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Onorato Jonas Fagherazzi 47

Resenha da obra: Foucault e a crítica da verdade.

O

que é a verdade na sua relação com o sujeito? Seguindo a concate- nação da investigação da verdade na sua relação com o sujeito, o objetivo geral deste trabalho, apresenta-se numa história crítica da verdade. Dividida em cinco capítulos (Os saberes, o discurso e o homem, 1; Verdade, sujeito e genealogia, 2; Verdade e sujeição da subjetividade, 3; Governo e atitude crítica, 4; Verdade e ética do sujeito, 5), a presente obra é uma investigação crítica de distintos percursos da formação da verdade subjetiva e de modos de resistência a das ordens discursivas. A filosofia crítica, entendida como uma caixa de ferramentas para Foucault passa a ser um importante instrumento para tal fim.

Discordando veemente de doutrinas essencialistas que viam na verdade um atributo universal, atemporal, objetivo e independente de quem era o sujeito, para Foucault, ela é assujeitada, particular e temporal. E ela não é analisada unicamente a partir do ponto de vista gnosiológico. Ao analisá-la, o filósofo se distancia da procura das condições de possibilidade do conhecimento kantiano, bem como da psicologia subjetiva e se aproxima duma microfísica de poderes em que o sujeito está inserido. Há aqui uma crítica profunda à verdade transcendental do Idealismo Transcendental. Na análise da verdade, Foucault “não toma como método a decifração suspeitosa do eu, buscando desenterrar indefinidamente a verdade escondida na subjetividade”. Mas sim, “a produção de enunciações.” (CANDIOTTO, 2013, p. 152).

O pensador francês reconhece uma ordem discursiva que assujeita o humano. É pelas práticas discursivas que o sujeito recebe verdades e pode

47 Graduado e mestre em Filosofia pela UFRGS. Especialista em Psicologia e Educação (UFRGS). Dr. em Educação em Ciên-

cias. Professor de Filosofia da Rede Federal de Ensino – IFRS Campus Bento Gonçalves. E-mail: onoratojonasfagherazzi@ yahoo.com.br.

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e d u c aç ãop r o f i ss i o n a le md e staq u e 48 FOUCAULT, M. História da Sexualidade 2: o uso dos prazeres. 8. ed. Rio de Janeiro: Graal, 1998.

problematizá-las por meio da criticidade aos discursos recorrentes. E lembramos que tais discursos só são reconhecidos como verdadeiros num espaço e tempo determinado pela ordem discursiva formada pela epistémê representativa de determinados poderes. A “ordem do discurso é o critério normativo para impor significações, identificar, dizer o que é verdadeiro e o que é falso, o que está certo e o que está errado, (...) nada mais do que um modo de operar separações.” (CANDIOTTO, 2013, p. 51). O que não quer dizer que ela é única. Há diversas categorias de jogos de verdade que constituem o sujeito. E essa é uma chave de releitura apresentada pelo próprio Foucault (1984, p. 13-14):48

Através de quais jogos de verdade o homem se dá seu ser próprio a pensar quando se percebe como louco, quando se olha como doente, quando reflete sobre si como ser vivo, ser falante e ser trabalhador, quando ele se julga e se pune enquanto criminoso? Através de quais jogos de verdade o ser humano se reconheceu como homem de desejo?

Na investigação dos jogos de verdade que antecedem o reconhecimento da verdade e da falsidade, para alguns a arqueologia do saber é a mais notória atividade intelectual. Para outros, é genealogia do poder. Há ainda quem defenda a genealogia da ética. Mas para Candiotto (2013, p. 18) “a hipótese de trabalho é que o fio condutor do pensamento de Foucault identifica-se com a problematização da verdade e sua relação com o sujeito” como um todo. Portanto, os três domínios devem ser contemplados e não um em detrimento do outro. Se de Platão a Kant a análise da verdade também estava recortada em face dos critérios inatos, empíricos ou críticos, pressupondo-se um sujeito puro para se alcançá-la, há aqui, nos domínios foucaultianos, uma nova perspectiva arqueológica, genealógica e ética. Na primeira delas, sua relação é estabelecida entre o sujeito e seus saberes; na segunda, dele com os poderes; na terceira, dele com o cuidado de si e dos outros. Estas relações são assim analisadas na ordem dos saberes discursivos (capítulo um), disciplinares (capítulo dois e três), políticos (capítulo quarto) e éticos (capítulo cinco).

