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Com base no levantamento feito via questionário e dados obtidos no referencial teórico referente as informações a serem protegidas contidas em simuladores baseados em HLA, percebeu-se a necessidade de alguns requisitos que um filtro HLA deve possuir para ser aplicado em exercícios de simulação multinacionais.

Conforme Ribeiro (2016) o emprego das Forças Armadas refere-se ao uso destas para cumprirem alguma de suas missões constitucionais. O exercício militar, onde está inclusa a simulação, é realizado na fase de preparo e a operação militar ocorre na fase de emprego.

Nas simulações militares, o preparo está diretamente ligado ao emprego, pois o preparo de uma tropa tem por objetivo dar as condições para um emprego eficiente. Quando tratamos do preparo pelo uso de simuladores em ambientes multinacionais, informações seguras relacionadas a tropas, equipamentos e doutrinas podem ser reveladas indevidamente, exigindo ferramentas para que isso seja evitado.

Um dos principais passos na condução do Jogo de Guerra é a preparação para o Jogo. Na condução e avaliação dos resultados são acordadas as regras do jogo e técnicas utilizadas, é revisado o conjunto inicial de forças e o Ambiente Operacional (EUA, JOINT CHIEFFS OF STAFF, 2017). A fase de planejamento do treinamento é o momento para que sejam definidas quais informações terão restrição de acesso para cada participante do exercício coletivo e, por consequência, a definição pelo uso de filtros de dados. Deste modo, estão elencadas nas subseções que seguem, considerações sobre informações restritas e que podem estar contidas em simuladores. 3.2.1 Requisitos referentes a pessoal, material e estrutura de frações

Tomando como referência o Exército Brasileiro, o QO (Quadro Organizacional) é o conjunto de documentos que uma OM (Organização Militar) possui em termos de base doutrinária, estrutura, pessoal e material para desempenhar suas atividades e tarefas (EXÉRCITO BRASILEIRO - EME, 2015). Dentre esses documentos há a Estrutura Organizacional, que detalha a concepção da OM, o QC (Quadro de Cargos), que são os cargos que preenchem a Estrutura Organizacional da OM e o QDM (Quadro de Dotação de Material) que prevê a quantidade de armamentos, munições, equipamentos, meios navais, aéreos, terrestres e anfíbios necessários ao cumprimento das atividades estabelecidas na base doutrinária. Em organizações militares equipadas e treinadas para emprego em operações militares essas informações possuem restrição de acesso.

de informação caso esteja inclusa no simulador. Uma forma de não compartilhar a informação real, seria utilizar uma base de dados distinta quando há participação em exercícios multinacionais, onde a composição das frações seria padronizada e distinta do real. Cabe ressaltar que, um dos questionários recebidos sugere que essa técnica do uso de frações padronizadas pode ter sido utilizada por nações participantes da operação Panamax (PANAMAX, 2018).

No entanto, essa abordagem possui dois óbices a serem considerados:

1º - o simulador pode não prever a possibilidade de ajustes na base de dados o que inviabilizaria essa linha de ação.

2º - o uso de frações com composição de pessoal e meios diferente do real pode ser prejudicial ao treinamento, o que inviabilizaria o próprio exercício pela geração de resultados equivocados ou prejudicaria a formação dos participantes.

Supondo-se que o Brasil participe de um exercício internacional apenas com algumas frações de uma determinada Organização Militar, apesar de toda a Unidade estar descrita no simulador, não há necessidade de que toda sua estrutura seja compar- tilhada entre as federações, mas apenas a fração participante. A mesma premissa pode ser aplicada para a composição interna da fração e para os materiais que a compõe.

Assim, um requisito a ser considerado refere-se à possibilidade da equipe de planejamento possuir uma ferramenta que permita a filtragem de informações referentes a Pessoal, Material e Estrutura das Frações, permitindo o compartilhamento apenas dos elementos de simulação que realmente irão participar do treinamento multinacional.

3.2.2 Requisitos relacionados à doutrina

A organização de emprego de uma força armada é denominada doutrina. A doutrina apresenta muitas peculiaridades de uma força armada, pois guia ações em combate, emprego de elementos no combate, manobras de retirada, dentre muitas outras ações possíveis de serem realizadas no combate. Sendo assim, a doutrina é um dado sensível de uma força armada, pois se o inimigo tem o conhecimento da doutrina em detalhes, a fragilidade de uma força é exposta (PAUL et al., 2017).

