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Resposta do Acusado Roubo Desclassificação

CAPÍTULO 1 DEFESAS DO ACUSADO

1.2. Resposta à Acusação

1.2.8. Resposta do Acusado Roubo Desclassificação

1.1. Peça processual: Resposta do Acusado (CPP, art. 396-A)

1.2. Infração penal: art. art. 157, § 2º, inc. II, do Código Penal(roubo

qualificado), , majorado pelo concurso de agentes

1.3. Tese(s) da defesa: Negativa de autoria. Princípio in dubio pro reo.

Inexistência vínculo subjetivo de vontades, afastando o concurso de pessoas. Pedido subsidiário para furto.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 00ª VARA CRIMINAL DA CIDADE.

Ação Penal – Rito Comum Ordinário Proc. nº. 7777.33.2013.5.06.4444 Autor: Ministério Público Estadual Acusados: Francisco das Quantas e outro

Intermediado por seu mandatário ao final firmado, causídico inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil, Seção do Ceará, sob o nº. 0000, comparece o Acusado, tempestivamente (CPP, art. 396, caput) com o devido respeito à

presença de Vossa Excelência, FRANCISCO QUANTAS, brasileiro, maior,

solteiro, comerciário, portador da RG nº 224455 SSP/PR, inscrito no CPF (MF) sob o nº 333.444.555-66, residente e domiciliado na Rua X, n º 0000, na Cidade, para, com abrigo no art. 396-A da Legislação Adjetiva Penal,

apresentar a presente

RESPOSTA À ACUSAÇÃO,

evidenciando fundamentos defensivos em razão da presente Ação Penal agitada contra o mesmo, consoante abaixo delineado.

1 – SÍNTESE DOS FATOS

Segundo o relato fático contido na peça acusatória, no dia 00 de novembro do ano de 0000, por volta das 15:30h, próximo a um ponto de ônibus na altura do nº. 400 da Rua Zeta, nesta Capital, os Acusados, em conjugação de esforços e comunhão de vontades, com intuito de lucro fácil, subtraíram bens móveis da vítima Francis Maria das Tantas.

A peça acusatória ainda destaca que o primeiro Acusado, Pedro Joaquim, puxou violentamente a bolsa da vítima, logo quando a mesma tenta adentrar em um ônibus. Todavia, ao roubar a bolsa desta, logo em seguida fora contido por populares que estavam também na mesma parada de ônibus. Nesta ocasião o Acusado tentou obter fuga com parceiro, segundo Réu, de nome Francisco das Quantas, o qual aguardava aquele em uma mobilete próximo ao local onde fora perpetrado o crime em vertente.

Passados cerca de 30 minutos do episódio, chegou uma viatura da Polícia Militar, levando ambos os meliantes à Delegacia Distrital da circunscrição dos fatos.

Os denunciados foram autuados em flagrante delito e os bens roubados devolvidos à vítima, consoante auto de restituição que repousa às fls 22 (uma bolsa marca Frison, um celular marca Siemens, R$ 77,00 em dinheiro, um talonário de cheques e 3 cartões de crédito). Estes foram avaliados, conforme laudo específico, em R$ 299,00 (duzentos e noventa e nove reais).

Assim procedendo, diz a denúncia, os Acusados violaram normas previstas no Código Penal (CP, art. 157, § 2º, inc. II), praticando o crime de roubo, majorado pelo concurso de agentes, na medida em que houvera

subtração consumada de patrimônio alheio (coisa móvel) para si, de forma violenta, vazando, efetivamente, na estreita descrição do tipo penal supramencionado.

3 - NO MÉRITO

O QUADRO FÁTICO APONTA PARA A HIPÓTESE DE ABSOLVIÇÃO

CPP, art. 386, inc. V (ausência de prova da participação)

Colhe-se dos autos que o primeiro Acusado, Pedro Joaquim, fora quem, em verdade, abordou a vítima e subtraiu-lhe os bens em apreço. Quanto ao segundo Acusado, ora Defendente, Joaquim das Quantas, a acusação imputa- lhe participação no crime, uma vez que, segundo a mesma, este procurou dá fuga ao primeiro Réu.