Na análise do primeiro domínio, ao abordar os saberes teóricos e cientí- ficos, “ele pergunta pelas práticas discursivas cujas regularidades implicam na

produção de saberes positivos sobre o homem vivente, falante e trabalhador.” (CANDIOTTO, 2013, p. 125). Obra monumental desse domínio, As Palavras e as

Coisas, procura distanciar do homem, a verdade de seus saberes constitutivos

para demonstrar como as regras anteriores é que foram modificando-as. É o jogo do poder da loucura que entra em cena como primeira grande investiga- ção. Nela, ele procura saber como surgem certas ordens discursivas que vão moldar a verdade de novos discursos sobre o louco, por exemplo. Isso, pois, é na “análise dos ‘jogos de verdade’, dos jogos entre o verdadeiro e o falso, através dos quais o ser se constitui historicamente como experiência, isto é, como podendo e devendo ser pensado.” (FOUCAULT, 1984, p. 13-4). Ou seja, não se trata da problemática da verdade em sua relação epistemológica, mas o que constitui o próprio sujeito inserido em diversos jogos de poderes que o assujeitam a todo o momento. Em As Palavras e as coisas sustenta-se que,

se as filosofias e as ciências modernas se fundamentam na verdade do homem, a arqueologia sustenta que a verdade dessa verdade está no seu exterior, qual seja na epistémê moderna da finitude. Na configuração do pensamento contemporâneo, a partir da qual a arqueologia se situa, inexiste a relação íntima entre verdade e sujeito constituinte. A materialidade do discurso posiciona de modo plural tanto os sujeitos quanto os objetos de conhecimento. (CANDIOTTO, 2013, p. 43, grifo nosso).

Na análise do segundo domínio, percorre-se a relação da verdade assu- jeitada por meio de uma perspectiva dos poderes. Dos poderes constituídos historicamente por meio de uma cultura. “Em qualquer cultura há enunciações sobre o sujeito que, independentemente de seu valor de verdade, funcionam, são admitidas e circulam como se fossem verdades.” (CANDIOTTO, 2013, p. 125). Logo, antes do sujeito ter a sua verdade, há uma maior que ele já assimilou sem se dar conta de tal efeito. Portanto, ao invés de se analisar “a verdade para um sujeito em geral, procura-se saber quais são os efeitos de subjetivação a partir da própria existência de discursos que pretendem dizer uma verdade para o sujeito.” (Ibid., p. 125). Há uma renúncia na aceitação de qualquer verdade histórica, seja do conhecimento dado como verdadeiro, ou seja, dos poderes ora estabelecidos.

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A proposta da história crítica da verdade de Michel Foucault prescinde da delimitação de proposições verdadeiras para debruçar-se nas práticas históricas a partir das quais os enunciados são produzidos e reconhe- cidos como verdadeiros. Importa muito mais a dramatização que atua na produção da verdade e não tanto o conteúdo proposicional que a constitui. (Ibid., p. 63).

Isso significa que há uma genealogia que tem a função de diagnosticar o que somos e “o que significa hoje dizer o que dizemos,”49 a partir da análise do poder. Tendo a História da Loucura, Vigiar e Punir e a Ordem do Discurso, como as principais obras deste domínio filosófico, nelas Foucault apresenta como um poder criou uma ordem por meio de diferentes discursos em análise: seja o do louco ou do preso. Trata-se de, diante da neutralidade de tais “dis- cursos científicos que objetivam o sujeito, trata-se de propor sua constituição, politicamente estabelecida.” (CANDIOTTO, 2013, p. 24). Uma constituição que demonstra não haver um sujeito universal: nem pelo transcendentalismo kantiano, nem pelo idealismo hegeliano, nem mesmo fundamentado pela absorção do empírico, como na linha fenomenologista. O sujeito de Foucault é o assujeitado pelos diversos regimes que o constituem (Id., 2013).

