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A respeito do que o citado João disse: Em forma de homem [Deus] lutou com ele

I NCIPIUNT C APITULA L IBRI P RIMI

XI. A respeito do que o citado João disse: Em forma de homem [Deus] lutou com ele

[Jacó] e chamou-o Israel390, o que é interpretado: O espírito391 [que] vê Deus.

384

Apesar de Tarasio ser patriarca (ver Grabar, L˙iconoclasme byzantin, páginas, 5, 279 e 369), o documento se refere a ele como episcopo, o que não parece ser uma confusão com o título oriental, posto que na página 156 da publicação dos LC nos MGH o termo patriarche é usado.

385

Gn.1, 26: “Deus disse: ‘Façamos o homem à nossa imagem, como nossa semelhança.’”

386

J. WIRTH L˙image médiévale, página 41: “De acordo com Agostinho, a imagem implica a similitude, a igualdade também implica, mas a similitude não implica a imagem e a imagem não implica a igualdade. A igualdade do modelo é própria à Imagem divina.”

387

Gn. 23, 7: “Abraão levantou-se e se inclinou diante dos homens da terra, os filhos de Het”.

388

Ex. 18, 6: “Moisés saiu ao encontro do sogro, inclinou-se diante dele, abraçou-o, e indagando pela saúde um do outro, entraram na tenda”. Ex. 18, 7

389

A citação (Gn. 35, 15) aparece na resposta de Adriano I ao concílio, MGH Epistolae 5 página 36: “Jacó erigiu uma estela no lugar onde ele lhe falara, uma estela de pedra, sobre a qual fez uma libação e derramou óleo. E Jacó deu o nome de Betel ao lugar onde Deus lhe falou”. Gn, 35, 14 – 15.

XII. Porque não diz respeito à adoração de imagens nem se encontra em nossos códigos, que foram transcritos da verdade hebraica, aquilo que eles dizem em seu sínodo: Jacó, amparado por seus filhos, beijou a túnica dilacerada de José, e

chorou392.

XIII. A respeito daquilo que eles, indouta e desordenadamente dizem: Se me

caluniares, pois que, como Deus, adoro a madeira da cruz, porque não calunias Jacó, que adorou a extremidade do cajado?393 Mas está claro que não adorou a madeira, mas, pela madeira, José, assim também nós, pela cruz, [adoramos] Cristo.

XIIII. Não diz respeito à adoração da imagem, como eles dizem, o que está escrito:

Jacó benzeu o faraó394.

XV. Quão absurdamente agem aqueles que citam o exemplo da lei divina para sustentar a adoração de imagens dizendo que Moisés, tendo Deus mandado, teria feito o propiciatório e dois querubins e a Arca da Aliança.

XVI. Porque não diz respeito à adoração de imagens, como eles estupidamente e irracionalmente julgam, aquilo que foi escrito por meio do legislador: Eis que chamei

a Besebelel [filho] de Uri, filho de Hur, da tribo de Judá e o enchi do espírito da

390

Gn. 32, 24 – 28: “ E Jacó ficou só. E alguém lutou com ele até surgir a aurora. Vendo que não o dominava, tocou-lhe na articulação da coxa, e a coxa de Jacó se deslocou enquanto lutava com ele. Ele disse: “Deixa-me ir pois já rompeu o dia.” Mas Jacó respondeu: “Eu não te deixarei ir se não me abençoares,” Ele lhe perguntou: “Qual é o teu nome?” – “Jacó”, respondeu ele. Ele retomou: ‘Não te chamarás mais Jacó, mas Israel, porque foste forte contra Deus e contra os homens, e tu prevaleceste’”. Gn. 32, 25-29.

391

Mens pode ser traduzido tanto por inteligência, espírito quanto por coragem.

392

Gn, 37, 33: “Jacó rasgou as suas vestes, cingiu os seus rins com um pano de saco e fez luto por seu filho durante muito tempo.” Gn. 37, 34.

393

Gn. 47, 31: “Mas seu pai insistiu: ‘Jura-me.’ E ele jurou, enquanto Israel se inclinava sobre a cabeceira de seu leito.” Em nota, na Bíblia de Jerusalém, foi colocado que, por causa de uma confusão entre as palavras mitah, leito, e matteh, cajado, as versão grega apresenta jacó que se prostra diante do cajado.

394

Gn. 47, 10 “Jacó saudou o faraó e despediu-se dele”. Kristina Mitalaite (2006:16), afirma que os gregos foram acusados pelos francos, no capitulo 25 da capitularia, de não fazerem distinção entre adoração (adorare) e benção (benedicere). O papa fez uma interpretação teológica da aproximação entre os dois termos, afirmando que Deus abençoou os homens pela carne, enfatizando, dessa forma, a portee cristológica do gesto.

sabedoria e da inteligência para completar a obra em ouro e prata e lhe dei [por companheiro] Ooliab [filho de] Aquisamec395.

XVII. Porque não julgam corretamente aqueles que dizem: Se conforme a legítima

tradição de Moises se prescreve ao povo que seja colocado nas extremidades das orlas das vestimentas uma linha púrpura, para a memória e a conservação dos preceitos, muito mais se prescreve a nós, por meio de uma pintura que se assemelha aos homens santos, ver como terminaram suas vidas e imitar a fé deles, conforme a tradição apostólica.