Nesse diapasão, segundo ainda o quanto disposto na peça inicial acusatória, o Acusado também responde pelos mesmos atos praticados pelo primeiro Réu, na medida da comunicabilidade dos dados do tipo penal em liça. (CP, art. 30)

Todavia, há uma manifesta imprecisão na denúncia quanto à

participação do Acusado, resvalando na agravante do concurso de pessoas. De outro turno, a palavra da vítima, colhida do caderno policial, identicamente não oferece a mínima segurança à constatação que existiam

duas pessoas tentando a subtração de seus bens. A propósito, esta sequer avistou, de fato, o Acusado. Ao revés, tão-somente disse que visualizou uma

mobilete no chão, após a prisão do primeiro Acusado.

Certo é que os indícios de outra participação do episódio se resume à presunção obtida do testemunho do policial militar Roberto de Tal, o qual, frise-se, não estava presente no momento do episódio. Não há, neste azo, qualquer harmonia entre o depoimento da única testemunha que acusou o Réu e os demais elementos probatórios colhidos.

Em verdade, segundo consta do depoimento do Acusado, este apenas estava parado próximo ao local, atendendo a uma ligação em seu celular, onde, infelizmente, naquele exato momento, deu-se o episódio narrado. Não há qualquer ligação entre o Defendente e o primeiro acusado. Tudo não passou de um erro grave e inexplicável.

Desse modo, inexistiu o concurso de agentes, como almejado pelo Parquet, maiormente quando o primeiro Acusado negou a participação do ora Defendente. (fls. 29)

Nesse importe, imperando dúvida, o princípio constitucional in

dubio pro reo impõe a absovição.

Este princípio reflete nada mais do que o princípio da presunção da inocência, também com previsão constitucional. Aliás, é um dos pilares do Direito Penal, e está intimamente ligado ao princípio da legalidade.

Nesse aspecto, como colorário da presunção de inocência, o princípio do in dubio pro reo pressupõe a atribuição de carga probatória ao acusador e

fortalecer a regra fundamental do processo penal brasileiro, ou seja, a de não condenar o réu sem que sua culpa tenha sido suficientemente demonstrada.

Acerca do preceito em questão, leciona Aury Lopes Jr.:

“ A complexidade do conceito de presunção de inocência faz com que dito princípio atue em diferentes dimensões no processo penal. Contudo, a essência da presunção de inocência pode ser sintetizada na seguinte expressão: dever de tratamento.

Esse dever de tratamento atua em duas dimensões, interna e externa ao processo. Dentro do processo, a presunção de inocência implica um dever de tratamento por parte do juiz e do acusador, que deverão efetivamente tratar o réu como inocente, não (ab)usando das medidas cautelares e, principalmente, não olvidando que a partir dela, se atribui a carga da prova integralmente ao acusador (em decorrência do dever de tratar o réu como inocente, logo, a presunção deve ser derrubada pelo acusador). Na dimensão externa ao processo, a presunção de inocência impõe limites à publicidade abusiva e à estigmatização do acusado (diante do dever de tratá-lo como inocente).” (In, Direito processual penal e sua conformidade constitucional. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007, v. I, p. 518). No mesmo sentido elucida Fernando da Costa Tourinho Filho:

“ Uma condenação é coisa séria; deixa vestígios indeléveis na pessoa do condenado, que os carregará pelo resto da vida como um anátema. Conscientizados os Juízes desse fato, não podem eles, ainda que, intimamente, considerem o réu culpado, condená-lo, sem a presença de uma prova séria, seja a respeito da autoria, seja sobre a materialidade delitiva.” (In, Código de Processo Penal Comentado, 11 ed.,Saraiva: São Paulo, vol. I, p. 526).

Não discrepa deste entendimento Norberto Avena, o qual professa

que:

“ Também chamado de princípio do estado de inocência e de princípio da não culpabilidade, trata-se de um desdobramento do princípio do devido processo legal, consagrando- se como um dos mais importantes alicerces do Estado de Direito. Visando, primordialmente, à tutela da liberdade pessoal, decorre da regra inscrita no art. 5º, LVII, da Constituição Federal, preconizando

que ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória.

