• Nenhum resultado encontrado

FUNDAMENTOS DE CONTROLE CLÁSSICO

9.3 Resposta em Freqüência 1 Conceituação

Os métodos por freqüência são provavelmente os mais empregados em projetos industriais. Apresentam como vantagem o fato de poderem ser empregados sem a necessidade do conhecimento dos pólos e zeros do sistema a ser controlado (conhecimento indispensável no caso do método pelo Lugar da Raízes) e de fornecerem bons resultados mesmo em face de incertezas no modelo da planta em estudo.

9

Dado um sistema estável, linear e invariante no tempo, a resposta em regime permanente para uma excitação senoidal representada por:

u(t) = A sen ωt (9.8)

vale

y(t) = A I G (jω) I sen [ ω t + ∠ G (jω) ]. (9.9)

A senωt → G (s) G (s) → A I G (jω) I sen[ ωt + ∠G (jω) ]

Figura 9.9 - Resposta em freqüência para um sistema linear invariante no tempo

Ou seja, a saída, em regime permanente, tem a mesma freqüência da excitação, porém com uma alteração de amplitude e fase que só dependem de G(s) para s = jω .

A forma de representação de G(jω), que será enfatizada neste texto, chama-se diagrama de Bode. Existe o diagrama de Bode de amplitude e o diagrama de Bode de fase. Ambos colocam as freqüências em escala logarítmica no eixo das abcissas. No diagrama de amplitude, o módulo de G(jω) ocupa o eixo das ordenadas também em escala logarítmica, na forma:

20log l G (jω) I. (9.10)

Valores apresentados pela Eq. (9.10) levam a unidade decibel (dB).

No diagrama de fase, o ângulo de G(jω), ∠ G(jω), usualmente em graus, é colocado no eixo das ordenadas em uma escala linear.

Esta representação facilita muito o traçado das curvas de resposta em freqüência. Da mesma forma que existem regras simples para o traçado do LR, existem também procedimentos rápidos para o traçado dos diagramas de Bode, que não serão discutidos neste texto. Atualmente, com diversos programas que se encarregam desta tarefa, o trabalho não é tão grande, mas esta situação apresentava-se de forma muito diferente em meados dos anos 40, quando estabeleceu-se esta técnica.

Diagramas de Bode para o sistema descrito pela Eq. 9.4 estão apresentados na Figura 9.10.

9.3.2 Estabilidade

Os diagramas de Bode não são úteis apenas para informar as mudanças de amplitude e fase em condições de regime permanente e excitação senoidal. Eles servem principalmente para determinar o comportamento dinâmico de sistemas realimentados, segundo a topologia dada na Figura 9.4, a partir do conhecimento da resposta em freqüência de G(s).

Tomando-se o caso de um sistema para o qual o aumento do ganho leva à instabilidade do sistema realimentado, o LR ensinou que o valor crítico de ganho Kc ocorre quando as raízes encontram-se sobre o eixo imaginário (Figura 9.11). Nesta situação, s = +_ jωc. Além disso, a condição 1+KG(s) = 0 tem que ser satisfeita. Ou seja, KG (jω) = -1. A amplitude do sistema à malha aberta é unitária ou, segundo a Eq. (9.10),

9

dB ζ ζζζ = 0.05==== 000 000555 ζ = 0.05 ζ = 0.9 ζ = 0.7 0.9 10 0° 8 6 -30° -30° 4 -60° -90° -120° -150° -180° 2 1 0.8 20 0 -20 -40 0.6 0.4 0.2 0.1 0.1 0.2 0.3 0.7 0.5 0.2 0.3 0.5 0.1 0.08 0.06 0.04 0.02 Magnitude Fa se ω/ωn ω/ωn (a) (b) 0.01 0.2 0.4 0.6 0.8 1 2 4 6 8 10 0.1 0.2 0.4 0.6 0.8 1 2 4 6 8 10

Figura 9.10 - Diagramas de Bode para o sistema dado pela Eq. 9.4

K = Kc

jωc

9

Para valores de K< Kc , o LR mostra que o sistema realimentado é estável, e para K> Kc, instável.

Pode-se assim estabelecer um critério de estabilidade do sistema à malha fechada a partir curvas de resposta em freqüência do sistema à malha aberta.

