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4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.3. RESULTADOS DA CARACTERIZAÇÃO DAS ARGAMASSAS – ESTADO

4.3.2. RESISTÊNCIA À TRACÇÃO POR FLEXÃO EM TRÊS PONTOS

Os ensaios para determinação da resistência à tracção por flexão foram realizados aos 28 e 90 dias, para cada tipo de argamassas e respectivas condições de cura. Os provetes foram colocados, previamente, 24h numa sala com temperatura e humidade relativa controlados, 23 ± 3ºC e 65 ± 5%, respectivamente.

No Anexo II (Quadro III.4 e Quadro III.5) são apresentados os resultados dos ensaios de resistência é tracção por flexão de todos os provetes de todas as argamassas, aos 28 e 90 dias.

No Quadro 4.4 podem-se observar os resultados obtidos para resistência à tracção por flexão, sendo apresentados para cada tipo de argamassa e condição de cura, o seu valor médio e respectivo desvio padrão. Foram ensaios 3 provetes para cada argamassa e cada condição de cura.

Quadro 4.4 – Resistência à tracção por flexão aos 28 e 90 dias

Argamassa Resistência à tracção por flexão - Rt [MPa]

28 Dias 90 Dias

Tipo Cura Média Dv. Padrão Média Dv. Padrão

A S 0,353 0,006 0,646 0,004 P 0,265 0,003 0,409 0,045 B S 0,088 0,003 0,099 0,011 P 0,080 0,008 0,080 0,004 C S 0,073 0,015 0,082 0,055 P 0,055 0,007 0,044 0,005 D S 0,048 0,003 0,035 0,000 P 0,034 0,006 0,031 0,005 E S 0,021 0,006 0,020 0,018 P 0,120 0,002 0,020 0,001

Na Figura 4.5 são apresentados, sob forma de gráfico, os resultados de resistência à tracção por flexão, de forma a permitir fazer uma mais fácil análise.

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Figura 4.5 – Resistência à tracção por flexão aos 28 e 90 dias

Fazendo uma análise geral da Figura 4.5, observa-se que a argamassa A é que apresenta valores mais elevados de resistência à tracção por flexão, o que já era de se esperar, pois esta argamassa foi a que apresentou resultados de E mais elevados. As restantes argamassas registaram valores bastante inferiores, mas é importante comentar o comportamento da argamassa E sujeita à cura com aspersão de água potável, tanto aos 28 como aos 90 dias, o qual é mais elevado do que era de esperar.

A argamassa A, sem presença de Mk, apresenta aos 28 dias o valor de 0,3 MPa para a cura S e para a cura P um valor próximo dos 0,2 MPa. Como seria de esperar, aos 90 dias, houve um aumento considerável de valores para as duas curas. A argamassa A sujeita à cura S (aspersão com água do mar), apresentou resultados mais elevados face à cura P (aspersão com água potável).

Na argamassa B, com substituição parcial de 9% de metacaulino, eram esperados melhores resultados dados os valores indicativos de módulo de elasticidade, tendo só obtido um valor máximo de 0,099 MPa para a cura S e 0,08 para a cura P. A cura com aspersão de água do mar tem valores mais elevados que a cura com aspersão de água potável, dado que o metacaulino tem-se mostrado ser um agente eficaz contra o ataque dos cloretos (Figueiredo, 2011).

Analisando a argamassa C, com substituição parcial de cal aérea por metacaulino de 13%, verifica-se que os valores tanto para a cura S como para a cura P são mais baixos que na argamassa B. Na cura S houve um aumento de resistência, embora pequena, enquanto na outra cura ocorreu uma diminuição de resistência à tracção por flexão dos 28 para os 90 dias.

,00 ,100 ,200 ,300 ,400 ,500 ,600 ,700 S P S P S P S P S P A B C D E R t [M P a] 28 dias 90 dias

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Os valores de resistência da argamassa D, com substituição parcial de massa de cal aérea por metacaulino de 23%, são inferiores aos observados nas argamassas anteriores. Para além dos valores baixos observados aos 28 dias, ocorreu uma diminuição de resistência em ambas as curas, sendo mais significativa na cura com aspersão de água do mar. Estes resultados mostram o quanto são frágeis estas argamassas.