Conforme refere Capez, o princípio da presunção de inocência deve ser considerado em três momentos distintos: na instrução processual, como presunção legal relativa da não culpabilidade, invertendo-se o ônus da prova; na avaliação da prova, impondo-se seja valorada em favor do acusado quando houver dúvidas sobre a existência de responsabilidade pelo fato imputado; e, no curso do processo penal, como parâmetro de tratamento acusado, em especial no que concerne à análise quanto à necessidade ou não de sua segregação provisória. “ (AVENA, Norberto Cláudio Pâncaro. Processo Penal: esquematizado. 4ª Ed. São Paulo: Método, 2012. Pág. 26)

Neste sentido:

PENAL. PROCESSUAL PENAL. IMPORTAÇÃO DE MEDICAMENTOS SEM AUTORIZAÇÃO. DOLO NÃO COMPROVADO. IN DUBIO PRO REO. ABSOLVIÇÃO.

1. Embora tenha ficado comprovado que o acusado desviou da fiscalização e que utilizou aparelho de rádio proibido para não ter apreendidas as mercadorias transportadas, isso, por si só, não comprova a ciência do réu acerca dos medicamentos apreendidos. 2. Não seria razoável exigir que o motorista determinasse a abertura de absolutamente todas as caixas, para só então transportá-las. Este tipo de exigência traria como consequência a responsabilidade penal de todos os motoristas de veículos coletivos em crimes como os de contrabando e descaminho, por exemplo.

3. Não se está a afirmar, inequivocamente, a inocência do réu, tampouco que ele não teriam, com certeza, dolo ao transportar os medicamentos. Entretanto, a acusação não logrou provar, para além da dúvida razoável, que ele teria importado o pramil intencionalmente,

junto com as demais mercadorias, de modo que, havendo dúvida razoável na hipótese dos autos, deve-se decidir pelo modo mais favorável ao acusado. (TRF 4ª R. - ACr 0001621-17.2009.404.7001;

PR; Oitava Turma; Rel. Des. Fed. Victor Luiz dos Santos Laus; Julg. 06/02/2013; DEJF 27/02/2013; Pág. 527)

PENAL E PROCESSO PENAL. RECURSO MINISTERIAL. PLEITO CONDENATÓRIO. INAPLICABILIDADE DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. PROVAS SUFICIENTES. INOCORRÊNCIA. PALAVRA DA VÍTIMA ISOLADA NO CONJUNTO PROBATÓRIO. APELO CONHECIDO E IMPROVIDO.

1.Nos crimes patrimoniais, a palavra da vítima reveste-se de importância ímpar, revelando-se o norte probatório apto a conduzir à condenação, desde que sintonizada com as demais provas carreadas aos autos.

2. Se as declarações da vítima restaram insuladas nos autos, porque inexistem outros elementos de prova capazes de corroborá-las, emerge dessa absoluta anemia probatória a insustentabilidade do Decreto condenatório.

3. A condenação deve resultar, sempre, de atividade cognitiva escorada em provas claras, robustas e harmônicas. Na dúvida, a absolvição se impõe, em face do princípio constitucional do in dubio pro reo. (TJMA - Rec 0011423-48.2007.8.10.0004; Ac.

125368/2013; Segunda Câmara Criminal; Rel. Des. José Luiz Oliveira de Almeida; Julg. 21/02/2013; DJEMA 27/02/2013)

APELAÇÃO CRIMINAL. RECURSO DEFENSIVO DE LEANDRO GONÇALVES. TRÁFICO DE DROGAS NO PRESÍDIO. SUPOSIÇÕES DE QUE O AGENTE ENCOMENDOU A DROGA COM DESTINAÇÃO PARA A TRAFICÂNCIA. CONDENAÇÃO BASEADA EM CONJECTURAS. MEROS INDÍCIOS. ABSOLVIÇÃO DECRETADA. RECURSO PROVIDO.

