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Representações sociais observadas sob uma dimensão psicossocial

Segundo Moscovici (1978), o conceito afeto à representação social teria estreita relação com o da representação coletiva, uma vez que o homem é um ser eminentemente social.

Conforme afirma Durkheim (1986), em sua teoria seria possível explicar o que forneceria certa unidade à vida social, o que representaria um elo entre diferentes, tais como sensações individuais, que buscam entender os indivíduos como produtos de uma realidade social, sendo essas representadas por meio de sua causa universal, objetiva e eterna.

Ainda, segundo esse autor, por meio do conceito de consciência coletiva se obteriam respostas afetas a determinado grupo e, também, afetas aos indivíduos pertencentes a esse. Nesse caso, a associação entre indivíduos, em síntese, produziria uma realidade social, a qual seria suspensa cada uma das partes que formam esse grupo.

Segundo Durkheim (1986), a realidade compartilhada por esse grupo, que sobrepõe às realidades individuais de seus integrantes, pode ser chamada de “consciência coletiva”, onde as diferenças individuais acabam sendo eliminadas ou minimizadas e dão lugar a certa unidade, que se manifesta pela formação de ações de representações coletivas.

Dessa forma, os julgamentos pessoais, tidos como aparentemente racionais, são de algum modo deformados e influenciados pelos julgamentos inconscientes de um grupo, o que faz com que o indivíduo observe apenas o que os seus preconceitos permitem que sejam vistos.

Assim, o modo individual de agir, de pensar e até de sentir é psiquicamente influenciado pelos chamados meios próprios de uma consciência coletiva, que agem sobre os indivíduos de forma, por vezes, quase imperceptível.

Percebe-se que há um caráter objetivo em representações coletivas além das representações individuais, mesmo essas últimas sendo produzidas por ações e permitidas por alguns elementos nervosos; podem ter existência em si mesmas e, dessa forma, precisam ser consideradas e observadas, uma vez que derivam de ações e pensamentos coletivos, embora até possam ser produzidas por reações ou ações entre os indivíduos determinados.

Dessa forma, os chamados fatos sociais se manifestam inerentemente como em uma existência própria, podendo ser encarados como coisas que exercem certo poder coercitivo, mesmo sendo esses interiores ou exteriores aos indivíduos.

Segundo Durkheim (1986), as representações coletivas apresentam certa existência concreta e, assim, certa materialidade, que se manifestaria por meio na estrutura jurídica e organizacional de uma formação social, nos mecanismos de controle social, nos critérios e formas de sanção e recompensa, e não somente por meio de comportamentos relativos aos membros da sociedade, por meio de internalização e, também, de socialização de valores comuns do grupo.

Assim, as ditas representações coletivas devem fornecer sustentação a uma espécie de moral específica, a que se faz necessária ao chamado “corpo social”, fazendo materializar e trazendo uma requerida objetividade, transformando-a em algo natural e a fazendo desempenhar um papel de suavizar ou eliminar eventuais contradições individuais ao consciente coletivo, o que faz manter o equilíbrio e a ordem social.

Dessa forma, Durkheim (1986) descreve a existência de uma espécie de linha rígida entre o que seria individual e coletivo, segundo uma perspectiva social e psíquica, levando a que o social venha a prevalecer sobre o psíquico individual, sobretudo a fim de explicar fenômenos advindos das ações sociais, sendo fatores de interação social e de construção nitidamente negligenciados.

Assim, tal tema foi abordado em termos de sua reprodução, bem como quanto à produção de determinados significados estaria afeto a certa lacuna, que, em um plano simbólico ficaria bem pouco dinâmica quanto a seu sentido ser bem pouco conflitivo, uma vez que os indivíduos teriam uma forma de pensamento homogênea, pois esta seria representativa do grupo ao qual esse pertence. A relação desse indivíduo com a sociedade que o cerca ocorreria de forma meramente conceitual, em vez de entre grupos sociais específicos e concretos. A perspectiva integracionista iria conforme esse autor até suas últimas consequências.

