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Competências do Assistente Social, Ética e Direitos Humanos

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Academic year: 2021

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Texto

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Brasília-DF.

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Produção

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APRESENTAÇÃO

...

4 ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA

...

5 INTRODUÇÃO

...

7 UNIDADE I

COMPETÊNCIAS DO ASSISTENTE SOCIAL ... 9 CAPÍTULO 1 PERFIL E FORMAÇÃO ... 9 CAPÍTULO 2 AGENDA SOCIOPROFISSIONAL ... 24 CAPÍTULO 3 ÓRGÃOS REPRESENTATIVOS ... 31 UNIDADE II

ÉTICA E DIREITOS HUMANOS ... 45 CAPÍTULO 1

ÉTICA ... 45 CAPÍTULO 2

DIREITOS HUMANOS ... 47 PARA (NÃO) FINALIZAR

...

58 REFERÊNCIAS

...

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Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.

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de Estudos e Pesquisa

Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos e Pesquisa.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Praticando

Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer o processo de aprendizagem do aluno.

Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado.

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sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Exercício de fixação

Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/ conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não há registro de menção).

Avaliação Final

Questionário com 10 questões objetivas, baseadas nos objetivos do curso, que visam verificar a aprendizagem do curso (há registro de menção). É a única atividade do curso que vale nota, ou seja, é a atividade que o aluno fará para saber se pode ou não receber a certificação.

Para (não) finalizar

Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.

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O serviço social emerge da relevância da questão social, de seus aspectos das desigualdades sociais, econômicas e culturais, ou seja, problemas da sociedade capitalista madura, do antagonismo entre o capital e o trabalho.

Durante sua trajetória, a profissão de Serviço Social foi se estruturando, estando dotada de arsenal teórico-metodológico, técnico-operativo e ético político.

Hoje em dia o Serviço Social é uma profissão de intervenção que busca a garantia e o acesso de direitos às camadas trabalhadoras.

Este caderno, portanto, tem o objetivo de proporcionar informações acerca das Competências do Assistente Social, Ética e Direitos Humanos com o compromisso de orientar os profissionais da área de Serviço Social, para que possam desempenhar suas atividades com eficiência e eficácia.

Objetivos

» Identificar os aspectos relevantes do perfil e formação do Serviço Social como profissão.

» Identificar os princípios norteadores da profissão de Serviço Social. » Conhecer os Órgãos Representativos da profissão de Serviço Social. » Conhecer aspectos relevantes sobre ética.

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ASSISTENTE SOCIAL

CAPÍTULO 1

Perfil e formação

Simbolo do serviço social

Balança com a Tocha:

Imagem: <http://www.fev.edu.br>

Significados do símbolo do Serviço Social: » fogo - o conhecimento; e

» balança equilibrada - o equilíbrio social.

Portanto, quando a balança está desequilibrada significa desigualdade social. O Assistente Social por meio do conhecimento (fogo) procura equilibrar a a balança com equidade e justiça social. No que concerne à análise do processo de formação profissional do assistente social, esta requer o estudo da abordagem histórica, que insere a assistência social no contexto da realidade brasileira da época.

Essa reflexão propicia observar o serviço social de forma institucionalizada, visando a identificar marcos principais da trajetória dessa profissão, bem como sua inserção como instrumento de auxílio bastante ajustado aos fatos e políticas realizadas pelos governos ao longo de sua história.

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A fim de permitir melhorias no serviço social atual, faz-se necessário que se situe a estrutura e a performance dessa atuação frente ao contexto histórico vivido, bem como as políticas governamentais e situação econômico-financeira vivida, elementos que servem para propiciar a compreensão fundamental da atuação, da estrutura e das atividades do serviço social.

Para que se possa proceder a uma revisão crítica da trajetória desse serviço, deve-se analisar suas conquistas e seus problemas e dilemas vivenciados, sobretudo quanto à consolidação de seu projeto profissional.

Atualmente, diante das novas exigências profissionais, decorrentes de alterações sociais, econômicas e financeiras profundas registradas em todo o mundo, fruto das novas relações de trabalho, reformas estatutárias, novas relações de trabalho, redundando em novas configurações assumidas pela sociedade. Em face dessas requisições, podem-se observar profundas necessidades sociais, que implicam sejam avaliados os avanços atuais, bem como os novos desafios da profissão de assistente social, os quais têm ensejado uma reformulação no processo de formação desse profissional.

Para subsidiar tal análise, faz-se necessário analisar elementos que possam orientar esse estudo, tais como conhecer alguns dos principais marcos históricos do serviço social, desde a formação do profissional em serviço social, há de se conhecer a trajetória histórica dessa profissão que se insere no contexto social, tendo surgido de forma emergente e institucionalizou-se na sociedade brasileira. Para Silva (1995), a formação profissional pode ser entendida como um processo dialético, dinâmico, aberto e permanente, ainda incorporando algumas contradições, que seriam decorrentes da forma com que a profissão estaria inserida na sociedade, bem como da postura desses profissionais frente aos requisitos da sociedade. O autor observa, ainda, que a formação desse profissional tem, ao longo dos anos, acompanhado a dinâmica da sociedade, bem como a trajetória histórica do próprio serviço social, buscando entender condicionantes impostas pela sociedade da época às práticas profissionais empregadas, frisando-se que a formação desse profissional estaria atrelada de forma direta à história do serviço social, com seus momentos conjunturais em que a atuação desse profissional foi mais necessária e, muitas vezes, até socialmente requerida.

Uma vez que a trajetória do serviço social brasileiro apresenta como particularidade a de se tornar compreensível ao ser analisado sob os aspectos de rompimento gradativo com o conservadorismo vigente e da percepção dos avanços mundiais que vêm sendo possibilitados pela ruptura de aspectos culturais de profissionalização dos serviços sociais, sobretudo a partir da década de 1980.

Destaca-se a particularidade de que sejam incorporadas prioritariamente as demandas tidas como as mais urgentes do ponto de vista social na agenda dos debates profissionais; porém, que essas possam convergir para o reconhecimento da efetividade das políticas sociais adotadas, sobretudo oriundas de movimentos sociais e do processo de trabalho decorrente de temáticas de investigação social e produção do conhecimento.

Tal aspecto remonta ao fato de que, na medida em que a categoria aponta para um novo nível de qualidade de intervenção profissional, sobretudo nos últimos dez anos, tais aspectos vêm transformando o objeto da abrangência de atuação profissional e, também, da pesquisa e da sua produção de conhecimentos de cunho social.

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Assim, em perspectiva dialética, representa a particularização de um sistema complexo de mediações que determinam e se constituem condições para a instituição de uma cultura profissional, que esteja fundada em princípios políticos e éticos e, ainda, orientada para a luta ideológica contra desigualdades sociais e que possam contribuir para a questão social, bem como para a intervenção profissional.

Tal aspecto reflete a premissa de que o conhecimento é subvertido pelo fato de seu conjunto ser visto como processo histórico e, além disso, devido às categorias existentes não serem tidas como enunciados a respeito de algo que já exista ou que ainda esteja em formação, porém sendo vistas como formas evolutivas e que se movem pela própria matéria que as forma, vistas como formas de existir e determinações de sua própria existência.

As profundas mudanças sociais, políticas, econômicas e culturais que vivemos têm refletido diretamente nos processos de formação profissional de todas as áreas, o que tem reafirmado sua necessidade de superação, a partir do surgimento de novas teorias, práticas e conceitos, culminando essas em revisão crítica não apenas de currículo mínimo, mas de todo o projeto profissional, a fim de que expresse novas condições e tendências que emergiram da dinâmica social atual.