Meros indícios de que a droga seria entregue no presídio ao agente para o tráfico não autoriza a condenação e induz à absolvição do réu face ao princípio in dubio pro reo. Apelação criminal. Recurso defensivo de dayana reis. Tráfico de drogas. Transporte de drogas no interior da vagina para companheiro preso na penitenciária. Tráfico caracterizado. Tráfico privile GIA do. Ex asp eração do percentual de diminuição. Correção de ofício do percentual de aumento. Regime aberto. Conversão da pena. Recurso parcialmente provido. Pratica o tráfico de drogas a agente que tenta ingressar em presídio com droga acondicionada no interior da vagina, com o intuito de entregar a companheiro preso. O percentual da causa de diminuição de pena disposta no artigo 33, § 4º, da Lei nº 11.343/06 deve ser aplicado em seu grau máximo, ou seja, em 2/3 em razão da pouca quantidade de droga apreendida e pelo fato da pena-base ter sido aplicada no mínimo legal, face a ausência de circunstâncias judiciais negativas. “ausente a indicação das circunstâncias que indiquem a necessidade da exasperação do percentual para a causa de aumento do art. 40, III, da Lei n. 11.343/06, deve ser aplicada a fração mínima. (tjro; apl 0014690-17.2011.8.22.0501; Rel. Des. Cássio rodolfo sbarzi guedes; julg. 12/12/2012; djero 27/12/2012; pág. 59) ”. Considerando que o STF reconheceu a inconstitucionalidade do §1º do art. 2º da Lei nº 9.072/90, é possível estabelecer, aos condenados por crime de tráfico de drogas, regime prisional diverso do fechado, conforme diretrizes do artigo 33, do Código Penal. Preenchidos os requisitos legais, resta substituída a pena privativa de liberdade por duas penas restritivas de direitos a serem fixadas pelo juízo da execução penal. (TJMS - APL 0016866-58.2009.8.12.0002;

Dourados; Segunda Câmara Criminal; Rel. Des. Carlos Eduardo Contar; DJMS 27/02/2013; Pág. 43)

DIREITO PENAL E DIREITO PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. ARTIGO 243 DA LEI Nº 8.069/90 (ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE). ACERVO PROBATÓRIO FRÁGIL.

Dúvidas acerca da autoria. Absolvição que se impõe. Aplicação do princípio do in dubio pro reo. Sentença reformada. Apelo provido. Unânime. (TJSE - ACr 2012313062; Ac. 1372/2013; Rel. Des.

Edson Ulisses de Melo; DJSE 27/02/2013; Pág. 57)

De outro importe, caso não aceita a tese ora sustentada de que o Acusado jamais tivera qualquer liame com o delito em espécie, o que se diz apenas por argumentar, ainda assim as considerações fáticas obtida deste fólios, e delimitadas na denúncia, jamais poderiam ensejá-lo como partícipe do crime aqui apurado.

Temos que o primeiro Acusado, Pedro Joaquim, foi aquele que praticou a conduta descrita no núcleo do tipo penal debatido (roubo). Destarte, segundo a denúncia este figura como autor. Ao ora Defendente,

de acordo com esta mesma peça exordial acusatória, imputa-se participação

no desiderato do delito. Entretanto, sob este específico enfoque há um grave equívoco na denúncia.

Afirma a denúncia que o Acusado, parado em sua mobilete, daria fuga ao primeiro Réu, o que, frise-se, é veemente recusado como verdadeiro.

Mas, indaga-se: seria esta atuação do Acusado (parado em sua mobilete) decisiva para o êxito da empreita criminosa em estudo? Claro que não! E isso tem uma implicação jurídica de extrema relevância.

É consabido que para a perpetração do concurso de pessoas existem alguns requisitos, a saber:

( a ) pluralidade de agentes e de condutas; ( b ) relevância causal de cada conduta; ( c ) liame subjetivo entre os agentes; ( d ) identidade de infração penal.

Não é o que observamos dos autos, muito menos do relato contido na peça acusatória.

Aqui, no mínimo inexiste minimamente qualquer relevância da atitude do Acusado com a produção do resultado delituoso em vertente. O fato de o Acusado encontrar-se estacionado próximo ao locado do episódio em nada afetou na concretização do delito. E há de existir uma relevância causal, como antes assinalado, para que, enfim, seja considerada participativa a atitude do Acusado. Isso não ocorreu, obviamente.

Com respeito ao tema, vejamos as lições de Cleber Masson:

“ Concorrer para a infração penal importa em dizer que cada uma das pessoas deve fazer algo para que a empreitada tenha vida no âmbito da realidade. Em outras palavras, a conduta deve ser relevante, pois sem ela a infração penal não teria ocorrido como e quando ocorreu.

