• Nenhum resultado encontrado

1.2 OBJETIVOS

2.1.2 Tipologias das Redes de Cooperação

A forma que as empresas se organizam está relacionada com o objetivo que visam alcançar, o grau de confiança, maturidade que se encontram e também a governança que almejam estabelecer. Castells (1999) tomou como base o argumento que as redes de cooperação aparecem sob diferentes formas, em realidades distintas e a partir de múltiplas expressões culturais.

Segundo Grandori e Soda (1995), uma das classificações de redes é baseada em recursos humanos, enfatizando a simetria e assimetria das empresas, a centralização da rede e o seu poder relativo. O autor demonstra em três tipologias: as redes sociais, caracterizadas pela informalidade, inexistência de contrato entre as interessadas; as redes burocráticas, as quais possuem alto grau de formalização; e as redes proprietárias, que focam o direito de propriedade de ativos.

Conforme Miles e Snow (1992), as redes são classificadas em três tipos: as redes internas, que se referem à coordenação interna organizacional; as redes estáveis, que se tratam da coordenação externa organizacional; e as redes dinâmicas, as quais são criadas para uma finalidade mais curta, por exemplo, um projeto.

A rede também pode ser definida como temporária de organizações interdependentes (fornecedores, clientes, concorrentes), as quais são interligadas por tecnologia da informação e comunicação, buscando vantagem competitiva. As organizações virtuais também se comportam como uma única empresa, através do agrupamento de competências essenciais de seus membros, podendo estas serem instituições, empresas ou pessoas especializadas (CASAROTTO FILHO; PIRES, 2001).

Outro modelo de rede são as cooperativas, que se unem através de interesse entre empresas, na qual as empresas cooperadas negociam seus produtos à cooperativa, obtendo benefícios no suporte a funções de marketing, produção e finanças (AMATO NETO, 2009).

Segundo Minervini (1997), os consórcios de exportação também aparecem como uma alternativa de formação de rede. Estes são a união de empresas industriais de pequeno e médio porte de um mesmo setor produtivo ou de setores complementares, visando vender

seus produtos no exterior. Os arranjos produtivos locais também são uma configuração de rede, onde há uma concentração geográfica das empresas e instituições, que se relacionam num setor particular (SEBRAE, 2003).

Segundo Todeva (2006), a rede que apresenta um relacionamento colaborativo entre a empresa central e suas empresas parceiras é caracterizada como rede de fornecimento. Nesta, são estabelecidas relações de autonomia e interdependência entre as empresas, através de agentes que negociam os possíveis benefícios na tentativa de maximizar os ganhos que a parceria pode render.

Conforme Marcon e Moinet (2000), as redes são classificadas de acordo com sua dimensão hierárquica, cooperativa, contratual e de conivência. Isso se dá por meio do desenvolvimento de um mapa conceitual, que classifica as redes considerando a natureza das relações gerenciais mantidas entre as empresas (eixo vertical) e o grau de formalização (eixo horizontal). No eixo vertical, se encontram tanto uma atividade de cooperação (redes de cooperação de PMEs) como uma atividade baseada na hierarquia (matriz e filial). O eixo horizontal se refere ao grau de formalização, que contempla desde relações de amizade e afinidade (lado direito) até relações estruturadas por contratos formais (lado esquerdo). Na Figura 1 é possível visualizar a diversidade de tipologias de redes contidas neste mapa conceitual, pois em cada um dos quatro quadrantes é caracterizado um tipo de rede interorganizacional.

Figura 1 - Mapa Conceitual de classificação de redes

Fonte: Marcon e Moinet (2000).

Considerando a Figura 1, segundo os autores, são estabelecidas algumas tipologias genéricas das redes, amparadas com exemplos:

a) Redes formais: São as redes formalizadas por instrumentos contratuais. Alianças estratégicas, join ventures e franquias são exemplos desta tipologia.

b) Redes Informais: São redes sem formalização contratual qualquer. Valores, como confiança, são a base de cooperação e os objetivos comuns servem de estímulo à interdependência entre os participantes. Exemplos são associações e instituições.

c) Redes Verticais: as redes classificadas nesta tipologia possuem uma estrutura que sustenta a interdependência entre os participantes, semelhantemente à relação matriz e filial, onde as empresas objetivando atingir clientes em diversas regiões, estruturem filiais com certa autonomia administrativa jurídica e administrativa. Por exemplo, bancos.

d) Redes Horizontais: as redes deste tipo não possuem uma empresa ou matriz exercendo a coordenação, mas existe uma atuação interdependente dos participantes que operam na dimensão da cooperação. Por exemplo, os consórcios de compra e as redes de

lobbying.

Conforme Britto (2002), a divisão dos tipos de redes acontece de forma multilateral e bilateral, onde estas se classificam em verticais ou horizontais. A rede bilateral horizontal envolve duas empresas que atuam no mesmo segmento de mercado, já a rede bilateral vertical envolve duas empresas que atuam em segmentos diferentes, com uma ligação específica. A rede multilateral horizontal consiste em várias empresas do mesmo segmento, que se unem para realizar uma tarefa. A rede multilateral vertical, por sua vez, é aquela em várias empresas de diferentes segmentos se unem em prol de uma tarefa.

As redes são caracterizadas como sociais, burocráticas, ver ticais ou horizontais. As redes sociais não acompanham nenhum acordo formal, possuem facilidade na troca de informações e experiências. As redes burocráticas existem através de contratos formais, nos quais são esclarecidas as relações entre os envolvidos. As redes verticais são aquelas que as empresas que cooperam são de diferentes pontos da cadeia produtiva. Já as redes horizontais, se referem a empresas que atuam no mesmo setor, cooperando com os seus concorrentes (FUSCO, 2005).