Diante da necessidade de construção de novas alternativas profissionais, apresentou orientação quanto à realização de mudanças estruturais para que esteja de acordo com a nova sociedade brasileira, enquanto a formação profissional tem representado um desafio constante para as unidades de ensino superior. Assim, no que concerne ao serviço social especificamente, cabe ressaltar que o papel da ABEPSS é, desde 1978, quem dirige o processo de redefinição da formação profissional do assistente social, pós-movimento de reconceituação, articulando-o às questões conjunturais. A década de 1980 caracterizou-se por um repensar do serviço social frente às novas demandas da sociedade, e, consequentemente, o processo de formação profissional também se tornou alvo de discussões. Assim, a formação profissional em serviço social constituiu-se um fórum constante de discussões, estudos e análises sobre o desenvolvimento e a construção da própria profissão na sociedade brasileira, que levaram o ensino do serviço social a um profundo mergulho nas questões relativas à reorganização do Estado, frente à globalização da economia, às modificações do mundo do trabalho, da cultura, destacando-se, inclusive, a necessidade de repensar os rumos da educação para o século XXI, com base nas previsões das profundas transformações que essa nova conjuntura vem trazendo ao perfil profissional, ao mercado de trabalho, ao perfil docente e discente.

Há percepção de que, no período de entre 1986 e 1990, foram registrados grandes avanços no serviço social, sobretudo quanto a redefinição de rumos acadêmicos e técnicos, bem como nos campos político e profissional dos assistentes sociais.

No ano de 1993, houve a aprovação do novo Código de Ética do Assistente Social, que alicerçava-se no compromisso ético e político da profissão. Além disso, nesse mesmo ano, foi sancionada a Lei no 8.662/1993, conhecida como Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), que regulamentou

as profissões de serviços sociais, informando, no seu artigo 1o, que a assistência social é direito

do cidadão e dever do Estado, buscando-se a implementação da cidadania e a emancipação da população mediante o reconhecimento, a garantia e a divulgação de seus direitos.

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Segundo Iamamoto (1998), na década de 1990, o serviço social deu um salto de qualidade na qualificação de seus serviços frente à sociedade. Além disso, adquiriu maior visibilidade pública por meio do novo Código de Ética do Assistente Social, bem como com as revisões na legislação profissional, devido às profundas alterações observadas no ensino universitário dessa área. Além disso, houve adensamento do mercado editorial e da produção acadêmica específica sobre esse tema, tendo os assistentes sociais ingressado na década de 1990 como uma categoria pesquisadora, reconhecida pelas agências de fomento.

No que concerne aos avanços experimentados pelo serviço social na atualidade, pode-se citar a pesquisa utilizada de forma a subsidiar o assistente social para que possa formular propostas que sejam coerentes com os projetos que estejam orientados ao atendimento dos princípios éticos e políticos da profissão e que respondam às necessidades provenientes da realidade social vigente. Novas demandas profissionais passam a ser decorrentes das novas relações estabelecidas entre a sociedade civil e o Estado, sendo este cada vez mais subjugado pelos interesses das políticas dominantes, além de uma sociedade que vem, paulatinamente, assumindo parte conjunta das responsabilidades sociais do País. É o chamado encolhimento dos espaços públicos e o alargamento dos privados. As mudanças atuais que estamos vivenciando por todo o mundo, sobretudo nas relações de trabalho, estão incidindo de forma direta nas condições e nas relações de trabalho dos assistentes sociais.

Atualmente, há, no mercado de trabalho, a exigência para assistentes sociais mais qualificados, sobretudo que tenham habilidade e as competências necessárias a fim de negociar projetos profissionais em espaços socio-ocupacionais, onde podem atuar. Assim, é requerido que esse profissional saiba decodificar questões inerentes à realidade social que o cerca e propor ações que possam materializar a efetivação de direitos da população usuária e do cidadão.

Esse conjunto de necessidades prementes colocadas para os assistentes sociais têm ocasionado certo redimensionamento em relação ao seu exercício profissional, sobretudo quanto às exigências em sua formação profissional.

O debate contemporâneo sobre o serviço social tem sido direcionado para atender às necessidades de sua formação profissional, devendo esta ser conciliada às novas exigências sociais atuais, com novas demandas profissionais, exigindo revisão curricular permanente, estando essa alicerçada no projeto político, ético e profissional do serviço social, de forma a proporcionar grande salto qualitativo no processo de formação desses novos assistentes sociais, a fim de assegurar a atualização desses profissionais, bem como a construção de respostas de atuação que sejam mais sólidas frente às novas especificidades quanto à questão social emergente do atual contexto econômico, social e político do País.

Cabe esclarecer que o serviço social, visto como profissão, visa realizar e se reproduzir no mercado de trabalho. Assim, a articulação entre formação profissional e o mercado de trabalho é fundamental, sobretudo para que esta não possa ficar à mercê de condicionamentos ou transformações, e que possa estabelecer certo distanciamento crítico de problemas pontuais.

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Segundo Iamamoto (1998), é fundamental a sintonia entre a formação profissional e o mercado de trabalho, sendo esta a condição para preservar sobrevivência do serviço social. Além disso, de igual modo, a qualquer profissão que está inscrita na divisão técnica e social do trabalho, sua forma de reprodução é dependente da sua utilidade social, tendo de responder à altura às necessidades sociais, fontes de sua demanda.

A reformulação do projeto de formação profissional não pode ignorar eventuais demandas do mercado de trabalho e, por isso, esta deve estar sempre atenta às transformações no padrão de acumulação capitalista, e que tais mudanças possam ser observadas no mundo do trabalho, sobretudo na esfera do Estado e no campo da cultura.

Segundo Pinto (1997), o processo de formação profissional aponta como exigência o desenvolvimento de competências teóricas e críticas, que sejam alicerçadas nas matrizes principais do pensamento social moderno, bem como em suas expressões teóricas e práticas refletidas no serviço social. Além dessa, faz-se necessário desenvolver competência técnica e política, que vá além do simples conhecimento, buscando o efetivo domínio de ações indiretas e diretas que sejam pertinentes às atitudes profissionais, bem como de requerer compromisso político.

Ainda segundo esse autor, a competência profissional não é só técnica, uma vez que possui forte dimensão política e, sem esta, a competência técnica fica sem sentido ou finalidade, uma vez que a competência técnica deve supor inerente o compromisso político.

Um aspecto importante quanto à formação profissional, considerado, inclusive, como problemático, corresponde ao inerente distanciamento entre o tratamento teórico e sistemático das matrizes metodológicas teóricas e a prática profissional cotidiana.

Outra fragilidade reportada, associada à problemática reportada, ocorre no âmbito do ensino do serviço social onde as estratégias táticas, intervencionistas e de instrumentalização passam a incidir de forma direta na efetivação da prática profissional.

Segundo Martinelli (1994), a importância do serviço social destaca-se na dinâmica social, porém alerta para a necessidade de fortalecer a ação desse profissional, de forma que os assistentes sociais mantenham práticas inseridas no espaço profissional, alertando para terá necessidade de condições de construir algo novo nesse espaço que já está pronto, a fim de que não desapareça como profissão. Esse autor segue afirmando que todas as profissões ligadas à área social devem ser devidamente legitimadas por meio de efetivo vigor teórico, consistência em seu argumento, e, ainda, um sólido conjunto de instrumentais operativos.

