localizado na parte traseira do mesmo. No entanto, o trator possui apenas um banco de fábrica, o que impede a acomodação de duas pessoas para a realização desta atividade. Dessa forma, houve uma adaptação no trator, sendo colocado um banco de madeira, conforme se pode visualizar na Figura 19, onde o agricultor vai sentado de costas para o condutor, podendo manipular com mais facilidade o sistema de pulverização.

Observa-se também, pela Figura 18, que ambos os sujeitos encontram-se sem vestimenta adequada e sem proteção para a utilização de produtos químicos durante a atividade de pulverização.

Figura 18: Ilustra a atividade de pulverização do terreno para plantio de milho.

Figura 19: Ilustra a adaptação do trator com banco de madeira para a acomodação do agricultor que manipula as manoplas na atividade de pulverização com pulverizador horizontal para terrenos mais extensos.

A atividade plantio de milho, em sua grande maioria, é mecanizada. Entretanto, como já foi dito, em terrenos pequenos e/ou muito acidentados, a mesma é realizada manualmente.

Para o plantio mecanizado, é utilizado um implemento chamado plantadeira. Neste implemento existe um recipiente onde são colocados grãos de milho, preferencialmente comprados, pois estes além de terem um tratamento genético diferenciado, também são de tamanho mais homogêneos, o que faz com que não

ocorram perdas significativas de sementes durante o plantio e também se tenha um produto de melhor qualidade, pois as sementes são selecionadas de modo que se encaixam com mais facilidade nos discos da plantadeira, como se pode observar na Figura 20 abaixo.

Figura 20: Seleção do disco da plantadeira de acordo com as sementes de milho. A escolha do disco para a plantadeira é feita no preparo da máquina para o plantio. Os agricultores, de posse das sementes, testam o tamanho dos orifícios em alguns discos, de modo a selecionar o que melhor se encaixa e permite um perfeito deslizamento da semente para o plantio em seguida.

Pode-se observar na Figura 21, a diferença existente entre as sementes, o que vai determinar a escolha do disco para o plantio.

Figura 21: Ilustra as diferenças entre as sementes de milho que acarreta a escolha do disco da plantadeira.

O plantio de milho mecanizado é quase sempre feito por duas pessoas: uma dirige o trator lentamente e a outra vai atrás andando, seguindo o trator, para observar se as sementes estão caindo corretamente em quantidade e em profundidade, e se estão sendo cobertas com a quantidade certa de terra. Desse modo, é possível verificar se há necessidade de ajustes na plantadeira. Caso haja necessidade, o tratorista pára e os dois agricultores regulam a máquina, começando o ciclo novamente até que tudo esteja funcionando do modo estipulado.

Sobre a necessidade de ajustar corretamente a máquina, ação muitas vezes realizada repetida e minuciosamente, relata um agricultor:

Tem que ar umar certo, senão o cara perde a planta e não dá. r

A colheita do milho é, em grande parte, mecanizada, neste caso uma só pessoa realiza a tarefa de colheita, pois a máquina colheitadeira tanto colhe a espiga como a debulha, deixando os grãos de milho prontos para serem embalados.

Entretanto, como se aproveita qualquer espaço de terra para o plantio, nem sempre o trator chega até o local, muitas vezes bastante acidentado. Ocorre então, a colheita manual.

A colheita manual quase sempre é feita pelos familiares em conjunto, já que demanda mais tempo. Os agricultores, de pé, arrancam as espigas de milho com as

mãos e jogam-na em um local central no chão para juntá-las e para facilitar o transporte.

Na Figura 22, abaixo, pode-se observar um agricultor realizando a colheita do milho manualmente. Ele colhe duas espigas sucessivamente. Na foto está segurando uma das espigas na mão direita e com a mão esquerda está realizando um movimento de rotação interna com o braço para quebrar a outra espiga, induzindo uma postura de flexão lateral de todo o corpo para a direita. Este movimento é repetido a cada espiga colhida.

Figura 22: Ilustra o modo operatório do agricultor colher manualmente o milho. Após a colheita da espiga, o pé de milho é quebrado ao meio principalmente para indicar que já foi colhido e para facilitar o acesso às demais plantas.

Há necessidade de entrar em meio à plantação para realizar a colheita manual e os agricultores se protegem da poeira gerada pela palha do milho com roupas que cobrem a superfície dos membros, como ilustra a Figura 23 a seguir.

Figura 23: Ilustra o ambiente de trabalho na colheita manual de milho.

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