Taxa de resposta

A taxa de resposta nos estudos com recolha de dados através de inquérito ou entrevista é um dos fatores determinantes para a sua relevância. Neste estudo o universo é constituído por todos os hotéis de quatro e cinco estrelas portugueses, existindo atualmente 478 hotéis com estas características em Portugal. Do universo em análise foram recolhidos dados relativos a 275 hotéis, o que corresponde a uma taxa de resposta de 58%. A taxa obtida encontra-se acima da média das taxas de respostas obtidas em estudos semelhantes. Shutibhinyo (2013) obteve no seu estudo uma taxa de resposta de 15,94%, Curado e Manica (2010) obteve uma taxa de resposta de 19%, Quesado e Rodrigues (2007) obteve uma taxa de resposta de 34%, Ismail (2007) obteve uma taxa de resposta de 28,6% e Pavlatos e Paggios (2009) com uma taxa de resposta de 58%.

Os autores Pestana e Gameiro (2008) defendem que estudos com uma taxa de não resposta superior a 20% podem ter subjacente um enviesamento involuntário dos seus resultados.

Por este motivo torna-se relevante analisar a possibilidade de um enviesamento nos resultados provocado pelas não respostas deste estudo. Os autores Stede et al. (2005) apontam três possíveis tipos de análises, que devem ser realizadas com o objetivo de verificar a existência ou não de enviesamento, provocado pela não resposta: análise do enviesamento provocado pela cobertura geográfica; análise do enviesamento provocado pelos diferentes setores de atividade em estudo e a análise do enviesamento provocado pela dimensão das empresas analisadas no estudo.

Relativamente ao enviesamento provocado pela cobertura geográfica, foi criada a tabela 18, onde se encontra descrita a distribuição geográfica do número de hotéis que constituem o universo, tendo como referencia os distritos e as regiões autónomas, seguida do número de hotéis que participam no estudo e por último a taxa de resposta. A análise da tabela permite concluir que o número médio de hotéis por distrito e regiões é de 24 hotéis, e o valor da mediana do número de hotéis por distrito e regiões é de 12 hotéis. A tabela 18 também permite concluir que o distrito com menos hotéis é o de Beja com dois hotéis, e o distrito com mais hotéis é Faro com 121 hotéis de quatro e cinco estrelas. Em cada distrito ou região foi atingida, no mínimo, uma taxa de resposta de 50%, chegando aos 75% no distrito de Évora, o que revela que não se verifica qualquer enviesamento geográfico provocado pela não resposta.

Relativamente ao enviesamento provocado pelos diferentes setores de atividade, não se verifica neste caso, pois todos os respondes e os não respondentes do estudo pertencerem ao mesmo setor de atividade, não se verificando assim qualquer possibilidade da existência deste tipo de enviesamento.

Relativamente ao enviesamento provocado pela dimensão das empresas em estudo, foi analisada a dimensão das mesmas através do número de quartos de cada hotel. Na tabela 19 são apresentadas as semelhanças de ambos os grupos de hotéis relativamente à sua dimensão.

Tabela 18 – Universo e hotéis respondentes distribuídos por distritos e regiões Distrito e regiões Nº de hotéis do universo Nº de hotéis

respondentes Taxa de resposta

Açores 20 13 65% Aveiro 17 9 53% Beja 2 1 50% Braga 12 7 58% Bragança 3 2 67% Castelo Branco 11 6 55% Coimbra 12 7 58% Évora 4 3 75% Faro 121 61 50% Guarda 5 3 60% Leiria 13 8 62% Lisboa 109 77 71% Madeira 31 17 55% Portalegre 7 4 57% Porto 43 22 51% Santarém 12 7 58% Setúbal 20 10 50% Viana Castelo 11 6 55% Vila Real 10 5 50% Viseu 14 7 50% Total 478 275 58%

Tabela 19 - Tratamento estatístico da não resposta Categoria Nº de hotéis Nº de quartos mínimos Nº de quartos máximos Amplitude total Média Desvio padrão Hotéis respondentes 275 7 577 570 133 99 Hotéis não respondentes 203 12 732 720 104 84

A análise da tabela 19 permite concluir que do grupo de 275 hotéis que colaboraram no estudo, o hotel com menor dimensão tem 7 quartos e o de maior dimensão tem 577, resultando numa amplitude total de 570 quartos. Relativamente ao grupo de 203 hotéis que não colaboraram no estudo, o hotel de menor dimensão é constituído por 12 quartos e o hotel de maior dimensão é constituído por 732 quartos, resultando numa amplitude total de 720 quartos. A análise da média do número de quartos por hotel em ambos os grupos continua a revelar semelhanças entre os mesmos, sendo a média do número de quartos por hotel dos hotéis que colaboraram no estudo de 133 quartos por hotel e de 104 quartos por hotel no grupo de hotéis que não colaboraram no estudo. O mesmo se verifica com a análise do desvio padrão, que é de 99 no grupo de hotéis que colaboraram no estudo e de 84 no grupo de hotéis que não colaboraram no estudo. Apesar de todas as semelhanças verificadas relativamente à dimensão de ambos os grupos de hotéis, foi ainda realizada a análise comparativa da igualdade das médias do número de quartos por hotel dos hotéis que colaboraram no estudo com os hotéis que não colaboraram no estudo. Para tal foi realizado o teste t de Student para a igualdade das médias do número de quartos de ambos os grupos. No caso em estudo não é necessário a verificação dos pressupostos de normalidade das variáveis, pelo facto de se verificar um número de casos superior a trinta (Pestana e Gameiro, 2008). O teste t de Student tem como hipótese nula a igualdade das médias do número de quartos dos hotéis respondentes e dos hotéis não respondentes e como hipótese alternativa a diferença das médias de ambos os grupos. O teste t resultante da análise revela um valor de 1,035, para 38 graus de liberdade, com um valor-p de 0,307. O que permite não rejeitar a hipótese nula, verificando-se assim uma igualdade entre as

variáveis, concluindo-se a não existência de evidência de que o fator dimensão provoque qualquer enviesamento nos resultados obtidos neste estudo.

A análise dos três fatores, cobertura geográfica, setor de atividade e dimensão, sugere a ausência de enviesamento provocado pelas não respostas neste estudo, tornando as suas conclusões válidas para o universo dos hotéis de quatro e cinco estrelas em Portugal.