Assim, ao serem discutidas as perspectivas e os dilemas relacionados à ação profissional dos assistentes sociais, estes adquirem relevância, uma vez que se avizinham desafios de revisão e implantação de propostas afetas ao currículo mínimo para cursos ligados ao serviço social.

A Lei de Diretrizes e Base da Educação (LDB), como é chamada a Lei no 9.394/1996, direcionou que

os centros universitários definissem diretrizes curriculares para cursos superiores de graduação, a fim de que pudessem substituir os currículos mínimos antigos, porém, para o serviço social, a

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exigência pela ABEPSS, esses currículos seriam realizados de forma coletiva pela própria categoria profissional do serviço social.

Cabe ressaltar que o estudo de diretrizes curriculares precisa de determinadas considerações a respeito das instituições de ensino e quanto ao estabelecimento de pressupostos básicos que sejam referentes ao seu projeto de formação profissional e acadêmica, sobretudo devido a esta última ter de responder adequadamente às exigências contemporâneas e, para tanto, buscar deve-se buscar respostas em seus projetos educacionais e curriculares.

Tal articulação criativa não se restringe meramente a uma adequação de ditames afetos ao mercado de trabalho, mas a uma fina sintonia entre as bases de conhecimento teórico e sintonia dessas com os requisitos atuais do mercado de trabalho, o que torna importante o esforço de evitar tal distanciamento ao privilegiar apenas os requisitos do mercado atual.

Para tanto, faz-se necessário o estabelecimento de um projeto de formação que contemple princípios e pressupostos básicos fundamentais ao serviço social, tais como articulação de assuntos como o exercício da interdisciplinaridade e do pluralismo como forma de permear a vida profissional e acadêmica, bem como qualificar por meio de formação mais abrangente e generalista, que seja permeada do rigor teórico, técnicas e metodológias aplicadas, que levem à aquisição de competências fundamentais para o exercício adequado do serviço social, por meio da articulação de conhecimentos básicos e específicos.

Além desses princípios que norteiam a formação profissional para o serviço social, constam do documento intitulado: “Proposta das diretrizes gerais para o Curso de Serviço Social”, realizado pela a ABEPSS, que clarifica diretrizes curriculares consideradas básicas à realização adequada dos serviços sociais pelos profissionais.

De acordo com a ABESS (1997), o serviço social por meio de suas determinações ideológicas, políticas e históricas, busca inovar com as respostas de cunho mais profissional para enfrentamento de questões sociais, ou seja, busca definir diretrizes que amparem o currículo que efetivamente implique capacitar de forma metodológica e teórica, levando em conta princípios éticos e políticos que propiciem ao educando a apreensão crítica dos fatos históricos relevantes em sua totalidade, que o instigue a investigar a formação histórica e processos sociais contemporâneos que conformem a sociedade brasileira, aprendendo particularidades que levem ao desenvolvimento do serviço social na ótica capitalista vivenciada pelo Brasil; apreender o significado social da profissão a partir das possibilidades de ação reais; conseguir o efetivo exercício profissional a partir do uso adequado de competências e das atribuições profissionais previstas na legislação profissional.

É necessário, portanto, que o projeto de formação profissional do serviço social esteja alicerçado nas diretrizes, pressupostos e princípios constantes de sua proposta básica, que se direciona a atender um conjunto de conhecimentos indissociáveis, a partir de lógica curricular que possa materializar os aspectos teóricos e metodológicos da vida social, formação social e histórica da sociedade brasileira, bem como aspectos relativos ao trabalho profissional.

Conforme citado pela própria ABESS (1997), o aprendizado teórico e prático é concebido dentro da premissa de que corresponde à atividade curricular de cunho obrigatório e que é configurada

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pela inserção dos alunos em espaços sociais e institucionais, que possam capacitá-los para o seu trabalho profissional, a partir de supervisão efetiva e sistemática, sendo esta realizada por professor e, também, por profissional desse campo que o acompanha por meio de estágios elaborados em conjunto com o centro universitário.

Cabe destacar que o atual curso superior para o serviço social apresenta carga horária de duas mil e setecentas horas, e é realizado em quatro anos e, ainda, um estágio supervisionado para o assistente social, com carga horária mínima relativa a quinze por cento da carga horária total do curso. Segundo Iamamoto (1998), um dos problemas centrais está na mediação entre o ensino teórico e a prática vivenciada a fim de que os alunos possam apropriar-se de instrumental mínimo de análise, a partir das críticas a situações singulares, compreendendo particularidades de seus objetos de intervenção.

Assim, a questão de estágio supervisionado precisa ser analisada quanto ao contexto do viés prático do serviço social, frente ao ensino teórico e sua aplicação adequada, caso contrário, pode haver uma dissociação da realidade prática profissional com o ensino ministrado em unidades acadêmicas. Segundo Pinto (1997), o aprendizado de uma profissão, em parte atribuído ao estágio, envolve uma dinâmica típica e específica, que estabelece na produção de conhecimentos da prática, que supõe o redimensionamento dos conhecimentos teóricos na sua relação com a realidade.

Referindo-se aos aspectos concernentes à perspectiva analítica marxista, cabe ressaltal que esta sustenta que a conformação de agenda social profissional não pode ser um aspecto a ser desconsiderado em pesquisas, sobretudo no que concerne ao movimento de renovação das bases da legitimidade social, uma vez que evidencia aspectos relativos às dimensões políticas da profissão, bem como a derradeira condição desse profissional como um trabalhador assalariado em si, embora este não seja por muitos considerado com sendo diretamente produtivo.

Desta forma, ao ser realizada uma apreciação sobre esse movimento de renovação, trás questionamentos quanto às percepções de que suas modificações foram operadas em torno da profissionalidade do serviço social no Brasil, porém não foram acompanhadas das devidas mudanças em aspectos ligados à sua temática, bem como no que concerne a sua investigação e de fundamentos metodológicos e teóricos.

Cabe ressaltar que, ao contrário das particularidades da trajetória da profissão no Brasil, há um significativo peso afeto a efetivação de mudanças efetivadas em suas dimensões práticas e teóricas quanto a relação destes com os movimentos sociais e políticos vivenciados, bem como sua interlocução com ciências humanas e sociais, alcançando legitimidade para produzir conhecimentos acadêmicos com multiplicidade de temas e com as principais demandas sociais abordadas.

Nessa trajetória, ao ser analisada sob a égide de sua relação com as teorias vigentes, é possível ser notada uma vertente de ruptura com o conservadorismo dos anos de 1970 e 1980, sobretudo ao ser considerado como fundamento da perspectiva de interpretações mais totalitárias no modo de produção capitalista, ancorada na ontologia do homem como sendo um ser social, levando a enfrentamentos complexos da realidade social, sobretudo no que concerne à prática profissional empregada, carregada com pragmatismo e com conhecimentos especulativos no plano teórico, os quais ficaram limitados à interpretação racional de fenômenos mais imediatos da sociedade.