Segundo Perrusi (1995), há percepção de Moscovici aparentemente ter utilizado o conceito que era tipicamente durkheiniano e fez algumas modificações principais, passando a utilizar esse como

conceito fundamentador de sua teoria, a qual permitiu que fosse realizado um grande número de pesquisas, sobretudo devido à retirada do peso da ontologia social (retirado do conceito de Durkheim), o que alterou seu campo de aplicação, situando-o a meio caminho entre o social e o psicológico.

Além disso, em seu novo conceito buscou inscrever aspectos relativos à consistência cognitiva de forma bastante acentuada, além de, especificamente, delimitar o cotidiano como seu campo de ação, além de especificar sua representação como um meio de conhecimento particular, além de relacioná-la ao senso comum, à socialização e à interação social.

Segundo Jodelet (1986), os aspectos sociais abordados por Moscovici, de forma diferente, sobre a visão do coletivo de Durkheim, procurou designar aspectos mais dinâmicos voltados à forma bilateral de ver o processo de constituição das representações sociais, evidenciando por um lado a representação como forma de conhecimento elaborado de maneira social e partilhada e, de outro, possuidor de uma realidade psicológica, a qual se revela por aspectos analógicos e afetivos, os quais se inserem no comportamento dos indivíduos. Tais representações são aspectos de mensuração social da realidade, os quais são resultados de um processo de elaboração psicológica da visão social da realidade, criada em meio a interações e atividades de mudança social.

Assim, ao mencionar a representação social, esta corresponde a um significado de cunho mais aprofundado do que simplesmente se verificar a opinião pública ou individual sobre determinado assunto, pois parte da verificação de questões afetas à conduta e à atitude, os quais são elementos que estariam em um nível de menor sedimentação social, sendo de certa forma mais fluidos e contingentes. Esses elementos podem ser, por eles próprios, correspondentes a efeitos de representações sociais mais profundas.

Segundo Moscovici (1978), as representações sociais apresentam como principais características a funcionalidade, bem como o caráter performativo, o qual tem buscado se descobrir funcionalidade nas representações ou, mesmo, na própria organização do que se entende como sendo a realidade. Dessa forma, as representações correspondem a formas de um conhecimento particular, o qual apresenta como função a possibilidade de elaborar comportamentos e permear a comunicação entre as pessoas.

Nessa perspectiva, vem o estudo das representações sociais mostrar uma análise dos processos que constroem teorias sobre os objetos sociais, os quais são construídos por pessoas no uso de formas de interação social, tornando mais viável a organização e a comunicação de comportamentos.

Segundo Vala (1993), pode-se entender por tais representações as formas que supostamente se alimentam de teorias científicas e, também, de grandes eixos culturais, bem como de ideologias já formalizadas e de experiências permeadas pelas comunicações cotidianas.

Assim, as ditas teorias estariam circunscritas no cerne de pensamentos representativos de senso comum, em cujas representações funcionariam de forma diversa da do sistema de saber científico representativo.

Segundo Moscovici (1978), o chamado pensamento natural ou espontâneo seria, de certa forma, determinado, ainda, por fatores contextuais e sociais: dispersão da informação, focalização social de aspectos da realidade em questão, pressão para a inferência, personificação de conceitos e fenômenos, figuração de imagens e conceitos e ontologização (naturalização) das relações lógicas e empíricas.

Conforme o autor, o senso comum estaria, por sua vez, inscrito em uma realidade cotidiana do mundo vivido, estando o mundo ancorado em uma espécie de modelo intersubjetivo da integração social, o que é diferente de um saber tido como científico, sendo esse institucionalizado e inscrito em um mundo sistêmico, o qual é pouco flexível e sujeito às formas lógicas de funcionamento.

Assim, o conceito afeto às representações sociais foi desenvolvido para propiciar o entendimento das teorias existentes, elaboradas em cima das formas de raciocínio durante a vida cotidiana dos indivíduos.