XVIII. Porque é vã a esperança daqueles que colocam sua salvação nas imagens, dizendo: Como o povo israelense foi salvo por olhar para a Serpente de Bronze,

assim nós seremos salvos ao levar nossos olhos para as imagens dos santos.

XVIIII. Porque é característico de uma grande irreflexão dizer: assim como foram

dados aos judeus as tábuas das leis e os dois querubins, para nós cristãos foram dados a cruz e as imagens dos santos, para que fossem descritas e adoradas396.

XX. Porque se reconhece que não menos do que todos, mas quase mais do que todos juntos, Tarasio delirava ao dizer: Assim como os antigos tiveram um querubim que

fazia sombra ao propiciatório, também nós temos as imagens de Nosso Senhor Jesus Cristo e da santa mãe de Deus, e de seus santos, que sombreiam o altar.

395

Ex. 31, 2-6. “Eis que chamei pelo nome a Beseleel, filho de Uri, filho de Hur, da tribo de Judá. Eu o enchi com o espírito de Deus em sabedoria, entendimento e conhecimento para toda espécie de trabalho, para elaborar desenhos, para trabalhar em ouro, prata e bronze, para lapidação de pedras de engaste, para entalho de madeira, e par a realizar toda espécie de trabalhos. Eis que lhe dou por companheiro Ooliab, filho de Aquisamec, da tribo de Dã; coloquei a sabedoria no coração de todos os homens de coração sábio, para que façam tudo o que te ordenei”.

396

De acordo com Célia Chazelle, Matter, Spirit and Image in the Libri Carolini, página 167, este é o capítulo com a principal referência à cruz, que colocava um problema a Teodulfo, devido às diferentes formas a partir das quais eram conhecidas no cristianismo medieval, como no sinal da cruz feito com as mãos, nas relíquias da Cruz verdadeira, relicários cruciformes, entre outros, as passagens dos LC onde a cruz é citada se concentram em um ou outro tipo, de acordo com a autora.

XXI. Porque João o presbítero não teria se expressado bem, ele que, para sustentar a adoração das imagens, disse: Também Jesus zelosamente erigiu doze pedras em

memória de Deus397.

XXII. Porque não é igual à adoração de imagens, como eles dizem, a adoração do profeta Natã diante de David.

XXIII. Porque, aquilo que está escrito: brilhou sobre nós, Senhor, a luz da Tua

face398, procurarei a Tua face, ó senhor 399 não deve ser entendido, como eles dizem, como algo que diz respeito às imagens produzidas pelos homens.

XXIIII. Porque em nada diz respeito à imagem produzida pelo homem o que está escrito: Todos os povos ricos rogarão à Tua face400, como eles afirmam.

XXV. Inoportuno e cheio de delírios é o discurso do bispo Leão Fociae, o qual, porque se converteu à adoração de imagens, adapta o versículo do salmista que diz:

Converteste meu pranto em contentamento, tiraste o meu pano grosseiro e me cingiste de alegria401.

XXVI. Porque não diz respeito à adoração de imagens aqueles que desdenham o que o salmista cantou: Cada qual falou falsidades aos seu próximo, falaram com lábios

bajuladores e coração fingido402.

XXVII. Porque não tem relação com os padres [ou os pais da Igreja oriental], como eles dizem: Corte o senhor todos os lábios bajuladores, a língua que fala

soberbamente403.

397

A passagem se refere a Josué, 4.

398

Sl. 4, 7: “Iaweh, levanta sobre nós a luz da tua face”.

399

Sl 27 (26), 8: “Meu coração diz a teu respeito: ‘Procura sua face!’”.

400

Sl. 44. 13 “A filha de Tiro alegrará teu rosto com os seus presentes e os povos mais ricos com muitas jóias cravejadas de ouro”

401

Sl 30 (29), 12: “Transformaste o meu luto em dança, tiraste meu pano grosseiro e me cingiste de alegria”.

402

Sl 12 (11), 3: “Cada qual mente ao seu próximo, falando com lábios fluentes e duplo coração”.

403

XXVIII. Porque nos seus autores não está atestado o que foi escrito: Os inimigos

esgotaram suas lanças contra as fronteiras, e Tu destruíste (as suas cidades)404.

XXVIIII. Como deve ser entendido o que esta escrito: Senhor, eu amo a beleza de

Tua casa405, e, por beleza, esses entendem imagens.

XXX. Porque não foi dito pelo autor dos salmos em favor das imagens produzidas pelos homens, como eles afirmam: assim como ouvimos, assim também vimos406

404

“O inimigo acabou, para sempre em ruínas, arrasaste as cidades, sua lembrança sumiu.” Sl 9-10, 7.

405

Sl. 26 (25), 8: “Iahweh, eu amo a beleza de tua casa e o lugar onde a tua glória habita”. Na Bíblia que é referencia nesta dissertação, afirma-se que aconteceu uma troca de consoantes do hebraico (moradia) para o grego (beleza).

406

Sl. 47 (48), 9: “Conforme ouvimos, assim vimos também na cidade de Iahweh dos Exércitos, na cidade do nosso Deus.”.