Segundo Balestrin e Verschoore (2008), as redes se dividem em simétricas, assimétricas, formais e informais, considerando as suas relações entre os participantes e o grau de formalização entre eles. A rede simétrica é aquela que coordena algumas atividades em conjunto, mantendo a sua independência. Já a rede assimétrica é constituída em torno de uma única empresa, como se fosse matriz/filial, devendo seguir às decisões impostas pela rede. A rede formal é baseada em contratos, os quais expõem os direitos e deveres dos atores. A rede informal apresenta maior presença de confiança; as decisões são realizadas nas reuniões onde a participação de todos é permitida.

A síntese das tipologias das redes de cooperação empresariais, segundo os autores pesquisados, é apresentada no quadro 4.

Quadro 4 - Síntese das tipologias das Redes de Cooperação Empresariais

Autores Tipologia

GRANDORI; SODA (1995)

Redes Sociais: caracterizadas pela informalidade, inexistência de contrato entre as interessadas;

Redes Burocráticas: possuem alto grau de formalização; Redes Proprietárias: focam o direito de propriedade de ativos. MILES E SNOW (1992)

Redes internas: que se referem à coordenação interna da empresa; Redes Estáveis: se trata da coordenação externa da empresa;

Redes Dinâmicas: as quais são criadas para uma finalidade mais curta, por exemplo, um projeto.

CASAROTTO FILHO; PIRES (2001)

Redes virtuais: através do agrupamento de competências essenciais de empresas virtuais, podendo estes serem instituições, empresas ou pessoas especializadas.

AMATO NETO (2009) Cooperativas: as empresas se unem para negociarem seus produtos à cooperativa, obtendo benefícios no suporte a funções de marketing, produção e finanças.

MINERVINI (1997) Consórcios de exportação: se trata da união de empresas industriais de pequeno e médio porte de um mesmo setor produtivo ou de setores complementares, visando vender seus produtos no exterior.

SEBRAE (2003) Arranjos produtivos locais: há uma concentração geográfica das empresas e instituições, que se relacionam num setor particular. TODEVA (2006) Redes de fornecimento: são estabelecidas entre as empresas relações de autonomia e interdependência, através de agentes que negociam os possíveis

benefícios na tentativa de maximizar os ganhos que a parceria pode render.

MARCON; MOINET (2000).

Redes formais: formalizadas por instrumentos contratuais. Alianças estratégicas, join ventures e franquias são exemplos desta tipologia.

Redes Informais: sem formalização contratual qualquer, como confiança, são a base de cooperação, e os objetivos comuns servem de estímulo à interdependência entre os participantes. Exemplos são as associações e instituições.

Redes verticais: possuem uma estrutura que sustenta a interdependência entre os participantes, semelhantemente à relação matriz e filial, onde as empresas objetivando atingir clientes em diversas regiões, estruturam filiais com certa autonomia jurídica e administrativa. Por exemplo, bancos.

Redes horizontais: as redes deste tipo não possuem uma empresa ou matriz exercendo a coordenação, mas existe uma atuação interdependente dos participantes que operam na dimensão da cooperação. Por exemplo, os consórcios de compra e as redes de lobbying.

BRITTO (2002)

Rede bilateral horizontal: envolve duas empresas que atuam no mesmo segmento de mercado;

Rede bilateral vertical: envolve duas empresas que atuam em segmentos diferentes, com uma ligação específica;

Rede multilateral horizontal: consiste em várias empresas do mesmo segmento que se unem para realizar uma tarefa;

Rede multilateral vertical: consiste em várias empresas de diferentes segmentos que se unem em prol de uma tarefa.

FUSCO (2005)

Redes sociais: facilitam a troca de informações e experiências, porém, não possuem nenhum acordo formal;

Redes burocráticas: possuem contratação formal, na qual são esclarecidas as relações entre os participantes;

Redes verticais: a cooperação ocorre entre empresas de diferentes pontos da cadeia produtiva, como fornecedores, produtores e distribuidores;

Redes horizontais: ocorrem por meio de empresas que atuam no mesmo setor, elas cooperam com os próprios concorrentes.

BALESTRIN;

VERSCHOORE (2008)

Rede simétrica: as empresas possuem alguma atividade em conjunto, mantendo a sua independência, tendo como objetivo ganhos comuns;

Rede assimétrica: se constituí em torno de uma única empresa, semelhante a matriz e filial, obedecem as decisões impostas pela rede;

Rede formal: baseada em contratos, nos quais constam os direitos e deveres dos participantes;

Rede informal: apresenta maior presença de confiança, nas reuniões todos participam e decidem.

Fonte: A autora (2015).

Independente de qual tipo de rede que um conjunto de empresas venha a formar, se as mesmas tiverem seus objetivos comuns e direcionarem seus esforços para o alcance dos mesmos, elas podem desfrutar dos benefícios resultantes da configuração em rede. A interação proporcionada pelas redes de cooperação motivam as empresas a buscarem novas ideias, aprendizados e conhecimentos. Esta pesquisa investiga se dentre tais ideias, aprendizados e conhecimentos pode-se encontrar iniciativas de sustentabilidade, baseando-se em redes horizontais. Com isto em mente, as próximas seções revisitam a literatura em relação ao conceito de desenvolvimento sustentável, buscando relacionar as duas.