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Histórico da profissão de assistente social

após 1930

Apresentamos resumo da história das origens do Serviço Social no Brasil, a partir da década de 1930, citando algumas das instituições de assistência tidas como mais representativas por alguns autores. Antes, algumas ações do trabalho de assistência social eram voluntárias, realizadas a partir de atos de caridade prestados pelo clero da Igreja Católica, ou com a colaboração de voluntários dentre os membros da classe dominante, por vezes, oferecendo-lhes treinamento local e focado na atividade que iria prestar e, também, passando preceitos inerentes à fé e à ideologia cristã. Tais ações tinham como focos principais a caridade, bem como o fornecimento de auxílio e de bens, ou, ainda, mantimentos, bem como instruções de higiene, atividades domésticas, moral e valores fundamentados na doutrina cristã.

Na década de 1930, o então Distrito Federal era na cidade do Rio de Janeiro, com problemas inerentes de grandes cidades, ou seja, de população bem numerosa, reflexo do êxodo rural (migração das pessoas do campo para aquela cidade) e pela carência natural de empregos.

É importante esclarecer que, naquela década, o sistema agrário e comercial começou progressivamente a ser substituído na economia brasileira pelo sistema industrial, o que provocou grandes alterações sociais, de forma que o gradativo estabelecimento da urbanização foi um fenômeno que resultou em graves conflitos e problemas sociais. A consolidação de polos industriais ampliou a tensão social, associada à implantação de novas relações entre o trabalho e o capital, que agravou ainda mais a questão social.

Com vistas a minimizar a questão social, foram tentadas soluções políticas pelo governo, uma vez que a construção desse novo modelo econômico era tida como necessária a fim de estabelecer cenário de aparente tranquilidade social, de forma a permitir que fosse instaurado o desenvolvimento industrial.

O governo da época, sob o comando do presidente Getúlio Vargas, tentava se consolidar por meio de política populista visando ao controle da classe trabalhadora.

Na época, a ação do Estado estava direcionada ao desenvolvimento de condições políticas e sociais que pudessem permitir o processo de acumulação capitalista. O Serviço Social foi criado, inicialmente, vinculado à Igreja Católica, como prolongamento da ação social que já era desenvolvida pela Igreja, porém adotou o pressuposto teórico do neotomismo, fundamentado na doutrina social da Igreja. O Neotomismo correspondeu a um movimento de retorno às filosofias tomistas (de São Tomás de Aquino), surgida inicialmente na Idade Média e resgatada sobre uma perspectiva intelectual moderna, retomada a partir de 1879, a partir da influência de uma encíclica do Papa Leão XIII, com intuito de resolver problemas contemporâneos. Na visão neotomista, não é totalmente aceitável que sejam privilegiados os interesses das ideologias neoliberais ou comunistas, uma vez que a prioridade deveria ser o direito do ser humano de ter uma vida digna, direito à saúde, à liberdade, ao emprego e à habitação.

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Nesse período, a formação profissional do assistente social estava baseada em influências europeias, sobretudo do chamado modelo franco-belga, que se limitava a uma formação essencialmente moral e pessoal, sobre base doutrinária centrada em uma perspectiva conservadora.

Ainda na década de 1930, a economia brasileira estava passando por transição da forma agrária para a industrial, quando novas indústrias foram instaladas e demandavam muita mão de obra e grandes investimentos em infraestrutura estatal. Esse processo acelerado de industrialização urbana refletiu escassez de emprego no campo e crescimento da oferta de emprego na cidade, o que resultou na chegada de migrantes para o Distrito Federal.

Portanto, o êxodo rural constituiu-se no fator que viabilizou o atendimento dessa oferta por mão de obra, que, embora abundante, necessitava ser disciplinada para o trabalho. O Estado iniciou sua atuação com apenas um objetivo disciplinador quanto às associações e entidades sociais, utilizando estratégias institucionais e ideológicas.

Com o crescimento da industrialização e das populações das áreas urbanas, surge a necessidade de controlar a massa operária. O surgimento do Serviço Social no Brasil tem sua origem no amplo movimento social que a Igreja Católica desenvolve com o objetivo de recristianizar a sociedade. O Serviço Social bem como a figura do assistente teve grande importância nesse processo.

Nesse contexto, o Estado absorveu parte das reivindicações populares, sobretudo as que demandavam condições de reprodução, tais como moradia, alimentação e saúde, possibilitando a ampliação das bases referentes ao reconhecimento da cidadania social, por meio de peças de legislação voltadas às questões salariais e sociais das classes mais baixas. Para Iamamoto (1998), o fato de o Estado absorver parte dessas reivindicações populares vinha de encontro aos seus interesses, bem como das classes dominantes, com o fim de atrelar o auxílio às classes subalternas ao Estado, o que facilitou sua manipulação.

Visando a um controle mais amplo, o Estado passou a intervir não apenas na regulação do mercado, por meio da política salarial, mas, também, no controle de práticas assistenciais. O serviço social como profissão, portanto, está relacionado ao processo de reprodução de relações sociais, permanecendo como atividade auxiliar e subsidiária ao exercício do controle social.

Em 1932, foi fundado o Centro de Estudos e Ação Social (CEAS) em São Paulo, a fim de estabelecer formação técnica especializada para desenvolvimento de ações sociais e para difundir as doutrinas sociais emanadas da Igreja Católica.

Em 1936, foi criada a primeira Escola de Serviço Social do Brasil, sendo esta instituída pela necessidade emergencial de formar profissionais nesse novo cenário brasileiro.

Segundo Maciel, Tepedino & Campelo (2001), no período de 1937 a 1945, o chamado Estado Novo, o governo criou diversas instituições de assistência social no Brasil, com destaque para o Conselho Nacional de Serviço Social (CNSS), em 1938, visando a organizar e centralizar as obras assistenciais, sendo utilizado como meio de clientelismo político e concessão de subvenções públicas, e a Legião Brasileira de Assistência (LBA), em 1942.

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A LBA surgiu em função do engajamento do Brasil na Segunda Guerra Mundial. Tinha como objetivo primário o de assistir às famílias cujos homens tinham sido destacados para a guerra. Contudo, após uma significativa queda no poder aquisitivo da população urbana, seu escopo de atuação foi ampliado. Apesar de contar com técnicos aparentemente capacitados para exercer as funções de agentes sociais, a presidência da LBA estava sempre destinada às esposas dos presidentes da República, o que caracterizava o aspecto filantrópico da entidade.

Segundo alguns autores, a partir da década de 1930, as instituições sociais e assistenciais foram utilizadas como instrumentos de controle político e social e de manutenção do sistema de produção vigente, sobretudo devido a seus efeitos econômicos, bem como assumindo a posição de instrumento para absorção de conflitos sociais e das relações sociais vigentes.

De acordo com Andrade (1996), as décadas de 1940 e 1950 foram marcadas pelo grande crescimento do mercado de trabalho, tendo ocorrido mudanças significativas quanto à institucionalização do serviço social brasileiro, levando ao surgimento de grandes instituições de assistência social, tendo essas evoluído sobremaneira nesse período no Brasil, a partir da ação estatal que respondia às pressões de novas forças sociais urbanas.

No pós-Segunda Guerra Mundial, depois de ser observada a consolidação da economia da América do Norte, cujos efeitos expansionistas foram sentidos inclusive na América Latina, sobretudo a partir de 1945, a outrora hegemonia do pensamento europeu no serviço social brasileiro foi gradativamente sendo substituída pela influência norte-americana. Nesse período, os assistentes sociais passaram a ter sua formação centrada na valorização do método, onde se destacou a instrumentalização técnica.

De 1946 a 1964, houve poucas mudanças no que concerne às instituições de assistência, uma vez que os governos agiram em consonância com as formas de controle nas relações existentes, sobretudo no que concerne às demandas sociais.