Se, na freqüência onde∠G(jω) = -180°, |KG (jω)| < 1 então o sistema realimentado será estável, uma vez que há uma margem para se aumentar o ganho antes de se atingir a situação limítrofe de estabilidade.

Se, no entanto, na freqüência onde∠G(jω) = -180, o ganho da malha aberta l KG (jω) l for maior do que 1, o sistema realimentado será instável, uma vez que já se ultrapassou o ganho da situação limítrofe de estabilidade.

Há casos em que o aumento de ganho pode levar o sistema da instabilidade para a estabilidade. Em outros casos, podem ocorrer mais de um cruzamento com a linha de -180º ou com a linha de 0dB (ganho unitário). Nestes casos, o simples critério enunciado acima e baseado nos diagramas de Bode, não é válido.

Pode-se então recorrer ao critério de Nyquist, que é uma ferramenta de resposta em freqüência mais elaborada. Como estes casos são menos comuns, eles ultrapassam o objetivo deste texto. Além do que, através do método do LR, já se dispõe de uma ferramenta de análise.

9.3.3 Procedimentos para projeto

No item anterior, foi estabelecido um relacionamento entre a resposta em freqüência do sistema à malha aberta e a estabilidade do sistema realimentado. Admitindo-se um sistema G(s) dado por:

G(s)= ωn

s(s+2ξωn)

2

(9.11)

O sistema realimentado com K=1 , vale G = 1+G ωn s2+2ξω n

s

+ωn 2 2 (9.12)

Chama-se Margem de Fase (MF) o quanto de fase está disponível na freqüência em que o ganho do sistema for unitário. Chama-se Margem de Ganho (MG) o quanto de ganho está disponível na freqüência em que a fase for -180º. A Figura 9.12 ilustra estas definições.

O cálculo da MF, para o sistema descrito pela Eq. (9.11), permite chegar à relação aproximada. ξ ≅ MF (em graus)

100 (9.13)

válida para MF < 70º.

Os resultados apresentados na Figura 9.6 também estabeleceram, para o sistema descrito pela Eq. (9.12), uma ligação entre o sobrepasso (Mp) e o amortecimento. Assim:

Mp = 5%→ ξ = 0,7 → MF = 70° Mp = 15% → ξ = 0,7 → MF = 50°

9

0dB -1800 MF 1/MG lG l ∠G ω ω 0dB -180° MF 1/MG 1/MG ωc

Figura 9.12 - Margens de fase (MF) e ganho (MG)

Por outro lado, a freqüência ω = ωc, para a qual G(jω) tem módulo unitário, pode ser diretamente determinada. ωn jωc(jωc+2ξωn

)

2 = 1→ ωc = ωn 1+4ξ 2 - 2ξ2

√√

√√ (9.14)

A Tabela 9.1 apresenta alguns valores da Eq. (9.14).

Tabela 9.1 - Freqüência de corte da malha aberta em função da freqüência natural não amortecida da malha fechada

ωc 0,0 ωc 0,2 1,001ωc 0,5 1,046ωc 0,7 1,161ωc 0,9 1,508ωc 1,0 2,058ωc

Portanto, a freqüência natural não amortecida (ωn) situa-se aproximadamente entreωc e 2ωc , sendo muito

próxima de ωc paraξ< 0,7.

O relacionamento com o tempo de assentamento (ts) já foi apresentado no item 9.2.3. ts(1%)

t = 4,6

ξωn (9.15)

Naturalmente, estas relações foram todas obtidas a partir da Eq. (9.11). No entanto, de uma forma geral, pode-se associar a margem de fase ao sobrepasso do sistema à malha fechada e a freqüência de corte à freqüência natural não amortecida do sistema à malha fechada.

Estas são as diretrizes que devem orientar o projetista na hora de moldar a curva de resposta em freqüência do sistema à malha aberta. Curioso também é o fato que todo o raciocínio se concentra em torno da região onde a curva de amplitude corta a linha de 0dB.

De fato, pode-se considerar que um sistema à malha aberta com freqüência de corte no valor desejado e que tenha curva de amplitude com inclinação de -20dB/dec na região em torno do cruzamento pela linha de 0dB terá um bom desempenho à malha fechada. Isto porque a MF, nestas condições, será próxima de 90º.

9