As argamassas ES, com substituição parcial de 33% de cal aérea por metacaulino, são as que apresentam piores resultados em termos de resistência, talvez devido à falta de cal aérea. No entanto, a argamassa EP foi a que obteve o valor mais elevado entre todas as argamassas (excepto a argamassa A). Há que observar que os resultados de EP sobressaem, pois não eram esperados valores mais elevados que as restantes argamassas, dado os resultados do módulo de elasticidade dinâmico, o que leva a concluir que provavelmente as condições dos provetes não eram semelhantes aos outros, ou que tenhas havido algum tipo de erro no ensaio.

Uma das razões porque os resultados de Rt são baixos nas argamassas com Mk deve-se, provavelmente, ao facto de a reacção pozolânica ter sido pouco eficaz em detrimento da carbonatação.

Segundo Veiga (Veiga, 2005), as argamassas de substituição para edifícios antigos devem registar valores entre os 0,2 e 0,7 MPa de Rt, de forma a poderem ser aplicadas. No caso em estudo somente a argamassa A satisfaz os requisitos estabelecidos.

As Figuras 4.6 e 4.7 permitem uma análise mais directa dos resultados entre os vários tipos de argamassas e às duas curas que foram sujeitas

Figura 4.6 – Resistência à tracção por flexão da cura S, aos 28 e 90 dias ,00 ,100 ,200 ,300 ,400 ,500 ,600 ,700 AS BS CS DS ES R t [M P a] 28 dias 90 dias

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Os resultados aqui apresentados permitem observar um padrão no que diz respeito à substituição parcial de cal aérea por metacaulino, ou seja, à medida que vai aumentando a percentagem de metacaulino e diminuindo o respectivo traço, ocorre uma diminuição da resistência à tracção nas duas idades de cura.

A argamassa A, sem Mk, é a de todas a que apresenta melhores resultados, tendo evidenciado uma melhoria dos valores de Rt dos 28 para os 90 dias.

Não se observa uma evolução significativa de valores de Rt dos 28 para os 90 dias das argamassas B, C, D e E, apesar de ter ocorrido um ligeiro aumento.

A argamassa E (maior percentagem de Mk), para a cura com aspersão de água do mar, é a que obteve resultados mais insatisfatórios.

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Segundo Santos (Santos et al., 2012), os valores de resistência à tracção por flexão em três pontos, para argamassas de revestimento, devem-se situar entre os 0,2 e 0,7 MPa, aos 90 dias. Neste contexto, somente a argamassa AS respeita este requisito.

Figura 4.7 – Resistência à tracção por flexão da cura P, aos 28 e 90 dias

Observando os resultados de Rt, referentes à cura P, mais uma vez observa-se que a argamassa A é que apresenta melhores resultados, embora inferiores aos da cura S, sendo a única argamassa que corresponde aos requisitos segundo Santos (Santos et al., 2012).

,00 ,050 ,100 ,150 ,200 ,250 ,300 ,350 ,400 ,450 AP BP CP DP EP R t [M P a] 28 dias 90 dias

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Constata-se uma diminuição da resistência entre as argamassas na mesma idade de cura, com excepção da argamassa E, em que os resultados são um pouco surpreendentes pelo facto de ter apresentado resultados bem melhores que as outras argamassas.

Consideram-se os resultados da argamassa E estranhos; provavelmente por estarem mais húmidos que os outros, pois estes provetes foram sempre os que se apresentaram mais sensíveis à deterioração aquando do seu manuseamento.

Segundo Santos (Santos et al., 2012), os valores de resistência à tracção por flexão em três pontos, para argamassas de revestimento, devem-se situar entre os 0,2 e 0,7 MPa, aos 90 dias. Neste contexto, somente a argamassa AP respeita este requisito.

Não era expectável uma discrepância tão significativa de valores da argamassa A (argamassa com maior teor de cal aérea) comparativamente às restantes, facto observado em ambas as curas. Apesar de as restantes argamassas terem menor quantidade de cal, sendo esta substituída por metacaulino, era esperado apresentarem valores mais elevados face à elevada reactividade do Mk. Por conseguinte o Mk potencia as propriedades hidráulicas das argamassas, e como os provetes eram aspergidos com água (na cura S – água do mar e na cura P – água potável) seria de esperar mais desenvolvimento da reacção pozolânica.

A caracterização química e mineralógica permitirá complementar e compreender melhor os resultados aqui apresentados.

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