Nesse período, as instituições mais importantes foram a Fundação Leão XIII e o Serviço Social da Indústria (SESI), as quais tiveram considerável representatividade no País. A Fundação Leão XIII foi criada em 1946 pelo governo federal, a fim de atuar junto aos moradores das favelas concentradas nos grandes centros urbanos. Essa fundação era proveniente da articulação entre o Estado e a Igreja Católica no Brasil. O SESI foi inaugurado em 1946, logo após a Segunda Guerra Mundial, e tinha por objetivo atuar junto aos trabalhadores na indústria, a fim de melhorar sua condição de vida. Ainda no período conhecido como Estado Novo, alguns empresários resolveram se inserir nas políticas de controle social. Contudo, apesar de deter investimento privado, este foi mínimo se comparado ao do Estado, sobretudo no que concerne à responsabilidade, pois o governo era quem custeava as políticas sociais voltadas para esses trabalhadores.

Segundo Iamamoto (1992), o pensamento conservador foi incorporado à trajetória ideológica do serviço social, reduzindo gradativamente a influência do conservadorismo europeu (franco-belga) de seus primórdios, sendo substituída pela sociologia conservadora norte-americana da década de 1940.

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Há de se destacar que o serviço social ainda sofria influência da doutrina católica, tendo importado diversos métodos de serviço social de caso, de grupo e da comunidade, que almejavam realizações de ações mais eficazes no desenvolvimento dos trabalhos sociais e, consequentemente, superando a realização pura e simples de trabalhos de cunho voluntário.

Em meados de 1950, com a crescente modernização do aparelho estatal, as instituições de assistência social passaram a ser instrumentos efetivos de veiculação das políticas sociais do Estado, apresentando aspectos visualmente assistencialistas.

Em 1964, com a alteração do regime político para a ditadura militar, os recursos direcionados às instituições sociais foram drasticamente reduzidos, baseados na ideologia de acumulação de capitais antes de sua distribuição. Entretanto, apesar de ter um aparente crescimento econômico, a classe trabalhadora de então mergulhava em processo crescente de descapitalização (empobrecimento). Nas décadas de 1950 e 1960 houve sensível avanço nas bases científicas da formação profissional no Brasil, sendo esse período marcado por perspectiva metodologista, que deu maior base técnica à profissão, quando os assistentes sociais passaram a ser capacitados para executar programas sociais que pudessem viabilizar respostas modernizadoras, em consonância com a efetivação de modelo desenvolvimentista que estava sendo adotado no País.

Segundo Silva (1995), ao absorver a ideologia desenvolvimentista, o serviço social recebeu duas atribuições fundamentais que correspondiam a viabilizar a participação popular no projeto desenvolvimentista do governo, bem como a tarefa de buscar neutralizar tensões resultantes de contradições sociais advindas da política desenvolvimentista.

Na década de 1960, foi iniciado na América Latina, em especial no Brasil, o processo de desenvolvimento a partir de uma perspectiva mais crítica do serviço social tradicional, que se deu por meio da mobilização de grupos formados por assistentes sociais que buscavam experiências novas em sua ação profissional, tendo vinculado tais ações aos processos e lutas de classes mais populares, ávidas por mudanças sociais.

Assim, a crise do modelo desenvolvimentista, acirrada pelas grandes pressões sociais, além de demandas de setores populares, ambientou uma conjuntura econômica, social e política marcada por agravar desigualdades sociais e tornar ainda mais agudas as questões sociais em toda a América Latina. Assim, alguns profissionais da categoria dos assistentes sociais foram instados a formar um movimento que buscava a renovação da profissão. Tal movimento foi chamado de “Movimento de Reconceituação do Serviço Social”.

O Movimento de Reconceituação do Serviço Social assumiu características próprias, de acordo com as peculiaridades sociais de cada país, porém apresentando proposta centrada em questionamentos metodológicos quanto aos objetivos sociais, os objetos das ações profissionais e a respeito do conteúdo da formação, intentando a superação da vinculação das práticas profissionais dos assistentes sociais aos interesses dominantes.

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Dessa forma, o movimento de reconceituação buscou assumir nova perspectiva metodológica e teórica, visando fomentar ações profissionais que fossem comprometidas com os processos de transformação da realidade social.

Segundo Silva (2002), o Movimento de Reconceituação do Serviço Social, a partir da perspectiva hegemônica, no contexto da América Latina, impõe aos assistentes sociais a necessidade de ruptura com o caráter conservador que deu origem à profissão, calcado no atrelamento às demandas e aos interesses institucionais, e coloca como exigência a necessidade de construção de uma nova proposta de ação profissional, tendo em vista as demandas e interesses dos setores populares que constituem, majoritariamente, a clientela do Serviço Social.

O Movimento de Reconceituação foi considerado marco para o Serviço Social na América Latina, sobretudo porque possibilitou que os assistentes sociais reconhecessem a dimensão política de suas atividades profissionais, além de obter comprometimento parcial com os interesses dos setores populares. Em 1969, considerada a fase de maior rigidez política do regime militar brasileiro, o serviço social teve sua atuação profissional ampliada com a expansão do mercado de trabalho. Além disso, nesse período, houve a ampliação do debate profissional relativo às questões metodológicas e teóricas afetas ao serviço social, buscando uma visão mais tecnicista e científica, estando esta calcada em uma vertente de modernização.

Segundo Silva (2002), no regime militar, registrou-se uma tendência assumida pela política de ampliar a atuação do serviço social, partindo, em primeiro momento de uma tendência modernizadora que buscava o avanço técnico da profissão a fim de melhorar a eficiência desse serviço e atuar profissionalmente de forma mais moderna.

Registra-se que a chamada vertente modernizadora do Serviço Social esteve orientada por uma perspectiva desenvolvimentista, que se fundamentava em teorias estruturais e funcionais, pautada na manutenção da ordem social estabelecida, compreendendo o desenvolvimento como a superação de atrasos, visando a sua modernização.

Tal vertente coloca como atribuição do Serviço Social a adesão da população a programas governamentais, sem criticar o sistema vigente. Assim, naquela época, a formação profissional do assistente social estava centrada na busca da eficiência e na modernização da profissão, tendo essa assumido um caráter ainda mais assistencialista, apesar do novo rigor técnico e científico.

Nos anos de 1970, as instituições foram influenciadas por ações da política de desenvolvimento nacional, que buscava maior controle sobre a sociedade. Nesse contexto, houve o fortalecimento da LBA e de outras instituições, com realização de concurso público para provimento de vagas na área de serviço social.

O Movimento de Reconceituação do Serviço Social foi instado a romper com as perspectivas tradicionais, porém, no Brasil, apenas a partir da década de 1970, período em que houve o processo de abertura da ditadura militar, entre 1974 e 1985, foi que alguns segmentos profissionais começaram a assumir perspectiva mais marxista, que inicialmente fora representada pela chamada vertente do estruturalismo.

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Alguns segmentos de profissionais do serviço social, a fim de aprofundar sua proposta crítica, promoveram a ampliação dos debates em favor da dimensão política e profissional, bem como de seu compromisso com a população e com o intuito de romper com aparente neutralidade das ações desses profissionais concebidas até então.

No período de 1975 a 1979, a formação profissional dos assistentes sociais constituiu objeto de amplo debate dentro da categoria, que tinha como um dos eixos centrais a necessidade de angariar novos pressupostos teóricos, bem como novas propostas de ação profissional que estivessem comprometidas com os interesses populares. Assim, para tanto, deveria indicar a exigência de um novo projeto de formação profissional.