O caráter performativo das representações ou mesmo a fundamentação de práticas correspondem a uma espécie de sistema de interpretação da realidade, que se organiza segundo o indivíduo e sua relação com o mundo que o cerca, tendendo a orientação de seus comportamentos e afetando sua conduta no meio social que o cerca.

Dessa forma, o indivíduo permite-se a interiorizar suas experiências, seus modelos de conduta, bem como as práticas sociais, ao mesmo tempo em que se apropria ou desenvolve objetos socializados. Assim, a relevância de cunho sociológico do estudo dessas representações sociais reside no aspecto de que essas estarão fundamentando as atitudes e as práticas dos atores, uns com os outros e, que, em um contexto essencialmente social seria isso o que lhe aconteceria.

Nesse sentido, Durkheim tendeu a buscar reificar-se, por si mesmo, as representações coletivas, atribuindo-lhes uma existência per si, cujas mudanças são determinadas pelas necessidades que o “corpo social” (como um todo indiscriminado) determina.

Dessa forma, o processo em que as representações são formadas, constituídas e se integram à realidade social, além dos comportamentos que são relativos a cada um dos indivíduos e dos grupos, não foi diretamente abordado pelo autor, uma vez que esse se preocupou mais com a funcionalidade e atualidade desses conceitos para o sistema social e não apenas para os indivíduos em si. O campo dessa análise fica propositalmente restrito ao âmbito sociológico, tido como externo, o qual é analisado de forma ontológica e distinta, ficando um tanto distante da subjetividade do âmbito interno.

Segundo Moscovici (1978), os fatos ligados à externalidade das representações, assim como o seu processo de construção sob a visão de seus respectivos sujeitos, bem como sua naturalização, deslocamento e sua projeção ou alienação representam uma espécie de mecanismo psicossocial de construção e de apresentação social da realidade.

Assim, suas representações, ao serem constituídas, não podem, necessariamente, se converter em leis tidas como de funcionamento social, uma vez que o elemento chamado de construção tende a assumir lugar central, o que representa um esforço de levar o indivíduo para sua posição de sujeito, sendo que esse percebe sua condição constituída e de constituinte social.

A partir disso, enaltece a importância fundamental de compreender os canais por onde se processa essa produção, para posteriormente ressignificar a forma como acontecem, se ancoram e a que esses objetivam.

Tal objetivação corresponde ao processo pelo qual se materializam conceitos e ideias, sendo, nesse aspecto, bem semelhantes aos preceitos de Durkheim, uma vez que são definidos por aquele autor como a forma pela qual conteúdos mentais, ideias e julgamentos das pessoas estariam separados e assumiriam aspectos externos. Tais preceitos apareceriam como uma espécie de substância autônoma ou força que seria responsável por atuar e povoar o mundo em que vivemos.

Segundo Meyerson (1994), os estados tidos como mentais não permanecem inerentes aos indivíduos, esses normalmente se projetam e tomam forma, tendendo a se consolidar e a virar objetos, fornecendo caráter material a aspectos tidos como imagens e abstrações, de forma que as palavras se metamorfoseiam em coisas.

Segundo Moscovici (1978), essa externalidade poderia representar-se menos como uma criação do que como uma espécie de ordem pouco comum das coisas, as quais, pela forma com que foram geradas podem estar distanciadas. Assim, ao serem objetivadas, poderiam absorver significações em excesso, materializando e trazendo para o universo vivido o que antes era palavra ou símbolo. Alguns órgãos no Brasil:

» ABEPSS: Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social

» CFESS/CRESS: Conselho Federal de Serviço Social / Conselho Regional de Serviço Social

» ENESSO: Executiva Nacional de Estudantes de Serviço Social

» CBCISS - CENTRO BRASILEIRO DE COOPERAÇÃO E INTERCÂMBIO DE SERVIÇOS SOCIAIS

Alguns órgãos na América Latina:

» ALAEITS: Asociación Latinoamericana de Enseñanza e Investigación en Trabajo Social (Associação Latinoamericana de Ensino e Pesquisa em Serviço Social ). » CIBS - Conselho Internacional de Bem Estar Social América Latina e Caribe » ABEPSS - Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social

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