• Nenhum resultado encontrado

Capítulo 3 – Abordagens de Engenharia de Requisitos para Sistemas Logísticos de Transportes

3.4 Requisitos de Computação em Nuvem

Como se verificou na secção 2.3, uma solução de software para ser baseada no modelo de

computação em nuvem deve incluir um conjunto de funcionalidades e características particulares, além das funcionalidades/características exigidas pelo negócio do consumidor (secção 3.2). Muitas destas funcionalidades e características “adicionais”, para além de afetar

positiva ou negativamente o negócio do consumidor, também influencia positiva ou negativamente o negócio do fornecedor. Por isso, e de forma a melhorar o contexto para a

conceção do produto para os SLT e para as organizações fornecedoras de recursos e serviços de TI, julgou-se que em cada iteração do primeiro V do processo V+V, poderia ser utilizada a informação do modelo de referência de computação em nuvem do NIST.

A utilização de modelos de referência de computação em nuvem para a identificação e validação de requisitos de nível de processo não é uma prática muito discutida na literatura. No entanto,

Pereira (2013) conseguiu demonstrar, através de dois casos de demonstração, que o alinhamento das arquiteturas de negócio (nível de processo) e de serviços para a nuvem (nível de produto) pode ser assegurado com a utilização do modelo de referência de computação em

nuvem do NIST.

No primeiro caso, o modelo do NIST foi aplicado ao nível dos casos de uso que descrevem as

principais funcionalidades de um sistema ERP, através do cruzamento das descrições dos casos de uso com as descrições arquiteturais dos componentes do modelo do NIST. No segundo caso, o modelo do NIST foi aplicado ao nível dos elementos arquiteturais da arquitetura lógica de nível

de processo, que especifica as principais atividades e necessidades de um sistema que suporta a disponibilidade de serviços baseados em nuvem, através do cruzamento das descrições dos

elementos arquiteturais da arquitetura lógica de nível de processo com as descrições dos componentes do modelo de referência do NIST.

Em ambos os casos, de acordo com Pereira (2013), a aplicação do modelo do NIST possibilitou a identificação e correção de incoerências semânticas, a descoberta e definição de requisitos, o auxilio para a conceção de arquiteturas, a definição de serviços e a sistematização de normas e

protocolos para as respetivas arquiteturas de computação em nuvem.

O modelo NIST é o mais reconhecido e utilizado pela indústria para discutir e analisar as

participação da indústria, de académicos, de organizações de desenvolvimento de normas e de

entidades do setor público e privado (Liu et al. 2011).

A Figura 20 apresenta uma visão geral do modelo NIST, que identifica os principais atores, suas

atividades e funções em computação em nuvem. Este diagrama é uma representação de um modelo conceptual genérico de alto nível que tem como objetivo facilitar a compreensão dos requisitos, formas de utilização, características e padrões de computação em nuvem.

Figura 20 – Arquitetura de referência de computação em nuvem NIST (retirado de (Liu et al. 2011)).

Como a Figura 20 apresenta, o modelo NIST define cinco principais atores: o consumidor de

nuvem, fornecedor de nuvem,

broker

de nuvem, auditor de nuvem e

carrier

de nuvem. Cada ator é uma entidade (uma pessoa ou uma organização) que participa numa transação ou processo

e/ou desempenha tarefas em computação em nuvem (Liu et al. 2011).

Um consumidor de nuvem é um indivíduo ou organização que adquire e utilize produtos e serviços em nuvem. O fornecedor de produtos e serviços de nuvem é o fornecedor de nuvem.

Devido às diferentes possíveis ofertas de serviços (i.e. software, plataforma ou infraestrutura) permitidos pelo fornecedor de nuvem, haverá uma mudança no nível de responsabilidades para

alguns aspetos do âmbito de controlo, segurança e configuração. O

broker

de nuvem atua como um intermediário entre o consumidor e o fornecedor de nuvem e ajuda o consumidor através da complexidade das ofertas de serviços em nuvem. Este ator pode também criar serviços em

independentes e monitoriza a segurança de serviços em nuvem. O

carrier

de nuvem é uma organização que tem a responsabilidade de transferir os dados.

