• Nenhum resultado encontrado

2.2 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

2.2.1 Responsabilidade Social Corporativa

A empresa comprometida com o futuro e com a sustentabilidade é aquela que possui um modelo de negócios que avalia as consequências e os impactos de suas ações e contempla aspectos sociais e ambientais na sua visão financeira (ALIGLERI; ALIGLERI; KRUGLIANSKAS, 2009).

A sustentabilidade empresarial é proposta por Elkington (1997), através do conceito do “Resultado Tríplice” ou Triple Bottom Line (TBL), como um modelo para as organizações interpretarem a sustentabilidade através da integração de três dimensões: econômica, ambiental e social.

A dimensão econômica é conceituada pela eficácia econômica em termos macro e não apenas na lucratividade empresarial, sendo caracterizada pela capacidade de incorporar atributos de sustentabilidade aos resultados financeiros da organização. A dimensão social diz respeito aos direitos humanos, não se limitando ao cumprimento legal, sendo envolvida em todos os relacionamentos da empresa. A dimensão ambiental se refere à preservação dos recursos naturais e produção de recursos renováveis. Surge por meio da utilização dos recursos não renováveis e prejudiciais ambientalmente, sendo necessária a redução do volume

dos resíduos e da poluição por meio de conservação, reciclagem e utilização de tecnologias limpas.

O Tríplice Resultado (TR) promove a essência da sustentabilidade, ao medir o impacto das atividades da organização no mundo (SAVITZ; WEBER, 2007). Segundo Savitz e Weber (2007), a avaliação dos impactos das atividades geradas por uma organização se faz necessária, a simplificação do entendimento está no quadro 5.

Quadro 5 - Indicadores do Tríplice Resultado

Ind ica do re s típ ico s

Econômicos Sociais Ambientais

Vendas, lucro, ROI Práticas trabalhistas Qualidade do ar Impostos pagos Impactos sobre a comunidade Qualidade da água Fluxos monetários Direitos humanos Uso de energia Criação de emprego Responsabilidade pelos produtos Geração de resíduos

TOTAL TOTAL TOTAL

Fonte: Savitz e Weber (2007, p. xiii).

Savitz e Weber (2007) afirmam que, apesar do governo possuir atribuições significativas em relação às questões sociais, econômicas e ambientais, o que se encontra é a incapacidade das autoridades em lidar com essas questões. Ao mesmo tempo em que a força e o alcance do setor privado tornam-se cada vez maiores, o papel do setor público diminuiu na maioria dos países, em parte devido às pressões por menor quantidade de regulamentação e impostos mais baixos (SAVITZ; WEBER, 2007).

Segundo Barbieri (2004), se não houvesse medidas governamentais não seria observado o envolvimento das empresas em matéria ambiental. Mesmo que alguns empresários percebam a sustentabilidade como um mandato moral ou uma exigência legal, para outros é um custo inerente para fazer negócios, mantendo a legitimidade e o direito da empresa funcionar, compreendendo que a empresa gera benefícios econômicos, sociais e ambientais, simultaneamente (HART; MILSTEN, 2003).

A Figura 2 destaca a posição do governo na gestão ambiental, o qual interage com todas as partes envolvidas, sendo elas: empresa, sociedade e mercado.

Figura 2 - Gestão Ambiental Empresarial: Influências

Fonte: Barbieri (2004, p.99).

As empresas precisam de uma sociedade saudável, portanto, se faz necessário que as lideranças de ambos foquem muito mais nos seus pontos de intersecção do que em seus atritos (PORTER; KRAMER, 2006). Ainda segundo os autores, a essência que guia a Responsabilidade Social Corporativa não é se a causa é digna, mas se esta apresenta uma oportunidade de criar valores compartilhados, caracterizados como os benefícios significativos para a sociedade e, também, valiosos para o negócio.

Segundo Rocha (2005), as estratégias de sustentabilidade nos negócios estão baseadas em novas relações dentro da cadeia de valor, sendo que a vantagem competitiva no negócio pode ser influenciada pelos valores econômicos, sociais e ambientais. Muitas organizações têm implantado sistemas de gestão observando as questões sociais e ambientais. No entanto, tais sistemas raramente estão integrados na administração geral da empresa (FIGGE et al., 2002). Todos os departamentos da empresa têm um papel a desempenhar para a sustentabilidade da mesma e contribuir para aumentar a eco eficiência: processo de fabricação, compras, pesquisa e desenvolvimento, vendas, marketing e administração (WBCSD, 2000).

Para Albuquerque (2009), a busca empresarial de sobrevivência a longo prazo exige que as empresas visem o equilíbrio entre o desempenho econômico, social e ambiental, através de uma atuação aberta, operando independentemente dos sistemas social e ambiental. Desta forma, implicam a garantia do futuro e a geração de valor também para os acionistas e sociedade, ao invés de apenas para a organização.

Segundo Baumgartner e Ebner (2010), para que a estratégia global de sustentabilidade empresarial possa acontecer, é necessário que todas as dimensões: econômica, ambiental e social interajam, e também seus respectivos impactos e inter-relações. A orientação empresarial sobre sustentabilidade também é afetada pelas influências externas, e deve proporcionar benefícios positivos na sociedade a longo prazo.

Conforme Martin e Kemper (2012), as empresas são motores de economias desenvolvidas que absorvem uma parcela desproporcional de recursos não renováveis e outra parcela de poluentes. Estas mesmas empresas geram inovações, que reduzem o uso de recursos e diminuem a poluição. Sendo assim, no centro das discussões sobre sustentabilidade envolvem-se as empresas, visto que são causa e solução da degradação ambiental. Reduzir custos originados da utilização de métodos de produção mais limpa e inovação, reduzir custos ligados à saúde, segurança e mão-de-obra, facilitar o acesso a instituições de crédito, associados a riscos menores e reputação da empresa são alguns dos motivos para associar a sustentabilidade na prática empresarial (TELES, 2012).

Em suma, a sustentabilidade se tornou uma prática em ascensão no que diz respeito às tentativas das empresas em atender as expectativas, pressões e críticas dos interessados que aspiram ser mais bem informados sobre os impactos sociais e ambientais das atividades de seus negócios (BOIRAL, 2013). Como parte desta prática, as organizações adotam iniciativas de sustentabilidade, na sua grande maioria orientadas por relatórios de sustentabilidade que são mecanismos de comunicação de tais iniciativas e seus indicadores de desempenho.