• Nenhum resultado encontrado

Parte III – Análise dos dados e discussão dos resultados 173

Capítulo 6 – Análise dos dados e discussão dos resultados 174

6.1 Primeira Etapa: Identificação do sistema 174

6.1.1 Respondendo às heurísticas 175

A delimitação deste sistema começou a ser construído no início desta pesquisa, há mais ou menos dois anos. De forma muito simplificada, antes de dar inicio à delimitação de fronteiras para o desenho do sistema, acreditou-se que o sistema delimitado abarcaria somente os conselhos e o Ministério da Saúde. A figura 33 representa a visão dos relacionamentos entre os atores, no início deste trabalho.

Figura 33: Visão dos relacionamentos entre os atores, 2008

O sistema simplificado mostrava as relações apenas entre os conselhos e o Ministério da Saúde. Iniciou-se então a delimitação das fronteiras do sistema, levando em consideração os valores e fatos que deveriam limitar o escopo da pesquisa. Tendo em vista que o estudo procura por uma resposta em relação à ampliação da participação cidadã e se as TICs poderiam contribuir (ou não) para este processo seja ampliado (no âmbito dos conselhos de saúde brasileiros). Buscou-se identificar quem são os afetados pelas políticas construídas neste âmbito e quem são os envolvidos em sua construção. Pode-se definir, a priori, que os afetados são os cidadãos que se utilizam do Sistema Único de Saúde (SUS), e os envolvidos os que determinam as políticas de saúde no

Brasil. Mas quem são os envolvidos? De acordo com Ulrich (2002), existem três tipos de classificação para os envolvidos, são eles, os clientes, os tomadores de decisão e os especialistas. Os clientes são os que demandam as necessidades; os tomadores de decisão que tem o poder decisório e os especialistas são os que conhecem os processos tecnicamente para que o processo exista. A todos estes atores, é dado o poder de participar, ou seja, ter a entrada.

Seguindo os passos para a identificação dos atores participantes, identificou-se que o maior beneficiário do sistema a ser delimitado é o cidadão, é a ele quem o sistema deverá atender. O cidadão passa a ser um cliente do sistema. Há mais um ponto a ser discutido, o propósito do sistema. De acordo com o que já foi descrito nos capítulos 4 e 5, entende-se que o propósito do sistema é formular políticas de saúde de forma a atender a população brasileira de acordo com suas necessidades, levando em consideração as características do SUS. A partir da avaliação dos documentos que instituíram o SUS, e de todo histórico de sua formação, o sistema que se está delimitando, deve atender ao propósito de definir políticas mais próximas do cotidiano e da vida do cidadão, considerando características como a humanização do atendimento, saúde de minorias, equidade, além do obvio, prestar serviços na área de saúde para todos os cidadãos. Portanto, o sistema deve atender as necessidades do cidadão, levando em consideração todas as suas diferenças. Por este prisma, a medida de sucesso para este sistema seja harmônico, é garantir que o cidadão participe da definição e planejamento das políticas de saúde, primeiro em âmbito local, e que estas estejam adequadas a sua realidade mais direta. Além disso, que tenha condições para que possa exercer o controle social, verificando o cumprimento das ações desenvolvidas.

Sabe-se que quem controla o sistema em sua maior parte são os gestores (burocratas e políticos), que determinam quais são as políticas que serão implantadas a todos os municípios. De forma geral, são eles quem determinam os principais assuntos a serem tratados nos Plano de Saúde dos municípios e estados brasileiros. As determinações que são desenvolvidas nas conferências, e tomadas como referencia pelos governantes, não garantem que todos sejam atendidos, muito menos, que as políticas estejam em consonância com a realidade local. A Agenda de Saúde é determinada pelo Ministério e em acordo com outras instâncias gestoras e ainda que a descentralização do Brasil promova a delegação de poderes aos entes federativos, ainda é o governo federal o grande centralizador das determinações. No caso da saúde, os conselhos municipais, são uma forma de ouvir o cidadão e garantir que ele participe das

definições das políticas e acompanhamento das ações. Mas de acordo com a visão que se estabelece atualmente, há pouca participação e poucos recursos dados a este ator para que ele possa efetivamente ter entrada neste processo.

Neste momento já podemos identificar que os atores tomadores de decisão dentro do sistema, são os gestores de forma geral. Mas há uma garantia de que os cidadãos participantes dos conselhos de saúde, também participem deste processo, legitimando assim as ações tomadas. Portanto, para este sistema, compreende-se que os tomadores de decisão são os cidadãos participantes dos conselhos e os gestores. A garantia de sucesso para que o sistema seja equilibrado e atenda a demanda, é que haja maior inserção dos cidadãos na construção de políticas para garantir que tais demandas sejam atendidas, já que são eles os maiores afetados. Os cidadãos poderão participar de forma equilibrada, juntamente com gestores e equipes técnicas em relação ao planejamento local, se tiverem acesso à informação, educação permanente, e garantia de participação.

O sistema e delineia de forma a abarcar as considerações feitas. O ambiente que ele comporta de acordo com os atores envolvidos, é o de formulação e planejamento em relação à saúde brasileira, seja ela em âmbito municipal, estadual e federal. E de acordo com este ambiente, delimitamos o sistema em relação aos principais atores que influenciam neste processo. Faz-se necessário uma observação indicando que os atores que delimitam esse sistema, foram determinados levando em consideração a documentação verificada, e ainda, a seu grau de influência no processo de formulação de políticas e de planejamento em saúde. Existem outros atores que poderiam fazer parte, como organizações não governamentais, organizações internacionais, mas estas não se relacionam diretamente com o processo.

Documentos relacionados