No Brasil, por meio de um quadro organizativo de assistentes sociais, coordenado por diferentes entidades da categoria, sobretudo pela Associação Brasileira de Ensino em Serviço Social (ABESS), foi instituído o fórum de discussões a respeito de projeto político e acadêmico do serviço social, que culminou com a efetivação de proposta visando a um currículo mínimo de ensino, sendo este aprovado em 1979, por ocasião da XXI Convenção Nacional da ABESS, sendo, ainda, referendado pelo Conselho Federal de Educação e estabelecendo a implantação desse currículo, que – a partir daí – estaria vigente em todas as unidades de ensino.

Associado ao esforço coletivo dos diferentes segmentos da categoria, no processo de implantação do novo currículo, esse período também foi marcado por um avanço acadêmico do Serviço Social, no Brasil, engendrado pela implantação, em 1981, do primeiro (e na época único) curso de doutoramento em Serviço Social, na América Latina, coordenado pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. As produções e debates intelectuais em âmbito nacional, mediatizados pela expansão da pós-graduação constituíram-se no principal suporte para a formação e exercício profissional no País.

Segundo Carvalho (1984), a aprovação desse novo currículo mínimo impôs a realização periódica de revisão curricular em todas as Unidades de Ensino de Serviço Social no País, devendo antes de tudo, constituir-se a expressão de um amplo processo de avaliação e redefinição da formação profissional, desenvolvido com a participação efetiva de professores, alunos, supervisores e profissionais. Assim, fez-se fundamental que todos esses segmentos significativos em suas mais diferentes formas de inserção configurassem o Serviço Social no contexto da realidade brasileira e participassem, de fato, do processo de revisão curricular, contribuindo, de forma específica, na definição do currículo pleno para que as propostas atendam às exigências específicas de cada realidade regional e às exigências fundamentais do atual momento histórico.

Em 1978, o Movimento de Reconceituação do Serviço Social começou a sofrer influência do pensamento Gramsciano, o que levou o movimento a se pautar por uma perspectiva mais dialética, uma vez que se direcionou ao fortalecimento da prática institucional do serviço social, bem como sua articulação à organização dos movimentos populares, sendo admitida sua contraposição aos objetivos institucionais com os profissionais.

Após o chamado “milagre econômico”, ainda na década de 1980, foi identificado crescimento nos níveis de empobrecimento em fatia significativa da população, que já era considerada parte

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de um segmento marginal do processo produtivo, tendo sido registrados níveis expressivos de miséria, bem como altos índices de desnutrição e mortalidade infantil, o que motivou a criação de diversos programas institucionais, que realizavam uma série de ações fragmentadas que visavam o atendimento das necessidades básicas desse segmento populacional, criando a dependência de benefícios.

Em 1988, a partir da Constituição Federal, houve o reconhecimento da assistência social com a concessão de status de Política de Seguridade Social, sendo decretado como direito dos cidadãos e não apenas como uma concessão (favor) proveniente do Estado ou de suas entidades filantrópicas. Cabe ressaltar que, a partir da segunda metade dos anos 1980, com o advento da Nova República (1986-1990), a conjuntura econômico-político-social do País foi marcada pelos sinais de falência do Estado intervencionista e, a consequente instauração das bases de minimização do Estado, assumido como novo padrão nos anos de 1990.

Com o acirramento das desigualdades sociais, bem como o agravamento das múltiplas expressões da questão social nas mais variadas expressões da vida cotidiana – trabalho, família, área habitacional, saúde, assistência social pública – e a implantação de um Estado mínimo, com políticas sociais residuais, evidenciou-se no interior do Serviço Social em alguns setores da profissão, a necessidade de serem construídas alternativas profissionais, capazes de garantir uma nova legitimidade profissional, indicando, consequentemente, a elaboração de uma nova proposta curricular.

Segundo Silva (2002), no processo de redimensionamento do projeto educacional do Serviço Social no Brasil, foi recomendada na XXVIII Convenção Nacional (1993) que o referido projeto passasse para gestão da ABESS/CEDEPSS, tendo essa associação assumido a elaboração desse Projeto, no que concerne aos cursos de graduação em serviço social, no Brasil, como meta prioritária.

Em 1993, foram definitivamente regulamentados os artigos referentes às instituições de assistência, o que denotava certo preterimento do poder público em relação à assistência social em benefício a outros temas, julgados pelo Estado como mais urgentes e relevantes.

Apesar de a Legião Brasileira de Assistência (LBA), desde a sua fundação, ter sido considerada uma estrutura forte, os organismos estaduais e municipais eram dependentes das orientações políticas reinantes e do financiamento de alguns programas mais centralizados, sendo esses geridos pelo Governo Federal.

Segundo Soares (2001), nos anos de 1990, a LBA começou a sua decadência, uma vez que foi alvo de uma série de desmandos políticos, o que levou aquela instituição a ser extinta em 1995.

Em 1995, houve a criação do Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS), ligado diretamente à Secretaria Nacional de Assistência Social (SNAS), substituindo algumas das funções da LBA e, também, do antigo Ministério do Bem-Estar Social, que foi extinto. Naquele mesmo ano, ocorreu a Primeira Conferência Nacional de Assistência Social, em Brasília, onde se registrou boa participação da sociedade, tendo a Política de Assistência adquirido seu delineamento como um estado de direito.

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Em 1996, foi criada a Lei Orgânica da Assistência (LOAS), que começou a ser implantada com a concessão de benefício para alguns segmentos específicos, tais como os portadores de deficiência, idosos, adolescentes e crianças, sendo posteriormente implantado um processo de descentralização, com a implantação de ações sociais delegadas aos estados e municípios.

A proposta de descentralização de tais ações sociais foi concebida visando à implantação de um método voltado para implementar uma ideologia mais eficiente a fim de que as esferas governamentais pudessem assumir funções sociais mais compatíveis com os recursos disponibilizados para o enfrentamento das necessidades sociais, tidos como insuficientes pela população em determinados segmentos políticos.

Tal estratégia baseava-se em proposta que levasse a maior integração entre os recursos públicos e das organizações não governamentais, sobretudo no que diz respeito ao financiamento das políticas sociais.

Entretanto, havia percepção de que tal artifício estava destituído de mecanismos adequados de controle e de repasse, o que fez, segundo alguns, com que a proposta descentralizadora obtivesse efeito pouco efetivo, pois se acredita que esta contribuiu para acentuar os níveis de desigualdades individuais, sociais e regionais no Brasil.

Assim, posteriormente, o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) unificou os programas sociais que se apresentavam dispersos em outros Ministérios, ocorrendo o estabelecimento de uma Política Nacional de Assistência Social, seguido da aprovação da Norma Operacional Básica (NOB). Essa NOB foi, segundo alguns autores, responsável por conferir reais avanços sociais, tais como a implantação de Pisos de Proteção em financiamentos da Assistência Social, bem como noções de respeito à diversidade nacional.

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Agenda socioprofissional

A fim de compreender que as vias de mediação para apreender a conformação histórica, bem como as particularidades do Serviço Social no Brasil, é a produção de um conhecimento voltado para o atendimento de demandas sociais efetivas refratadas e incorporadas significativamente na área profissional.