A análise do terceiro domínio é desenvolvida no capítulo cinco. Nela, relaciona-se a ética com a verdade. Defende-se a relação positiva entre ambas no papel desempenhado no governo de si e dos outros. A constituição do sujeito também é fruto dessa presente discursividade que opera em suas relações práticas consigo e em relação aos outros. A atitude crítica na ética do sujeito é exemplificada pelo exercício da ascese. Ou seja, a busca do autocontrole do corpo e do espírito para o alcance da vivência de certas verdades e sua transformação pessoal. O segundo exemplo pelo autor apresentado é o da convicção do que alguém enuncia. Certos discursos podem ser reconhecidos até como verdadeiros dependendo da convicção de quem o enuncia. Isso, pois, nesse domínio da ética genealógica também “estão em jogo os diversos papéis do filósofo antigo, tais como o mestre encarregado de orientar o discípulo na relação pedagógica, o democrata que discursa para a assembleia contra a opinião da maioria, o conselheiro do rei que se opõe às decisões tirânicas e infundadas” (Ibid., p. 26).

Observa-se que a ética distingue-se da moral. A moral é o conjunto de regras e valores propostos aos indivíduos a partir de aparelhos prescritivos como é o caso das Igrejas, instituições educativas, a família entre outros. Já a ética refere-se ao modo pelo qual cada um, sendo submetido a um código moral, assim conduz-se frente as suas possíveis deliberações. Isso pois,

dado um código de condutas e para um determinado tipo de ações (que pode ser definido por seu grau de concordância ou de divergência em relação a esse código), há diferentes maneiras de o indivíduo ‘se conduzir’ moralmente, diferentes maneiras para o indivíduo, ao agir, não operar simplesmente como agente, mas sim como sujeito moral dessa ação. (FOUCAULT, 2010, p. 211-212). 50

Contudo, se há também uma maneira diferenciada de o indivíduo se conduzir em face de uma determinação de uma substância ética, é inegável – que também no domínio ético, assim como no dos saberes e no dos poderes – há um modo de assujeitamento. Há um modo pelo qual o indivíduo se relaciona com um sistema de regras e sente-se coagido por instituições a praticá-las.

Neste presente reescrito de tese doutoral, intitulada originalmente

Foucault e a verdade, destacando que a Filosofia não é uma ciência51 mas uma

atitude crítica de resistência, atenta-se que: O “discurso da autoridade merece aceitação apenas se houver boas razões e se o cidadão estiver convicto de que o que lhe é proposto, de fato, é verdadeiro.” (CANDIOTTO, 2013, p. 152). Desta forma, a atitude crítica é sustentada pelo questionamento de tantas verdades discursivas que subjetivam ao surgir principalmente em torno de argumentos de autoridade no dimensionamento ético, político e epistemológico. Se a sujeição não questionada é o efeito da governamentalização, a atitude crítica é quem pode propor uma nova política da verdade. Esta atitude inicia pelo reconhecimento de que todo e qualquer poder atuante sobre o indivíduo pode ser evitado. Se por governamentalização entende-se o “movimento pelo qual numa determinada prática social (familiar, política, religiosa, moral) busca-se sujeitar os indivíduos por mecanismos de poder que demandam justificações

50 FOUCAULT, M. Ditos e Escritos V: Ética, Sexualidade, política. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2010.

51 “No processo de constituição e funcionamento das ciências do homem no século XIX, pelo menos a partir de seus critérios

de objetividade e de sistematicidade identificados ao lado das ciências já formalizadas, não houve descoberta de uma ver- dade específica sobre o mesmo.” (CANDIOTTO, 2013, p. 152).

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e d u c aç ãop r o f i ss i o n a le md e staq u e 52 FOUCAULT, M. Segurança, Território e População: curso no Collège de France (1977- 1978). São Paulo: Martins Fontes,

2008.

