• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO IV Apresentação e Análise Interpretativa dos Dados

2. Apresentação dos Resultados das Entrevistas

2.3. Representações Acerca da Inclusão

2.3.1. Conceito de Inclusão

A Declaração de Salamanca (1994) vem acrescentar à integração física nas escolas públicas o envolvimento académico nas suas classes regulares assumindo-se assim com clareza que as diferenças interpessoais são um factor promotor do desenvolvimento de comunidades escolares mais ricas e tolerantes (Correia, 2003).

O sujeito S1 começa por definir o conceito de inclusão referindo que somos todos iguais e prossegue reforçando o conceito com a ideia de incluir um aluno com maior ou menor dificuldade no mesmo grupo, na mesma turma, mas respeitando as diferenças e realizando um trabalho específico caso se justifique. Conclui afirmando que da teoria à prática há uma grande diferença, posição essa que é concordante com a expressa no questionário, na questão nº5.

“(…) toda a gente diz que sim, na prática é uma grande diferença”

Para o sujeito S2, nem todos têm as mesmas condições de partida, mas têm de conviver uns com os outros, considera que este processo é moroso, mas que pelo facto destes alunos já estarem na escola, a sociedade torna-se mais receptiva. Considera, também, que pelas condicionantes pessoais dos alunos, a inclusão pode estar limitada. Refere que procurar que estas pessoas atinjam os mesmos objectivos sociais e cognitivos é impossível. Diz também no questionário que considera muito difícil conciliar um trabalho com alunos com NEE em situação de inclusão em turma regular.

O sujeito S3 afirma que todos têm direito a uma educação e incluir é colocar alunos com dificuldades no meio de outros perfeitamente normais e evitar ao máximo diferenciações entre eles. Refere-se, ainda, ao facto de haver enquadramento legal para a inclusão, mas que na sua escola, uma criança não pode ter o seu percurso escolar normal pelo facto de estar numa cadeira de rodas.

Este sujeito alerta, também, para o facto deste processo, se não for conduzido de forma adequada, poder criar expectativas e ilusões nos alunos, defendendo que o aluno deve ser consciencializado das suas limitações.

“A falsa inclusão é mais grave que a exclusão”

O sujeito reconhece que incluir alunos fornecendo-lhes o sentimento de que são perfeitamente iguais aos outros, é uma falsa inclusão. Acrescenta, através da resposta à questão nº5 do questionário, que para além de recursos físicos e humanos, é imprescindível a formação dos professores nesta área.

2.3.2. Experiências com alunos com NEE

2.3.2.1. Dificuldades sentidas

Pela leitura que fazemos de todo um percurso histórico que não é pacífico em muitas das suas fases, pretendemos agora tentar desocultar dificuldades que estes docentes tenham sentido na sua prática lectiva com alunos com NEE.

O sujeito S1 refere que as principais dificuldades centram-se num sentimento de incompetência profissional, de não saber como é que deve intervir, de não conseguir

encontrar soluções por parte dos apoios educativos e na sensibilização dos restantes colegas para as limitações que aquele aluno tem naquela área.

O sujeito S2 refere que o facto de ter um aluno com alguma dependência, obriga-o a dar mais atenção e consequentemente prejudica o trabalho com a restante turma.

Por seu lado, o sujeito S3 também demonstra sentimentos de incompetência para intervir e refere que uma das maiores dificuldades é gerir a aula com os restantes alunos e considera que é uma preocupação acrescida.

2.3.2.2. (des)Vantagens pessoais

O sujeito S1 considera que as principais vantagens são a oportunidade de aprender com as situações que se criam, tem um cuidado especial com os alunos que considera desfavorecidos e, segundo este sujeito, estas situações estimulam-no porque ainda não desistiu e defende a igualdade de oportunidades. No entanto, segundo palavras do próprio, considera que não há vantagens nenhumas, porque com o sistema tal como está, “é remar contra a maré”.

Quanto ao sujeito S2 reconhece que, apesar de não ter formação específica na área, as situações que se proporcionam chamam a atenção para uma realidade da qual, por vezes, se está longe e a forma como as dificuldades se apresentam e se ultrapassam tornam-se interessantes e obrigam a um maior empenho.

O sujeito S3 destaca que as vantagens estão numa maior consciencialização sobre as limitações que existem nos outros, na procura de pistas para poder intervir com adequação e no facto de ser um desafio pessoal.

2.3.2.3. (des)Vantagens para a turma

O sujeito S1 considera que as vantagens são a aceitação do grupo em relação aos alunos com NEE, pois defende ser muito vantajoso que estejam integrados em turma, pois precisam do apoio dos colegas e todos podem aprender com as diferenças uns dos outros. Todos reforçam valores de solidariedade, tolerância e respeito pelas diferenças, considera que não há desvantagens e que quando os outros alunos são menos tolerantes tenta colocá-los no lugar do aluno com NEE.

O sujeito S2 acha que é positivo e que as turmas aceitam bem as situações diferentes, diz que os alunos com NEE não se sentem maltratados e que o seu ritmo individual é respeitado. Tal como o sujeito 1 também refere o reforço de atitudes de respeito pela diferença, tolerância e cooperação.

O sujeito S3 reforça estas ideias, ou seja, o grupo vai desenvolvendo atitudes solidárias e tolerantes, que como o próprio refere, não se vê noutras turmas, na sua opinião um aluno com NEE incluído em turma é um contributo para a maturidade psicológica e emocional de todos. Refere que não vê desvantagens, no entanto refere que a tendência por vezes é discriminar, mas que cabe ao professor fazer com que essa discriminação seja atenuada e mesmo anulada.

2.4. Factores ambientais e contextuais da inclusão nas aulas de

Documentos relacionados