O art. 29, caput, do Código Penal fala em ´de qualquer modo´, expressão que precisa ser compreendida como uma contribuição pessoal, física ou mora, direta ou indireta, comissiva ou omissiva, anterior ou simultânea à execução. Deve a conduta individual influir efetivamente no resultado.

De fato, a participação inócua, que em nada concorre para a realização do crime, é irrelevante para o Direito Penal. “ (MASSON, Cléber Rogério. Direito Penal Esquematizado. 3ª Ed. São Paulo: Método, 2010, vol. 1. Pág. 482)

( sublinhamos )

Outrossim, ainda comentando acerca dos requisitos do concurso de pessoas, desta feita quanto ao vínculo subjetivo de vontades, professa o

mesmo autor in verbis:

impõe estejam todos os agentes ligados entre si por um vínculo de ordem subjetiva, um nexo psicológico, pois caso contrário não haverá um crime praticado em concurso, mas vários crimes simultâneos. “ (Ob. e aut. cits., pág. 482)

Com a mesma sorte de entendimento, leciona Cezar Roberto Bitencourt que:

“ O concurso de pessoas compreende não só a contribuição causal, puramente objetiva, mas também a contribuição subjetiva, pois, como diz Soler, ‘participar não quer dizer só produzir, mas produzir típica, antijurídica e culpavelmente’ um resultado proibido. É indispensável a consciência de vontade de participar, elemento que não necessita revestir-se da qualidade de ‘acordo prévio’, que, se existir, representará apenas a figura mais comum, ordinária, de adesão de vontades a realização de uma conduta delituosa pode faltar no verdadeiro autor, que, aliás, pode até desconhecê- lo, ou não desejá-la, bastante que o outro agente deseje aderir à empresa criminosa. Porém, ao partícipe é indispensável essa adesão consciente e voluntária, não só na ação comum, mas também no resultado pretendido pelo autor principal. “

( . . . )

“b) Relevância causal de cada conduta

A conduta típica ou atípica de cada participante deve integrar-se à corrente causal determinante do resultado. Nem todo comportamento constitui ‘participação’, pois precisa ter ‘eficácia causal’, provocando, facilitando ou ao menos estipulando a realização da conduta principal.

( . . . )

Deve existir também, repetindo, um liame psicológico entre os vários participantes, ou seja, consciência de que participam de uma obra comum. A ausência desse elemento psicológico desnatura o concurso eventual de pessoas, transformando-o em condutas isoladas e autônomas. ‘Somente adesão voluntária, objetiva (nexo causal) e subjetiva (nexo psicológico), à atividade criminosa de outrem, visando à realização do fim comum, cria o vínculo do concurso de pessoas e sujeita os agentes à responsabilidade pelas consequências da ação.

O simples conhecimento da realização de uma infração penal ou mesmo concordância psicológica caracterizam, no máximo, ‘conivência’, que não punível, a título de participação, se não constituir, pelo menos, alguma forma de contribuição causal, ou, então, constituir, por si mesma, uma infração típica. “ (BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal. 16ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2011, vol. 1. Págs. 483-484-485)

A propósito, salientamos os seguintes julgados:

APELAÇÃO FURTO QUALIFICADO PELO CONCURSO DE PESSOAS, ESCALADA E ROMPIMENTO DE OBSTÁCULO (ART. 155, § 4º, INCS. I, II E IV, CP) CONDENAÇÃO RECURSO DEFENSIVO ABSOLVIÇÃO PRETENDIDA DESCABIMENTO MATERIALIDADE E AUTORIA DELITIVA DEVIDAMENTE COMPROVADAS RÉU QUE ADMITIU A PRÁTICA DO DELITO CONFISSÃO AMPARADA NOS DEPOIMENTOS DOS INVESTIGADORES RESPONSÁVEIS PELA DILIGÊNCIA APELANTE QUE RELATOU DE FORMA DETALHADA A AÇÃO DELITIVA, EM AMBAS AS ETAPAS DA PERSECUÇÃO PENAL CIRCUNSTÂNCIAS DO CRIME QUE RATIFICAM A CONFISSÃO OFERTADA PELO RECORRENTE