53 FOUCAULT, M. Discorso e veritá nella Grecia antica. Roma: Donzelli, 1997.

de verdade para reproduzir-se” (Ibid., p. 115), por atitude crítica, entende-se o questionamento desses efeitos do poder até chegar a sua raiz: a sua verdade.

Para tanto, Foucault não se satisfaz com que o indivíduo tem a dizer sobre/

para ou contra o poder apenas numa dimensão epistemológica. Para Candiotto

(2013), há três claras formas de resistência àquelas determinadas verdades: 1) As contracondutas; 2) a atitude crítica do governo; e, 3) a anarqueologia. As contracondutas são revoltas de conduta, de resistência do sujeito contra a governamentalidade pastoral. Em Segurança território e população Foucault apresentava a qualificação do poder pastoral, quanto mais resistências con- seguisse ele superar. Resistências que não se tratam de lutas armadas, mas da condução de condutas em resistência a determinados poderes. As “lutas são contra a governamentalização, cuja condução tem como efeito a sujeição da subjetividade. Deslocar a governamentalização por outras artes de governar, eis a razão das revoltas de conduta”. (Ibid., p. 111). Nas palavras de Foucault (2008, 256-7):52

São movimentos que têm como objetivo outra conduta, isto é: querer ser conduzido por outros condutores e por outros pastores, rumo a outros objetivos e a outras formas de salvação, por meio de outros procedimentos e outros métodos. São movimentos que procuram também, eventualmente, em todo caso, escapar à conduta dos outros, estabelecer para cada um a maneira de se conduzir. Em outras palavras, gostaria de saber se diante da singularidade histórica da pastoral não correspondeu à especificidade da recusa, das revoltas, das resistências de conduta.

Movimentos esses importantes, pois pelas contracondutas surgem as novas forças de resistências. “Não se tratam das lutas entre forças ativas e rea- tivas, mas de condução de condutas limitadas em seu campo de atuação pelas contracondutas.” (CANDIOTTO, 2013, p. 110). A contraconduta surge quando “as forças germinais de poder (ativas) e de resistência (reativas) dão lugar a ações de conduta e a atitudes de contraconduta”. (Ibid., p. 111). No mesmo ano de 1978, a atitude crítica também é pensada como uma prática de resistência. Surge assim a “genealogia da atitude crítica.” (FOUCAULT, 1997, p. 112).53

A atitude crítica é como o frontispício da razão. E para ela, os aspec- tos éticos, epistemológicos e políticos são indissociáveis. Nesse sentido, distancia-se das ideias modernas “que se detém no estudo das condições de legitimidade do conhecimento científico-filosófico como meio autorre- ferente para expurgar os efeitos de poder do objetivismo, do positivismo e do tecnicismo, recorrentes nos séculos XIX e XX.” (Ibid., p. 117, grifo nosso). Se para tal epistemologia somente o conhecimento científico é condição de determinação do conhecimento possível, para Foucault, toma-se o mesmo a partir de seu distanciamento de tais positividades. Para ele é impensável a não aproximação entre os saberes, os poderes e as tecnologias que produzem verdade e sujeição da subjetividade. O “gesto maior da atitude crítica define- -se pelo desassujeitamento da subjetividade em relação à individualização do poder disciplinar e à massificação do biopoder regulador”. (Ibid., p. 118).

Para Candiotto (2013, p. 118), o caminho da atitude crítica inicia pela própria análise dos mecanismos de poder. Ou seja, seus discursos. Isso porque é pelo discurso que a verdade se justifica e se legitima. A arqueologia e a gene- alogia surgem para esquadrinhar os diversos regimes de verdade e suas dadas resistências. As “resistências não constituem somente a condição da política, mas são também o critério fundamental para delimitar o tipo de verdade à qual o sujeito estava vinculado e que lhe era até então incompreensível”. (Ibid., p. 118). A verdade não é única. Ela está a serviço de distintas ordens discursivas. E, “desde o momento em que o indivíduo deixa de aceitar essa ou aquela maneira de governar, reconhece também a não neutralidade desse ou daquele efeito de verdade ao qual se encontra vinculado”. (Ibid., p. 118, grifo nosso). Logo, a atitude crítica não é propositiva no sentido de se indagar pelo que tem que dizer ao governo, mas “leva em consideração seu esforço e decisão para desprender-se do poder e propor outra política de verdade”. (Ibid., p. 119).

