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Procedimentos ordinário e sumário

Segundo o artigo 396 do CPP, caso o juiz não rejeite a inicial, procederá ao seu recebimento e a citação do acusado para responder por escrito à acusação, no prazo de 10 dias.

Nesta resposta, segundo o artigo 396-A, o acusado poderá argüir preliminares e alegar tudo o que interesse à sua defesa (questões de fato e de direito), oferecer documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas. No mesmo prazo, poderá, também, apresentar exceções, que serão processadas em apartado, nos termos do art. 95 a 112 do CPP.

Podemos dizer, apenas para melhor compreensão, que esta defesa assemelha-se a um misto entre as antigas alegações finais e defesa prévia. Alegações finais, porque seu conteúdo abrange tudo o que for possível ser alegado em defesa do acusado, inclusive preliminares e defesa prévia, porque comporta a juntada de documentos, o rol de testemunhas, enfim, o acusado inicia a instrução do procedimento, caso não seja absolvido sumariamente nos termos do art. 397.

Segundo Andrey Borges de Mendonça, “referido ato se aproxima de uma verdadeira contestação, tal qual ocorre no processo civil”. (MENDONÇA, Andrey Borges. Nova Reforma do Código de Processo Penal. São Paulo: Método. 2008).

Ainda, dispõe o §2º do artigo 396-A que se a resposta não for apresentada no prazo legal ou se o acusado, citado, não constituir defensor, o juiz nomeará defensor para oferecê-la.

Verifica-se, portanto, que a resposta escrita é verdadeira condição de prosseguibilidade da ação, pois o magistrado não poderá prosseguir sem o seu oferecimento, sob pena de gerar nulidade absoluta no processo.

As teses a serem defendidas nesta resposta devem levar em conta as hipóteses de absolvição previstas no artigo 397.

Desta forma, podemos dizer que as possíveis teses de defesa nesta etapa serão:

I – existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato

A argumentação se fundamentará nas excludentes de ilicitude previstas nos artigos 23 a 25 do Código Penal: estado de necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento do dever legal e exercício regular de direito.

II – existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, salvo inimputabilidade. Em se tratando de inimputabilidade, o juiz deverá aplicar a medida de segurança e, para que isso ocorra, há a necessidade do procedimento, pois trata-se de sanção penal.

III – o fato narrado evidentemente não constitui crime: tese de fato atípico

IV – quando estiver extinta a punibilidade do agente – normalmente, se defende prescrição, mas cabe aqui qualquer causa que extinga a punibilidade.

Essa possibilidade de absolvição sumária retrata um verdadeiro julgamento antecipado da lide. Trata-se de uma verdadeira sentença de mérito, salvo no caso de extinção da punibilidade.

Tanto a decisão que absolve sumariamente quanto a que indefere o pedido de absolvição devem ser fundamentadas.

Recurso cabível: da decisão de absolvição sumária, cabe apelação, nos termos do art. 593, I do CPP. Exceção aos casos de absolvição em razão de causa extintiva de punibilidade, nos quais o recurso adequado é o RESE, nos termos do art. 581, VIII do CPP.

Material elaborado pela Prof.ª Ana Paula de Pétta

A autora autoriza a utilização estritamente em sala de aula, como material de apoio. Proibida qualquer forma de divulgação, inclusive via e-mail ou digitalização, sob pena de

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Procedimento do júri

A resposta escrita ou resposta inicial do procedimento do júri encontra previsão no artigo 406, com redação determinada pela Lei 11.689/08.

Segundo o aludido artigo, o magistrado, ao receber a denúncia, deverá ordenar a citação do acusado para responder, por escrito e no prazo de 10 dias, à denúncia.

Esta resposta tem o intuito de permitir ao acusado que se defenda desde o início do processo.

Nesta resposta, o acusado poderá argüir tudo o que lhe interesse para a sua defesa, inclusive preliminares, oferecer documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas, até o máximo de 8. Caso não arrole as testemunhas nesta fase, haverá a preclusão.

Após o oferecimento desta resposta, segundo o artigo 409, o juiz deverá ouvir o MP ou o querelante sobre preliminares e documentos.

Diferentemente do procedimento comum, no júri não haverá o julgamento antecipado da lide, ou seja, o juiz não poderá absolver sumariamente o acusado logo após o oferecimento da resposta escrita.

Em respeito ao princípio da soberania dos veredictos, o juiz deverá aguardar o final da primeira fase do procedimento para poder, se for o caso, proferir tal decisão.

De qualquer forma, as teses a serem defendidas nesta peça devem resguardar consonância com as possíveis decisões que o juiz poderá tomar ao final da 1ª fase do procedimento: pronúncia, impronúncia, desclassificação e absolvição sumária.

O juiz pronunciará o acusado se convencido da materialidade do fato e da existência de indícios suficientes de autoria e participação. (art. 413)

A decisão de impronúncia será tomada quando o juiz não se convencer da materialidade do fato ou da existência de indícios suficientes de autoria ou de participação (art. 415).

Já a absolvição sumária será possível quando: I – provada a inexistência do fato;

II – provado não ser ele o autor ou partícipe do fato; III – o fato não constituir infração penal;

IV – demonstrada causa de isenção de pena ou de exclusão do crime. Quando a tese de inimputabilidade for a única possível, o juiz não poderá absolver sumariamente.

Por fim, poderá haver a desclassificação do delito para outro de competência de outro juízo (art. 419).

Contra a sentença de impronúncia, o recurso cabível será a apelação (art. 416). Da decisão de pronúncia, o recurso adequado continua sendo o RESE (art. 581, IV).

TERMINOLOGIA

 ACUSADO OU DENUNCIADO – aquele que apresenta a resposta escrita.

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No documento MATERIAL DE APOIO PRÁTICA JURÍDICA PENAL (páginas 41-43)

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