CONDENAÇÃO DE RIGOR. QUALIFICADORAS DE ESCALADA E ROMPIMENTO DE OBSTÁCULO ATESTADAS POR LAUDO NECESSÁRIO O AFASTAMENTO DO CONCURSO DE PESSOAS CORRÉUS ABSOLVIDOS PELO DELITO, POR INSUFICIÊNCIA DE PROVAS AUSÊNCIA DE LIAME SUBJETIVO NECESSÁRIO AO RECONHECIMENTO DA QUALIFICADORA MENCIONADA. DOSIMETRIA PENA-BASE FIXADA NO DOBRO NECESSÁRIA REDUÇÃO DO PATAMAR, FRENTE AO AFASTAMENTO DO CONCURSO DE PESSOAS ACRÉSCIMO DE ½ QUE SE MOSTRA SUFICIENTE REPRIMENDA REDUZIDA.

Pedido subsidiário por uma maior diminuição por conta da semi- imputabilidade Impossibilidade Laudo que atestou não estar prejudicado o entendimento do acusado Depoimento da vítima, afirmando que nunca notou qualquer debilidade mental por parte do réu Redução no patamar mínimo que se mostrou acertada Requerimento pelo reconhecimento do privilégio Acolhimento Apelante primário e de pequeno valor os bens subtraídos Qualificadoras de cunho objetivo Requisitos preenchidos Substituição da pena de reclusão pela de detenção. Frente à nova reprimenda, necessário o reconhecimento, de ofício, da prescrição da pretensão punitiva estatal Lapso temporal verificado entre o recebimento da denúncia e a publicação da r. Sentença recorrida, ainda que descontado o período em que ficou o processo suspenso Extinção da punibilidade. Recurso parcialmente provido, declarada extinta, de ofício, a punibilidade do réu. “. (TJSP - APL 0002399-

82.2005.8.26.0145; Ac. 6426800; Conchas; Quarta Câmara de Direito Criminal; Rel. Des. Salles Abreu; Julg. 18/12/2012; DJESP 14/01/2013)

APELAÇÃO PENAL. ROUBO QUALIFICADO. EMPREGO DE ARMA. CONCURSO DE PESSOAS. SENTENÇA CONDENATÓRIA. DESCLASSIFICAÇÃO PARA ROUBO TENTADO. O CRIME NÃO TERIA SE CONSUMADO, VISTO QUE OS BENS SUBTRAÍDOS FORAM RECUPERADOS PELA VÍTIMA E O APELANTE NÃO TEVE A POSSE TRANQUILA DA RES FURTIVA. IMPOSSIBILIDADE. BREVE OBTENÇÃO DA RES FURTIVA. DESNECESSIDADE DA SAÍDA DO BEM DA ESFERA DE VIGILÂNCIA DA VÍTIMA. EXCLUSÃO DA MAJORANTE DO EMPREGO DE ARMA. AUSÊNCIA DE LAUDO PERICIAL QUE ATESTE A POTENCIALIDADE LESIVA DA ARMA APREENDIDA. PRESCINDIBILIDADE. OUTROS MEIOS DE PROVA COMPROVAM SUA UTILIZAÇÃO NA EXECUÇÃO DO CRIME. PALAVRA DA VÍTIMA E DAS TESTEMUNHAS. EXCLUSÃO DA MAJORANTE RELATIVA AO CONCURSO DE PESSOAS. AUSÊNCIA DE LIAME SUBJETIVO ENTRE OS ENVOLVIDOS. IMPOSSIBILIDADE. PARTICIPAÇÃO DE MENOR IMPORTÂNCIA. INOCORRÊNCIA. COMPROVADA A PARTICIPAÇÃO EFETIVA DO RÉU PARA CONSUMAÇÃO DO ASSALTO. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. DECISÃO UNÂNIME.

1. Não há como se admitir a almejada desclassificação para a forma tentada, uma vez que o crime de roubo consuma-se com a simples posse, ainda que breve, da coisa alheia móvel, subtraída mediante violência ou grave ameaça, de maneira que, se o meliante já se encontra em fuga, ainda que perseguido logo após a prática do delito, ele obviamente já fez cessar o poder de fato da vítima sobre a coisa, tendo-a para si. Ademais, o entendimento doutrinário