Na obra Do governo dos vivos, 54 Foucault introduz o conceito de anarque- ologia como “outra estratégia privilegiada do desbloqueio do sujeito em relação às estratégias da governamentalização e suas matrizes de verdade”. (Ibid., p. 119). Trata-se de uma reproblematização da arqueologia do saber distanciando- -se da vertente epistemológica ou anárquica. Ou seja, a anarqueologia não quer recusar todo poder. Ela sabe que ele sempre vai existir. Mas, apresenta a

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inexistência da legitimidade dum determinado governo quando sua condução de condutas encontra-se limitada por dadas lutas históricas. Trata-se de uma atitude de não aceitação de uma condução constantemente situada. Para tanto, aqui também se faz necessária a “atitude crítica em relação ao poder em seus efeitos de verdade”. Esta é a “condição de inteligibilidade dos discursos de verdade em seus efeitos de poder. Se qualquer modalidade de governo deixa de ser necessária a partir de seus efeitos de verdade, verdade alguma continua sendo concebida como universal na perspectiva de seus efeitos de poder”. (Ibid., p. 120).

A partir da análise das três práticas de resistência, permite-se um novo deslocamento entre o sujeito e a verdade. Esta passa a ser pensada pelas técnicas de subjetivação no lugar das tecnologias de sujeição. Como consequência,

enquanto a verdade deixa de ser considerada unicamente como efeito de mecanismos constringentes de poder, a constituição do sujeito desloca-se para um conjunto de domínios que ultrapassa os limites de seu ser sujeitado nos discursos de verdade das ciências do homem. (Ibid., p. 121, grifo nosso).

Isso não quer dizer que o homem será doador de sentido de suas próprias verdades como pretendiam os existencialistas. Ele permanece articulando as categorias verdade, poder e sujeito. Deixa-se de enfatizar antigos jogos de regras a passa-se a sublinhar a luta pelo poder por meio das práticas disciplinares, biopolíticas e o governo de si e dos outros – também numa dimensão ética como já foi anteriormente apresentado.

Por fim, o autor foi muito feliz ao buscar sistematizar os três domínios foucaultianos a partir do fio condutor da verdade na sua relação com o assujei- tamento humano. Ao percorrer textos de vasta notoriedade intelectual de seus três diferentes domínios, aponta que, no pensamento de Foucault, a “verdade é produzida no jogo histórico das práticas concretas de poder.” (Ibid., p. 58, grifo nosso). Dum poder que não está apenas numa estrutura política sacra- mentada – como no senado, no congresso, nas câmaras et al-, mas está por toda parte. O poder está situado numa microfísica. Ou seja, ele se estende da dada estrutura social para todos os partícipes da referida sociedade. O assujeitamento do homem dá-se por meio de verdades constituídas por diferentes categorias

de ordens discursivas: seja a dos saberes, poderes e, até mesmo, dos sistemas éticos. Tendo analisado o mesmo nos domínios arqueológico, genealógico e ético, conclui-se por serem preciosas ferramentas pelas quais não podemos nunca deixar de sermos críticos nessa contemporaneidade. Do contrário uma única ordem discursiva poderá ser a soberana, o que colocaria em risco a verdade relativa aqui solapada nos distintos domínios foucaultianos. Não se defende a ordem do poder soberano, mas do seu exercício entre distintas forças e distintos interesses, inclusive das minorias. Não se pode esquecer que o exercício do poder sempre envolve resistência, mas nunca, a renúncia da liberdade. Indica-se a leitura integral da presente obra de Candiotto (2013). Ela está muito bem redigida e fundamentada, com um interessante fio condutor que também se aproxima de interessantes temáticas de nossa atualidade.

REFERÊNCIA

CANDIOTTO, C. Foucault e a crítica da verdade. Belo Horizonte: Autêntica, 2013.

interatividade: https://goo.gl/4bRqN3

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