O treinamento de uma força armada é guiado pela doutrina da força visando o adestramento de pessoal no uso dos equipamentos disponíveis. Dada a vasta quantidade de forças armadas distintas no mundo, um vasto número de doutrinas existem nas diferentes forças armadas. Ainda que equipamentos de forças armadas sejam semelhantes, as doutrinas variam de acordo com o campo de batalha no qual está sendo empregada a força, de acordo com o inimigo do combate, de acordo com a quantidade de equipamentos disponíveis, entre outros fatores. Também podem ocorrer modificações nas doutrinas existentes durante um treinamento, pois um método de ataque pode ser revisto e ajustado para garantir maior precisão. Logo a variação de

uma doutrina ocorre também durante o adestramento de uma força armada (PAUL et al., 2017).

Não há uma doutrina única para a ação multinacional, pois cada nação pode desenvolver protocolos, planos e ordens próprias, assim, os Comandantes da Força Multinacional antecipam e incorporam fatores de planejamento, tais como leis internaci- onais, regulamentos e limitações operacionais sobre o uso de forças, armas e táticas (EUA, JOINT CHIEFFS OF STAFF, 2017).

Para softwares considerados de prateleira, onde as informações de materiais, armamentos e equipamentos são previamente inseridas pelos desenvolvedores e não possuem características específicas inseridas pelos Exércitos Nacionais, a pre- ocupação com segurança durante a participação em exercícios multinacionais está relacionada especificamente a forma de emprego. Um exemplo disso seria o uso de si- muladores virtuais como VBS e SteelBeasts em exercícios multinacionais. Nesse caso, a orientação de segurança não estaria relacionada ao simulador e sim ao operador, que aplicará seu conhecimento doutrinário durante o exercício.

Em simuladores construtivos, onde os sistemas simulam frações, pessoas ou equipamentos, muitas vezes o comportamento doutrinário está embutido no simulador em forma, por exemplo, de inteligência artificial, isso pode ser um requisito a ser considerado para filtragem, pois está relacionado a forma de atuação de uma fração ou organização militar.

No Exército Brasileiro há documento relacionado à Base Doutrinária que define as capacidades, atividades e tarefas de uma OM à luz da Doutrina Militar Terrestre, cabendo ressaltar que esse documento é classificado como restrito.

Por outro lado, a aplicação da doutrina é um fator relevante para o treinamento, pois o resultado do treinamento depende de como as diversas peças dos simuladores agem ou são operadas (no caso de simuladores virtuais). Então, filtrar comportamento doutrinário pode ser prejudicial à validade do treinamento.

No planejamento da operação isso deve ser avaliado, mas a opção de filtragem deve ser oferecida para o caso de se decidir por não compartilhar informações que revelem características de emprego doutrinário das frações participantes do treinamento como, por exemplo, tipos de formação de uma determinada tropa.

3.2.3 Flexibilidade e readequação

As definições ou decisões tomadas na fase de planejamento do exercício, quanto à classificação de segurança de determinadas informações relacionadas a Pessoal, Material, Estrutura de Frações ou doutrina, podem em um momento de verificação, caso haja, ou na própria execução do exercício, mostrarem-se inadequadas ao treinamento, causando, por exemplo, situações de luta injusta e, por consequência, prejudicando ou inviabilizando parte ou todo o exercício proposto.

Nesse caso, a readequação dos filtros de dados propostos no planejamento pode ser necessária. Desta forma, a ferramenta de filtragem, deve ser suficientemente flexível para cumprir essa premissa e permitir, durante a execução, a liberação do trânsito de informações que, no planejamento inicial, foram definidas como bloqueadas, mas a decisão quanto ao bloqueio e desbloqueio de dados depende de autorização da direção do treinamento (NATO, 2018) que procederá conforme as tratativas firmadas com os participantes durante o planejamento.

3.3 CONSIDERAÇÕES SOBRE MDSA (MULTI-DOMAIN SECURITY ARCHITEC-

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