Os componentes do modelo NIST descrevem os aspetos importantes da implementação,

orquestração e gestão dos serviços em nuvem (Liu et al. 2011).

A implementação de uma infraestrutura de nuvem pode ser realizada de quatro formas diferentes (Liu et al. 2011). Numa nuvem pública a infraestrutura de nuvem e recursos de

computação são disponibilizados para o público em geral através de uma rede pública. Numa nuvem privada uma única organização do consumidor de nuvem tem acesso exclusivo e

utilização da infraestrutura e recursos computacionais. Uma nuvem de comunidade serve um grupo de consumidores de nuvem que partilham preocupações comuns. Uma nuvem híbrida é uma composição de duas ou mais nuvens (pública, privada ou comunidade) que permanecem

como entidades distintas, mas estão unidas por tecnologia padronizada ou proprietária que permite a portabilidade de dados e aplicações.

A orquestração de serviços (Service Orchestration) refere-se à composição dos componentes do sistema que sustenta o aprovisionamento de serviços em nuvem para os consumidores de nuvem e diz respeito às atividades dos fornecedores de nuvem relativamente à disposição,

coordenação e gestão de recursos de computação (Liu et al. 2011). Tem que ver com as cinco camadas de Youseff, Butrico, e Da Silva (2008) apresentadas na secção 2.3.3.

A gestão dos serviços da nuvem (Cloud Service Management) é reconhecida como um elemento importante da arquitetura. Mecanismos de suporte ao negócio (Business Support Management) são úteis para reconhecer as questões relacionadas com a gestão de clientes como contratos,

forma de cobrança e preços e são vitais para a computação em nuvem. A discussão sobre aprovisionamento e configuração (Provision and Configuration) destaca os requisitos

relacionados com a instalação, operação e manutenção dos serviços, incluindo a medição de serviços e gestão de SLA para os sistemas de nuvem. As questões de portabilidade e

interoperabilidade (Portability and Interoperability) de dados, sistemas e serviços são fatores cruciais para os consumidores da nuvem. As preocupações de segurança e privacidade (Security and Privacy) precisam ser abordadas para criar uma atmosfera de aceitação na capacidade da

nuvem para fornecer um sistema fiável e seguro.

Para o caso prático desta dissertação, decidiu-se utilizar o modelo NIST, juntamente com a

de nível de processo que não foram considerados durante a conceção da arquitetura SLT de

nível de processo (secção 4.4).

3.5 Conclusões

O principal objetivo deste capítulo foi formular o problema dos SLT e definir, de forma justificada,

uma estratégia para a conceção de uma solução entregue como um serviço que resolva o problema dos SLT. Para concretizar este objetivo foram realizados três estudos distintos.

O primeiro estudo foi sobre as organizações com processos de SLT e sobre o estado atual do mercado para as soluções de serviços como aquele que é estudado nesta dissertação. Este estudo permitiu uma melhor compreensão das necessidades das organizações com SLT e a

comprovação da pertinência de conceber uma solução de software entregue como um serviço para o domínio dos SLT.

O segundo estudo foi sobre as abordagens de engenharia de requisitos. Este estudo possibilitou, de forma mais consciente, selecionar uma abordagem adequada para a conceção de uma solução de software alinhada com as necessidades dos SLT.

O terceiro consistiu no modelo de referência de computação em nuvem NIST. Este permitiu identificar as possíveis formas de aplicação do modelo NIST para auxiliar a conceção de uma

arquitetura de software baseada no modelo e computação em nuvem.

Este capítulo revelou-se crucial na deliberação de uma estratégia para construção de um sistema de software baseado no modelo de computação em nuvem e alinhado com o domínio dos SLT.

Para além disso, permitiu iniciar a execução da estratégia definida. É apresentada no próximo capítulo a exemplificação da utilização do processo V+V de Ferreira, Santos, Machado, et al.

(2013) e do modelo de referência de computação em nuvem do NIST (Liu et al. 2011) para a conceção do sistema de software.

CAPÍTULO 4 – UM CASO PRÁTICO PARA OS SISTEMAS