Segundo Mota (1998), as requisições de cunho técnico e operativo, por meio do mercado de trabalho, buscam incorporar exigências de demandantes. Em outros termos, podem comportar-se como derradeira ideologia proveniente dos requisitantes a respeito de modalidades de atendimento de suas necessidades. Dessa forma, a mera identificação de demandas não encerra as reais necessidades que as determinam.

Nesse contexto, o exame de eixos e temas provenientes de fóruns principais de debate da categoria dos profissionais de serviços sociais, após o conhecido congresso da virada, que ocorreu em 1979, centraram-se em ampliar o estudo e apreender processos de renovação do serviço social brasileiro, bem como suas particularidades, sendo ainda subsidiado por pesquisas de cunho acadêmico sobre os temas e teve seus nexos coerentes com a agenda socioprofissional.

Assim sendo, foi reconhecido o papel de protagonista de entidades de representação da categoria para conduzir eventos nacionais, com destaque para as características principais e as tendências dos debates profissionais ocorridos, bem como seus vínculos e desdobramentos, resultando em perspectiva teórica de totalidade da sociedade capitalista.

Assim, em 1979, após o término do III Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais (CBAS), ocorrido em São Paulo, verificou-se que esse evento representou um dos marcos da realização de luta pela democratização das instâncias profissionais.

Em 1982, com a realização do IV CBAS, ocorrido no Rio de Janeiro (RJ), houve discussão que culminou na deliberação sobre a definição de um salário mínimo profissional, bem como a criação de um plano para classificação de cargos de assistentes sociais, voltado para servidores públicos federais, tendo sido esse congresso um dos maiores marcos na projeção da organização sindical dos assistentes sociais, quando, ainda, surgiram propostas de construção de articulação que pudesse promover encontros e reuniões entre as entidades nacionais, uma aproximação sem precedentes na história da profissão no Brasil.

Segundo Netto (1991), em 1985, o serviço social nas relações sociais correspondeu aos movimentos sociais em alternativas de políticas sociais, uma vez que a categoria passava por dificuldades que eram enfrentadas em meio ao marco sociopolítico da autocracia burguesa, com sua aproximação geral das camadas trabalhadoras, o que, para esse novo público, havia necessidade de maior recrutamento para os quadros técnicos, em meio à crise da ditadura, que envolvia diversos intervenientes; o quadro social, político e ideológico, nos primeiros anos da década, conduziu para a participação civil de grande contingente de novas camadas médias urbanas, com destaque a setores técnicos.

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Nesse evento, o debate profissional foi orientado pelas entidades profissionais, focando um conjunto de desafios que se concretizaram na conjuntura brasileira. Assim, a organização política desses assistentes sociais se inserem no marco da construção de um novo sindicalismo, que foi concebido a partir da relação das lutas da classe trabalhadora com as lutas democráticas, infringindo resistência à ditadura militar. Em 1988, outro Congresso, o VI CBAS, ocorrido em Natal (RN), teve como tema: “O Serviço Social: as respostas da categoria aos desafios conjunturais”, propiciando a análise da conjuntura e direcionamento de reflexão conjunta a respeito da contradição entre capital e trabalho, sobretudo na inserção da figura do assistente social na conjuntura latino-americana e, sobretudo, a brasileira, analisando as relações de classe e instrumentos de dominação e de tensão, induzindo a discussão entre os interesses antagônicos do capital e do trabalho.

O traço político da profissão de assistente social constituiu um ponto polêmico, que foi reiterado pelas direções sindicais, que avançaram em nível de conscientização do profissional quanto à construção de projeto profissional audacioso e, ao mesmo tempo, pioneiro. Nesse momento, as direções das entidades agiram em congruência com os segmentos aos quais estavam ligadas como vanguarda de processos de organização política da categoria, levando ao reconhecimento do empenho peculiar que estava sendo canalizado para provocar a politização em fóruns desses profissionais, e, de igual modo, poderiam se voltar para polêmicas que fossem desencadeadas, de forma a fazer com que a teoria fosse confrontada com a realidade levantada pelos debates desses profissionais.

Outro aspecto de destaque refere-se à Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS, prevista na Constituição Federal de 1988, tendo dominado o conteúdo programático do VI Congresso, sendo amplamente avaliada como uma conquista e avanço, sendo a LOAS identificada como um imperativo que impulsionaria a investigação e a atualização constantes pelo serviço social.

Contudo, polêmicas a respeito do campo da assistência social no âmbito da Seguridade Social ficaram restritas ao debate dos fóruns profissionais na primeira metade da década de 1980 e, a partir de 1988, foram inscritas de forma explícita e objeto das agendas socioprofissionais.

A incorporação da LOAS na Constituição brasileira de 1988 a fez tornar-se objeto de obrigatória responsabilidade pública. Segundo Pereira (1996), a LOAS expressa concepção da assistência social percebida como fruto de uma relação de reciprocidade e antagonismo entre o Estado e a sociedade, sobretudo dentro de um contexto histórico. O autor destaca, ainda, outro aspecto relevante a ser destacado, que foi a incorporação da assistência social ao capítulo referente à Seguridade Social, que representa uma referência para ser reconhecido como um direito de cidadania.

A assistência social tem, desde então, sido tratada como um tema representativo, como aspecto relacionado à confluência entre a teorização abrangente e os debates profissionais. Sua interpretação assumiu importância crescente, o que evitou que o serviço social brasileiro pudesse avançar em profissionalização e em maioridade.

Tal discussão foi permeada por análises que levaram a considerar a renovação que era propalada como necessária pelas entidades profissionais, sobretudo quanto à formação profissional, as garantias do exercício da profissão e a própria organização político-sindical, bem como a respeito das garantias do exercício profissional.

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Em 1992, houve a realização do VII CBAS, em São Paulo (SP), que contribuiu para desenvolver maior maturidade ao debate político, sendo dimensionado em nível dos projetos sociais e políticos, os quais havia percepção de alguns que se confrontarão com os interesses da sociedade contemporânea. A incorporação da assistência social na Constituição de 1988 fez com que se tornasse objeto de análise, sendo consideravelmente ampliada na literatura profissional. Assim, a atuação dos assistentes sociais começou a ser conhecida, o que marcou a alteração política e ideológica proveniente da década de 1980. Esse foi um momento em que as entidades sindicais da categoria, tendo certa incidência voltada à superação ampla de alguns de seus contornos corporativos, passaram a assumir, conjuntamente com organismos acadêmicos, o papel de direção política e teórica em espaços coletivos de assistentes sociais.

O enfrentamento do conservadorismo profissional, ocorrido no âmbito do serviço social contou com mediadores ativos, representantes de entidades corporativas e acadêmicas concernentes à profissão de assistente social, que enalteceram a luta a favor da hegemonia política, a partir de alianças, de forma a estabelecer vetor de ruptura com o serviço social tradicional, por meio dos esforços de construção de novas bases de legitimidade para a profissão junto às classes subalternas da sociedade. Segundo Raichelis (1998), na década de 1990, o quadro de franco agravamento da crise social em fortalecimento do projeto neoliberal houve retrocesso nas questões de cunho social, repercutindo no enxugamento das políticas de proteção social. Assim, a perspectiva que é assumida pelos assistentes sociais nos fóruns, bem como nos conselhos que redundaram em discussão sobre a formulação e o controle social das políticas públicas, o que afirmou os compromissos das entidades da categoria. Nesse quadro de debate intelectual, cabe destaque para os Encontros Nacionais de Pesquisadores em Serviço Social (ENPESS). Esse fórum assegurava, em particular, a comunicação de trabalhos articulados em torno de projetos de pesquisas. Tais encontros realizavam-se a cada dois anos e objetivavam estimular e divulgar a produção científica entre pesquisadores da área de serviço social, fortalecendo o intercâmbio entre pesquisadores, debate a respeito das políticas destinadas à pesquisa em serviços sociais, bem como refletia a atuação para desenvolver pesquisas nessa área de conhecimento.

