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4 Metodologia

4.7 Triangulação

O método de recolha de dados é um dos pontos fundamentais para a determinação da validade e da possibilidade de generalização de um qualquer estudo (McGrath e Brinberg, 1983; Zhu e Brilakis, 2009; Machado 2013), o que torna a escolha do método um processo de extrema relevância para a fiabilidade e credibilidade do estudo.

O objetivo de qualquer estudo é que este seja o mais credível e fiável possível. Apesar de não existirem métodos perfeitos, diversos autores afirmam que a triangulação aumenta a credibilidade e fiabilidade de um qualquer estudo (Bell, 2008).

Sendo o setor do turismo, como já foi referido anteriormente, um setor com bastante relevância para a economia mundial e nacional, assim como um setor complexo, devido à constante mutação das exigências do mercado e da elevada componente subjetiva inerente de um setor de serviços, considerou-se o uso de triangulação no método de recolha de dados.

De acordo com diversos autores (Decrop, 1999; Jack e Raturi, 2006; Oppermann, 2000), triangulação é a análise de um determinado fenómeno de diferentes perspetivas. Decrop (1999), Jack e Raturi (2006) e Oppermann (2000) apresentam quatro tipos de triangulação: triangulação do investigador, que reside na utilização de diversos observadores em oposição à utilização de um único observador; triangulação teórica ou pluralidade teórica, que reside na utilização de mais do que uma teoria de interpretação do mesmo fenómeno; triangulação metodológica, que reside na utilização de mais do que um método de recolha de dados, podendo ser tanto dados qualitativos como quantitativos; triangulação de dados, que reside na recolha e análise em diferentes momentos de tempo, espaço e pessoas. Jack e

Raturi (2006) apresenta ainda um quinto tipo de triangulação, a triangulação múltipla, que consiste na conjugação de algumas das triangulações anteriores, como por exemplo a conjugação, por parte do investigador, de diferentes perspetivas teóricas, com diferentes metodologias ou diferentes observadores.

De acordo com Decrop (1999), a triangulação de dados consiste no estudo do mesmo fenómeno, ou questão de investigação, analisando dados de fontes diferentes. Este autor dá o exemplo de duas fontes diferentes bastante utilizadas: a entrevista e as notas tiradas durante ou logo após a entrevista pelo entrevistador. Decrop (1999) salienta também a relevância do registo das observações e impressões recolhidas pelo entrevistador (como, por exemplo, as expressões corporais do entrevistado e o ambiente da entrevista), como sendo uma fonte de informação relevante e que não fica registada nas transcrições ou análises dos dados resultantes das mesmas.

De acordo com Hoque et al. (2013), a triangulação de dados corresponde à recolha de dados através de diferentes origens, como por exemplo: observação direta dos fenómenos, análise de documentos, realização de entrevistas ou de inquéritos, entre outros métodos de recolha, que podem gerar dados qualitativos e/ou quantitativos.

O questionário A foi ministrado através de inquérito on-line a todos os responsáveis financeiros de cada hotel a nível nacional, exceto aos responsáveis financeiros dos hotéis da Área Metropolitana de Lisboa e da região do Algarve (230 hotéis), que por serem as principais regiões turísticas em Portugal Continental, foram realizadas entrevistas. Nestes casos foi utilizado como guião da mesma o questionário A. A conjugação dos dois tipos de recolha de dados permite a realização de uma triangulação de dados. Esta tem como objetivo colmatar as limitações de cada um dos métodos, aumentando assim a fiabilidade, credibilidade e rigor do estudo.

Para cumprir os pressupostos da triangulação, foi realizado o teste de independência do Qui-Quadrado com o objetivo de avaliar se existem diferenças significativas entre as respostas obtidas através de inquérito online e as entrevistas. Para esta análise foi selecionada a variável central deste estudo: os métodos de avaliação de desempenho utilizados pelos hotéis.

A tabela 20 apresenta os 275 respondentes do questionário A, distribuídos segundo o método de avaliação de desempenho utilizado e de acordo com os critérios de triangulação de dados já referidos anteriormente. A análise da tabela 20 permite concluir que, dos 275 hotéis respondentes, 138 localizam-se nos distritos de Lisboa ou de Faro e que 137 localizam-se nos restantes distritos ou regiões autónomas. Dos 143 hotéis que utilizam como método de avaliação de desempenho as medidas não estruturadas, 66 hotéis (46%) pertencem ao distrito de Lisboa ou de Faro e 77 hotéis (54%) pertencem aos restantes distritos ou regiões autónomas. Dos 53 hotéis que utilizam como método de avaliação de desempenho o Balanced Scorecard, 30 hotéis (57%) pertence ao distrito de Lisboa ou de Faro e 23 hotéis (43%) pertencem aos restantes distritos ou regiões autónomas. Dos 79 hotéis que utilizam como método de avaliação de desempenho o Tableau de Bord, 42 hotéis (53%) pertence ao distrito de Lisboa ou de Faro e 37 hotéis (47%) pertencem aos restantes distritos ou regiões autónomas.

Tabela 20 - Métodos de avaliação de desempenho e localização dos hotéis

Métodos de avaliação de desempenho

Distritos e Regiões

Lisboa e Faro Outros Total

Medidas não estruturadas 66 77 143 Balanced Scorecard 30 23 53 Tableau de Bord 42 37 79 Total 138 137 275

Para comprovar a existência de associação entre o método de recolha de dados utilizado e as categorias de resposta da variável em análise, foi realizado o teste de independência do Qui-Quadrado, tendo-se obtido o resultado de 2,084 para dois graus de liberdade, com um valor-p de 0,353, o que não permite rejeitar a hipótese nula de independência das variáveis, não sendo possível de comprovar estatisticamente a existência de uma associação, entre os métodos de avaliação de desempenho utilizados por cada hotel e o facto de os dados terem

sido recolhidos por inquérito ou entrevista. O que permite concluir que o método de recolha de dados não influenciou os resultados obtidos.

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