Outro aspecto relevante diz respeito à constatação empírica de leque diversificado sobre as temáticas e problematizações que comporão pesquisas nessa área, a qual foi expressa durante a realização bianual dos ENPESS, sendo defendido um enraizamento diferenciado do serviço social frente aos debates culturais contemporâneos e mediante a validação da produção acadêmica e científica junto às Ciências Sociais.

Assim, o serviço social amparava-se na compreensão mais ampla a respeito do processo de produção de conhecimentos, bem como pela complexidade existente entre a formação e o exercício profissional, defrontando-se com os desafios sempre renovados de permitir a construção de princípios, diretrizes e objetivos coerentes com uma formação profissional vinculada aos movimentos verdadeiros da sociedade.

Nesse sentido, na composição dos debates profissionais havia reflexões críticas a respeito da sociedade capitalista, bem como de suas transformações e dos seus impactos no campo ideológico.

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Os indicadores do mercado de trabalho profissional aparecem saturados das determinações econômicas, sociais e políticas.

Segundo Mota (1998), ao ser defendida a ideia de que a problematização de demandas seria uma condição para apreender mediações que estejam vinculadas às reais necessidades advindas com o processo de reestruturação produtiva, bem como com exigências inerentes ao mercado de trabalho desses profissionais, ao mesmo tempo representava um passo inicial para a construção de objetos, bem como de objetivos estratégicos da profissão.

Essa mesma autora afirma que a principal tarefa para o serviço social, naquela conjuntura, seria identificar o conjunto de necessidades pessoais e coletivas de cunho político, social, material e, também, as culturais, quer sejam provenientes do trabalho ou do capital, sendo esses adjacentes às exigências de sua refuncionalização, necessitando o refazimento teórico e metodológico, representando o caminho entre a demanda e as necessidades, as quais se situavam na sociedade capitalista contemporânea, em toda sua complexidade, com destaque para as necessidades sociais, que contaminam o processo de reprodução social.

Assim, partindo de tal compreensão, verifica-se que temas, núcleos temáticos e eixos múltiplos e heterogêneos, com elencos de temas constantemente priorizados em fóruns profissionais, são configurados certos indicadores de tendências, que se acentuam nos eventos, indicando tendências para que sejam amplamente debatidos e apresentados para reflexão crítica a respeito das relações sociais capitalistas, sendo as questões sociais, bem como suas manifestações e o serviço social, permitindo que o seu estudo venha a possibilitar a criação de novas posturas advindas dos profissionais que continuam reivindicando aspectos relacionados à direção social estratégica para os serviços sociais.

Segundo Guerra (1995), ao analisar as determinações que figuram na ordem de cunho burguês, essas passaram a ser verificadas à luz de diferentes teorias sociais, que têm buscado explicações simples para relatar os complexos processos que existem, os quais têm se distinguido pela programática que é adotada. Essas têm correspondido à superação ou manutenção dos preceitos relativos à sociedade capitalista. Assim, o positivismo está fundamentado na identificação entre a sociedade e a natureza que a cerca, sendo tais preceitos sancionados pela razão e com sustentação em ações de cunho instrumental, os quais se fixam como modelos ideais ou abstratos efetivos da ordem burguesa.

Relatório de gestão 2008-2011

O Relatório da Gestão 2008 a 2011 aborda a expansão dos cursos de graduação em Serviço Social no Brasil e, em decorrência, o acelerado crescimento dos(as) profissionais registrados que exercem a profissão. Afirma que esse crescimento só pode ser compreendido no contexto da crise do capital, que busca novos nichos de acumulação, sendo a educação um dos principais campos de investimento da ofensiva capitalista.

O contexto mais geral de estruturação do capital sustenta algumas determinações particulares ao contexto brasileiro.

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1a) É, certamente, a abertura de cursos presenciais e à distância, em sua quase totalidade em

faculdades privadas, resultante da perversa política de ensino superior dos últimos governos federais, que estimularam a abertura de cursos como forma de cumprir acordos assinados com o Fundo Monetário Internacional - FMI (FIÚZA, 2010; LIMA, 2007).

2a) Levantada pelo referido Relatório para compreender a expansão do Serviço Social brasileiro foi

o reconhecimento da seguridade social como sistema de proteção social pela Constituição Federal. A implantação e a expansão do Sistema Único de Saúde (SUS) e do Sistema Único de Assistência (Suas) foram decisivas para ampliação do mercado de trabalho para assistentes sociais, sendo estas as políticas sociais que atualmente mais incorporam profissionais nas três esferas de governo. O presente relatório ainda pontuou que não seria coincidência que esse crescimento de profissionais ocorre em contexto de mais uma crise estrutural do capital, quando a expansão de empregos no setor de serviços, e, sobretudo, para profissionais ligados a programas sociais, constitui uma estratégia de minimização dos efeitos da crise.

Ressaltou que desde 2008, o capitalismo foi atingido por uma crise mundial cuja profundidade e consequências só foram comparadas à crise de 1929. As crises cíclicas do capitalismo possuem caráter estrutural e não são tópicas, como tentam nos fazer crer alguns de seus analistas mais otimistas. As medidas para seu enfrentamento (ou minimização) são determinadas pelo grau de desenvolvimento do capitalismo; forma de organização das classes sociais e formas de constituição e desenvolvimento do Estado em dado momento histórico (Behring e Boschetti, 2011). Ainda que as medidas de enfrentamento das crises sejam diferenciadas, trata-se de mais crise de superprodução, determinada pelo processo incessante de busca de superlucros e superacumulação e crescente desigualdade social em todo o mundo.

Outra tendência é a de reestruturação capitalista com reorganização dos postos de trabalho na direção do desaparecimento de cargos e salários estáveis, sobretudo na indústria (Boschetti, 2010). Afirmou ainda que essas tendências já são verificadas nas políticas sociais e, especialmente, nas condições de trabalho dos(as) assistentes sociais. As condições precárias de trabalho, especialmente na Política de Assistência Social (Suas), nas organizações não governamentais e no sistema sociojurídico. Nesses espaços, a não realização de concursos públicos em conformidade com as demandas do trabalho tem levado à terceirização do trabalho, à precarização, à superexploração da força de trabalho, à inserção dos(as) profissionais em dois ou três campos de atuação com contratos precários, temporários, o que tem causado adoecimento físico e mental.

Especialmente no SUAS, dados divulgados recentemente mostram que o quadro de trabalhadores aumentou bastante entre 2005 e 2009, com acréscimo de 30,7%: saltou de 139.549 para 182.436. Esse aumento, contudo, foi acompanhado de intensa precarização das relações de trabalho.

Esse quadro demonstra as relações precárias de trabalho em um dos principais campos de atuação dos(as) assistentes sociais e uma das políticas sociais que mais cresceu no âmbito da Seguridade Social. São constantes as denúncias profissionais acerca das violações de seus direitos, bem como a ampliação de situações de adoecimento decorrente dessas condições.

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